sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Semana tranquila na zona do euro


Semana agitada na minha alma mater e meu local de trabalho: pucsp,a velha dama de perdizes. Já na zona do euro a semana foi muito melhor do que se imaginava, com a conclusão do acordo sobre o bail out grego, com novidade importantes que abrem o caminho para o inevitavel perdão - depois das eleições na Alemanha - de parcela importante da divida em mãos dos estados membros. O leilão de divida pública da Italia e Espanha foi um sucesso seja em relação demanda, quanto a queda no rendimento exigido, que devem garantir um inicio de 2013 mais tranquilo para ambos, principalmente para a Espanha que se encontra - e de certo ainda se encontrava em pior situação. O insucesso dos lideres secessionistas na Catalunha, em que pese o forte apoio no agregado aos partidos pró-independencia, deverá arrefecer o movimento no curto prazo. Naturalmente, que o comportamento pouco diplomatico do Rajoy poderá alterar este quadro. Alias, falando nele, este é o melhor momento para o pedido de socorro ao fundo de resgate, já que não há nenhum problema à vista no campo econômico ou no político. Ironicamente, isto também é uma boa razão para não tocar no assunto: o custo político do pedido de ajuda é alto e sabemos que, ao contrário do que prega a cartilha do marxismo talebã, é a política que governa o mundo e não a economia.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

DUAS CONCEPÇÕES RIVAIS DE UNIVERSIDADES CATÓLICAS


Esta semana reli alguns textos sobre a controversa questão da identidade católica das universidades católicas. Há vários textos interessantes, infelizmente todos em inglês. A citação abaixo é um bom resumo das duas visões sobre o tema. Acredito que a identidade confessional das católicas, metodistas, etc enriquece o ensino superior brasileiro e por isto deveria ser preservada.

...Aqui estão duas concepções rivais de Universidade Católica, uma na qual a universidade reconhece-se como católica, não só devido às suas práticas religiosas, mas, devido à dimensão filosófica e teológica de seu ensino e das suas pesquisas, e outra em que uma Universidade Católica é uma Universidade secular padrão a qual é adicionada práticas religiosas católicas, juntamente com um conjunto de preocupações acadêmicas individuais de cunho católico. Duas outras diferenças entre essas concepções rivais são dignas de menção.

A primeira diz respeito à forma como respondem à seguinte pergunta: A quem e sobre o que a Universidade deve prestar contas ? Para esta segunda concepção, a prestação de contas em questões puramente académicas seria uma coisa, questões sobre a prática religiosa e pastoral outra muito diferente. A prestação de contas perante a Igreja, e mais especialmente ao bispo local, para esta última seria incontroversa. A prestação de contas perante a Igreja para a primeira faria pouco sentido. E a preponderância de católicos no quadro docente não seria importante. Mas para a primeira e mais tradicional concepção de Universidade Católica, a prestação de contas para a Igreja no que respeita tanto ao ensino da filosofia e, especialmente, o ensino da teologia seria uma condição para a manutenção da integridade Católica da Universidade . E seria crucial a preponderância de católicos no quadro docente por que somente eles é que podem, em última análise, garantir a identidade Católica da Universidade, assim como determinar o tipo de identidade e as suas formas de expressão na vida acadêmica . A principal manifestação da identidade de qualquer universidade acontece, na suas salas de aula e laboratórios. Em uma Universidade Católica aquilo que mais importa é a relação entre aquilo que é dito e feito em sala de aula ou no laboratório e aquilo que acontece na missa e na vida de oração. E essa relação depende dos docentes católicos . Por outro lado, é naturalmente de importância crucial a existência de não-católicos no corpo docente da Universidade Católica, não só por causa da contribuição à excelência acadêmica, mas também a fim de evitar que os católicos esqueçam que eles compartilham com os não católicos o mesmo clamor secular da universidade qua universidade ...

Fonte: MacIntyre, 2001, pags.10 e 11

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Piadas sobre economistas e economia

Por quê os tubarões não atacariam economistas ?
Cortesia profissional.

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O que acontece quando você reúne o Poderoso Chefão Don Corleone com um economista ?
Uma oferta que você não consegue entender.

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— Quantos economistas são necessários para trocar uma lâmpada ?
— Nossa, você vai precisar de um departamento inteiro deles apenas para preparar as verbas para pesquisa.

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Um economista de uma universidade federal morreu e foi para o céu. Chegando lá viu que haviam milhares de pessoas em sua frente esperando, na fila, para falar com São Pedro. Para sua surpresa, São Pedro foi até ele e chamou para a frente, passando por todos que estavam na fila. "São Pedro, muito obrigado por este atendimento. Mas o quê ME faz tão especial para receber este tratamento?". São Pedro respondeu, "Eu somei as horas que você ficou dando consultoria cobrando caro de seus clientes, e pelos meus cálculos você já está com mais de 150 anos!"


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— Qual a diferença entre matemática e economia ?
— Matemática é incompreensível, enquanto a economia não tem nada a ver com nada.

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Papai Noel, a Fada Madrinha, um economista prático e um velho bêbado estavam andando pela rua e viram simultaneamente uma nota de cem reais. Quem pegou a nota ? O velho bêbado, é claro, os outros três são figuras mitológicas.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Disguised Greek debt forgiveness buys time

Gavyn Davies tem toda razão: o perdão de parte da divida grega de propriedade dos estados da zona do euro é inevitável. Ele, no entanto, só será anunciado depois das eleições na Alemanha em setembro de 2013. Até lá este e outros temas quentes serão empurrados com a barriga.



