Há 20 anos caia o Muro de Berlim e um capitulo trágico da vida política e econômica de alguns paises, começava, finalmente, a encontrar o seu desfecho final. O comunismo marxista mostrou ser um fracasso político e econômico: prometia um mundo de maravilhas, um verdadeiro paraiso terrestre e em troca pedia somente a liberdade individual. Em um mundo de desigualdades e injustiças a proposta demonstrou ser bem atraente para parcelas significativas das populações de alguns países democráticos, transformando-se na nova verdade revelada para a grande maioria da intelectualidade ocidental. Pouco a pouco ele foi perdendo o charme inicial e novos argumentos eram sempre necessários para justificar o que acontecia no leste europeu .Novas variantes do marxismo apareceram, tentando conciliar a proposta inicial com os valores da democracia ocidental. Convenceu alguns, mas não o suficiente para manter-se como alternativa política viável. No campo acadêmico não foi diferente: tornou-se uma curiosidade intelectual que ainda resiste, no mundo de lingua inglesa, nos deptos de estudos culturais e de literatura.
A vitoria da economia de mercado sobre seu grande concorrente, o marxismo, não traduziu-se, como se esperava inicialmente, em um mundo melhor, prevalecendo o hiper-liberalismo há muito tempo criticado, nos documentos da doutrina social católica. A desigualdade e a injustiça não desapareceram com a queda do marxismo, mas é inegável que onde há de fato ambiente acadêmico, a discussão de temas econômicos e sociais tornou-se mais aberta, já que não há mais o medo de perder o emprego por defender posições que não são do agrado das grandes corporações. O marxismo deixou de ser um perigo, já que não tem relevância alguma do ponto de vista político, o que permite que a produção acadêmica marxista seja julgada pelo seu valor acadêmico e não pela sua importância política ou contribuição a revolução iminente. O marxismo é mais uma corrente do pensamento econômico com aspectos positivos e negativos, contribuições e equivocos iguais as demais escolas, seja ela a sueca, keynesiana, neo-ricardiana, monetarista, etc. Ela tem, por isto mesmo, lugar garantido em qualquer programa de história do pensamento econômico.