terça-feira, 4 de agosto de 2015

Au revoir les enfants


Afirmar  que o programa de pesquisa marxista em economia está em estado comatoso não é  nenhum pouco controverso  nos países desenvolvidos.  Uma breve pesquisa na Amazon é o suficiente pra verficar que há pouca novidade editorial na área. É curioso, encontrar publicações antigas, com destaque para o tratado de economia marxista do Mandel na Amazon francesa. Tenho um exemplar da edição mexicana. Bem ditatico. Um ótimo trabalho de referência. Nunca entendi como um economista da qualidade do Mandel, poderia dedicar horas preciosas à militância política no trotskismo.

Na periferia do capitalismo -  como é o caso do Brasil, India e Paquistão, para citar alguns paises - ele ainda resiste, mas esta longe de desfrutar da mesma popularidade que tinha com a geração de intelectuais que hoje se encontra na casa dos 70 anos.  No caso da minha geração, isto é bem evidente: o numero de ex- marxistas não para de crescer.  O fim do império soviético  apenas acentuou um movimento que já era dominante no campo do marxismo acadêmico, em razão das criticas dos sraffianos à teoria do valor trabalho.  O marxismo analítico ainda resiste na filosofia, mas na economia ele nunca fez muito sucesso. Já o projeto sraffiano nunca conseguiu superar a fase de critica à teoria econômica e à teoria do valor  e figuras importantes como Eatwell trocaram os debates de alta teoria pela política econômica. Com a morte do Garegnani, o movimento ficou orfão e os discipulos  ainda insistem no velho caminho da critica, sem apresentar propostas alternativas de política econômica.

No grande bananão a critica do Sraffa nunca fez muito sucesso e prevaleceu a leitura do Marx defendida na tese de doutorado do Belluzzo. A tese é uma defesa do marxismo das criticas dos sraffianos que estavam no auge nos anos 70. Garegnani, por ex, participou de um famoso seminário na Unicamp, onde apresentou o artigo em que resume o projeto de pesquisa sraffiano. Possas, o ex principe herdeiro de Barão Geraldo, também, contribuiu com criticas aos sraffianos.  O fato é que o projeto sraffiano de retorno aos clássicos, no grande bananão,  transformou-se em retorno ao clássicos pela lente  marxista o que acabou reforçando o marxismo fundamentalista que não abre mão da teoria do valor trabalho.

A grande novidade, e que poderá ser a pá de cal que faltava para coloca-lo na posição terminal em que se encontra nos paises desenvolvidos,  é o sucesso dos austriacos com a nova geração de estudantes de economia.  Encontro ali a  mesma paixão que a minha geração tinha com autores heterodoxos como Marx, Kalecki entre outros.  É dificil saber qual será o impacto na formação dos futuros professores, mas não acredito que seja o mesmo que o Marx tinha no passado.

Ex-tudo, o meu porto seguro  é o mainstream.