terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Mais memórias

Era uma overdose de marxismo , observou um amigo dos tempos de graduação. Será que eramos todos(alunos) marxistas? Acho que não, mas no nosso circulo a maioria era ou nutria grande simpatia e chamavamos, entre nos, os unicampistas de marxistas bastardos. O alvo predileto de ataque era o livro do avvocato e do conhecido historiador. Um equivoco de fama precoce era o nome da resenha publicada no jornal da ditabranda. Para o nosso grupo era noticia velha e requentada. De tanto ler o livro, memorizamos passagens inteiras e a sua estrutura, mecanicista, tornava a tarefa bem fácil. Alguns admiravam os terceiro mundistas - não era o meu caso -, principalmente um conhecido representante, cativante, viajado e com um passado de lutas e glorias, material para um bom filme, se tivessemos, bons cineastas. Longos papos com ele eram sempre memoráveis e aprendiamos muito o que somente aumentava nossa admiração, mas não, necessariamente, concordância com sua linha de pensamento econômico. Tempos romanticos, observou um outro amigo.


O que restou? Boa pergunta. Os que eram, não são mais marxistas. Resultado da overdose? Em parte, sim, mas, também, resultado do continuo processo de aprendizado que nunca abandonamos. Marx era novidade, um objeto, antes proibido, que agora todos tinham acesso. Alem disto, a leitura era(é?) , aparentemente, fácil, se comparado com a "pedreira" keynesiano bastarda e a neoclássica. O marxismo é passado, mas não o desejo de um mundo socialmente mais justo. Continuamos no mesmo lado, apenas superamos a fase infantil e o encantamento com a grande ilusão do seculo passado.