segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Um pequeno detalhe

Serrágio não é grande coisa como político, mas em economia é autor de dois bons artigos-leitura obrigatória em qualquer curso de economia brasileira. Não é surpresa, portanto, a menção ao crescimento para fora e para dentro, da Cepal e dos países do período da descolonização. Em alguns ela funcionou, em outros o resultato foi desastroso, mas querer recupera-lo no atual estágio da economia mundial e da brasileira me parece uma daquelas famosas idéias fora de lugar. Alias, este é o problema desta geração de pensadores: acostumados a lidar com o problema da restrição externa, mostram-se poucos originais quando o problema passou a ser o grande afluxo de capitais.

É claro que o cambio sobrevalorizado não é uma das sete maravilhas da economia,mas é bom lembrar que o seu inverso implica em transferência de renda para o setor exportador e queda de salário real. Pequeno detalhe que os economistas da nova direita esquecem de mencionar.

domingo, 29 de novembro de 2009

sábado, 28 de novembro de 2009

When we two parted, Lord Byron

When we two parted
In silence and tears,
Half broken-hearted,
To sever for years,
Pale grew thy cheek and cold,
Colder thy kiss;
Truly that hour foretold
Sorrow to this.

The dew of the morning
Sank chill on my brow—
It felt like the warning
Of what I feel now.
Thy vows are all broken,
And light is thy fame:
I hear thy name spoken,
And share in its shame.

They name thee before me,
A knell to mine ear;
A shudder comes o'er me—
Why wert thou so dear?
They know not I knew thee,
Who knew thee too well:—
Long, long shall I rue thee
Too deeply to tell.

In secret we met—
In silence I grieve
That thy heart could forget,
Thy spirit deceive.
If I should meet thee
After long years,
How should I greet thee?—
With silence and tears.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Dubai não é aqui

... E quando a maioria acreditava que desequilibrio entre ativos e passivos já havido sido resolvido eis que aparece Dubai para relembrar o obvio: o processo está longe de estar completo. No caso de Dubai, esperava-se que o vizinho rico - que nada em petroleo - evitaria a materialização de um cenário catastrófico, previsivel, com a crise no mercado imobiliário local. Esta é ainda uma opção e por isto mesmo é cedo para analises conclusivas sobre o que por lá esta acontencendo.

O fato é que o desequilibrio entre ativos e passivos ainda se faz presente em diversos países, principalmente nos USA e ate o encontro de um novo ponto de equilibrio - não necessariamente estável - solavancos são esperados. Nada, naturalmente, da dimensão catastrófica sonhada pela turma de sempre. Tão pouco - é sempre bom lembrar - Dubai não é aqui. Respingos, contudo, não podem ser descartados de antemão.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Miquinhos amestrados

Confesso não entender a atração que o Serrágio ainda exerce sobre importantes setores da intelectualidade paulista auto proclamada de esquerda. Como mencionado ontem, ele não foi um bom prefeito e tão pouco está sendo um bom governador. Há aqueles que o considera um bom guarda livros: qualidade importante para o cargo, porém, somente no futuro saberemos se isto é realmente verdade. O fato da velha direita e da nova direita "ilustrada" o admirar tanto não é nenhuma surpresa: não há outra opção, viável, no mercado eleitoral.

Falando em direita brava, a revista deles está conseguindo superar a rede americana FOX em hidrofobia. É a famigerada "banda de música" renascendo das cinzas com seus novos miquinhos amestrados.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O grande problema da política fiscal anti-cíclica é convencer o agente político que ela não deve ser mantida quando o cenário macroeconômico retornar a normalidade. A tentação é muito forte e é dificil resistir, como atesta a última decisão da área econômica do governo federal: manter a isenção do IPI ate março, usando como justificativa o argumento ecológico é julgar que somos todos idiotas. É o velho populismo macroeconômico do período eleitoral. Serrágio não é muito diferente do Presidente: obras inauguradas antes de concluidas e ate mesmo antes do lançamento de edital é o que esta ao alcance do vampiro brasileiro e não é nada dificil imaginar o que ele poderá fazer caso algum dia venha a ser eleito Presidente do grande bananão.

Serrágio mostrou ser um bom secretário e ministro de Estado, mas como governador e antes prefeito deixou muito a desejar. Seu talento não parece ser para o Executivo. Ele, alias, não é o único...

terça-feira, 24 de novembro de 2009

O visitante..

