sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Sem a ética, ciência, técnica e política podem ser usadas não para o bem mas para o mal

No encontro com os Universitários de Roma, o Papa recomenda a Encíclica "Spe salvi", e apresentou a seguinte reflexão


A [...] reflexão, que desejo propor-vos, refere-se à recente Encíclica sobre a esperança cristã intitulada, como sabeis, Spe salvi, "salvos na esperança", palavras tiradas da Carta de São Paulo aos Romanos (8, 24). Entrego-a idealmente a vós, queridos universitários de Roma e, através de vós, a todo o mundo da Universidade, da escola, da cultura e da educação. Não é porventura o tema da esperança particularmente congenial aos Jovens? Em particular, proponho que façais objecto de reflexão e de confronto, também de grupo, aquela parte da Encíclica na qual falo da esperança na época moderna. No século XVII a Europa conheceu uma autêntica mudança epocal e desde então foi-se afirmando cada vez mais uma mentalidade segundo a qual o progresso humano é só obra da ciência e da técnica, enquanto à fé competiria apenas a salvação da alma, uma salvação meramente individual. As duas ideias principais da modernidade, a razão e a libberdade, separaram-se de Deus para se tornar autónomas e cooperar na construção do "reino do homem", praticamente contraposto ao Reino de Deus. Eis então que se difunde uma concepção materialista, alimentada pela esperança que, mudando as estruturas económicas e políticas, se possa dar vida finalmente a uma sociedade justa, onde reina a paz, a liberdade e a igualdade. Este processo que não está privado de valores e de razões históricas contém contudo um erro de fundo: de facto, o homem não é só o produto de determinadas condições económicas e sociais; o progresso técnico não coincide necessariamente com o crescimento moral das pessoas, aliás, sem princípios éticos a ciência, a técnica e a política podem ser usadas como aconteceu e como infelizmente ainda acontece não para o bem mas para o mal dos indivíduos e da humanidade.
fonte:(©L'Osservatore Romano - 22 de Dezembro de 2007),

domingo, 23 de dezembro de 2007

Cristofobia

O tópico é a controversia sobre ausência de qualquer menção as raizes cristãs da Europa na proposta da Constituição Europeia, mas as reflexões do Professor Joseph H.H.Weiler, da New York University, se aplicam ,tambem, às discussões sobre diferentes questões nos tristes trópicos . No livro “Uma Europa Cristã”, ele afirma: ”É um absurdo que na futura Constituição Europeia não se mencionem as raízes cristãs da Europa” [...]“...devo recordar que a eleição constitucional de metade dos países membros da União Europeia é a de ter em conta e mencionar o cristianismo... uma Europa cristã não é uma Europa exclusivista ou necessariamente confesional, mas que respeita por igual todos os seus cidadãos, crentes e laicos, cristãos e não cristãos”. A citação a seguir é uma excelente descrição da praxe intelectual, aparentemente, hegemônica no Brasil. “Quanto à cristofobia, falo sobretudo, de um sentido cultural, de uma tendência que existe, e é a do progresso identificado com o laicismo. Há quem leia Habermas ou Derrida com autêntica devoção, mas não lê uma Encíclica do Papa, que é igualmente profunda e enriquecedora”.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Les Crimes Cachés du Communisme

A edição de outubro de 2007(numéro spécial), da revista francesa L`histoire, é dedicada aos arquivos inéditos dos "crimes cachés du communisme". O editorial, reproduzido, abaixo, levanta questões importantes e quem sabe um dia consiga chegar aos ouvidos e mentes dos bravos revolucionários brasileiros que ainda comemoram a revolução de Outubro. A revista pode ser encontrada em qualquer boa revistaria/banca de jornais de São Paulo.

Ne pas oublier Lénine

Il y a quatre-vingt-dix ans éclatait la révolution d'Octobre. Jadis, on la commémorait, même em Occidente, à son de trompes, parce que Lénine et ses camarades avaient incarné pendant longtemps l'idéal prolétarien et humain de l'emancipation, de la libération, de la venue d'un monde fraternel. Aux temps de la déstalinisation, Lénine avait été épargné; il passait pour le bon communiste trahi par le mauvais.

