No encontro com os Universitários de Roma, o Papa recomenda a Encíclica "Spe salvi", e apresentou a seguinte reflexão
A [...] reflexão, que desejo propor-vos, refere-se à recente Encíclica sobre a esperança cristã intitulada, como sabeis, Spe salvi, "salvos na esperança", palavras tiradas da Carta de São Paulo aos Romanos (8, 24). Entrego-a idealmente a vós, queridos universitários de Roma e, através de vós, a todo o mundo da Universidade, da escola, da cultura e da educação. Não é porventura o tema da esperança particularmente congenial aos Jovens? Em particular, proponho que façais objecto de reflexão e de confronto, também de grupo, aquela parte da Encíclica na qual falo da esperança na época moderna. No século XVII a Europa conheceu uma autêntica mudança epocal e desde então foi-se afirmando cada vez mais uma mentalidade segundo a qual o progresso humano é só obra da ciência e da técnica, enquanto à fé competiria apenas a salvação da alma, uma salvação meramente individual. As duas ideias principais da modernidade, a razão e a libberdade, separaram-se de Deus para se tornar autónomas e cooperar na construção do "reino do homem", praticamente contraposto ao Reino de Deus. Eis então que se difunde uma concepção materialista, alimentada pela esperança que, mudando as estruturas económicas e políticas, se possa dar vida finalmente a uma sociedade justa, onde reina a paz, a liberdade e a igualdade. Este processo que não está privado de valores e de razões históricas contém contudo um erro de fundo: de facto, o homem não é só o produto de determinadas condições económicas e sociais; o progresso técnico não coincide necessariamente com o crescimento moral das pessoas, aliás, sem princípios éticos a ciência, a técnica e a política podem ser usadas como aconteceu e como infelizmente ainda acontece não para o bem mas para o mal dos indivíduos e da humanidade.
fonte:(©L'Osservatore Romano - 22 de Dezembro de 2007),
A [...] reflexão, que desejo propor-vos, refere-se à recente Encíclica sobre a esperança cristã intitulada, como sabeis, Spe salvi, "salvos na esperança", palavras tiradas da Carta de São Paulo aos Romanos (8, 24). Entrego-a idealmente a vós, queridos universitários de Roma e, através de vós, a todo o mundo da Universidade, da escola, da cultura e da educação. Não é porventura o tema da esperança particularmente congenial aos Jovens? Em particular, proponho que façais objecto de reflexão e de confronto, também de grupo, aquela parte da Encíclica na qual falo da esperança na época moderna. No século XVII a Europa conheceu uma autêntica mudança epocal e desde então foi-se afirmando cada vez mais uma mentalidade segundo a qual o progresso humano é só obra da ciência e da técnica, enquanto à fé competiria apenas a salvação da alma, uma salvação meramente individual. As duas ideias principais da modernidade, a razão e a libberdade, separaram-se de Deus para se tornar autónomas e cooperar na construção do "reino do homem", praticamente contraposto ao Reino de Deus. Eis então que se difunde uma concepção materialista, alimentada pela esperança que, mudando as estruturas económicas e políticas, se possa dar vida finalmente a uma sociedade justa, onde reina a paz, a liberdade e a igualdade. Este processo que não está privado de valores e de razões históricas contém contudo um erro de fundo: de facto, o homem não é só o produto de determinadas condições económicas e sociais; o progresso técnico não coincide necessariamente com o crescimento moral das pessoas, aliás, sem princípios éticos a ciência, a técnica e a política podem ser usadas como aconteceu e como infelizmente ainda acontece não para o bem mas para o mal dos indivíduos e da humanidade.
fonte:(©L'Osservatore Romano - 22 de Dezembro de 2007),