A visita saiu melhor que o esperado: protestos aqui e acola e cobertura contida na midia internacional. O comportamento da oposição foi lamentável: Lampreia é do ramo, mas comportou-se como um político profissional, um homem de partido. O argumento apresentado é no minimo sofrivel. Não vi o JN, mas o apresentador do Jornal da Globo não conseguiu disfarçar sua oposição a visita. O jornal da ditabranda fez uma boa cobertura, com destaque para os artigos do Clovis Rossi e E.Catanheda. Esta última apresentou a melhor análise do "impacto" da visita sobre a relação USA - Brasil.

No geral o comportamento da elite pensante foi o esperado: incapacidade de fazer uma análise a partir do ponto de vista do interesse nacional. Já no campo leninista-stalinista o destaque é a figura munificante: alguem, por favor, poderia ajuda-la a encontrar o Museu de Cera...

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Ditaduras...

A semana promete...longa entrevista do economista menor da ditadura no jornal da ditabranda. Nenhuma novidade, apenas reafirma as posições conhecidas sobre a macroeconomia brasileira e os elógios de sempre ao Lula. Alias, merecidos. É divertida as criticas dele ao estado atual da teoria econômica - o esquecimento da história,filosofia, psicologia e geografia - que, alias, o transformou no novo "darling" da esquerda leninista-stalinista. Ele tem razão, mas não é preciso jogar a criança com a agua do banho, como tem sido a pratica dos seus novos admiradores.

No mesmo jornal, artigo interessante do governador de sp, sobre a visita do presidente iraniano. Concordo com as criticas e realmente não podemos ficar em silêncio diante da negação do holocausto. Contudo, nas relações internacionais e pensando no interesse nacional, é preciso conversar com todos os "players" e usar a oportunidade para reafirmar a posição do país sobre o holocausto e questão nuclear.

É cinismo demais criticar a visita em razão dos resultados da eleição presidencial iraniana ou encontrar contradição entre a defesa da memoria daqueles que combateram ditaturas na america latina e esta mesma visita. Para ser coerente é necessário criticar a visita de todo e qualquer Presidente com pendores autoritários e totalitários, ai incluindo Chaves, Irmãos Castro, Fujimori, etc. Ditadura é sempre ditadura, não importa se de esquerda ou direita deve sempre ser condenada.

sábado, 21 de novembro de 2009

In extremis, Olavo Bilac

Nunca morrer assim! Nunca morrer num dia
Assim! De um sol assim!
Tu, desgrenhada e fria,
Fria! Postos nos meus os teus olhos molhados,
E apertando nos teus os meus dedos gelados...

E um dia assim! De um sol assim! E assim a esfera
Toda azul, no esplendor do fim da primavera!
Asas, tontas de luz, cortando o firmamento!
Ninhos cantando! Em flor a terra toda! O vento
Despencando os rosais, sacudindo o arvoredo...

E, aqui dentro, o silêncio... E este espanto! E este medo!
Nós dois... e, entre nós dois, implacável e forte,
A arredar-me de ti, cada vez mais a morte...

Eu com o frio a crescer no coração, — tão cheio
De ti, até no horror do verdadeiro anseio!
Tu, vendo retorcer-se amarguradamente,
A boca que beijava a tua boca ardente,
A boca que foi tua!

E eu morrendo! E eu morrendo,
Vendo-te, e vendo o sol, e vendo o céu, e vendo
Tão bela palpitar nos teus olhos, querida,
A delícia da vida! A delícia da vida!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Mais piadas sobre economia e economistas

Economistas fazem sexo com bolas de cristal;
Economistas fazem sexo com um competidor atomístico;
Economistas fazem sexo na Caixa de Edgeworth;
Economistas fazem sexo ciclicamente;
Economistas fazem sexo na demanda
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Um matemático, um economista teórico e um econometricista são requisitados para achar um gato preto, que não existe, num quarto escuro e fechado.
O Matemático fica louco tentando achar o gato que não existe e vai parar no hospício.
O Economista Teórico não consegue achar o gato preto, entretanto sai do quarto dizendo orgulhosamente que pode construir um modelo para descrever todos os movimentos do gato com grande acurácia
O Econometricista passa uma hora dentro do quarto procurando o gato que não existe e depois grita, de dentro do quarto de que pegou o gato pelo pescoço.
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Um economista indiano explicava aos seus alunos de pós-graduação a teoria da reencarnação."Se você é um bondoso economista", disse, "você irá renascer como um físico. Mas se você for um maldoso economista, então você irá renascer como um sociólogo."
(P. Krugman, 1994)
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Três matemáticos e três economistas foram viajar de trem. Os matemáticos estavam rindo dos economistas, que haviam comprado somente um bilhete e iriam tomar multa. Quando o cobrador veio, os economistas foram para o banheiro. O cobrador bateu na porta do banheiro e um deles estendeu o bilhete com a mão, sendo bem sucedidos.
Noutro dia os matemáticos resolveram usar a mesma estratégia e compraram um só bilhete. Porém os economistas não compraram nenhum. Quando o cobrador estavam chegando os matemáticos foram para o banheiro. Quando ouviram as batidas na porta entregaram o bilhete ao condutor. O bilhete não retornou. Por que ? Os economistas pegaram e foram a outro banheiro.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