The latest deal on Greek debt, in which the fear of imminent catastrophe has driven compromises on all sides, should remove Greek risk from the market agenda at least until the German election next September. While it does not by any means represent a full resolution of the crisis, it does offer the outline of an eventual, larger deal, based on official debt forgiveness, which could keep Greece permanently inside the eurozone.
The deal involves three key ingredients. First, the Greek government has passed a further series of austerity measures which compensate for the slippage in budget targets since the landmark debt restructuring of March 2012. This slippage has occurred largely because real and nominal GDP have fallen below expectations. Budget tightening has caused negative GDP growth, which in turn has worsened the budget deficit. Importantly, there is little sign that the economy is escaping the austerity trap.
Second, and in recognition of the latest budget package, the eurozone has slightly relaxed the path required for budget consolidation in the immediate future. In February, Greece agreed to achieve a primary budget surplus of 4.5 per cent of GDP by 2014. Now, it says it will reach that objective in 2016. Greece has therefore been allowed two years of extra grace, in common with the extensions recently agreed with other indebted countries in the eurozone.
The €16bn required to finance that extra borrowing up to 2016 will now be funded by official lenders. Even so, the further tightening in the structural budget stance required under the new deal is extremely daunting. From 2009 to 2012, Greece has tightened its primary budget balance by a remarkable 9 per cent of GDP. Under the new deal, it will have to tighten by a further 6 per cent of GDP in the next four years.
Third, the eurozone has embarked on the long and arduous process of official debt forgiveness, though they have avoided outright cancellation of nominal outstanding debt. The most important (and time honoured) way in which this will be accomplished is through the acceptance of zero or extremely low interest rates on the debt, and the extension of maturity.
In addition, the European Central Bank and national central banks will repatriate to Greece the “profits” on their holdings of Greek government bonds. And the European Financial Stability Facility is effectively making money available to Greece on favourable terms to buy back outstanding debt at a rumoured price of 35 per cent of face value, a little higher than the price at which the debt has been trading in recent days.
As a result of these various elements of disguised forgiveness of official debt, the projected debt/GDP ratio will fall from around 175 per cent in 2016 to less than 110 per cent by 2022. This projection still depends on the optimistic assumptions that the primary budget surplus can be held indefinitely at 4.5 per cent of GDP, while nominal GDP growth rebounds to more than 4 per cent per annum. But for the moment it is enough for the IMF to be able to declare that the path for debt is sustainable.
The key question is whether all this really solves anything. From the point of view of the funders in the rest of the eurozone, it is likely to remove the risk of a possible Greek exit from the single currency at least for the whole of 2013, and it does this without forcing them to admit to their electorates that Greek debt is being forgiven. For the ECB, the repatriation of “profits” to Greece does not breach the red line of direct financing of budget imbalances. For the IMF, it preserves the illusion of long-term debt sustainability which allows it to release funds. And, finally, for Greece, it provides significant debt forgiveness and heavily subsidised interest payments which allow it time to introduce further structural reforms while remaining within the euro.
What is not solved, however, is the recessionary condition in which the Greek economy remains trapped. This is not just a consequence of the continued budgetary tightening but also of the further reduction in real wages needed to make Greece competitive, and of the absence of a solvent banking sector which is willing and able to lend. The great uncertainty, therefore, is whether the Greek electorate will remain willing to stay with the programme while the unemployment rate rises towards 30 per cent.
The next episode in this unhappy saga will probably come after the German elections. That is when a more radical reduction in official debt might become feasible, in exchange for still further structural reforms in the labour and product markets in Greece. A long-term deal of this sort is still necessary if Greece is to remain permanently inside the euro.

Gavyn Davies is chairman of Fulcrum Asset Management

Fonte:FT

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O novo "Governor" do Banco da Inglaterra..

Ótimo artigo do Martin Wolf sobre o canadense escolhido para ser o novo Governor(Presidente) do Banco da Inglaterra. Um estrangeiro a frente do Bacen de um país desenvolvido é uma novidade e se sair bem poderá até servir de modelo para outros países. É no entanto bom lembrar que um canadense não é tão estrangeiro quanto um americano e muito menos um brasileiro no Reino Unido, já que o Canada faz parte da Commonwealth of Nations e o Chefe de Estado é Rainha Elizabeth II.

The appointment of Mark Carney as governor of the Bank of England is a historic event. It is extraordinary – and admirable – that a country should choose to give its most important official position to a foreigner such as Mr Carney, even if Canadians are not very foreign and the governor-designate, with his English wife and connections, less so than most of his compatriots. Yet it is also both a surprise and a gamble. It is a surprise because Mr Carney, a widely respected governor of the Bank of Canada, did not – so far as I know – apply for the job. It is a gamble because a foreign national will be assuming a job that is inescapably political and, in the current difficult economic and financial circumstances of the UK, even more political than usual.
George Osborne, the chancellor of the exchequer, deserves credit not only for choosing an exceptional person but for persuading him to take the job. Unquestionably, Mr Carney is a man of quality, with a broad background in economics, finance and central banking. In person, he is both brilliant and forceful. On one celebrated occasion, he engaged in a fierce row with Jamie Dimon, the redoubtable boss of JPMorgan – and held his ground.
Mr Carney has undergraduate and postgraduate degrees in economics from Harvard and Oxford. He worked for 13 years at Goldman Sachs. He has been governor of the Bank of Canada since 2008 and chairman of the Financial Stability Board since 2011, when Mario Draghi, another Goldman alumnus, left to become president of the European Central Bank. He has, not least, gained credit for the relatively robust performance of the Canadian economy during his period at its central bank. How far he is responsible for this happy outcome is unclear, as such things so often are.
Nevertheless, Mr Carney faces three huge challenges in his new job.
His first is political. The idea that the job of running the Bank of England is essentially technocratic is plainly wrong. In an economy using pure fiat (or state-made) money, the central bank makes discretionary decisions with huge consequences for income distribution, financial health, economic performance and fiscal solvency.
No neat technocratic solutions exist. This is vastly more obvious today, after the financial crisis, which demolished the erroneous notion that stabilising inflation was a sufficient condition for stabilising the economy. The BoE’s decisions are deeply political. They are political in themselves. They become still more political when the governor is enjoined to comment on fiscal policy or to intervene in the financial system. An outsider will have some advantages in making these difficult decisions. He will be more independent. But will he also be viewed as legitimate?
Mr Carney’s second challenge will be organisational. He will inherit a world in flux – not just at the BoE itself, but also in the British, European and global regulatory architecture and financial systems. Under the new regime, the BoE has consolidated responsibility for monetary policy, financial policy and banking supervision. The range of these new responsibilities is daunting, the need to integrate decision-making within the BoE itself is challenging; the obligations both to co-ordinate policies with the government and to explain them to the public are pressing and onerous.
A huge problem, in my view, is the difficulty of co-ordinating policy inside the BoE. It is simply untrue that financial stability and monetary policy can be treated separately, particularly in times like today’s. Policies that address the stability of the financial system, such as raising capital requirements or constraining lending, have powerful and direct consequences for monetary policy and vice versa. Under the envisaged plans, however, only a few permanent officials sit on all committees. This will give them extraordinary influence over the process and leave the outsiders who sit on only one of these bodies at a huge disadvantage. This is a mistake.
Beyond that, the investigations of the BoE’s performance during the crisis have revealed serious failings. Examination of performance before the crisis might reveal still more important failings. As an experienced outsider, Mr Carney is in a relatively good position to act as the needed new broom. He must do so. But as he does, he must pay attention to making the BoE less centralised without thereby making it less able to respond quickly to events.
Mr Carney’s third and biggest challenge is an intellectual one. Unlike Canada, the UK has fallen into a dire economic condition. Despite exceptional monetary easing, the economy is stagnant. Coalition fiscal policy is controversial. The sources of future growth are obscure, while the challenges of needed economic rebalancing are daunting. Over the next governor’s term, the BoE must chart a voyage back to something close to normality, in co-operation with the government. It must avoid both permanent stagnation and high inflation. Yet these are still largely uncharted waters for economics and monetary-policy makers. Mr Carney’s biggest task of all, then, is to guide the central bank and the economy towards the least intolerable destination. Good luck.

