sexta-feira, 28 de setembro de 2012

França e Espanha....



Finalmente foi publicado o resultado do teste de stress dos bancos espanhois. Nenhum surpresa no montante necessario, 59.3 bilhões de euros, tão pouco nos nomes dos bancos com problemas: estatizados ou recebendo alguma forma de socorro público. É surpresa, no entanto, a inclusão do sexto banco espanhol, o Banco Popular, que precisa de 3.2 bilhoes de capital adicional. Felizmente, ele já declarou que não precisa de recursos públicos e deverá levantar junto ao mercado. Os grandes bancos espanhois, Santander, BBVA e La Caixa, passaram com louvor.

O resultado não convenceu de todo o mercado que reclama que o total de perda usado no teste, 17%, é muito baixo e que deveria ser pelo menos igual aos 24% usado no teste dos bancos da Irlanda. O titulo de 10 anos manteve-se próximo dos 6%, fechando em 5.938%, enquanto o de 2 anos foi negociado a 3.434%. Rendimentos elevados, haja vista, o montante que deverá ser captado em outubro.

Hollande cumpriu a promessa e apresentou um orçamento com imposto de 75% sobre os ganhos acima de um milhão de euros. Claramente anti-austeridade, o orçamento contempla forte aumento de impostos sobre o setor empresarial e congelamento do valor, nominal, dos gastos públicos. O objetivo é reduzir relação divida pública/PIB e com isto manter a credibilidade junto ao mercado, que tem garantido juros baixos para os títulos soberanos. É uma decisão sabia, já que se o humor do mercado mudar, a França tem tudo para a ser a nova vitima.

A semana terminou e Rajoy não foi obrigado a decidir sobre o pedido de socorro.É sem dúvida um grande feito que reforça a sua estratégia de empurrar com a barriga pelo menos ate o day after das eleições de 21 de outubro.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Orçamento espanhol...



Finalmente foi apresentado ao distinto público o orçamento espanhol para 2013, resultado de um trabalho meticuloso da equipe liderada pelo Luiz de Guindos, ministro das finanças da Espanha e Olli Rehn da União Europeia. O objetivo, como já mencionado em outro post, é antecipar-se as demandas da troica, caso seja necessário pedir socorro ao fundo de resgate. Com isto estaria garantido o futuro político de Rajoy e cia ilimitada, já que receberia o dim e dim e ainda seria elogiado pelo bom trabalhado realizado que deixaria Espanha a livre de novas condicionalidades. Plano perfeito, sem dúvida alguma que, no entanto, depende fundamentalmente da reação do mercado. Isto porque recorrer ao fundo de resgate é o Plano B, já que o Plano A, que conta com o apoio da Merkel é recuperar a credibilidade e derrubar o custo da rolagem da divida soberana que tornaria desnecessário o pedido de emprestimo.

O orçamento é duro, com corte de 8.9 nos gastos públicos, congelamento dos salários no setor público e 43 novas leis para reformar a economia que deverão ser apresentados ao parlamento nos proximos seis meses. Medidas necessárias, sem dúvida, mas que dificilmente serão suficientes, já que o já foram tomadas com base em um cenário macroeconomico muito otimista. Em outras palavras, novos cortes, provavelmente serão necessários, o que explica a reação bem cautelosa do mercado, como podemos inferir pela queda do rendimento do titulo de 10 anos para 5.945%. É um bom sinal, porem abaixo, acredito, do esperado pelo governo espanhol.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Deja vu espanhol...


Dia complicado com queda nas bolsas mundo afora e retorno dos rendimentos dos juros espanhois de 10 anos fechando o dia em 6.064%: o maior desde 6 do corrente mês. Motivos é que não faltam para este comportamento do mercado. Na terça Alemanha, Finlandia e Holanda voltaram atras na promessa que os recursos emprestados a Espanha pra socorrer os seus bancos não seriam de responsabilidade do tesouro espanhol. É um serio retrocesso, porque se esperava, que com a aprovação do fundo permanente de socorro,isto também seria estentido a Irlanda e Portugal. Ao negar o acordo, os três porquinhos do Norte deixaram o mercado com a pulga atrás da orelha, afinal se negam este acordo, porque não adotariam o mesmo procedimento em relação aos outros? O fim da senioriedade dos empréstimos prometido pelo ECB, por ex.