100% Caipira, com muito orgulho

Quer dizer que o Presidente tem a argúcia do Matuto. É naturalmente um elógio, mas matuto é sinonimo de Caipira e tem, também, outros significados, segundo o velho Aurelio: sujeito ignorante e ingênuo; acanhado, tímido, desconfiado. Bresser refere-se, me parece, ao último conjunto. Não deixa de ser curioso à menção a matuto em um país fundamentalmente urbano. Seria uma homenagem ao nosso grande e esquecido Mazzaropi e seu Jeca Tatu?

Bresser está pessimista demais e erra a mão na análise do cenário macroeconômico nacional: " o mais grave, porém, é que não é um crescimento com estabilidade". Parece que ele esta falando de outro país, tão pouco a reclamação a respeito do crescimento econômico faz sentido. Poderia ser maior - é verdade- porém, números chineses é coisa do passado, já que o país se encontra em outra fase do processo de desenvolvimento econômico.

Melhor ser pessimista que otimista, diria um amigo, mas a desconfiança expressa no artigo tem um tom conspiratório para o qual não encontro justificativa.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Fora Belluzzo

Não entendeu? ah!!!!, então voce não acompanha futebol e desconhece o preço que pagamos por livrar o bananão do risco de um trapalhão na Presidência do Bacen. Comparado com os estragos que o avvocato poderia fazer no Bacen, o cargo na Academia oferecia riscos bem menores. Argumento razoável, mas nunca imaginei a dimensão que a incompetencia dele - demonstrada no período do cruzado e na análise da crise mundial - poderia assumir. Confesso, que o subestimei e agora so me resta o grito: Fora Belluzzo.

Enquanto isso o Presidente - corintiano roxo - deve estar sorridente: poupou o país de uma escolha equivocada e ainda pode ver o arquirival do seu time do coração encerrar uma temporada no fundo do poço.

Não resta dúvida: onde o avvocato pisa, somente cresce erva daninha.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Irmãos Marx

Os comentários ao artigo do Bresser vai ter que ficar para outro dia. Li os dados sobre o emprego e fiquei surpreso, não pela recuperação, que já estava ocorrendo mas pela sua rapidez e, principalmente, pela sua qualidade. É uma demonstração da robustez da economia brasileira que surpreende ate um economista otimista, como é o meu caso. Estou curioso pra ouvir/ler os comentários da turma que apostava em um cenário catastrofico. Não sei se era um caso de desejo - ser oposição eternamente e apostar no quanto pior melhor - ou de erro de diagnóstico, mas o fato é que eles erraram feio e não apenas nos detalhes e tão pouco é a primeira vez que isto ocorre.Nem sequer aplica-se a brincadeira do relogio quebrado. Realmente um caso que somente pode ser explicado pelos irmãos Marx.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Um papo com um ótimo economista

Segunda feira complicada com reuniões e mais reuniões e sem tempo para nada. Felizmente a noite encontrei um colega, ótimo economista, para trocar ídeias sobre o que anda acontecendo com a ex-república de bananas, ou seria de café? O tópico de sempre: o cambio. Ele lembrou que para o país isto é novidade, afinal sempre tivemos o problema inverso: a restrição do cambio, agora com a a avalanche de capital, andamos perdidos sobre o que fazer para evitar consequências desagradaveis desta nova situação da economia brasileira.É possível combinar controle na entrada com a manutenção do sistema de metas de inflação? Ele acha que sim, tenho dúvidas. Ainda acho que a melhor solução é ampliar o grau de abertura da economia,porém, esta não é uma opção com resultados práticos no curto prazo. O que fazer?