Martin Wolf

Fonte: FT

domingo, 25 de novembro de 2012

A missão da Instituição Católica de Ensino....


A citação abaixo, do Papa Bento XVI, expressa o meu pensamento sobre a missão de uma Instituição Católica de ensino e, naturalmente, da minha alma mater a PUC-SP. Não acredito ser nenhuma novidade aos leitores deste Blog e tão pouco aos meus amigos e alunos que conhecem a minha admiração pelo atual Papa.

"Em relação aos membros das Faculdades nos Colégios universitários católicos, desejo reafirmar o grande valor da liberdade académica. Em virtude desta liberdade vós estais chamados a procurar a verdade onde quer que a análise atenta da evidência vos conduza. Contudo, é também o caso de recordar que qualquer apelo ao princípio da liberdade académica para justificar posições que contradizem a fé e o ensinamento da Igreja obstaria ou até trairia a identidade e a missão da Universidade, uma missão que está no coração do munus docendi da Igreja e não é de qualquer forma autónoma ou independente dela.

Professores e administradores, quer nas Universidades quer nas Escolas, têm o dever e o privilégio de garantir que os estudantes recebam uma instrução na doutrina e na prática católica. Isto exige que o testemunho público do modo de ser de Cristo, como resulta do Evangelho e é proposto pelo Magistério da Igreja, modele todos os aspectos da vida institucional quer no interior quer no exterior das salas de aulas. Afastar-se desta visão enfraquece a identidade católica e, longe de fazer progredir a liberdade, inevitavelmente conduz à confusão quer moral quer intelectual e espiritual"(Encontro com os educadores católicos, Discurso do Papa Bento XVI, Washington, DC, 17.4.2008)

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Deja vu


Negociações do orçamento europeu para o período de sete anos, o chamado orçamento longo, é sempre um processo dificil com varias rodadas de negociação. O do periodo 2006-2013 levou seis meses pra ser fechado e por isto não é nenhuma surpresa o fracasso da reunião desta semana. A Alemanha já havia, inclusive, alertado que este resultado não seria o fim do mundo. A preocupação da Merkel é, como sempre, com o impacto que isto poderá ter sobre as eleições que enfrenta no próximo ano. Já Cameron esta jogando para o público interno, para a ala anti-europeia do seu próprio partido. A aliança entre os dois é momentanea e não coloca em risco a velha parceria entre a Alemanha e a França.
Apesar de esperado, não deixa, no entanto, de ser lamentável, já que o cenário economico é bem diferente daquele de 2005 e exigia menos indecisão por parte dos lideres da União Europeia. É desapontador, também, a insistência em cortes draconianos que atingem, principalmente, os países menos desenvolvidos do clube europeu, inclusive aqueles que já adotaram medidas de austeridade. Demonstra que a solidariedade a eles, já não é mais a pedra angular do projeto de integração europeia. Alias, é bom lembrar que ela tem sua origem na experiência tragica das duas guerras mundiais e na proposta de lideres ainda imbuidos de valores caros a doutrina social crista.

A semana não foi, felizmente, somente recheada de más noticias: o leilão de divida soberana espanhola realizado na quinta-feira foi um sucesso, com alta procura pelos títulos e queda nos yeilds, inclusive do benchmark, o título de 10 anos. Este último foi negociado a 5.5%, ainda longe do ideal, mas se lembramos que em julho ele havia rompido a barreira dos 7%, acaba sendo um excelente resultado. Com o leilão o Tesouro espanhol deu inicio ao processo de busca de "funding" para o próximo ano, já que os valores necessários para fechar 2012 já foram alcançados. O resultado deverá fortalecer a disposição do Rajoy de não solicitar, no momento, ajuda ao fundo de resgate, apesar de estar ciente que se fizer o pedido não será obrigado a adotar novas medidas de austeridade. Este temor, plenamente justificado, era o argumento que ele usava para adiar a decisão que se excluirmos a humilhação política, ainda é a melhor opção para a Espanha.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Don't cry for me Argentina


A situação na Argentina não anda nada boa com greves, falta de confiança nos dados econômicos divulgado pelo governo, etc... A esta extensa lista de problemas foi acrescentado mais um item que poderá ser explosivo e com consequencias além do caso argentinho. Trata-se da vitoria de credores da divida pública argentina que recusaram a proposta de reestruturação e optaram por recorrer aos tribunais. A decisão não é definitiva, já que ainda é possivel recorrer a Corte de Apelação e ao STF americano. Se a decisão for mantida, a Argentina será obrigada a pagar 1.3 bilhões de dolares, se recusar, não podera pagar os credores que aceitaram o acordo de reestruração da divida pública: paga à todos ou não paga a ninguem. É uma situação complicada que poderá levar o governo argentino a escolher, por motivo político, o caminho do default e continuar sendo um paria no mercado internacional.

Foi uma decisão infeliz do juiz que privilegia injustamente credores abutres em detrimento daqueles que aceitaram negociar e poderá tornar ainda mais complicado os acordos de reestruturação de divida soberana, alem de ser um incentivo para que outros descontentes recorram também aos tribunais.

A reação argentina, diante da gravidade da decisão, foi correta e contou, inclusive, como o apoio da oposição. É, sem sobra de dúvida, como afirmou o Ministro da Economia: "a kind of legal colonialism". Não acredito que será mantida, porém, em se tratando do Imperio tudo é possível.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

On Greece, Europe should listen to the IMF

Ótimo artigo do Mohamed El-Erian sobre a divida grega. Ele tem toda razão: neste caso a proposta do FMI é a correta.