Près de vingt ans après la chute du mur de Berlin et l'implosion du communisme soviétique, le ton n'est plus celui de la célébration. Il est difficile aujourd'hui d'eluder les responsabilités de Lénine dans la mise em place d'un régime de terreur. Ce que, pendant des décennies, l'Occidente lui-même s'était refusé de savoir a été porte au grand jour, d'abord par une avante-garde intellectuelle des pays de l'Est, puis par les historiens mettant à profit l'ouverture d'archives jusque-là inaccessibles. Ce sont ces sources inédites qui sont à l'origine de notre numéro spécial.

"La folie de la Révolution fut de vouloir instituer la vertu sur Terre. Quand on veut rendre les hommes bons et sages, libres, modérés, généreux, on est amené fatalement à vouloir les tuer tous", a fait dire à l'un de ses personnages Anatole France. Tel est le paradoxe de toute révolution dont le rêve central est de changer l'homme, créer l'homme nouveau et um peuple neuf. L'enterprise implique um pédagogie mais aussi une violence d'Etat. La terreur imposée est à proportion de l'ambition. Les arrestations arbitraires, les condamnations sommaires, les liquidations de masse, la police politique omniprésente, la surveillance ininterrompue de chacun, les persécutions religieuses, les déportations, l'encouragement à la delation on été érigés en système permanent de gouvernement. Des pratiques qui ont laissé de profondes cicatrices. Aujourd'hui, en Europe de l'Est, dans ces pays si improprement nommés "démocraties populaires", les mémoires douloureuses et les ressentiments enfouis refont surface pour s'installer parfois au coeur du débat public. On n'en a pas fini avec les effets de la terreur.

"Oublier Lénine" était dans les années 1970 un slogan des intellectuels de gauche pour qui le bolchevisme n'était plus un exemple à suivre. Aujourd'hui, devant le bilan humain du communisme soviétique, dont il fut le fondateur, mais aussi des régimes qui, en Chine, au Cambodge ou dans l'ancien glacis soviétiques aprés 1945, se sont réclamés du "marxisme-léninisme", le mot d'ordre des historiens doit bien
être de "ne pas oublier Lénine".

sábado, 1 de dezembro de 2007

Marx e a esperança( excertos da Carta Encíclica SPE SALVI do Sumo Pontifíce Bento XVI)


