Como esperado, o Copom aumentou a Selic para 14,25% e sinalizou o fim do ciclo do aperto monetário. Devido a alteração na meta fiscal e ao comportamento do câmbio, subir a Selic é uma decisão correta e consistente com o caminho em busca da reputação perdida por decisões equivocadas no passado, como foi o caso da redução voluntarista da taxa Selic. Já a sua manutenção no mesmo patamar por um período suficientemente longo ( três reuniões do copom, se repetir o comportamento adotado no passado) foi uma grande surpresa e é mais um indicativo da dificuldade do BC em comunicar-se com o mercado. Diria mais. É uma decisão prematura, em razão do ambiente político carregado para o próximo semestre que poderá dificultar a aprovação de medidas importantes do ajuste fiscal, alem do risco de novos gastos fruto do comportamento irresponsável de quem esqueceu que já foi governo.
Se o caldo entornar o BC ficara em uma posição constrangedora o que em nada ajudará na recuperação da sua reputação. Melhor teria sido, adotar a recomendação do Wittgenstein "sobre aquilo de que não se pode falar, deve-se calar."
Pode parecer estranho, um economista com preocupação social, como é o meu caso, defender a decisão do Copom. Na verdade, somente é uma surpresa, para quem desconhece os dados sobre a economia brasileira - herança do experimento heterodoxo da dupla Mantega-Barbosa. Manter a inflação sobre controle é o que se espera do BC e já que o lado fiscal não ajuda, cabe a politica monetária(pm) fazer o seu papel e sofrer como a Geni da velha canção do Chico Buarque.
Aos que felizmente não conheceram a experiência de viver em uma país com inflação alta e hiperinflação e os que viveram mas já se esqueceram, é sempre bom lembrar que o maior penalizado neste triste cenario macroeconômico é sempre o pobre, a população de baixa renda.