sexta-feira, 8 de março de 2013

Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come...


Sexta-feira com boas noticias no Império e mais do mesmo no grande bananão. A criação de 236.000 postos de trabalho e queda na taxa de desemprego para 7.7% em fevereiro, somada a outros dados ao longo da semana, sinalizam certa melhora no estado comatoso da economia americana. Digo certa, porque os números do emprego são sempre revisados, o de janeiro foi revisado para baixo, 119.000, enquanto o de dezembro subiu para 219.000. A queda na taxa de desemprego, por sua vez, foi acompanha por redução na PEA: 130.000 pularam fora. É bom lembrar, também, que este resultado ainda não reflete os efeitos dos cortes no gastos públicos em decorrência do "sequestration". Em outras palavras, bons números, porém muito longe do necessário para se atingir em curto espaço de tempo a taxa de desemprego de 6.5% definida pelo FED como condição para alterar a atual política de taxa de juros, i.e aumenta-la.
No grande bananão o IPCA de fevereiro, 0.60%, ficou acima do valor esperado pelo mercado e pelo Tombini. Confesso que, também, estou surpreso, mas as chuvas tem castigado alguns produtos e por isto o resultado é perfeitamente justificável, o que não quer dizer que não seja preocupante. A inflação acumulada no ano está em 1,47% e a de 12 meses atingiu o 6.31%, aproximando-se perigosamente do limite superior da meta. É fato que a inflação esta desacelerando, mas a um ritmo mais lento do que seria recomendável para minimizar o inevitável impacto negativo sobre as expectativas. A desoneração dos impostos federais da cesta básica, assim como a queda nos preços dos alimentos devem ajudar na queda- mais pronunciada - da inflação nos próximos meses e por isto me parece um equivoco apostar em elevação na taxa de juros na próxima reunião do Copom.
Somente uma piora significativa na inflação nos próximos meses justificaria o custo político de elevar a taxa de juros que, como sabemos, tornou-se importante marca da atual administração. Inflação em torno de 6.5% e desemprego em baixa é uma dobradinha melhor, do ponto de vista eleitoral, que o seu inverso: inflação baixa com mercado de trabalho menos exuberante. Por isto me parece que o governo vai continuar jogando todas as suas cartas na busca por um crescimento mais robusto pra evitar surpresas no mercado de trabalho, mesmo correndo o risco de uma inflação acima do desejado por alguns analistas, inclusive este blogueiro.