A insistência de Rajoy em postergar ao máximo o pedido de socorro ao fundo de resgate, somado ao crescimento do sentimento pro-independência na Catalunha é mais lenha na fogueira espanhola. A probabilidade dos catalões conseguirem independencia do Reino da Espanha é muito baixa, mas sinaliza às dificuldades que o governo central deverá encontrar com as medidas de austeridade que estão sendo negociadas com as regiões com dividas elevadas. Isto porque os motivos que levaram os moderados lideres da Catalunha ao radicalismo foi justamente a intransigência do Rajoy na negociação da divida catalã e do novo pacto fiscal que reduziria as transferências para o governo federal.

Amanha será conhecido o orçamento espanhol para 2013, na sexta a Moody's publica a revisão do "rating" espanhol e tudo indica que o resultado não será nada bom. Neste mesmo dia também será conhecido, oficialmente, o valor do socorro aos bancos espanhois.

Resta saber ate quando Rajoy vai resistir às pressões do mercado e dos seus parceiros da zona do euro. É bom lembrar, mais uma vez, que o volume de rolagem da divida pública em outubro é considerável o que torna arriscada a, aparente, estratégia espanhola de esperar as eleições de 21 de Outubro para finalmente pedir ajuda ao fundo de resgate. Tudo vai depender do comportamento do mercado na quinta e sexta feira desta semana.



terça-feira, 25 de setembro de 2012

Dilma na ONU


Gostei do discurso da Presidenta Dilma na ONU, nesta terça feira. Ela tem razão ao afirmar que “A grave crise econômica iniciada em 2008 ganhou novos e inquietantes
contornos, mas a política monetária não pode ser a única resposta à crise”. Esta correta, também, ao apontar que "Não podemos aceitar que iniciativas legítimas de defesa comercial por países em desenvolvimento sejam injustamente classificadas como
protecionismo”. Obama, com certeza concorda com a critica ao uso, quase exclusivo, da política monetária, mas sabemos que no ambiente de campanha eleitoral é impossível convencer os republicanos da necessidade de usar também a política fiscal para colocar a economia do Imperio no caminho da recuperação econômica. É por isto que, como mencionamos em outro post, Bernanke e cia foram obrigados a implementar uma nova rodada de afrouxamento monetário. O impacto sobre a taxa de câmbio dos paises emergentes é um aspecto nada agradável da medida, mas se o QE3 produzir o resultado esperado, também será benefico aos países que exportam para o imperio, já que o crescimento econômico aumenta a demanda por produtos importados produzidos por estes mesmos paises. O resultato não é, portanto, de todo negativo. Enquanto não se colhe os frutos da medida, o governo brasileiro, guiado pela defesa do interesse nacional, tem todo o direito de recorrer a medidas de defesa comercial para defender a industria nacional.

Ela, no entanto, se equivoca ao afirmar que ”políticas ortodoxas vem agravando a crise". Em alguns países, caso da Grecia por ex, o que a Presidenta chama de ortodoxia, nada mais é que o bom senso em política econômica, depois da festança irresponsável que levou o país ao fundo do poço. O que ela chama de "politica econômica prudente" é apenas um nome diferente e politicamente correto para a velha e boa política econômica ortodoxa que , alias, seu governo vem praticando na área fiscal, como ela mesma reconhece.

A parte mais interessante do discurso foi a defesa enfática de decisões coordenadas para retirar a economia mundial do atoleiro em que se encontra. A guerra cambial não interessa a ninguem e tem como único produto o impacto negativo no comércio internacional.


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Paliativos...



O governo brasileiro resolveu usar tarifas para se proteger do impacto do QE3 e, como era de se esperar, recebeu um puxão de orelha do primo rico do Norte. Protecionista, bradou, com a arrogância usual, o representante do Imperio. A resposta do governo brasileiro foi correta: elegante, mas dura, algo raro, na diplomacia brasileira, que, geralmente, nestes momentos, sucumbe ao complexo de patinho feio. Não sei se esta é a melhor maneira de defender os interesses da indústria nacional, mas não custa tentar, já que neste ambiente de guerra cambial, o que conta mesmo é a defesa do interesse nacional.