"20. O século XIX não perdeu a sua fé no progresso como nova forma da esperança humana e continuou a considerar razão e liberdade como as estrelas-guia a seguir no caminho da esperança. Todavia a evolução sempre mais rápida do progresso técnico e a industrialização com ele relacionada criaram, bem depressa, uma situação social completamente nova: formou-se a classe dos trabalhadores da indústria e o chamado « proletariado industrial », cujas terríveis condições de vida foram ilustradas de modo impressionante por Frederico Engels, em 1845. Ao leitor, devia resultar claro que isto não pode continuar; é necessária uma mudança. Mas a mudança haveria de abalar e derrubar toda a estrutura da sociedade burguesa. Depois da revolução burguesa de 1789, tinha chegado a hora para uma nova revolução: a proletária. O progresso não podia limitar-se a avançar de forma linear e com pequenos passos. Urgia o salto revolucionário. Karl Marx recolheu este apelo do momento e, com vigor de linguagem e de pensamento, procurou iniciar este novo passo grande e, como supunha, definitivo da história rumo à salvação, rumo àquilo que Kant tinha qualificado como o « reino de Deus ». Tendo-se diluída a verdade do além, tratar-se-ia agora de estabelecer a verdade de aquém. A crítica do céu transforma-se na crítica da terra, a crítica da teologia na crítica da política. O progresso rumo ao melhor, rumo ao mundo definitivamente bom, já não vem simplesmente da ciência, mas da política – de uma política pensada cientificamente, que sabe reconhecer a estrutura da história e da sociedade, indicando assim a estrada da revolução, da mudança de todas as coisas. Com pontual precisão, embora de forma unilateralmente parcial, Marx descreveu a situação do seu tempo e ilustrou, com grande capacidade analítica, as vias para a revolução. E não só teoricamente, pois com o partido comunista, nascido do manifesto comunista de 1848, também a iniciou concretamente. A sua promessa, graças à agudeza das análises e à clara indicação dos instrumentos para a mudança radical, fascinou e não cessa de fascinar ainda hoje. E a revolução deu-se, depois, na forma mais radical na Rússia.
21. Com a sua vitória, porém, tornou-se evidente também o erro fundamental de Marx. Ele indicou com exactidão o modo como realizar o derrubamento. Mas, não nos disse, como as coisas deveriam proceder depois. Ele supunha simplesmente que, com a expropriação da classe dominante, a queda do poder político e a socialização dos meios de produção, ter-se-ia realizado a Nova Jerusalém. Com efeito, então ficariam anuladas todas as contradições; o homem e o mundo haveriam finalmente de ver claro em si próprios. Então tudo poderia proceder espontaneamente pelo recto caminho, porque tudo pertenceria a todos e todos haviam de querer o melhor um para o outro. Assim, depois de cumprida a revolução, Lenin deu-se conta de que, nos escritos do mestre, não se achava qualquer indicação sobre o modo como proceder. É verdade que ele tinha falado da fase intermédia da ditadura do proletariado como de uma necessidade que, porém, num segundo momento ela mesma se demonstraria caduca. Esta « fase intermédia » conhecemo-la muito bem e sabemos também como depois evoluiu, não dando à luz o mundo sadio, mas deixando atrás de si uma destruição desoladora. Marx não falhou só ao deixar de idealizar os ordenamentos necessários para o mundo novo; com efeito, já não deveria haver mais necessidade deles. O facto de não dizer nada sobre isso é lógica consequência da sua perspectiva. O seu erro situa-se numa profundidade maior. Ele esqueceu que o homem permanece sempre homem. Esqueceu o homem e a sua liberdade. Esqueceu que a liberdade permanece sempre liberdade, inclusive para o mal. Pensava que, uma vez colocada em ordem a economia, tudo se arranjaria. O seu verdadeiro erro é o materialismo: de facto, o homem não é só o produto de condições económicas nem se pode curá-lo apenas do exterior criando condições económicas favoráveis"

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Tristes Trópicos

Com o Ipea sobre o controle de um certo departamento de sociologia da periferia paulistana( definitivamente não é de economia), há temores em relação a substituição de uma “panela” por outra, com o agravante que a “panela” que entra , não tem a mesma reputação acadêmica daquela que sai. A proposta, ventilada na mídia, de contratação de demógrafos, historiadores e sociólogos não é um bom sinal ... Alias, não entendo porque alguns economistas, de esquerda, não gostam de economia . Enquanto,no resto do mundo, a economia ganha cada vez mais espaço, confirmando sua vocação imperialista, como diria alguns, nos tristes trópicos ocorre o contrário.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Privilégios

A affair ipea versus sua nova diretoria é uma destas tolices recorrentes no grande bananão que demonstra o poder do lobby dos moradores do balneário. O que seria de algumas instituições de ensino superior do balneário sem o ipea e bacen. Repete-se a mesma estratégia usada, com sucesso, em outras áreas, como o cinema, por ex. Prestação de contas do uso de dinheiro e espaço públicos transforma-se em perseguição política.

Divertido, também, é ler o artigo-defesa dos privilégios injustificáveis do Cebrap. Todo mundo defende a tal virtude republicana, mas ..., no quintal do vizinho.

Resenhas

A revista L´Histoire( 323, setembro de 2007) publicou resenha do livro Jesus de Nazáre. Interessante artigo- resenha do Malise Ruthven no The New York Review of Books(November 8, 2007) sobre o islamismo. Entre os livros resenhados, mais um catatau do Hans Kung. Segundo Ruthven ‘in the history of religions’, asks Kung ‘did any religion pursue a victorious course as rapid , far-reaching, tenacious and permanent as that of Islan? Scarcely one. So is it any wonder that to the present day Muslin pride is rooted in the experience of the early period…’ Ainda mais interessante é a conclusão( after an extensive survey of the best literature available in European languages)do Kung sobre Jihad ‘ The apologetic argument often advanced by Muslin that armed jihad refers only to wars of defence cannot be maintained. It is contradicted by the testimonies of the Islamic chroniclers, who show that the jihad was of the utmost political and military significance. It is hard to imagine a more effective motivation for a war than the struggle… which furthers God´s cause against the unbelievers”.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Mais Leituras