Li por alto o artigo do Bresser, amanhã, comento...

domingo, 15 de novembro de 2009

sábado, 14 de novembro de 2009

O lamento da viúva em plena primavera, William Carlos Williams

O pesar é o meu quintal
onde a grama nova
flameja como tantas vezes
flamejou antes não porém
com o fogo gélido
que se fecha este ano à minha volta.
Trinta e cinco anos
vivi com meu marido.
A ameixeira hoje está branquinha
de pencas de flores.
Pencas de flores
carregam os galhos de cerejeira
e dão a alguns arbustos cor
amarela e vermelha a outros
mas o pesar dentro de mim
é mais forte que elas ·
pois embora fossem a minha alegria
antigamente, eu hoje as vejo
e Ihes volto as costas deslembrada.
Hoje o meu filho me disse
que para lá dos prados,
na orla da floresta cerrada,
viu à distância
árvores de flores brancas.
Bem que eu gostaria
de ir até lá
para deixar-me tombar sobre essas flores
e afundar no brejo perto delas.

(tradução: José Paulo Paes)

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Characterizations of Philosophy or Philosophizing

É sobre filosofia, mas poderia se aplicado a economia...



The relation between science and philosophy is like the symbiotic relationship between the countryside and town. The former provides the latter with food receiving garbage in return.

L. Kolokowski

What is the use of studying philosophy if all that it does for you is to enable you to talk with some plausibility about some abstruse questions of logic...if it does not improve your thinking about the important questions of everyday life?

Wittgenstein

Metaphysics is almost always an attempt to prove the incredible by an appeal to the unintelligible.

Mencken

It’s not things, it’s philosophers that are simple/

J.L. Austin

I can stand brute force, but brute reason is quite unbearable. There is something unfair about its use. It is hitting below the intellect.

Oscar Wilde

If, while making love, a woman says "faster" I will try. But if she says "deeper" she had better be looking for philosophy.

?

Of course pragmatism is true; the trouble is it doesn’t work.

S. Morgenbesser

In relation to their system most systemizers are like a man who builds an enormous castle and lives in a shack nearby.

Kierkegaard

There are two styles of philosophers: e.g. philosophers and i.e. philosophers - illustrators and explicators. Illustrators trust, first and foremost, striking examples, in contrast with explicators, who trust, first and foremost, definitions and general principles.

A Margalit

To have a system is to lack integrity.

Nietzsche

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Notre Dame Plans to Dissolve the 'Heterodox' Side of Its Split Economics Department

É uma decisão realmente lamentável. É um depto com ótimos professores heterodoxos e um deles, emerito, importante economista católico. O artigo comete o equivoco, recorrente, de confundir heterodoxia com próximidade com a doutrina social católica e neoclássico como oposição a esta mesma doutrina. A vida real é um pouco mais complicada e os marxistas, via de regra, não são exatamente amigos da doutrina social católica, muito pelo contrário e quando hegemonicos - vide experiencia do leste europeu - não toleram nenhuma outra doutrina social. Felizmente este não é o comportamento dos demais heterodoxos. Em Notre Dame os dois deptos se apresentam como comprometidos com a tradição social católica.


Early in this decade, the University of Notre Dame's economics department was bruised by a long series of quarrels over methods and ideology. So in 2003 the university's leaders came up with a Solomonic solution: They split the department in two.

Some of the faculty members stayed in what became known as economics and policy studies, a heterodox department that made room for post-Keynesians, Marxians, and historians of economic thought. (Broadly speaking, that had been the character of Notre Dame's economics program since the 1970s.) Others moved into economics and econometrics, a more-mainstream department with an emphasis on quantitative tools.

But this was not a divorce made in heaven. University officials now say that the experiment has not worked, and that they expect to dissolve the department of economics and policy studies within the next two years.

A few of the department's 11 faculty members might be invited to join the mainstream department—indeed, one scholar already made the leap this summer—but most of them expect to be scattered into various other departments, institutes, and research centers at Notre Dame.

For those faculty members, most of whom opposed the 2003 split in the first place, the news is a bitter pill. They say that the administration has failed to consult with them or with their students. And they say that it will be peculiar, at best, for them to move into other academic units when the university originally hired them because of their doctorates in economics.

Above all, they say that the dissolution would represent an intellectual loss for the university. While Notre Dame once had an economics program that was distinctively shaped by currents in Roman Catholic social thought, they say, it will now be left with a neoclassical department much like the ones at almost every other major university.