Dito isto, é preciso alertar, que medidas como as criticadas pelo Imperio, são paliativos, que não atacam as causas da baixa competitividade da produção nacional: inflação acima da dos concorrentes e a baixa produtividade, para mencionar apenas dois. É dificil faze-lo, aparentemente, se comparado com medidas que enchem de orgulho o nacionalismo dilmista de raiz brizolista que, não custa recordar, nunca fez muito sucesso entre os paulistas do PT ou do partido da nova direita.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Espanha: se ficar o bicho come, se correr o bicho pega...



Nesta sexta-feira, vazaram novos detalhes do plano que está sendo articulado pelo ministro das finanças da Espanha e a Comissão Europeia: aumento na idade da aposentadoria de 65 para 67 e fim da indexação da aposentadoria ao indice de inflação. Propostas criticadas pelo atual governo durante a campanha eleitoral o que lhe garantiu os votos de grande parcela dos aposentados. Medidas semelhantes foram implementadas em outros países em dificuldades por imposição da troica. O governo espanhol optou pela negociação nos bastidores e assumir o custo das medidas para manter a imagem que não cedeu as pressões de Bruxelas e aliados. Coisas do Rajoy.

Há rumores que o resultado do teste de stress dos bancos espanhois que será públicado na próxima sexta-feira, 28 de setembro, indicará a necessidade de aporte de no minimo 50 e no máximo 60 bilhões. Se confirmado, deixaria no minimo 40 bilhões, do total de 100 bilhões colocados a disposição da Espanha, sem uso definido. O governo espanhol já deu indicações que pretende usa-lo para outros fins e a comissão europeia não parece opor-se a idéia, desde que acompanhado das devidas condicionalidades. É uma solução que interessa a Rajoy que evitaria o humilhante pedido de socorro ao fundo de resgate e a Merkel que não seria obrigada a pedir ao Parlamento alemão a aprovação de um novo pacote de ajuda a Espanha. Seria realmente uma solução engenhosa, mas tenho serias dúvidas se o mercado reagiria bem à recusa da Espanha de solicitar ajuda. O Ministro das finanças da Alemanha, Schauble, argumenta que ela não precisa de um novo pacote, mas sim, de recuperar a confiança do mercado. O problema é que não me parece ser nada fácil ganhar a confiança do mercado sem recorrer ao fundo de resgate. Não diria que é impossível, apenas improvável. Apesar desta avaliação me parece que vale tentar o plano B e usar as sobras do pacote de apoio aos bancos e pagar para ver qual será a reação do mercado. Por mais arriscado que seja esta estratégia, ela evitaria um outro problema: colocar a Italia na mira do mercado, já que depois de derrubar a Espanha ele tentará fazer o mesmo com a velha bota.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Espanha: hora de enfrentar a dura realidade...


Segundo o FT, Luis de Guidos, ministro das finanças da Espanha e a Comissão Europeia estão trabalhando em um plano focado em reformas estruturais que cumpriria o pre-requisito necessario à intervenção do ECB no mercado secundário de divida soberana espanhola de curto prazo . O plano deverá ser apresentado na próxima quinta-feira. Rajoy, contudo, ainda estaria tentando encontrar meios para evitar o pedido de socorro.

A noticia confirma a nossa análise sobre a existência de um plano B sendo preparado por Guidos, assim como, a preferência do primeiro ministro espanhol, compartilhado pela Merkel, por uma solução que evitasse a necessidade de um pedido de socorro que implicaria em aporte adicional de recursos que obrigaria a dama de ferro teutonica a uma nova rodada de negociações com seu parlamento às vespera da eleição.

Naturalmente, para não ter que recorrer ao fundo de resgate, a Espanha precisa de redução significativa nos rendimentos de sua divida soberana, haja vista que o volume a ser captado ate o fim do corrente ano é bastante significativo, principalmente no mês de outubro. Sem a "cooperação" do mercado, uma solução tem que ser encontrada - de preferência - ate o final do mês de setembro, em que pese o fato de Rajoy não ter o menor interesse de tomar qualquer decisão antes da eleição regional de 21 de outubro.