O filósofo católico canadense Charles Taylor lançou, recentemente, um novo livro, “ A Secular Age”, que esta sendo discutido no seu blog. http://www.ssrc.org/blogs/immanent_frame/

Ainda não li( e tão pouco comprei)o livro, um catatau de 880 pags. Ele esta na minha lista de leituras, o difícil é encontrar tempo... a fila é longa e o primeiro é o último livro do Lilla, The Stillborn God( saiu do forno em Setembro de 2007) . Quem não conhece o autor, recomendo ler o livro anterior: The Reckless Mind(2001). É um historiador das idéias na linha do falecido I.Berlin.

Finalmente, recebi os dois volumes dos Selected Essays do Alasdair MacIntyre. Li somente um artigo, three perspectives on marxism: 1953, 1968, 1995. Estranhamente ele ainda continua acreditando em uma aliança entre marxismo e cristianidade. O argumento não é convincente, pra não falar da visão romantica (e reacionária) do período pre-capitalista. Ainda fico com a leitura do Pannenberg.

20th Century Catholic Theologians

Para um leigo, como é o meu caso, entender o debate entre os teólogos não é nada fácil. Em economia é sempre possível recorrer a um bom livro texto e no caso da história das idéias(e teorias) econômicas, a um bom livro de história do pensamento econômico(HPE). O livro que terminei de ler , Twentieth-Century Catholic Theologians, Fergus Kerr, Blackwell, 2007, fica próximo do que se espera do seu equivalente em HPE. O titulo do livro, contudo, não parece ser o mais apropriado:ele deveria incluir a palavra “europeu”, já que inclui apenas um teólogo nascido fora da Europa.
Não tenho condições de avaliar a qualidade do livro, já que não tenho formação em teologia, mas as resenhas que li (depois de ter lido o livro) são positivas.
Gostei muito do livro, principalmente dos capítulos dedicados ao Chenu, Lubac, Ratzinger e Wojtyla( o livro apresenta um Wojtyla que eu desconhecia). O capítulo dedicado ao período posterior ao Vaticano II é muito útil para compreender algumas controvérsias , como, por ex, o formato da missa.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

O segredo mais bem guardado

“Our best kept secret” segundo alguns autores americanos, a doutrina social da igreja poderia ser melhor descrita, na república da monte alegre, como desconhecida pela maioria dos estudantes. Se no ambiente universitário, nominalmente católico, isto acontece, não é difícil imaginar o que ocorre em outros ambientes.

Qual o motivo para este desconhecimento da doutrina social da igreja?

Uma “pista” é dada por Catão, em um livro publicado em 1985. Ele argumenta que “a doutrina social da igreja desempenhou papel importantíssimo, muitas vezes desconhecido ou menosprezado por certos autores e correntes, inclusive no campo da própria teologia da libertação”(p.22), sendo ela criticada por “ser pouco cientifica nas suas análises da realidade social, basear-se em princípios doutrinários abstratos e não ter sabido inspirar uma ação eficaz”(p.23). Catão parece discordar destas críticas ao afirmar que “essas apreciações me pareceram sempre demasiado apressadas e, sobretudo, carentes de perspectiva histórica”(p.23).

Tomando “a deixa” de Catão em relação a perspectiva histórica, talvez, fosse o caso de explicar o interesse, recente, pela doutrina social como uma conseqüência dos eventos de 1989. Em um mundo acadêmico pós - marxista, a doutrina social volta a ser atrativa e, quem sabe, pode ocupar seu lugar de direito no mercado de idéias da república da monte alegre

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Catholic Social Thought in an Economics Curriculum

Albino Barrera, O.P.

