sábado, 23 de setembro de 2017
Porque hoje é sabado...
Manha preguiçosa de sabado perfumada com as flores da mangueira e do abacateiro e colorida com o vermelho sangue da primavera que me espreita e acolhe os passarinhos e a familia de sagui. Gatos rolam na restia de sol em meio ao sombreado do cajueiro e da ameixeira. Prosecco ou cerveja? Duvida cruel, enquanto folheio as paginas digitais do kindle e a CNN informa sobre o afterhock no Mexico.
O formigueiro humano me espera com a explosão de cheiros, sabores e cores: bananas, mangas, couve manteiga, alho-porro, pastel e o caldo de cana e outras tentações.....
sexta-feira, 22 de setembro de 2017
Pensieri
Envelhecer é reconhecer que os anos que lhe restam pra viver diminuem com uma velocidade assustadora e não há nada que voce possa fazer: senta e aprecie a paisagem e lembre se que outros já partiram e com certeza gostariam de estar nesta mesma mesa jogando conversa fora e bebericando prosecco. Estar por aqui permite um ajuste de contas com as tolices dos anos em que a testosterona estava no comando e os sonhos de um mundo melhor eram embalados pelo canto da sereia do seculo passado.As ruinas, são provas dos delirios, do pesadelo que se tornou o sonho de criar o homem novo do nada: o Adão da razão enlouquecida, que ainda cativa alguns, seria imune a todos os vicios que vitimou o seu antepassado.
Não deixa de ser ironico que a sereia o tenha encantado onde meno se esperava e ,pior ainda, não ter encontrado quem o amarrasse ao mastro durante a tormenta de duvidas da transição pra vida adulta. Ser testado é parte do jogo e nem todos conseguem resistir: afinal queremos ser admirados e quando a mera menção ao nome Dele é suficiente para fechar portas, não resistimos e repetimos Santo Agostinho e negamos a fé em que fomos criados. Recupera la não é dificil, porque o desejo de ama-Lo sempre esteve presente, mas requer coragem, essa virtude tão rara, de dialogar com outro, mas sem negar que voce é cristão.
segunda-feira, 11 de setembro de 2017
Um modelo de desenvolvimento a serviço da pessoa
Nos pós segunda
guerra o desenvolvimento econômico
passou a ocupar papel de destaque
na agenda das organizações multilaterais. As comissões econômicas da ONU pra
diferentes regiões, como é o caso
da Comissão Econômica para a America Latina e Caribe-Cepal, produziram ampla literatura que
tornaram se fundamentais na formatação de políticas econômicas que fugiam ao figurino adotado nos países desenvolvidos.
Neste modelo de
desenvolvimento, o Estado ocupa
papel determinante , através da criação de empresas estatais ,do banco de
fomento e de políticas de proteção
do mercado domestico,justificáveis no período infante, mas que ao serem mantidas por longo período de
tempo acabaram por produzir uma sociedade relativamente desenvolvida, mas que
permanecia socialmente
injusta.
Os formuladores
de política econômica esqueceram do alerta da Populorum Progressio, de Paulo
VI, publicada em 1967: “desenvolvimento econômico não se reduz a um simples
crescimento econômico. Para ser autêntico, deve ser integral, quer dizer,
promover todos os homens e o homem todo”(PP14). O egoismo prevaleceu e o Estado capturado por
interesses particulares, deixou de
servir ao bem comum.
As insuficiências
do modelo já eram bem conhecidas e a tentativa de revive-lo a ferro e fogo,
levou ao desenlace esperado e o
preço bem salgado está sendo pago pelos mais pobres.
Em muitos
aspectos o novo modelo proposto
pelo Governo Temer, parece esquecer que a “economia está ao serviço do homem”(PP14)
e que “só a
iniciativa individual e o simples jogo da concorrência não bastam para
assegurar o êxito do desenvolvimento”(PP33). É preciso corrigir os equívocos causados pela intervenção
exagerada do Estado na economia, sem , contudo, negar o papel benefico que ele
poderá desempenhar em prol do bem comum.
Por outro lado,
demonizar o setor privado tampouco parece ser o uma boa idéia. Para a construção de uma sociedade
economicamente robusta e socialmente mais justa, é mais indicado um caminho que
reconheça o papel do mercado e do Estado, com as características elencadas no
Compêndio da Doutrina Social da Igreja (CDSI 347-355): um mercado livre mas que
não seja um fim em si mesmo nem esteja submetido às exigências de lucro
desmedido das empresas, no qual o Estado atue regulando as relações econômicas
tendo em vista os direitos dos mais fracos.
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017
Em defesa da democracia....
Candidatura única pra diretor, chefe de depto e coordenador de curso é um desserviço a democracia puquiana. A democracia precisa do embate de ideias e propostas, seguida do acatamento do resultado e trabalho conjunto entre os candidatos depois das eleições.
Nada disto e possível com candidatura única tão ao gosto de regimes políticos inimigos da liberdade...
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017
Nada de novo na Las Vegas do planalto central....
As instituições que estavam em frangalhos, agora perderam o fiapo de respeito que ainda tinham entre os eternos otimistas. Confesso que nunca estive entre eles: o judiciário não é conhecido por estar do lado de quem deveria estar, mas um suspeito de ter cometido plagio no STF já e avacalhar demais. Digo suspeito, porque liberal que sou, acredito na presunção da inocencia: cabe ao Estado provar a culpa, todos, ate prova em contrários, somos inocentes. Nestes tempos isto se tornou um detalhe, mas dele não abro mão.