O leilão desta quinta feira sinaliza que a situação esta sob controle, mas que o mercado aposta na solicitação de ajuda junto ao fundo de resgate, como podemos inferir pelos rendimentos dos titulos leiloados. O montante de títulos de 10 anos colocados foi pequeno, apesar da demanda ter sido boa, 2.8 vezes. Os juros ficaram em 5.7% contra 6.6% em Agosto. A demanda pelos titulos de 3 anos foi menor, 1.6 vezes; e foram negociados a 3.9%, levemente acima do alcançado no inicio do mês, 3.774%. No leilão de hoje a opção do governo espanhol foi pela redução da maturidade dos titulos, esperando com isto colher os frutos da decisão do ECB, mas ele, obviamente, não tem como deixar de colocar um montante maior de titulos de 10 anos nos próximos leilões e para obter um rendimento menor que o desta quinta-feira é necessário, na nossa opinião, pedir socorro ao fundo de resgate.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Mais um lance da guerra cambial


Não estou nenhum um pouco surpreso com a decisão do Banco do Japão: modestia a parte, em entrevista a Band News FM, mencionei que esperava uma resposta da terra do sol nascente ao QE3. O Bacen japones, menciona o estado da economia mundial e o crescimento interno, como justificativa para a sua ação que na verdade, em poucas palavras, tem como objetivo evitar um fortalecimento ainda maior da sua moeda. Dado que o FED comprometeu-se com os juros baixos até meados de 2015 e com as compras de titulos imobiliários ate melhorar a situação do mercado de trabalho, não é preciso ser um genio para concluir que o mercado japones continuará a ser um porto seguro para os investidores com a consequente apreciação da sua moeda. Dai a medida ser inevitável... Naturalmente ela é mais um lance na guerra cambial e dificilmente será o último...

Enquanto assistimos mais um capitulo da nada emocionante novela espanhola, Portugal foi ao mercado e conseguiu vender titulos de 18 meses pagando 2.967% contra 4.537% do leilão de abril. Os de 6 meses sairam por 1.7% contra 2.292% do último leilão. A demanda foi bem superior a oferta( 2 vezes). É um resultato que confirma o impacto positivo da decisão do ECB - de comprar titulos no mercado secundário- sob os rendimentos dos títulos de curto prazo dos paises da zona do euro. Não deixa de ser, também, um premio para o bom comportamento do governo portugues que em setembro de 2013 fica livre da troica e retorna ao mercado de titulos de prazo superior a 2 anos. O mercado estava cético quanto ao sucesso deste retorno, pelo jeito mudou de idéia.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

... Ainda nas cordas...



Continua a lenga, lenga espanhola em relação ao pedido de socorro junto ao fundo de resgate. Rajoy, aparentemente, deverá solicitar o "precautionary", que tem menos condicionalidades, mas, em se tratando desta estranha figura, há sempre um mas: ele esta de olho das eleições do dia 21 de outubro que inclui, em outras regiões, a sua querida Galicia natal. Enquanto espera, seu ministro da fazenda, prepara um plano de ajuste que, ao que tudo indica, deverá conter exatamente aquele que será exigido quando a Espanha, finalmente, pedira agua. Poderá, então, argumentar que não há razão alguma para novas medidas e tão pouco para colocar sua economia sobre a supervisão da troica. O problema é que, por enquanto, ninguem está disposto a abrir do trabalho sujo dos três porquinhos.

Rajoy, naturalmente, joga com o fato que ele não é unico desconfortável com o pedido de socorro, ainda que na opção menos dolorosa. Merkel, as vesperas da eleição, não quer nem ouvir falar na possibilidade de solicitar recursos junto ao parlamento alemão para socorrer a Espanha. Conseguir os votos necessarios não sairia nenhum pouco barato, já que este tipo de politica não é exatamente popular e menos ainda em perioodo eleitoral.

O melhor seria deixar como está e continuar empurrando coma barriga. So falta combinar com mercado que, como podemos inferir pela evolução dos rendimentos dos titulos de curto prazo, continuar pressionando e apostando no pedido de socorro. Os juros nos leilão desta terça, ficaram abaixo do realizado em 21 de Agosto: 2.84% contra 3.07% para o título de 12 meses e 3.07% contra 3.35% do titulo de 18 meses. A procura foi boam, mas levemente abaixo do último leilão. Esperava-se, juros bem menores depois da reunião do ECB e não foi o que aconteceu. No mercado secundário, o titulo de 2 anos que no dia 10 deste mês era negociado por 2.88%, fechou nesta terça feira em 3.330% e o de 10 anos 5.896%. Quinta-feira tem leilão de titulos de 10 anos e ai será possível colher maiores informações sobre o estado de animo do mercado em relação a Espanha.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Guerra cambial...



