Segundo o Valor desta terça-feira, em evento no famoso Country Club da Rua Itapeva, "câmbio 'ideal' para o mercado local ganha defesa". Difícil discordar desta tese, resta saber qual seria este câmbio e os meios que seriam usados para alcança-lo. A ausência de qualquer menção a inflação diz tudo. Crescimento com alguma inflação parece ser, novamente, o mantra dos velhos e dos novos desenvolvimentistas.
Interessante, também, a tese do meu orientador de mestrado: "A economia brasileira vai ser comandada pelas expectativas de consumo interno, não vejo como o crescimento possa ser comandado pela exportações" que, aparentemente, recebeu a aprovação do Steinbruch: "Se o valor for conflitante, devemos olhar um câmbio que mantenha nosso mercado interno e sacrificar as exportações [de manufaturados]". "Pela primeira vez temos um mercado interno forte e podemos crescer com isso". Seria um retorno a velha e conhecida estratégia de crescimento para dentro e abandono definitivo do crescimento para fora. Dado a dimensão do mercado interno e a política social da atual administração não deixa de ser uma boa opção. O problema é que ela poderá ser usada como justificativa para proteger a ineficiente produção nacional como era pratica corrente no período do nacional desenvolvimentismo. Ressuscita-lo me parece ser uma idéia infeliz e totalmente fora de lugar. A melhor opção é fazer bom uso do mercado interno sem deixar de lado a preocupação com as exportações. Sei que no atual cenário da economia mundial é bem dificil, mas fundamental para não incorrer nos mesmos erros do passado.
Enquanto isto na zona do euro as negociações avançaram bastante com apresentação de proposta de default administrado de 50% da divida grega, mais recursos para o EFSF e forte recapitalização dos bancos da zona do euro. É um bom ponto de partida que ainda depende de complicadas negociações políticas em que a Alemanha, mais um vez, tem papel decisivo. Dado seu papel na historia europeia do seculo passado seu grau de manobra é bem menor que o assumido por vários analistas do grande bananão. Não estou afirmando que esta proposta será aprovado sem alterações, mas que contem os elementos fundamentais da versão final. Há detalhes importantes a serem negociados, mas são detalhes...
Ela resolve o problema de curto prazo, mas não tem impacto, obviamente, sobre a questão estrutural: a ineficiência de alguns países da zona de euro que é grande responsável pela crescimento anêmicos de sua economia. Este é um problema antigo e que requer outros tipos de medidas, assim como período de tempo razoável e já era bem conhecido quando da adesão a zona do euro. Se ela fosse apenas um projeto econômico eles não teriam sido aceitos, mas como já mencionei várias vezes é e continua a ser fundamentalmente um projeto político a procura de fundamentos econômicos. A alemanha já encontrou o seu, mas faz de conta não ser este o caso... Engana que eu gosto