Despite a courageous public stance by the International Monetary Fund, European officials failed again on Tuesday to deal with the critical issue of Greece’s debt sustainability. If this continues, they will undermine yet another bailout package for Greece and suffer further erosion in credibility, especially in the eyes of their own citizens. They also risk seeing another hard-fought cash infusion do little more than buy a few months for a struggling Greek population.
Greece’s problems are well documented. Years of economic mismanagement and resource misallocations have left the country with poor competitiveness, a bloated public sector, way too much debt, and bankrupt banks. To complicate matters further, the country’s short-term economic aspirations are yet to converge with the country’s inconvenient truths.
The political and social dimension is also concerning. Unlike other notable sovereign debt crises (South Korea in 1998, Brazil in 2002-3, Iceland in 2008-9, and Ireland in the past three years), Greek citizens continue to protest and disengage, showing no sign of rallying behind their elected officials in a national recovery effort.
This latest bailout package is meant to improve things: by injecting more money into an economy riddled with payments arrears and virtually no financing for working capital (let alone new plants and equipment); and by accompanying this temporary financial relief with measures to bring the budget under control, recapitalise banks and expand growth-enhancing structural reforms.
While well-intentioned, this bailout would likely fail if a major sticking point — Greece’s need for another major debt reduction — remains unresolved. The country would thus stay stuck in a recession that has ravaged the country for more than four years. Youth unemployment, already in excess of 50 per cent, would become more deeply embedded. And the social problems would continue, with a particularly devastating effect on the most vulnerable segments of the population.
When confronted with yet another failure, European officials would again point the finger of blame at the Greek government for not implementing the programme in full. Greece would again blame programme design. And the challenging regional environment would be lamented by all, as would the lack of responsive institutional mechanisms.
Thanks to the IMF’s willingness to speak out, a new element would now be hard to ignore: European officials’ repeated wish to brush under the rug Greece’s debt overhang.
The IMF’s insistence — at the cost of angering some of its most important political masters — is anchored by solid theory and experience.
Think of what happens when a huge dark cloud hangs over a home. Occupants will delay as much as they can any outside activities pending the passage of this menace. Same for a visibly outsized and unsustainable sovereign debt stock; in addition to draining government resources, it discourages fresh capital inflows critical for the “four Rs” of overcoming a debt crisis: recapitalisation, rehabilitation, restructuring and recovery.
Deep inside, European officials understand this. After all, they did fund a couple of years ago a significant haircut on Greek bonds held by private creditors. Today, some are suggesting another round of such “PSI” (private sector involvement). But the problem no longer resides with the private debt.
The devastating debt overhang now consists primarily of debt owed to European governments, institutions and the IMF. And all that Europe seems willing to consider right now is to extend principal maturities and reduce interest rates. Explicit official debt reduction operations — or “OSI” for official sector involvement — appear off the table.
By again refusing to take a meaningful haircut, European officials believe they are avoiding precedents that are not just politically tricky but could also fuel disruptive regional contagion. To the extent they are correct — and it is debatable — they would be winning a small battle by increasing the probability of losing the war.
Until recently, many European officials stubbornly held to the belief that “advanced countries” – and especially those that had risen to membership of such a privileged club as the eurozone – were structurally immune to “developing country debt crises.” Their outmoded mindset undercut responsive policy responses, wasting billions of Euros and undermining millions of lives. By again shying away on Tuesday from meaningful official debt reduction, Europeans signaled that they still lag realities on the ground.
The IMF is right. Greece urgently needs OSI. The longer Europe resists, the greater the risks to the integrity of Greece and to the credibility of Eurozone policy responses. Let’s hope that good sense prevails when European officials convene again next week.

Fonte: FT

terça-feira, 20 de novembro de 2012

A novela da divida grega...


Ótimo artigo do El Pais sobre a novela da divida grega. Um solução será, obviamente, encontrada, mas o longo processo em busca de um solução de consenso é um belo exemplo da ineficiente dinamica política da zona do euro. Razão pela qual o mercado, as vezes, perde a paciência...



¿Es la crisis que padece Grecia solo económica? Tres años después de su arranque, la eurozona discutía este martes cómo dar una patada adelante al problema griego con la suficiente diplomacia como para que el Fondo Monetario Internacional (FMI) no abandone el barco. La crisis de Grecia, al igual que la del euro, es ya eminentemente política. Y aun así los ministros de Economía y Finanzas de los 17 países que comparten el euro se empeñan en tratar de buscarle una solución técnica para salir del paso sin traspasar tres líneas rojas: no rotundo a dar fondos adicionales a Atenas (al menos por ahora); no concluyente a una quita de la deuda pública (de nuevo, al menos a día de hoy); y no categórico, esta vez definitivo, a una suspensión de pagos y a una salida del euro.

El presidente del Eurogrupo, el luxemburgués Jean-Claude Juncker, fue optimista este martes a su entrada a la reunión: ve “buenas posibilidades” para desbloquear el tramo de ayuda urgente a Grecia para evitar la asfixia del Gobierno de Antonis Samarás, que aparentemente ha hecho todo lo que debía –el ya tradicional paquete de última hora de recortes y reformas— y no tienen asegurado al 100% el dinero. El acuerdo es más que factible, pero el diablo está en los detalles: el FMI y los socios del euro han aireado públicamente sus diferencias acerca de cómo hay que encarar las dificultades en Atenas para resolver el asunto de una vez por todas.

Encima de la mesa está la discusión sobre cómo y cuándo dar el dinero a Grecia. También, sobre las consecuencias de conceder dos años más para cumplir con sus objetivos de déficit. Y por último, el punto más espinoso: cómo asegurar la sostenibilidad de la deuda pública helena; es decir, cómo conseguir que en algún momento la deuda se estabilice en un nivel razonable que no pese como una losa sobre la maltrecha economía griega. Lo que sigue es un resumen de las posiciones de la Comisión, del Eurogrupo, del BCE y del FMI.

-- Próximo tramo de ayudas urgentes. Se baraja la posibilidad de dar a Grecia 31.300 millones de euros del fondo de rescate o incluso 44.000 –lo que supondría juntar los dos próximos tramos de las ayudas—ante la constatación de que en las arcas públicas griegas los fondos pueden acabarse en cualquier momento. Atenas preferiría la segunda opción y argumenta que ha hecho sus deberes. Una vez haya un acuerdo en el Eurogrupo, sin embargo, la concesión de los fondos no es inmediata: primero hay que pasar por varios Parlamentos nacionales; se espera que ese paso, ineludible en casos como el alemán o el finlandés, esté listo para el 30 de noviembre. El 3 de diciembre debería producirse la decisión final del Eurogrupo; el 4 de diciembre, la Comisión y el Gobierno de Samarás deberían firmar un nuevo memorando de entendimiento, con las inevitables condiciones, y al día siguiente el dinero llegaría a Atenas.