Mal foi aprovado o QE3 e o governo já foi obrigado a fazer uso do swap reverso para evitar a valorização do real. Hoje, Nelson Barbosa, prometeu usar todos os intrumentos a disposição pra garantir a manutenção da atual banda cambial. Não mencionou, obviamente, as medidas que tem em mente, mas não é dificil imaginar, que entre elas se encontra o IOF. O fato é que se de fato ocorrer vazamento da expansão de liquidez americana para o resto do mundo, o governo será obrigado a tomar medidas duras, para evitar as consequencias negativas sobre a economia brasileira. Ele dificilmente será o único, dai que provavelmente voltaremos a ouvir a conhecida expressão cunhada pelo Mantega: guerra cambial.

A decisão do Bernanke, haja vista, a reação raivosa dos republicanos, foi correta, já que não há nenhum disposição dos dois partidos em procurar uma saida negociada para as suas diferenças, que permitiria o uso de medidas de carater fiscal para ajudar na retomada do crescimento da economia americana. Tudo indica que será bem dificil evitar o fiscal cliff.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

A Espanha ainda resiste...



A reação dos republicanos contrária ao QE3 veio rapida e não foi nada gentil: segundo Romney o QE3 é um "sugar high", que impõe altos custos a todos, alem de implicar em risco, no longo de prazo, de inflação alta. Apesar de dura, pode ser considerada ponderada, se comparada com de outros, que chegam, inclusive, a defender alteração no duplo mandato do FED, que excluiria o pleno emprego e ficaria restrito a defesa da estabilidade de preços. Há, inclusive, proposta legislativa neste sentido, que, dependendo do sucesso da ação do FED, poderá, no minimo, influir fortemente na escolha do sucessor do Bernanke e num cenario com tintas catastroficas levar a alteração no mandato dual. Sinceramente não acredito que isto venha a ocorrer, mas a escolha de alguem focada apenas na estabilidade de preços me parece bem provável no caso da eleição de um republicano.

Enquanto isto, no velho continente, a divida soberana italiana de 2 e 10 anos fechou em queda, 5.028% e 2.267%, em relação ao fechamento da segunda-feira, enquanto a espanhola apresentou comportamento diferente, 5.809% e 3.136% que pode ser eplicado pelo comportamento um tanto erratico do Rajoy e, também, pelos números nada agradáveis da situação fiscal da Espanha e de algumas de suas regiões.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

QE3: Deja vu...


Depois do resultado, abaixo do esperado, do mercado de trabalho em agosto, uma nova rodada de afrouxamento monetário - um QE3 - tornou-se praticamente inevitável. Mante-lo ate o mercado de trabalho apresentar uma performance melhor é a grande novidade, assim como a decisão de manter a taxa de juros baixa ate meados de 2015. É uma decisão corajosa, haja vista, a oposição de setores do Partido Republicano a própria existência do FED, para não mencionar as criticas que a sua política tem recebido do seu candidato a presidência da republica. Ironicamente, Bernanke é republicano.

A nova rodada acontece em ambiente econômico bem diferente do QE1 e QE2 em 2009 e 2010: a deflação não é mais um problema. Em seu lugar entrou a fraca dinamica do mercado de trabalho e a recuperação anemica do mercado imobiliário. Com a compra dos titulos imobiliarios o FED espera derrubar os juros das hipotecas e ajudar no reaquecimento do setor. A queda deverá ocorrer, mas é bom lembrar que os juros já são baixos e por isto o impacto deverá ficar aquem do esperado. Em outras palavras, a política monetária sozinha não tem condições de resolver os problemas da economia monetária. É de fundamental importancia que ela seja acompanhada de medidas da área fiscal que, infelizmente, tem poucas chances de serem adotadas devido ao venenoso ambiente político americano. Neste cenário desalentador, resta ao FED a dificil tarefa de fazer o seu trabalho e o dos politicos. Convenhamos que isto é quase impossível, dai o meu pessimismo em relação recuperação da economia do Imperio.

Bernanke é um otimo economista e esta ciente dos limites do novo QE3 e por isto já adiantou a possibilidade - se necessario for - da adoção de novas medidas pouco convencionais e implicitamente assume que um pouco de inflação também poderá ser tolerado se este for o preço para a retomada do crescimento econômico. No momento ela não é um problema, mas choques de oferta nunca podem ser descartados de antemão.