There is both great urgency and opportunity in incorporating Catholic social teachings in an economics curriculum. In familiarizing economics majors with the method, content and spirit of this social tradition, students get to appreciate the limitations of neoclassical models, tools and theory for policy formulation and implementation. At the same time, they also get a better sense of how Catholic social thought can be improved further in its reflections on economic life. Much flexibility is possible in such a curricular initiative because these ecclesiastical social documents have numerous points of intersection with economics as an academic discipline, to wit: macroeconomics, microeconomics, economic development, international economics, welfare economics, economic thought and economic history.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

A parábola de um administrador desonesto



Narrando a parábola de um administrador desonesto mas bastante astuto, Cristo ensina aos seus discípulos qual é o modo melhor de utilizar o dinheiro e as riquezas materiais, isto é, dividi-las com os pobres, conquistando assim a sua amizade, em vista do Reino dos céus. "Arranjai amigos com o vil dinheiro para que, quando este faltar, eles vos recebam nos tabernáculos eternos" (Lc 19, 9). O dinheiro em si não é "desonesto", mas mais do que qualquer outra coisa pode fechar o homem num egoísmo cego. Trata-se portanto de realizar uma espécie de "conversão" dos bens económicos: em vez de os usar só para benefício próprio, é preciso pensar também nas necessidades dos pobres, imitando o próprio Cristo, escreve São Paulo o qual "sendo rico se fez pobre por vós, a fim de vos enriquecer pela pobreza" (2 Cor 8, 9). Parece um paradoxo: Cristo não nos enriqueceu com a sua riqueza, mas com a sua pobreza, isto é, com o seu amor que o levou a doar-se totalmente a nós.
Poderia abrir-se aqui um vasto e complexo campo de reflexão sobre o tema da riqueza e da pobreza, também a nível mundial, no qual se confrontam duas lógicas económicas: a lógica do lucro e da distribuição equitativa dos bens, que não estão em contradição uma com a outra, se a sua relação for bem organizada. A doutrina social católica sempre defendeu que a distribuição equitativa dos bens é prioritária. Naturalmente o lucro é legítimo e, na medida justa, é necessário para o desenvolvimento económico.
João Paulo II escreveu assim na Encíclica Centesimus annus: "A moderna economia de empresa comporta aspectos positivos, cuja raiz é a liberdade da pessoa, que se exprime no campo económico e em muitos outros campos" (n. 32). Contudo, acrescentou ele, o capitalismo não deve ser considerado como o único modelo válido de organização da economia (cf. ibid., 35). A emergência da fome e da ecologia estão a denunciar, com crescente evidência, que a lógica do lucro, se é prevalecente, incrementa a desproporção entre ricos e pobres e uma exploração arruinadora do planeta. Quando ao contrário prevalece a lógica da partilha e da solidariedade, é possível corrigir a rota e orientá-la para um progresso equitativo e equilibrado.

Santo Padre Bento XVI

Fonte:http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/angelus/2007/documents/hf_ben-xvi_ang_20070923_po.html

domingo, 7 de outubro de 2007

"Its natural law, stupid"

It’s the economy, stupid!” Readers may
remember that catchphrase from Bill
Clinton’s first bid for the US presidency
in 1992. A top adviser invented the line to
help Clinton-the-candidate keep his
campaign focused on economic issues, and
the strategy proved successful. Around the
Vatican these days, someone should put up
a sign that says, “It’s natural law, stupid!”
Such a slogan would deal with the
speculation that Pope Benedict is “going
green” or that he will write a major
document on the environment. The Pope is
obviously concerned about the future of the
planet, but he’s hardly a card-carrying
environmentalist. Rather, he has focused on
green issues as a way to connect people with
a more fundamental idea – that the world
(Earth, sky, animals, human life) is created
by God. And in this Creation there are laws
at work, i.e. natural law.
The Pope believes in fundamentals. And
this is the one that provides the foundation
of all his social and moral thinking. That’s
why the International Theological
Commission (ITC), which met in Rome this
week, continues drafting a document on
natural law. It will try to demonstrate that
the concept is the foundation on which the
Church’s ethical and moral teachings are
based. The goal is to prove that the Church’s
moral guidelines are valid for all human
beings and not just for Catholics. It is
believed that the ITC document will form
the basis of the Pope’s next encyclical, which
will treat some environmental themes in
the context of a broader reflection on all
social issues. But don’t expect it to be a
classic social encyclical in the line of Rerum
Novarum or Centesimus Annus. It will be
something more fundamental – an
encyclical that clarifies the philosophical
premises of the Church’s social teaching.