--Dos años más y sus consecuencias. La eurozona está de acuerdo en dar dos años más a Grecia para cumplir con el 3% de déficit; en lugar de 2014, se pospone ese objetivo a 2016 para suavizar las medidas de austeridad necesarias y no asfixiar la economía. El problema es que alargar esos plazos supone unas necesidades de fondos adicionales de 32.000 millones para Atenas: 15.000 millones hasta 2014 y 17.000 millones adicionales hasta 2016. Fuentes del Eurogrupo barajaban este martes la opción de ofrecer una solución solo hasta 2014 y dejar para más adelante el resto. Los socios europeos niegan una y otra vez la posibilidad de conceder fondos adicionales a Atenas, pero el BCE ya ha asegurado este fin de semana que no sería descabellado pensar en un tercer paquete de rescate para Grecia en 2014. Es decir, después de las elecciones alemanas de otoño del año próximo.

--Deuda sostenible: reestructuración (o no). El FMI asegura que para que Grecia ponga las cosas en orden necesita que su deuda pública sea del 120% del PIB en 2020. El problema es que el endeudamiento griego está desbocado y supera ya el 180%. El FMI quiere dejar intactos esos números: el 120% en 2020, pero para ello sería imprescindible una reestructuración de la deuda pública, básicamente en manos de los socios europeos, que no quieren ver ni en pintura esa posibilidad porque les exigiría rascarse el bolsillo. "Hay un menú de alternativas para aliviar el peso de la deuda griega y vamos a intentar que no haya quita", dijo este martes el ministro Luis de Guindos antes de comenzar la discusión con sus colegas. El Eurogrupo ya debatió hace una semana dar más tiempo a Grecia para alcanzar ese nivel de sostenibilidad, concretamente hasta 2022 (aunque ya se rumorea incluso con 2032), algo que el FMI rechaza. Ahí están las principales diferencias en la negociación. Fuentes europeas apuntan a que finalmente se alcanzará un acuerdo de compromiso –probablemente más adelante— que incluya reducciones en los tipos de interés que paga Grecia, recompras de bonos con el dinero de las ayudas y ampliaciones de los plazos de vencimiento; cualquier cosa con el objetivo de evitar una quita. Sin embargo, el Bundesbank alemán ya habla de la posibilidad de una reestructuración en toda regla, siempre que Grecia haga todos sus deberes con las reformas, los recortes y la retahíla de privatizaciones que tiene por delante. Es decir, de nuevo una vez hayan pasado las elecciones alemanas de otoño de 2013.

Fonte: El Pais

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

A espera de mais um capitulo da novela grega


A semana começa com Johannes Hahn, comissario europeu de política regional, puxando a orelha do governo espanhol: os fundos europeus devem ser direcionados para resolver o problema do desemprego entre os jovens e na modernização das pequenas e médias empresas. É uma critica necessaria, já que na Espanha, assim como em Portugal, os recursos recebidos foram usados em obras de infraestruturas necessárias a modernização de ambos, mas que acabaram por deixar em segundo plano investimentos na formação de mão obra qualificada, sem a qual é dificil se obter ganhos de produtividades. É um habito dificil de ser quebrado, já que tentador para politicos em qualquer país: estradas, ferrovias e obras similares são mais adequadas ao ciclo político eleitoral.
Na terça-feira, conheceremos mais um capitulo da novela grega: a liberação da parcela de 44bi de euros do bailout grego ainda depende de alguns acertos, principalmente em relação a redução da sua divida para um nível sustentatvel, mas tudo indica que Grecia deverá receber o dim dim no inicio do próximo mês.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

From Plato to the credit crunch


Resenha do mais recente livro do Alain Rayan, importante estudioso do pensamento do JSMill. On Politics é um catatau de 1.120, distribuido em 2 volumes, com lançamento previsto para 6 de dezembro.



About a century ago, leading Anglo-American universities transformed their teaching. Their new role, as they saw it, was to act as nurseries of a democratic citizenry, and of its elite in particular. What most of these institutions thought they needed was not more scientific and technical specialisation—this horribly Teutonic approach, they felt, ended up breeding smart cattle fodder for the Kaiser—but rather a return to the ancients, linking them in new ways to the problems of modern democratic life.

To ensure that successive generations of students understood the responsibilities that awaited the thinking citizen, universities established new “Great Books” courses. Their aim was to introduce the young to the accumulated wisdom of canonical texts of liberal thought. Thus emerged “the Western tradition.” This had a narrative arc all its own. Typically it kicked off with a Greek victory against the Persians and ended up with the Greeks’ modern English-speaking heirs, whether in Oxford or New Haven, dishing it to the Huns, and later the Nazis, whilst keeping other threats such as the Soviets at bay.

In the 1970s, this approach came under fire. “Western civ” was decried for Eurocentrism and purged from many undergraduate curricula. But as in clothes, so in intellectual fashion: if you wait long enough the pendulum usually swings back. Today, universities that gave up their Great Books courses a generation ago are looking for ways of restoring them. This is not because they wish to turn out a new generation of imperial proconsuls. Nor, in an era of globalisation, are they stupid enough to think there is much mileage in uncritically reaffirming Western superiority. Rather, political philosophy is popular again; a time of sweeping domestic and international institutional crisis is also one which pushes students back to first principles.

Which brings us to On Politics, an engaging and smart survey of major political thinkers from Herodotus to the era of globalisation. Its author, Alan Ryan, is an authority on JS Mill and John Dewey but as this book testifies, his range is much wider. He has been teaching political thought for a long time but preserves an enviable verve and freshness in his writing, as readers of his pieces in the New York Review of Books in particular will know. On Politics is very much an expression of the Great Books pedagogic tradition. It is an illustration of its manifold strengths and its limitations as well.

First, there is the style and manner of Ryan’s own thinking. He has described what he does as a mixture of conceptual analysis and critique, a conversation with immortals who are also historical figures and must be treated as such. He comes from a generation—at odds with the modern pseudo-scientification of the academic study of politics—which regarded both a philosophical training and a background in history as essential to any engagement with the thinkers of the past, and which (and this too can no longer be taken for granted) regarded ideas themselves as important. A powerful historical sense runs through On Politics, and the figures it discusses are admirably contextualised. Their rough edges are preserved—Ryan’s love for Mill and admiration for de Tocqueville licence some telling criticisms of their blind spots and weaknesses.