Em sintese, não deverá produzir milagres, mas ganha tempo que se espera será bem utilizado pelos políticos para negociar um acordo que permita a adoção de medidas na área fiscal.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Uma pedra a menos no caminho...



Mantendo a tradição de não criar obstaculos ao processo de integração econômica, a corte constitucional alemã considerou legal o fundo de resgate e com isto cai o último obstaculo ao seu funcionamento. Enquanto isto, Barroso, apresentava seu terceiro discurso sobre o estado da União, defendendo o projeto de uma Europa federativa e a supervisão unificada do seu setor bancário. A primeira é uma meta ser perseguida, a segunda é uma medida fundamental para evitar a repetição do ocorrido em várias países da zona do euro.

Conhecida a decisão da corte alemã, resta agora saber se algum país estará disposto a recorrer e pagar o preço político de colocar a gestão da política econômica sobre a supervisão do FMI. Com a exclusão da clausula da senioridade o risco de ficar fora do mercado de titulos é menor o que, a primeira vista, poderia ser um argumento favorável ao pedido de socorro. No entanto, ainda restaria a questão das contrapartidas: mais austeridade, perda de autonomia na definição do orçamento público entre outras medidas. Rajoy, por ex, afirma não se sentir desconfortável com a supervisão do FMI, mas não se mostra disposto a aceitar novas medidas de austeridade. Com a queda dos juros dos seus titulos no mercado secundario, ele poderá ser tentado a empurrar o problema com a barriga, mesmo ao custo de reduzir a maturidade da divida pública espanhola. É uma aposta arriscada, haja vista, o grande volume de captações da Espanha ate o final do corrente ano. Acredito ser possível evitar o bail out completo, mas não o bail out "light", em que as contrapartidas seriam menos duras. Em outras palavras, a reação positiva do mercado realmente oferece a Espanha um prazo maior para decidir sobre o pedido de socorro, mas ele ainda me parece inevitável, ainda que não seja - como no cenário anterior a decisão do ECB - na forma de um bail out completo. Menos mal, sem dúvida, mas ainda doloroso para o orgulhoso Rajoy.

Os rendimentos dos titulos espanhois e italianos continuam em queda. O de 10 anos fechou em 5.627% e 5.029 e o de dois anos em 2.824% e 2.193% respectivamente.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Quarta feira decisiva...



Proposta de Autoridade Monetária Europeia Unificada, eleições na Holanda pronunciamento da Corte Constitucional germanica sobre a legalidade do fundo de resgate são eventos fundamentais para o futuro da zona do euro e promessa de muita ansiedade nesta quarta-feira. Na espera do grande dia Asmussen, representante alemão no ECB, recorda que a compra de titulos no mercado secundário não é substituto para as reformas estruturais. É uma resposta, nenhum um pouco sutil, a entrevista de Rajoy a tv espanhola no domingo, onde, mais uma vez, expressou sua discordância a demanda de mais cortes como contrapartida a intervenção no mercado secundário. Em outras palavras, ele esta repetindo sua velha rotina: negar, negar, prometer mundos e fundos e, finalmente, aceitar as exigências dos primos ricos do nordeste. Com as provincias autonomas em mal lençois, recessão, ele vai precisar captar mais que o previsto no mercado de titulos e isto será dificil sem recorrer ao fundo de resgate. Isto para não mencionar a tensão politica na Catalunha e País Basco: o apoio a tese de independencia deixou de ser a bandeira dos mais radicais, para tornar-se plataforma dos moderados, o que coloca no horizonte de medio prazo o agravamento do conflito entre Rajoy, adversario do atual status das duas regiões mencionadas e o forte movimento pro-independencia.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Semana decisiva...



Aproveitei o fim de semana prolongado para rever a terra natal, Birigui, grande polo de produção de calçados infantis, no noroeste paulista. A Rondon é um tapete que lembra as boas estradas do velho continente. Infelizmente o limite de velocidade é baixo: 110 km. Poderia muito bem ser 120km

É uma cidade pequena - cerca de 110 mil habitantes - bem arborizada, ótimas sorveterias e, aparentemente, muito prospera. Alias, é interessante como a riqueza parece ter-se deslocado para o interior, onde a qualidade de vida é sem dúvida melhor. Foi bom rever os amigos e parentes e verificar que a crise por lá não chegou e que ela é testemunha de um novo Brasil mais justo que aos poucos vai sendo construido.

