segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Um modelo de desenvolvimento a serviço da pessoa



Nos pós segunda guerra  o desenvolvimento econômico passou a ocupar papel de destaque  na agenda das organizações multilaterais.  As comissões econômicas da  ONU  pra diferentes regiões, como é o  caso da Comissão Econômica para a America Latina e Caribe-Cepal,  produziram ampla literatura que tornaram se fundamentais na formatação de políticas econômicas que  fugiam ao figurino adotado nos países desenvolvidos.

Neste modelo de desenvolvimento, o Estado  ocupa papel determinante , através da criação de empresas estatais ,do banco de fomento  e de políticas de proteção do mercado domestico,justificáveis no período infante, mas que ao  serem mantidas por longo período de tempo acabaram por produzir uma sociedade relativamente desenvolvida, mas que permanecia socialmente   injusta.

Os formuladores de política econômica esqueceram do alerta da Populorum Progressio, de Paulo VI, publicada em 1967: “desenvolvimento econômico não se reduz a um simples crescimento econômico. Para ser autêntico, deve ser integral, quer dizer, promover todos os homens e o homem todo”(PP14).   O egoismo prevaleceu e o Estado capturado por interesses particulares,  deixou de servir ao bem comum.

As insuficiências do modelo já eram bem conhecidas e a tentativa de revive-lo a ferro e fogo, levou ao desenlace esperado e  o preço bem salgado está sendo pago pelos mais pobres.

Em muitos aspectos  o novo modelo proposto pelo Governo Temer, parece esquecer que a “economia está ao serviço do homem”(PP14) e  que  “só  a iniciativa individual e o simples jogo da concorrência não bastam para assegurar o êxito do desenvolvimento”(PP33).  É preciso corrigir os equívocos causados pela intervenção exagerada do Estado na economia, sem , contudo, negar o papel benefico que ele poderá desempenhar em prol do bem comum.

Por outro lado, demonizar o setor privado tampouco parece ser o uma boa idéia.  Para a construção de uma sociedade economicamente robusta e socialmente mais justa, é mais indicado um caminho que reconheça o papel do mercado e do Estado, com as características elencadas no Compêndio da Doutrina Social da Igreja (CDSI 347-355): um mercado livre mas que não seja um fim em si mesmo nem esteja submetido às exigências de lucro desmedido das empresas, no qual o Estado atue regulando as relações econômicas tendo em vista os direitos dos mais fracos.