Far from being of merely antiquarian interest, through Ryan these thinkers speak directly to the present. There is no jargon, a lot of good sense and the reader is treated throughout as an intelligent being. Political asides on the present enliven the analysis, reflecting Ryan’s deep familiarity with both sides of the (northern) Atlantic, his love of the USA in particular, and his impatience with some of its recent intellectual and political excesses. In short, the book conveys the exhilaration of being taught by an unusually worldly college tutor, serious and irreverent, unafraid of argument but demanding intellectual rigour from the reader in turn.

The tenor and style of the authorial voice is one of the book’s great strengths. But the familiarity of its cast of characters is another matter. In 1937 the American academic George Sabine published his pioneering History of Political Theory. At the very moment when in Europe liberalism and democracy seemed to be on the way out, he presented a story which began with Plato and Aristotle, moving through the political thought of medieval Christianity before reaching Machiavelli, Hobbes, Locke and the challenges from Marxism and fascism. Appearing more than 70 years later, Ryan’s cast-list has hardly changed. Book 1 takes us from the ancient Greeks to Machiavelli; book 2 from Hobbes to “the world after Marx.” True, Ryan singles out American thought at greater length than Sabine chose to, and goes into more detail on mid-19th century liberalism. But in every important respect, the canon appears not to have shifted at all. There are Habsburgs but no Habermas, as much Nixon as Nietzsche—and not much of either. French thought is conspicuous by its absence.

The sheer staying power of the idea of an Anglo-American liberal tradition in political thought across the 20th and early 21st centuries is itself a historical conundrum of some interest. Does it point to an intellectual ossification in some of the world’s most distinguished Anglophone universities? Or is it an optical illusion—a product of Ryan’s own predilections and interests? A bit of both perhaps: I certainly do not think we can attribute it solely to the intrinsic superiority of these particular texts and authors. To my mind, the merits of studying Plato, Aquinas or Hobbes are clear. What is less defensible, however, is the idea that a liberal tradition can survive that does not engage seriously with its challengers and does not at least acknowledge, in a changing world, the existence of parallel traditions that have tackled similar and often identical problems in strikingly different ways.

The basic intellectual problem is this: once you have defined the central issue of politics as the preservation of liberty within a political community, absolutism, fascism and religious fundamentalism can easily present themselves as phenomena of essentially negative interest. Yet fascism, for example, produced, in the writings of Carl Schmitt, a theorist of considerable power who provided a searing critique of parliamentary democracy. His definition of politics saw liberty as a distraction and revolved instead around the friend/foe distinction. One may disagree with this, but one has to take it seriously. Yet Ryan’s treatment of fascism and Nazism remains trapped within an older historiography that sees the most important thing about these movements as their irrationalism. Today most historians would regard their challenge to interwar liberalism as much more serious than this “irrationalism thesis” acknowledges. And as a result it seems downright odd to have a history of political thought that does not engage more fully with some of Schmitt’s ideas.

If the mid-century challenge to liberal political thought is not given the weight it deserves—perhaps reflecting a kind of complacency: Ryan’s great predecessor, Sabine, could not afford to be so sure of the outcome—the book’s treatment of religion is equally lacking. Cobbling together a “western tradition” in political thought always posed the problem of how one navigated the Dark Ages between the Greeks and the humanists, and what in particular one did with writers of the church. Ryan oscillates between regarding the appeal to faith as entirely anti-political—he contrasts the Greeks to the Jews of the Old Testament, “a people who did their best to have no politics”—and, by contrast, acknowledging that the centuries from Augustine to Machiavelli cannot plausibly be regarded as an intellectual black hole for political thought. But once the humanists emerge in the 15th and 16th centuries, the church is largely forgotten.

As for other faiths, they hardly get a look in. Islam plays its usual walk-on part as a helpful bridge between the ancient Greeks and the medieval Scholastics, but it is not really allowed any autonomous intellectual activity of its own, at least until the mid-20th century, when it is regarded as fuelling a kind of radical over-reaction to Western imperialism. One does not have to chase the impossible chimera of a history of global political thought to feel that something very important is being traduced here. After all, it was precisely among the theologians, Christian and Muslim alike, that key themes in Ryan’s account—the limits of state power, the relationship between the laws of nature and the laws of men—were most deeply explored. It is not that one expects a full account of Islamic philosophy and political theory; this is after all not an encyclopaedia. But surely an authoritative history owes its readers a less dismissive treatment of such matters? Why mention minor figures like Sayyid Qutb unless one is going to devote a serious amount of space to the major ones from al-Farabi to Muhammad Abduh?

The truth is that the task of constructing a western tradition of liberal political thought always had an ambivalent quality. There was the positive mission of producing democratic citizens. But there was the negative task of defending the very idea of democracy from its enemies. This ambivalence runs through the great 19th century icons—above all de Tocqueville and Mill—who in some ways form the crux of this book. It helps explain the familiar paradox of locating the origins of political thought in the mind of the arch anti-democrat Plato, and above all it helps explain the more scattershot quality that creeps into On Politics as the 20th century advances. The final chapters are a kind of mélange. Lacking the unifying focus on a single thinker that animates the rest of the book, these range loosely across contemporary Anglo-American theories of democracy, to the return of religion, terrorism and the supposed decline of secularism. A final grab-bag chapter on world government and the problems of international life feels aimless and out of date.

This faltering ending is probably an inseparable part of the story liberalism tells itself about itself. The period following the first world war, when the notion of a “liberal tradition” of political thought was brought into being, was also a time when these ideas were most severely challenged. The best its defenders could hope for, with their Great Books courses, was a reminder of certain civic virtues. They could not deliver the kind of holistic theory of political life that thinkers from Plato to Herbert Spencer had aspired to. Since the 1920s, liberals have had to beat off, or come to terms with, the rise of powerful alternative ideologies, while the rise of the USA posed challenges of its own for liberal theorists. Woodrow Wilson promised a world made safe for democracy, but fell far short of this. Roosevelt and Truman achieved more, but only by reaffirming a much more hard-nosed version of liberalism that triggered a firestorm of anti-Americanism across the third world. And the rise of a different and more potent kind of liberalism in the form of post-1980s financial globalisation poses even more difficult questions for proponents of the kind of civic solidarity which Ryan advocates.

If the book ends with a whimper not a bang, it would be a shame if this blinded us to the many virtues of the earlier part of the story as Ryan tells it here. Anyone interested in political thought will relish the wit, intelligence and brio with which he conveys what makes these thinkers special and useful. In an era when more people than ever seem to be searching for alternatives to politics—in markets, technocratic expertise or perhaps in a flight inwards and away from public engagement—this book reminds us why political thinking should remain an essential part of our education and our lives.

Mark Mazower

Fonte: Prospect

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Espanha ganhou tempo para respirar...