Não tive tempo de acompanhar a reação do mercado ao plano anunciado pelo Draghi na quinta, mas segundo o FT a reação da midia alemã foi histerica. Mas o mercado sem dúvida gostou, apesar de ainda manter-se ansioso a espera da corte constitucional teutonica que poderá jogar M. no ventilador. Não acredito ser o caso, mas a reação da midia e pesquisa sobre a opinião dos alemães sugerem que a visão sobre a ajuda ao sul da europa não é nada popular e, pior ainda, vistos como vagabundos vivendo a custa do suor dos alemães e aliados. Filme complicado, que no passado, não produziu nada de bom, a diferença é que naquela ocasião o lugar dos mediterraneos era ocupado pelos alemães. Ironias da historia.

Neste primeiro dia de um semana de decisões importantes n velho continente e no Imperio, os titulos espanhois e italianos de 10 anos fecharam em 5.704% e 5.183%, enquanto o de 2 anos foi negociado a 2.887% e 2.321%.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Viva Mario Draghi...



Desta vez o ECB entregou o que prometou. O plano "monetary outright transactions", como antecipado no post de ontem, será por tempo e montante ilimitados; a compra será esterilizada; não há senioridade; está limitado a compra de titulos de 1 a 3 anos e, naturalmente, o país que solicitar o socorro deverá aceitar o plano econômico apresentado por Bruxelas. Em outras palavras, apenas os países que já solicitaram o bail out completo, podem solicitar ao ECB a intervenção no mercado de titulos soberanos, os demais, Espanha e Italia, por ex., ainda devem pedir ajuda e negociar as condições. A grande novidade é o novo papel do FMI, que passa a ser responsável pelo monitoramento do plano econômico, apesar de não fazer nenhum desembolso. Ele é apenas o capitão do mato.

A reação do mercado foi muita boa, como podemos inferir pelos rendimentos dos titulos italianos e espanhois de 10 anos que fecharam em 5.261% e 6.030%. Já os de 2 anos foram negociados a 2.268% e 2.959%. Quedas significativas em relação a ontem que, alias, vinha ocorrendo desde o momento em que o mercado concluiu que a promessa do Draghi era pra valer. Isto apesar da oposição do Bundesbank. Mais uma vez, a razão política prevaleceu e, neste caso, ao contrário do que argumenta o mamute alemão, ela não contradiz a racionalidade econômica.

Como mencionado ontem, está não é bala de prata, apenas mais uma etapa no longo processo de construção da União Europeia. Detalhe ignorado, por analistas apressados, que insistem em apostar no fim do projeto europeu.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A espera do grande dia...


Segundo a Bloomberg, o plano de intervenção no mercado de divida soberana a ser detalhado pelo Draghi, nesta quinta-feira, é ilimitado no volume e na sua duração, sendo que o ECB abre mão, também, da clausula da senioridade do credor. O ECB vai comprar somente títulos de divida soberana com maturidade de ate dois anos que será esterilizado e, como esperado, acompanhado de novas condicionalidades. Esta é uma exigênca que não agrada nenhum pouco ao Rajoy, da Espanha, e Monti, da Italia, mas, dada a situação da economia espanhola não vejo como ele poderá evitar o pedido de socorro. A Italia, encontra-se em uma situação um pouco melhor no plano econômico, porém, a situação política, poderá leva-la a solicitar ajuda, como mecanismo para evitar que o novo governo, a ser eleito, faça corpo mole em relação a implementação das reformas. Em outras palavras, por razões diferentes os dois países deverão solicitar socorro. No caso da Espanha a probabilidade dele tornar-se um bailout completo é alta, devido a delicada situação das suas regiões/estados. Já no caso da Italia, é simplesmente um seguro contra o risco de um aventureiro ser eleito primeiro ministro.

Voltando ao plano. A questão da senioridade é fundamental para evitar a repetição do ocorrido com os países que já solicitaram socorro: a exclusão do mercado de capitais, já que o mercado não se mostra disposto a ficar no último lugar na fila dos credores. A consequência tem sido uma deterioração profunda da situação econômica destes paises e forte oposição ao pacote de reformas. É claro que este último implica em alguma contração econômica, porém são as portas fechadas do mercado de capitais que - através do encarecimento do credito ao setor privado - potencializam o impacto negativo das reformas exigidas por Bruxelas.

