sábado, 18 de julho de 2009

Esta fotografia, tua última; Jacques Roubaud

Esta fotografia, tua última, deixei-a na parede, entre as duas janelas, por cima,

Da televisão abandonada, e ao entardecer, no golfo de tetos, à esquerda da igreja, quando a luz,

Se concentra, que ao mesmo tempo, escorre, em dois estuários oblíquos, e invariáveis, na imagem,

Sento-me, nesta cadeira, de onde se vê, ao mesmo tempo, a imagem interior ....a fotografia, em volta, o que ela mostra,

Que somente, ao entardecer, coincide, pela direção da luz, com ela, fora isso, que à esquerda, na imagem, olhas,

Para o ponto onde me sento, para ver-te, invisível agora, na luz,

Da tarde, que pesa, sobre o golfo de tetos entre as duas janelas, e eu,

Ausente de teu olhar, que na imagem, fixa, o pensamento dessa imagem, dedicada a isso, nos entardeceres de agora, sem ti, no ponto,

Vacilante da dúvida de tudo.


tradução: Inês Oseki-Dépré