No dia em que a greve geral contra as medidas de austeridade parou a Espanha e Portugal, Olli Rehn, comissário europeu para assuntos econômicos, declarou que a Espanha não precisara adotar novas medidas de austeridade em 2013. Esta decisão ainda tem que ser aprovada pelos membros da zona do euro, mas as chances da Alemanha veta-la é muito baixa, já que é parte do mandato da comissão a definição de metas e "timetables" para os paises do bloco do euro. É uma deliberação importante, por retirar do Rajoy o único argumento que ele sempre usou para postergar a solicitação do pedido de ajuda ao fundo do resgate: o temor que ele seria acompanhado de novas medidas de austeridade. Isto não quer dizer que ele necessariamente solicitará ajuda, apenas que o custo politico de faze-lo é menor, mas ainda resta o fato que Alemanha não está interessada em tratar do assunto, antes das eleições de 2013. O que implica afirmar que somente se o custo de rolagem da divida pública espanhola tornar-se positivo, a Alemanha retirará sua oposição ao pedido junto ao fundo de resgate. No momento, a situação esta sobre controle e apesar de elevado, os juros estão abaixo do valor alcançado no mesmo período do ano passado.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

A Grecia precisa de um Plano Baker



A Grecia conseguiu levantar, no mercado, os recursos necessários para honrar os titulos com maturidade na sexta-feira, 16 de novembro e de quebra ganhou folego adicional com as divergências, públicas, entre o FMI e União Europeia em relação prazo em que ela deverá atingir a meta de 120% de divida/PIB: o primeiro defende 2020, o segundo quer um prazo maior, 2022. Esta, contudo, não é divergência mais importante: o ponto de discordia relevante é quanto a extensão do "hair cut" para os credores públicos, sem o qual será a meta é apenas um conto de fadas. A Alemanha, naturalmente, é contra, já que por ser a maior credora pública, é a quem tem mais perder. Alem disto, 2013 é ano de eleições e o eleitorado alemão não ficara nada feliz com a noticia do perdão de parte da divida grega. Merkel, como todo político quer, naturalmente, continuar no cargo e por isto não quer nem ouvir falar no assunto. Em outras palavras, a eleição na Alemanha esta jogando para o futuro qualquer negociação de propostas para resolver definitivamente o problema grego e de outros países em dificuldades, como é o caso da Espanha.

É fato, como reconhece a própria The Economist, que a solução do problema grego passa obrigatoriamente por um acordo ao estilo Plano Baker. Não há outra alternativo e os alemães sabem disto.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Noticias preocupantes..


A semana começa com perspectivas preocupantes sobre a economia japonesa: a recessão, parece, que novamente vem prestar uma visita ao país do sol nascente. É mais um sinal que a economia mundial, no próximo ano, não deverá ser uma Brastemp, haja vista, o resultado mediocre esperado da locomotiva da zona do euro, o que implica afirmar que a região como todo deverá apresentar um resultado para lá de anemico. A situação podera ficar ainda pior, caso o fiscal cliff americano não consiga ser evitado. Acredito que uma solução é possível mas, no entanto, pode ser que ela não seja a ideal, apenas um esparadrapo que evitaria o pior.

Como esperado, depois da publicação do relatorio, dos burocratas da União Europeia(UE), contestando a visão do FMI sobre o impacto da política de austeridade sobre a performance das economias do mediterraneo, o clima entre eles não anda nada bom, como atesta as divergencias em relação a solução da divida grega. Neste caso, me parece, que o Fundo tem razão. Maiores detalhes no post e amanha...

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Austeridade na Alemanha é um tragico equivoco...



A semana fecha sem uma solução definitiva para o caso grego, apesar da aprovação das medidas demandads pela troika. E se isto não fosse o suficiente, há indicações que as negociações sobre o orçamento comunitario não deverá ser nada fácil, repetindo os embates que se tornaram um deja vu ano após ano. Na Espanha, governo e oposição negociam uma solução para as execuções hipotecarias que nos últimos quatro anos, segundo o El Pais, chegaram a 350.000. Uma grande tragedia como atesta dois casos de suicidios nas últimas semanas.

Como mencionado no post de ontem, a toda poderosa Alemanha, já não se mostra mais imune a crise da zona de euro e, no entanto, resolveu adotar a mesma política que ela recomenda, ou melhor exige, dos demais parceiros da zona do euro: corte nos gastos públicos. Alguem, ingenuamente, poderia considerar esta decisão, uma louvável demonstração de coerência: afinal se é bom para os outros, também deverá ser bom pra Alemanha. É, no entanto, uma proposição falsa: o custo de financiamento do tesouro alemão é muito baixo- a remuneração em alguns casos chega a ser negativa, não existindo, portanto, nenhuma razão para antecipar, em 3 anos, a meta de orçamento equilibrado. O corte de gastos não é o que Alemanha precisa no momento e tão pouco ajuda na recuperação da economia da zona do euro. O efeito deverá ser justamente o contrário. Como já argumentamos, em vários posts, adotar a mesma política de austeridade para o bloco como um todo não tem o menor fundamento econômico: no caso dos países do mediterraneo a única justificativa aceitável é não perder a oportunidade para enquadrar economias que, no período de vagas gordas, se mostraramm refratarias às reformas necessarias para torna-las competitivas. Este argumento, obviamente, não se aplica a Alemanha e por isto mesmo ela, assim como os outros países em melhores condições econômicas, deveriam adotar uma política em sentido contrário, ou seja, aumentar os seus gastos, não diminui-los.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A Espanha resiste...



Espanha conseguiu o que muitos - inclusive este blogueiro - considerava pouco provável: atingir a meta de financiamento do tesouro a um custo abaixo do ano passado e evitar o pedido de socorro ao fundo de resgate. O leilão desta quinta-feira foi um sucesso, com a demanda por titulos bem acima do volume ofertado; tendo conseguido, inclusive, colocar titulos de 20 anos. A razão do sucesso, como já mencionado em outros post, é a avaliação do mercado que a Espanha em algum momento teria que pedir agua o que colocaria em operação a nova estratégia do ECB: a compra de titulos soberanos no mercado secundário. O fato dela, ainda, não ter sido obrigada a recorrer ao fundo de resgate é prova do sucesso da estratégia pensada por Draghi: a credibilidade é tão alta que torna desnecessário o pedido de socorro e a consequente atuação do ECB. É o melhor cenário possível que a agrada a todos, principalmente a Alemanha. Resolvido o problema de 2012, o Tesouro espanhol deverá enfrentar o problema do financiamento em 2013 e deverá aproveitar o bom momento para colocar mais titulos ate o fim do ano.