"In light of the crash of the economy, you would think there would be some humility among economists, some openness to new approaches," says Charles K. Wilber, a professor emeritus of economics at Notre Dame. "There's not a lot."

Para ler o resto do artigo clique aqui

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Debates

Uma rara manhã de debates acadêmicos bem interessantes. Apresentei um paper sobre " o problema do desenvolvimento econômico na moderna doutrina social católica ", ainda está em uma versão bastante preliminar, mas é sempre bom ouvir coméntários, ainda mais quando se trata de alguem talentoso e está era o caso do meu colega alocado para comentar o meu paper- um jovem intelectual marxista. Gostei dos dois comentários, principalmente do primeiro: um ponto importanté, bém tecnico, do argumento apresentado. Um terceiro paper ate o final deste mês esta nos meus planos.

Mudando de assunto. O apagão tem tudo para detonar a candidata do planalto. Há coisas com as quais não se pode lutar... Quem será o substituto?

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Liberdade, igualdade e solidariedade

Liberdade, igualdade e solidariedade. Objetivos fundamentais para qualquer sociedade, mas que a experiência histórica tem demonstrado que raramente andam juntos. A proposta econômica e política do marxismo prometia os 3 e acabou não ofertando nenhum deles. O que se viu foi uma experiência de exploração e negação total da liberdade e criação de privilégios para a casta dirigente. Nos países em desenvolvimento que optaram pelo modelo de economia de mercado prevaleceu o autoritarismo politíco e uma vergonhosa concentração de renda e privilégios, que levaram alguns a defender o modelo alternativo, ou seja o marxismo. Hoje sabemos que ele nunca foi uma solução, mas parte do problema, exceto no caso da experiencia chilena do Allende, um dos raros momentos na história do pós guerra em que de fato se procurou combinar mudanças fundamentais na economia e na sociedade com liberdade.

É possível ainda pensar em socialismo ou em utopias? Lutar por um mundo melhor sem elas é possível? Não tenho, naturalmente, respostas para estas questões, mas as considero importantes.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

20 anos de liberdade

Há 20 anos caia o Muro de Berlim e um capitulo trágico da vida política e econômica de alguns paises, começava, finalmente, a encontrar o seu desfecho final. O comunismo marxista mostrou ser um fracasso político e econômico: prometia um mundo de maravilhas, um verdadeiro paraiso terrestre e em troca pedia somente a liberdade individual. Em um mundo de desigualdades e injustiças a proposta demonstrou ser bem atraente para parcelas significativas das populações de alguns países democráticos, transformando-se na nova verdade revelada para a grande maioria da intelectualidade ocidental. Pouco a pouco ele foi perdendo o charme inicial e novos argumentos eram sempre necessários para justificar o que acontecia no leste europeu .Novas variantes do marxismo apareceram, tentando conciliar a proposta inicial com os valores da democracia ocidental. Convenceu alguns, mas não o suficiente para manter-se como alternativa política viável. No campo acadêmico não foi diferente: tornou-se uma curiosidade intelectual que ainda resiste, no mundo de lingua inglesa, nos deptos de estudos culturais e de literatura.

A vitoria da economia de mercado sobre seu grande concorrente, o marxismo, não traduziu-se, como se esperava inicialmente, em um mundo melhor, prevalecendo o hiper-liberalismo há muito tempo criticado, nos documentos da doutrina social católica. A desigualdade e a injustiça não desapareceram com a queda do marxismo, mas é inegável que onde há de fato ambiente acadêmico, a discussão de temas econômicos e sociais tornou-se mais aberta, já que não há mais o medo de perder o emprego por defender posições que não são do agrado das grandes corporações. O marxismo deixou de ser um perigo, já que não tem relevância alguma do ponto de vista político, o que permite que a produção acadêmica marxista seja julgada pelo seu valor acadêmico e não pela sua importância política ou contribuição a revolução iminente. O marxismo é mais uma corrente do pensamento econômico com aspectos positivos e negativos, contribuições e equivocos iguais as demais escolas, seja ela a sueca, keynesiana, neo-ricardiana, monetarista, etc. Ela tem, por isto mesmo, lugar garantido em qualquer programa de história do pensamento econômico.

domingo, 8 de novembro de 2009

sábado, 7 de novembro de 2009

Continual Conversation With A Silent Man, Wallace Stevens

The old brown hen and the old blue sky,
Between the two we live and die--
The broken cartwheel on the hill.