Uma intervenção limitada e por pouco tempo não produziria um resultado positivo. Muito pelo contrário: seria a oportunidade para o mercado repassar o mico para o ECB. Ao comprometer-se a manter a politica de compra de titulos por um tempo e volume ilimitados, ele passa um sinal importante ao mercado e evita com isto qualquer tentativa de quebra de braço. Não espere milagres, mas com certeza deverá derrubar os juros dos titulos de curto prazo, com impacto menor sobre os de longo prazo. É por isto que não pode ser considerada uma bala de prata.

Nesta vespera da importante reunião do ECB, os titulos espanhois e italianos de 10 fecharam em leve queda: 6.409% e 5.514%, enquanto que o italiano de 2 anos subiu um pouco,2.451%, e o espanhol manteve-se estável em 3.097%. Dependendo do que for anunciado o italiano de 2 anos deverá posicionar-se mais próximo de 2% e o espanhol abaixo de 3%, porém bem acima de 2.5%.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

A espera do Draghi

Fonte: FT

O quadro acima oferece uma clara visão do processo de renacionalização do sistema bancario europeu causado pela crise da zona do euro. Alem do conhecido problema da ampliação do spread dos juros da divida soberana dos paises em dificuldades em relação aos clubes dos ainda saudáveis, há, também, dinamica semelhante no mercado de emprestimos a empresas o que, naturalmente, torna ainda mais dificil a recuperação das economias na UTI europeia e daquelas que ainda esperam por um diagnóstico sobre a sua real situação. É um cenario desolador com impacto sobre a eficacia da política monetária e que justifica a esperada intervenção do ECB no mercado secundário de divida soberana com maturidade inferior a 3 anos. Ao escolher este ponto da curva de juros, Draghi, mantem a pressão sobre os politicos, sem colocar em risco projeto da moeda única. Isto porque, para reduzir os juros da divida de longo prazo serão obrigados a implementar as reformas demandadas por Bruxelas e pelo mercado.

Enquanto espera pela reunião do ECB, o mercado continua apostanto no anuncio de maiores detalhes sobre a intervenção no mercado de divida soberana, como atesta a queda continua nos juros dos titulos italianos e espanhois de 2 anos: 2.372% e 3.072%, respectivamente. Já os de 10 anos continuam estaveis, bem abaixo do teto informal.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Segunda feira tranquila...


No fim de semana, em entrevista ao jornal ABC, Rajoy, Primeiro Ministro da Espanha, deixou claro que não esta disposto a aceitar novas condicionalidades como contrapartida ao socorro do fundo de resgate e intervenção do ECB no mercado secundário de divida soberana. Aproveitou, também, para lembrar, muito sutilmente, que a Espanha apoio o processo de integração(unificação) alemão e que a contrapartida era e continua a ser o apoio a moeda única. Este é um detalhe importante e que provavelmente é sempre lembrado no momento adequado. Constrange, sem dúvida, mas não sei ate que ponto funciona. Em todo caso, vale lembrar, que Rajoy aparenta ter uma imensa dificuldade de lidar com a realidade e prefere viver em um mundo de fantasia onde a Espanha ainda é um grande Império. Neste ponto ele se parece com os conservadores ingles: Haseltine, por ex. era um mestre na arte de comportar-se como se a velha albion ainda fosse um grande império colonial.

A semana começou tranquila, com a informação que Draghi teria defendido a tese que comprar titulos com maturidade de até 3 anos não é financiamento monetário do Estado. Ele, naturalmente tem razão, mas não acredito que esta tese será comprada pelo presidente do Bundesbank, apesar de ter sido bem recebida pela mercado, como atesta o fechamento dos títulos italianos e espanhois de 2 anos: 2.633% e 3.509%, respectivamente. Já o titulo de 10 anos foi negociado a 5.78% e 6.853%, mantendo-se, portanto no mesmo patamar da semana passada. É interessante observar que a prometida intervenção do ECB no mercado de titulos soberanos de curto prazo não alterou a sua dinamica.

domingo, 2 de setembro de 2012