terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Liturgia da democracia liberal


Dia ensolarado pelas bandas de Interlagos. A lagrima de Cristo com todo seu esplendor e a sombra sempre generosa e levemente perfumada do  jasmim manga  alegram ainda mais esta bela amanhã. Crianças brincando na vizinhança  misturam se ao som de uma velha canção soul, seguida de uma balada mela cueca dos anos 70.

Passei os olhos nas noticias internacionais do Guardian e no FT. Mais um atentado, aparentemente, em Manchester: facadas,  já que arma de fogo é dificil de se obter na velha albion... Li ontem, que o neofascista vai emitir decreto sobre posse de arma de fogo. Uma grande tolice que impactara sobre a vida de todos e não apenas das topeiras que o elegeram.

Nunca assisti a posse do Presidente, nem mesmo a do Lula. Vi as fotos, mas nunca tive o menor interesse por esse tipo de cerimonia, mas reconheço a sua importancia e por isso acho que o PT errou feio ao optar por não participar da posse.  Comparecer e depois convocar coletiva de imprensa e criticar duramente o ocorrido durante o  processo eleitoral e a perseguição ao prisioneiro politico Lula teria sido uma opcão muito melhor.  Mas enfim...

É desalentador saber que muitos - a maioria dos petistas? - concordam com o boicote a posse.  O argumento usado é o boicote dos tucanos e dos  Dem em 2014:   ninguem lembra do ocorrido, o que demonstraria a sua irrelevancia. Esquecem que se não fosse importante, a oposição teria comparecido e ao repetir o mesmo ato equivocado, juntam se aos adversários em inequivoca demonstração de pouco apreço pela liturgia da democracia liberal. Sim, meus caros, a liturgia é importante e por isto que Gore e Hillary  compareceram a posse do adversário - porque o que estava em jogo é o respeito as regras do jogo e a legitimidade da democracia.  Se o vencedor, não respeitou as regras durante a campanha eleitoral,  deve ser investigado e se ficar provado que é culpado dever ser punido. É preciso acreditar nas instituições, mesmo quando elas demonstram não funcionarem, porque se não insistirmos no caminho institucional  não as desconstruiremos, não demonstraremos que elas não estão a altura do que delas se espera: a defesa da ordem constitucional.