As if, in the presence of the sea,
We dried our nets and mended sail
And talked of never-ending things,

Of the never-ending storm of will,
One will and many wills, and the wind,
Of many meanings in the leaves,

Brought down to one below the eaves,
Link, of that tempest, to the farm,
The chain of the turquoise hen and sky

And the wheel that broke as the cart went by.
It is not a voice that is under the eaves.
It is not speech, the sound we hear

In this conversation, but the sound
Of things and their motion: the other man,
A turquoise monster moving round.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Andre

34 celsius, transito, reuniões, quase 10 horas e ainda não li o jornal. alias, já é o segundo dia, ... nada para falar de economia, mas um pouco sobre o Andre, meu aluno de monografia( TCC) na puc-sp, que ficou em nono lugar na Anpec 2010. O merito, naturalmente, é todo dele, mas é bom saber que não estava errado...A anpec é apenas o inicio de uma longa jornada de desafios que tenho certeza ele vai tirar de letra.

É bom ver a nova geração chegar e tornar-se colega e muito melhor economista que seu velho professor.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Monastic Theology and Scholastic Theology

Mais uma lição de erudição do Bento XVI. E voce ainda acha estranho que eu o admire tanto.


Dear Brothers and Sisters,

Today I am reflecting on an interesting page of history that concerns the flourishing of Latin theology in the 12th century which occurred through a series of providential coincidences. A relative peace prevailed in the countries of Western Europe at that time which guaranteed economic development and the consolidation of political structures in society, encouraging lively cultural activity also through its contacts with the East. The benefits of the vast action known as the "Gregorian reform" were already being felt within the Church. Vigorously promoted in the previous century, they had brought greater evangelical purity to the life of the ecclesial community, especially to the clergy, and had restored to the Church and to the Papacy authentic freedom of action. Furthermore, a wide-scale spiritual renewal supported by the vigorous development of consecrated life was spreading; new religious orders were coming into being and expanding, while those already in existence were experiencing a promising spiritual revival.

Theology also flourished anew, acquiring a greater awareness of its own nature: it refined its method; it tackled the new problems; advanced in the contemplation of God's mysteries; produced fundamental works; inspired important initiatives of culture, from art to literature; and prepared the masterpieces of the century to come, the century of Thomas Aquinas and Bonaventure of Bagnoregio. This intense theological activity took place in two milieus: the monasteries and the urban Schools, the scholae, some of which were the forerunners of universities, one of the characteristic "inventions" of the Christian Middle Ages. It is on the basis of these two milieus, monasteries and scholae, that it is possible to speak of the two different theological models: "monastic theology" and "scholastic theology". The representatives of monastic theology were monks, usually abbots, endowed with wisdom and evangelical zeal, dedicated essentially to inspiring and nourishing God's loving design. The representatives of Scholastic theology were cultured men, passionate about research; they were magistri anxious to show the reasonableness and soundness of the Mysteries of God and of man, believed with faith, of course, but also understood by reason. Their different finalities explain the differences in their method and in their way of doing theology.

Para ler o resto clique aqui

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Bresser e Nakano

Gostei do artigo do Nakano na Folha do último domingo.Diagnostico interessante, porem sem sugestão de medidas para resolver o problema. Não acredito que ele considera a brincadeira do IOF uma solução adequada ao problema.

Na segunda o Bresser no mesmo jornal, publicou um resumo do seu último livro. Vida corrida e transito me impediram de comparecer ao lançamento, mas esta na lista de leitura, que não para de crescer. Gostei da expressão "novo desenvolvimentismo", que segundo ele está baseado "em crescimento com poupança externa interna, salários que cresçam com a produtividade, responsabilidade fiscal, taxas de juros moderadas e taxa de cambio competitiva". É uma boa lista. É otimo crescer com poupança interna, mas sabemos, usando o modelo do kaldor, que isto não é nada simples. O mesmo argumento se aplica a juros e câmbio. Mas é um começo, o próximo passo é apresentar propostas concretas que permitam transformar a lista em realidade. Esta não é, naturalmente, uma tarefa exclusiva da Dupla Dinamica, se permite a expressão, mas de todos que com eles compartilham o ideal de crescimento/desenvolvimento com justiça social.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Roubini e as bolhas


Roubini parece ser um pessimista por natureza e sua última previsão não nega a sua fama. A possibilidade de criação de bolhas como resultado da política de combate a crise econômica, era sempre uma possibilidade, mas, perfeitamente administrável. Ainda não ultrapassamos esta fase e dai que o cenário por ele traçado, ainda que possível, não é, contudo, inevitável. A recente medida do governo brasileiro, como mencionado em outro post, não foi implementada devido ao risco de bolhas, mas devido a outros temores e tem pouco impacto em um movimento que é, por sua própria natureza, mundial. Cautela é sempre recomendável, mas o risco para o futuro próximo, como ele mesmo reconhece, não é muito grande.




