terça-feira, 2 de março de 2010

Torres a economia e as eleições

Vinicius Torres,no jornal da ditabranda, apresenta uma boa analise do cenário político/econômico do grande bananão. Discordo, no entanto, do peso que ele da ao Aecio. Ele seria relevante se alterasse o estado de espirito do eleitor, ou seja se conseguisse vender a idéia que em seu governo a sensação de bem estar seria ainda melhor que aquela que prevalece no momento atual. É o campo da subjetividade e não é nada fácil interferir nesta esfera da vida humana...


Na melhor das hipóteses para a oposição, a disputa do eventual candidato tucano José Serra contra a lulista Dilma Rousseff será muito apertada, como ficou muito evidente nos resultados da pesquisa Datafolha, publicada no domingo por esta Folha. Trata-se de um aperto que pode em breve se tornar sufocante para o PSDB e seu ainda inefável candidato.
Os empecilhos maiores da oposição ora parecem os seguintes:
1) pelo menos 42% dos entrevistados pelo Datafolha dizem que votariam "com certeza" num candidato apoiado por Lula. No Nordeste, são 56%. É a região onde há mais resistência ao tucanato, menos base política para o PSDB e, enfim, onde as transformações socioeconômicas dos anos Lula foram sentidas com mais intensidade pelo cidadão comum;
2) Lula, tido como "bom/ótimo" por 73% dos ouvidos na pesquisa, ainda não apareceu oficialmente na TV pedindo votos a Dilma, dia após dia, como no horário eleitoral. Um terço do eleitorado ainda não sabe que Lula apoia Dilma;
3) afora a hipótese de nova catástrofe na economia mundial, a sensação de bem-estar material no Brasil vai crescer ao longo do ano;
4) a oposição não tem "discurso", como se diz. Obviamente, porque não tem candidato. Quando tiver, encontrará um território quase todo ocupado pelo lulismo. No que interessa mais imediatamente ao grosso do eleitorado, o lulismo dirá que transferiu mais renda para os pobres, que houve mais empregos, que a renda subiu, que no tempo do governo da agora oposição (FHC) a vida era pior etc. etc.
Como o cidadão comum ainda não está muito preocupado com a eleição, tucanos mais otimistas podem dizer que o resultado da pesquisa é um tanto impressionista. Ou que Serra lidera mesmo sendo ainda o candidato fantasma, e com a máquina lulista a toda.
Podem notar ainda que cerca de dois terços do eleitorado dizem que não deixariam de votar num candidato só porque ele é da oposição. Que Dilma, dia após dia na TV, pode ser um desastre. Até pode.
Resta saber se o leitor liga para isso. Mas, enfim, o que levaria o eleitor a escolher a oposição? Em épocas de crescimento, desemprego em baixa e menos crimes horrendos na TV, a saúde vai ao primeiro lugar das preocupações do eleitor. Na saúde, não aconteceu nada de impressionante e visível nos anos Lula. Mas é possível cavar quantos votos com isso?
Impostos demais, por exemplo, são sempre um mote. Mas a maioria do eleitorado não sabe quanto paga de impostos, a maioria indiretos. Educação? Pesquisas várias mostram que o povo ficou mais satisfeito com a escola, que continua péssima. Mas há mais material, uniforme e comida que no tempo dos pais das crianças, os eleitores.
E é um tema estadual. E um telhado de vidro também da oposição. Recorrer ao confronto de biografias talvez seja uma saída restante. Nessa eleição apertada, ter um vice puxador de votos, carismático, com bom trânsito no "Brasil, brasileiro" e líder em um Estado cheio de votos e "nacionalista" seria muito conveniente. Trata-se, é claro, de Aécio Neves, de Minas.

Fonte: FSP