Fonte:http://www.thetablet.co.uk/pdfs/1515/bookmarks/#pagemode=bookmarks

sábado, 6 de outubro de 2007

Resposta do Santo Padre Bento XVI a uma questão a respeito do Concílio Vaticano II

[...] E no concreto do pós-Concílio devemos constatar que existem duas grandes suspensões históricas. No pós-Concílio, a suspensão de 1968, o início ou a explosão ousaria dizer da grande crise cultural do Ocidente. Tinha terminado a geração do pós-guerra, uma geração que depois de todas as destruições e vendo o horror da guerra, do combater-se e verificando o drama destas grandes ideologias tinham realmente levado as pessoas à voragem da guerra, tinham redescoberto as raízes cristãs da Europa e começado a reconstruir a Europa com estas grandes inspirações. Mas tendo terminado esta geração viram-se também todas as falências, as lacunas desta reconstrução, a grande miséria do mundo e começa assim, explode, a crise da cultura ocidental que pretende mudar radicalmente. Diz: não criámos, em dois mil anos de cristianismo, o mundo melhor. Devemos recomeçar de zero de modo absolutamente novo; o marxismo parece a receita científica para criar finalmente um mundo novo. E neste digamos grave, grande confronto entre a nova, sadia modernidade querida pelo Concílio e a crise da modernidade, tudo se torna difícil como depois do primeiro Concílio de Niceia. Uma parte tinha a opinião de que esta revolução identificava esta nova revolução cultural marxista com a vontade do Concílio; dizia: este é o Concílio. No papel os textos ainda são um pouco antiquados, mas por detrás das palavras escritas está este espírito, esta é a vontade do Concílio, assim devemos fazer. E por outro lado, naturalmente, a reacção: destruir assim a Igreja. A reacção digamos absoluta contra o Concílio, o anti-Concílio e digamos a tímida, humilde busca de realizar o verdadeiro espírito do Concílio. E como diz um provérbio "Se uma árvore cai faz um grande ruído, se cresce uma selva nada se ouve porque se desenvolve um processo sem barulho" e portanto durante estes grandes ruídos do progressismo errado, do anti-Concílio cresce muito silenciosamente, com tantos sofrimentos e também com tantas perdas na construção de uma nova época cultural, o caminho da Igreja. E depois a segunda suspensão em 1989. A queda dos regimes comunistas, mas a resposta não foi o regresso à fé, como se podia talvez esperar, não foi a redescoberta de que a Igreja com o Concílio autêntico tinha dado a resposta. Ao contrário, a resposta foi o cepticismo total, a chamada pós-modernidade. Nada é verdadeiro, cada um deve ver como viver, afirma-se um materialismo, um cepticismo pseudo-racionalista cego que termina na droga, termina em todos estes problemas que conhecemos e de novo fecha os caminhos à fé, porque é tão simples, tão evidente. Não, não há nada de verdadeiro. A verdade é intolerante, não podemos ir por este caminho. Eis: nestes contextos de duas rupturas culturais, a primeira, a revolução cultural de 1968, a segunda, a queda, poderíamos dizer, no niilismo depois de 1989, a Igreja com humildade, entre as paixões do mundo e a glória do Senhor, empreende o seu caminho. Neste caminho devemos crescer com paciência e agora devemos aprender de modo novo o que significa renunciar ao triunfalismo. O Concílio tinha dito que renunciar ao triunfalismo e tinha pensado no barroco, em todas estas grandes culturas da Igreja. Foi dito: comecemos de maneira moderna, nova. Mas tinha crescido outro triunfalismo, o de pensar: agora nós fazemos as coisas, nós encontramos o caminho e encontramos nele o mundo novo. Mas a humildade da Cruz, do Crucifixo exclui precisamente também este triunfalismo, devemos renunciar ao triunfalismo segundo o qual agora nasce realmente a grande Igreja do futuro. A Igreja de Cristo é sempre humilde e precisamente assim é grande e jubilosa. Parece-me muito importante o facto de agora podermos ver com olhos abertos o que também cresceu de positivo no pós-Concílio: na renovação da liturgia, nos Sínodos, Sínodos romanos, Sínodos universais, Sínodos diocesanos, nas estruturas paroquiais, na colaboração, na nova responsabilidade dos leigos, na grande co-responsabilidade intercultural e inter-continental, numa nova experiência da catolicidade da Igreja, da unanimidade que cresce em humildade e contudo é a verdadeira esperança do mundo. E assim devemos, parece-me, redescobrir a grande herança do Concílio que não é um espírito reconstruído por detrás de textos, mas são precisamente os grandes textos conciliares relidos agora com as experiências que fizemos e que deram fruto em tantos movimentos, tantas novas comunidades religiosas. Fui ao Brasil sabendo como se expandem as seitas e como a Igreja parece um pouco esclerotizada; mas quando cheguei vi que quase todos os dias no Brasil nasce uma nova comunidade religiosa, nasce um novo movimento, não crescem só seitas. Cresce a Igreja com novas realidades cheias de vitalidade, não a ponto de encher as estatísticas esta é uma esperança falsa, a estatística não é a nossa divindade mas crescem nos ânimos e geram a alegria da fé, geram a presença do Evangelho, geram assim também verdadeiro desenvolvimento do mundo e da sociedade. Portanto parece-me que devemos combinar a grande humildade do Crucificado, de uma Igreja que é sempre humilde e sempre contrastada pelas grandes potências económicas, militares, etc., mas devemos aprender juntos com esta humildade também o verdadeiro triunfalismo da catolicidade que cresce em todos os séculos. Cresce também hoje a presença do Crucificado ressuscitado, que tem e conserva as suas feridas; é ferido, mas precisamente assim renova o mundo, dá o seu sopro que renova também a Igreja apesar de toda a nossa pobreza. E diria, neste conjunto de humildade da Cruz e de alegria do Senhor ressuscitado, que no Concílio nos deu uma grande indicação de caminho, podemos ir em frente jubilosamente e cheios de esperança.