Desde março vem ocorrendo um aumento maciço em ativos de alto risco de todo tipo -participações, preços do petróleo, energia e commodities-, um estreitamento dos "spreads" de alta rentabilidade e alta classificação e um aumento maior ainda nas classes de ativos de mercados emergentes (suas ações, obrigações e moedas).
Ao mesmo tempo, o dólar caiu muito, enquanto a rentabilidade dos títulos governamentais tem aumentado ligeiramente, mas se mantido baixa e estável.
Essa recuperação dos ativos de alto risco é movida em parte por melhores condições econômicas fundamentais. Evitamos uma quase depressão e um derretimento do setor financeiro com um estímulo monetário e fiscal maciço e pacotes de socorro aos bancos. Quer a recuperação tenha formato de V, conforme a visão consensual, ou tenha formato de U e seja anêmica, como eu argumento, os preços dos ativos deveriam estar subindo gradualmente.
Contudo, ao mesmo tempo em que as economias americana e global iniciaram uma recuperação modesta, desde março os preços dos ativos vêm subindo vertiginosamente, numa alta grande e sincronizada. Em 2008, quando o dólar subia, os preços dos ativos estavam em queda forte, mas, desde março, eles têm recuperação acentuada, enquanto o dólar cai. Os preços dos ativos de alto risco vêm subindo demais, cedo demais e rápido demais em comparação com os fundamentos.
O que está por trás dessa alta maciça? Com certeza, foi ajudada pela onda de liquidez advinda de juros a quase zero e flexibilização quantitativa das condições monetárias. Mas um fator mais importante que alimenta a bolha de ativos é a fraqueza do dólar americano, movida pela "mãe" de todos os "carry trades" [operação em que o investidor pega empréstimos com juros muito baixos, como os dos EUA hoje, e aplica em outros ativos]. O dólar virou a principal moeda a financiar os "carry trades", na medida em que o Fed [BC dos EUA] vem segurando os juros. Os investidores que estão vendendo o dólar a descoberto para comprar ativos de rentabilidade maior e outros ativos globais em base altamente alavancada não estão só contraindo empréstimos a juros zero em termos do dólar -estão contraindo empréstimos a juros muito negativos, que podem chegar a 10% ou 20% negativos ao ano-, na medida em que a queda do dólar leva a ganhos maciços de capital sobre posições do dólar.
Resumindo: negociantes estão contraindo empréstimos a juros negativos de 20% para investir em base altamente alavancada em uma massa de ativos globais de alto risco que estão subindo devido ao excesso de liquidez e a um "carry trade" maciço. Cada investidor que joga esse jogo de alto risco fica parecendo um gênio -mesmo que só navegue numa bolha imensa-, já que os retornos totais têm estado na faixa entre 50% e 70% desde março.
A consciência que as pessoas têm do valor em risco de seus portfólios deveria ter aumentado devido à correlação crescente dos riscos entre classes diferentes de ativos, todos movidos por essa política monetária comum e pelo "carry trade". Na prática, virou uma grande negociação comum -você compra o dólar para adquirir qualquer ativo de alto risco.
Ao mesmo tempo, porém, o risco percebido das classes individuais de ativos vem declinando, na medida em que a volatilidade diminuiu graças à política do Fed de comprar tudo que está à vista. Assim, o efeito conjunto da política de taxa zero sobre fundos do próprio Fed, flexibilização quantitativa das condições monetárias e aquisição maciça de instrumentos de dívida de longo prazo está aparentemente fazendo o mundo ser seguro -por enquanto- para o maior de todos os "carry trades" e a maior de todas as bolhas de ativos globais altamente alavancados.
Ao mesmo tempo em que essa política alimenta a bolha global, também alimenta uma nova bolha de ativos americanos. Dinheiro fácil, facilitação do crédito e fluxo maciço de capitais para os EUA por meio de um acúmulo de reservas em divisas estrangeiras em outros países tornam os deficit fiscais dos EUA mais fáceis de financiar e alimentam a bolha americana de participações e crédito.
Finalmente, um dólar fraco é bom para as participações acionárias americanas, já que pode gerar crescimento maior e elevar os lucros de multinacionais.
A política americana insensata que alimenta esses "carry trades" obriga outros países a adotar a mesma política monetária. Políticas de juros a quase zero e flexibilização quantitativa já eram seguidas no Reino Unido, na zona do euro, no Japão, na Suécia e em outras economias avançadas, mas a debilidade do dólar vem agravando essa flexibilização monetária global. Ásia e América Latina, preocupadas com a fraqueza do dólar, estão intervindo agressivamente para impedir a valorização excessiva de suas moedas. Isso segura os juros de curto prazo em níveis inferiores aos desejáveis. É possível que os BCs também sejam forçados a reduzir os juros.
Preocupados com o dinheiro quente que vem inflando suas moedas, algumas autoridades, como as do Brasil, vêm impondo controles aos fluxos de capital entrantes. Mas a bolha do "carry trade" vai se agravar: se as moedas estrangeiras se valorizarem mais, o custo negativo dos empréstimos do "carry trade" ficará ainda maior. Se intervenções ou operações no mercado aberto controlarem a valorização das moedas, a flexibilização monetária doméstica decorrente alimentará a bolha nessas economias. Assim, a bolha perfeitamente correlacionada de todas as classes de ativos globais cresce diariamente.
Mas essa bolha vai estourar um dia, levando ao maior estouro coordenado de ativos já visto: se fatores puderem levar o dólar a reverter sua queda e a se valorizar repentinamente -como em inversões anteriores-, o "carry trade" alavancado terá de ser encerrado de uma hora para a outra, à medida que os investidores cobrem suas transações a descoberto com dólar. Haverá um estouro da boiada, com o fechamento de posições de alto risco e alavancagem longa em todas as classes de ativos financiadas por transações em dólar a descoberto gerando colapso coordenado de todos esses ativos de alto risco -ações, commodities, ativos de emergentes e instrumentos de crédito.
Por que esses "carry trades" desabarão? Para começar, o dólar não pode cair a zero, e em algum momento se estabilizará; quando isso acontecer, o custo de empréstimos em dólar repentinamente se tornará zero, em lugar de altamente negativo, e o risco de uma inversão no dólar levará muitos investidores a cobrirem suas transações a descoberto. Em segundo lugar, o Fed não poderá suprimir a volatilidade para sempre. Em terceiro, se o crescimento americano surpreender positivamente, os mercados podem começar a esperar que um arrocho do Fed chegue mais cedo, não mais tarde. Em quarto, pode haver fuga do risco movida pelo medo de um repique recessivo ou risco geopolítico, como um choque EUA/Israel-Irã.
Esse processo pode não ocorrer por algum tempo, já que o dinheiro fácil e a liquidez global excessiva ainda poderão elevar os ativos por algum tempo.
Mas, quanto mais se prolongarem e quanto mais crescer a bolha, maior o crash. O Fed e outros responsáveis pela política econômica parecem não ter consciência da bolha monstro que criam. Quanto mais tempo permanecerem cegos, mais dolorosa será a queda.