O mais surpreendemente em tudo isto é o silêncio constrangedor da Estatal do Butanta: sonha com o prestigio de Harvard, mas esquece que ele tem como pre-requisito comportar se como ela em caso de suspeita de plagio ou outra má pratica acadêmica. Sim, sei que o seu comportamento durante a ditatura civil-militar foi vergonhoso mas, por isto mesmo imaginei que não repetiria os mesmos equivocos do passado. Ingenuidade, perhaps, perhaps.
Somente os que acreditam que o bom velhinho desce a chamine para entregar os presentes no fim de ano, descartam qualquer impacto negativo na imagem no país e na percepção de insegurança juridica. Claro, investidores internacionais estão habituados a negociar com figuras piores, mas em geral elas são previsiveis e procuram manter certa compostura e preocupam se com a sua imagem pública. Não parece ser o caso da gang que tomou de assalto o Estado brasileiro.
Diante desse cenario desolador , so nos resta rezar para que o pior não aconteça. Se é que possível pensar em cenario pior que o que vivemos....
terça-feira, 21 de fevereiro de 2017
Pluralismo
Ah! pluralismo, palavra que adoça o discurso do pensamento mágico em sua peleja contra os cavaleiros do apocalipse mainstream: a turma de barbaros que desconhecem a historia e perdem tempo com tolices como teoria econômica, consistencia lógica, matematica e outros instrumentos a serviço do Capital.
O discurso funciona, naturalmente, porque afinal quem seria contra o pluralismo ou ousaria negar a importância de historia? Mais conhecimento, é sempre melhor que menos. Elementar meu caro Watson. Elementar. É a porta de entrada ao relativismo, para o mundo em que não há gatos azuis: todos são cinzas com o mesmo miado.
Infelizmente, como o adjetivo popular, usado no antigo imperio sovietico, para qualificar sua forma peculiar de democracia, o pluralismo raramente sobrevive ao famoso teste do pudim.
Depois do annus horribilis
Meu último artigo para o jornal da Arquidiocese de São Paulo
O ano de 2016 apenas terminou, mas
já é possível classificá-lo como um ano terrível, em diferentes áreas da vida nacional.
A tragédia chapecoense é a mais recente e a mais dolorosa, sem dúvida alguma. Na
esfera política, a crise foi se avolumando ao longo do ano até transformar-se
em crise institucional que, temo, nos fará companhia por algum tempo, até o seu
desfecho final que rezo para não ser trágico.
Na economia, a mais longa recessão da nossa história
econômica não dá sinais de se arrefecer: a expectativa de que ela mudaria de
curso, com a posse definitiva da nova administração, mostrou ser apenas mais um
exercício de autoengano dos analistas econômicos, entre os quais me incluo. Imaginávamos
que os novos inquilinos melhorariam as expectativas dos agentes econômicos, o que,
por sua vez, traduzir-se-ia em recuperação, ainda que tênue, da economia. Não
contávamos, naturalmente, com a queda em série de membros do novo gabinete
presidencial e, com a fragilidade das instituições que aumentaram,
infelizmente, a insegurança jurídica.
Nesta inacreditável algaravia nacional, questões
fundamentais para a retomada do crescimento econômico transformaram se em
verdadeiro fla-flu, em que a razão cedeu espaço para emoções e discursos
inflamados. Estamos falando, naturalmente, da controvérsia a respeito da PEC
241. Em que pese todos os seus limites, ela coloca em discussão uma questão
importante: a descoordenação crescente entre gastos e receitas públicas e a
necessidade de se colocar um teto aos gastos. Como fazê-lo? O que incluir? Por
quanto tempo? São questões importantes que devem ser debatidas com serenidade,
já que a partir delas formata-se a sociedade que desejamos construir no país:
mais inclusiva, ou a nossa velha conhecida fundada na defesa de privilégios?
A questão da Previdência é outro tópico que promete debates
acalorados, mas que se trata de um problema real que deve ser enfrentado.
Estamos vivendo mais, com isto o número de trabalhadores aposentados mantidos
pelo número de trabalhadores na ativa tende a aumentar e constitui-se,
portanto, em verdadeira bomba relógio. A solução do problema passa,
necessariamente, pela discussão do tempo de contribuição, valor da contribuição
e valor do benefício. Para que não se perpetuem injustiças, é fundamental
incluir na reforma a revisão de privilégios inaceitáveis de castas bem
organizadas do setor público civil e militar.
A proposta apresentada pelo atual governo acerta ao definir
uma idade mínima, mas erra ao escolher 65 anos, haja vista a expectativa de
vida dos brasileiros ser de 75,5 anos. Erra, também, na definição do tempo
mínimo de contribuição. Esses dois erros implicam em redução no valor do
benefício, já que para receber aposentadoria integral seria necessário
trabalhar 49 anos. O financiamento da
aposentadoria rural ainda não está definido, mas é de fundamental importância
que ela seja mantida.
Felizmente, há boas notícias em relação à inflação, que
continua caindo, e o Banco Central parece ter finalmente reconhecido que esta
queda permite uma redução da taxa de juros, que deverá contribuir com o esforço
de evitar que a nossa longa recessão se transforme em depressão, o que nos
levaria a sentir saudades do annus
horribilis.
Fonte: Jornal "O São Paulo", edição 3134, 18 a 24 de janeiro de 2017.
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