quinta-feira, 18 de abril de 2013

Selic


Tombini, como esperado, acatou a ordem emitida pelo Governo e pelos conselheiros da Dilma e elevou a taxa Selic em 0.25%. Essa era a minha aposta, mas não era a do mercado que defendia 0.5%. Como havia mencionado no Facebook essa era uma aposta com pequena probabilidade de sucesso. Os desenvolvimentistas sonhavam com a manuteção da taxa no mesmo patamar, 7,25%, e não conseguem entender onde erraram: esqueceram que o mambo jambo heterodoso tem validade bem limitada.
Analistas, na mídia, procuram justicativas econômicas para uma decisão que foi essencialmente política, resultado da entrevista/confissão da Presidente na Africa. A forte reação, somada a inflação dos alimentos, que encontrou no preço absurdo do tomate a sua melhor expressão e perigoso simbolo de uma suposta perda de controle da inflação, tornou inevitável a elevação da taxa Selic. O inesperado resultado apertado da eleição para Presidente na Venezuela ajudou, provavelmente, a convencer a Presidente Dilma, que não valia a pena correr o risco de ser acusada de nada fazer para debelar o processo inflacionário e que não seria prudente esperar ate maio para enfrentar o problema.
A decisão de elevar em apenas 0,25% não altera, no entanto, a percepção a respeito da posição do Govero Dilma sobre a inflação e tão pouco contribui para a recuperação da credibilidade do Banco Central. Alias ela reforça a tese dos que acreditam que no atual governo ele perdeu a autonomia operacional que desfrutava durante o Governo Lula. Em outras palavras, a atual administração não parece estar preocupada com a inflação, mas com o estado da economia brasileira, ou seja com o crescimento mediocre que ela insiste em apresentar, apesar da serie de medidas criativas implementadas pelo Governo Federal.
Sem alterar essa percepção do mercado, será difícil para o Bacen ancorar adequadamente as expectativas. Vale mencionar que o diretor de política monetária e o de assunto internacionais, coerentemente, votaram pela manutenção da taxa Selic em 7.25%, já que o cenário externo apresentado como justificativa para o inicio do ciclo de sua redução em 2011 não apresentou mudanças significativas.
Apesar de coerente, a decisão dos dois diretores é preocupante, já que o diagnotico era e continua a ser equivocado.