Fonte:ENCONTRO DO PAPA BENTO XVI COM O CLERO DAS DIOCESES DE BELLUNO-FELTRE E TREVISO
Igreja Santa Justina MártirAuronzo di Cadore, 24 de Julho de 2007

Seven Qualities of a Catholic Intellect

1.Proper first principles.
Clear thinking begins with clear first principles.Clear Christian thinking begins with clear Christian first principles. Do we begin our thinking about the world with a sacramental or a scientistic and materialistic set of principles?Do we understand humans as immortal beings or as mortal bits of larger “immortal” entities like nations and civilizations? Do we understand Divine Revelation as the firm basis for our knowledge of God? Do we see reason as a sure if limited guide to truth? And so on.

2.Understanding the connection between the mind and the will.
The Catholic intellect knows that how one lives makes a difference for how one thinks. Moral probity and intellectual integrity are closely related. Many philosophies and opinions are derived from previously chosen moral stances, often unacknowledged. A true education forms not only the intellect, but the will, and notes their connectedness.

3.Understanding the relationship between reason and faith.
Christianity is the religion of the Logos; reason has a place of great importance. But reason without
faith destroys itself and ends in dehumanizing man. The Catholic mind gives proper attention to both reason and faith, and understands that they do not contradict or exclude each other.

4.Excellence in work.
No slovenliness; no bland propaganda; no thinking by slogan; rather, a readiness to do hard work in the cause of understanding, and an insistence on giving an opponent a fair and sympathetic hearing. The Catholic intellect understands that its own activity is a participation in the mind of God, and keeps the highest standards for truth, accuracy, beauty and balance.


5.Asceticism.
Studiositas, not curiositas. Simplicity of gaze is crucial for understanding. The Catholic mind turns away from the roaring Niagara of sensual and intellectual distraction, and masters the habit of contemplation.

6.Delight in the tradition.
C. S. Lewis once recommended the reading of at least one old book for each new one, not because
the old ones were necessarily wiser or better, but because they would be based on assumptions very different from ours. The wakened mind scorns being a slave, especially being a slave to the tyranny of current intellectual fashions and assumptions. It is in sympathy with the best of every age.

7.Ad majorem Dei gloriam; In omnibus glorificetur Deus.
After all, we are not the point. All comes from God, all leads to God. At the most profound level we use our intellects not to gain power or to accomplish tasks, but to delight our Maker. His delight spills back upon us, and catches us up into the bracing adventure of the intellectual life.

Do not be conformed to this world, but be transformed by the renewal of your mind (Rom 12:2).

Father Michael Keating