Fonte: FSP

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Mais piadas sobre economia e economistas

Perguntaram a George Stigler, um dos líderes da Escola de Chicago, quando ganhou seu prêmio Nobel, qual a razão de não haver premiações para outras ciências sociais como sociologia, psicologia, história. Stigler respondeu: "Não se preocupem...eles todos já tem seu prêmio Nobel...em Literatura."
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Três econometristas foram caçar. Quando encontraram a presa, o primeiro atirou, errando um metro para a esquerda. O Segundo atirou e também errou, um metro para a direita. O terceiro econometrista não atirou, mas mesmo assim gritou: "Pegamos, acertamos !"
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— O que economistas e computadores tem em comum ?
— Você necessita entupi-los com informação.
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Se todos os economistas fossem colocados juntos, seria uma orgia... de matemáticos.
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Um rico e bem sucedido economista do trabalho queria porque queria ter um neto. Tinha duas filhas e dois filhos, todos casados. Durante o Natal, a família toda estava reunida, inclusive todos os genros e as noras e ele disse. — Eu quero muito dar continuidade a nossa família. Para ajudar nas futuras despesas depositei cem mil dólares no banco para o primeiro casal que tiver um neto meu.
Quando olhou para os lados só estava sua esposa na mesa de jantar.

domingo, 1 de novembro de 2009