O sucesso espanhol é ainda mais notável, haja vista a complicada situação grega e o estado geral da economia mundial. Vale lembrar que a locomotiva da zona do euro -a Alemanha, esta mostrando sinais crescentes de fadiga e seu crescimento em 2013 deverá ser bem anemico. Este cenário para 2013, torna a situação espanhola bem dificil, mas acredito que ela somente recorrerá ao fundo de resgate se o custo de financiamento do tesouro atingir niveis insustentaveis. Isto é sempre uma possibilidade, mas o corrente ano demonstrou que isto não é inevitável, como alias já havia ocorrido com a Italia no ano passado. É verdade que ambos ainda permanecem na marca do penalti, mas avanços importantes já foram obtidos para um crescimento sustentavel da economia destes dois importantes países do mediterraneo.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Imperio



Na democracia americana o poder do Presidente esta longe de ser o mesmo de outros países com o regime presidencialista. Este fato nem sempre é reconhecido pelos analistas do grande bananão, habituados ao nosso presidencialismo imperial. Herança, quem sabe da influência francesa ou do período do Imperio. Por isto, alem do resultado da eleição presidencial é importante,também, os ganhos obtidos pelos democratas na camara dos deputados e da maioria republicana no senado. Foi uma grande vitoria dos democratas que conseguiram incorporar diferentes segmentos da população americana em uma nova maioria em contraposição a base social e eleitoral dos republicanos que continua monocratica espelhando um realidade dos anos 50 que é incompativel com a realidade e demandas do seculo 21. Não acredito em redução da polarização e ainda é cedo para saber qual será a reação dos republicanos a derrota e a necessidade de redefinir a identidade e estratégia do partido. Que há uma crise de identidade é fato reconhecido, inclusive, antes de serem conhecidos os resultados da eleição. Esta crise, somada a derrota, poderá levar a uma posição mais radical, que tornaria ainda mais dificil encontrar uma saida para o chamado "fiscal cliff"( redução de gastos e aumentos de impostos) ou no seu oposto: uma maior disposição para negociar. Tudo depende de quem ganhar a disputa interna. A minha aposta é no setor mais pragmatico e aberto a negociações. Mas como mencionei, ainda é muito cedo...



terça-feira, 6 de novembro de 2012

Presidents are powerless to save the US economy


Interessante artigo sobre a dinamica do sistema político do Imperio.

The economy is the central issue in the US presidential campaign – as it is in all such contests. Even during wartime, foreign policy plays a subordinate role in American elections and social issues like abortion are never more than subtext.
Both Mitt Romney and Barack Obama would have us believe that their policies are diametrically opposed to each other, with little if any room for compromise between the two. Therefore, voters apparently face a Manichean choice between two competing visions for restoring America’s economic prosperity
Yet however strong the contrast between the two candidates’ economic plans, readers need not fear that Tuesday’s vote will herald either the end of the Federal Reserve system, or a massive expansion in government. The reality is that the victor will not have the power to change the nation’s economic direction, at least in the short run.
There are two reasons for that – the structure of US government, and America’s changing place in the world.
The important thing to remember is that the US president has far less power over the economy than is commonly believed – and not nearly as much as the British prime minister, for example. The reason is simple: the constitution expressly limits the president’s power and the institutions of government that have developed since 1789 limit it further.
Unlike prime ministers, who necessarily have working majorities in parliament, US presidents must frequently deal with congresses under control of the other party. Different parties may also control the House and Senate, as is the case now with Republicans controlling the former and Democrats the latter.
In all likelihood the current political split in Congress will not change after the election. But even if Republicans gain control of the Senate, it will be by the skin of their teeth, while a 50-50 split is quite possible. A thin majority or split senate will likely mean more paralysis given that only 40 votes are needed to block almost any presidential initiative, since 60 are necessary to break a filibuster (the practice of senators extemporising at length to prevent a vote).
Moreover, even under the best of circumstances, in which a president controls the House and has 60 votes in the Senate, changing policy is very difficult, as we saw when President Obama enjoyed this advantage during the early days of his administration. That is because members of Congress are provincial and myopic, subject to very little in the way of party discipline, and have different institutional perspectives even when they share the president’s political philosophy.
Furthermore, US presidents have far less control of the government’s operations than most people realise. They can appoint only a few thousand staff. Ethical constraints and financial disclosure requirements discourage many of the best people from serving in government. Without political leadership, cabinet departments are run by career bureaucrats, who tend to maintain the status quo. Many important government functions are now performed by independent agencies such as the Federal Reserve Board or Securities and Exchange Commission. Those agencies’ leaders serve fixed terms, which often outlast the president’s, by 10 years in the case of members of the Federal Reserve Board for example.
Indeed changes at the central bank are likely to have far more influence on the economy than the presidential election. With politicians unable to hammer out an agreement on fiscal policy, it has been left to Ben Bernanke and his Federal Reserve colleagues to pilot the economy through monetary policy alone. That means the next president’s most meaningful economic decision may well be nominating a new chair of the Federal Reserve, should Mr Bernanke not seek a third term in the post.
Finally over the years the Supreme Court has become deeply involved in economic policy questions, for example only allowing Obama’s signature health reform to stand by a hair’s breadth. Over the years Republicans have been far more aggressive in appointing federal judges, who serve for life, that are not shy about using the courts to implement their ideology. In the past, the same was true of Democrats, but both Obama and Bill Clinton have tended to appoint nonideological judges who do not provide a counterweight to those appointed by George W. Bush.
All this means that America’s basic economic policy is unlikely to change much or quickly whoever wins the presidency. What really matters for the economy is the economy itself – the actions of workers, business people, entrepreneurs, investors and so on, who go about their jobs largely oblivious to what comes out of Washington.
That is unlikely to change materially for some time, even were presidential authority unlimited. The economy is like an ocean liner that changes direction only very slowly, although a small change is meaningful if sustained long enough.
The fact is that the underlying trend rate of growth of the US economy is a function of two things politicians can’t do much about: productivity and demography.
The formula for long-term growth is basically labour force growth plus the growth in productivity or output per worker. America’s demography is a low birth rate and falling immigration, which prevents the population and labour force from rising. As population growth falls, so, necessarily, will growth.
So far, productivity has held up, but in the long run it is dependent on research and development and a continuing new supply of ideas and technological innovation. Government policy affects such things only slowly and indirectly, and the payoff may not come for decades.
Finally presidents can do very little about the business cycle – the quarterly ups and downs in the economy around the long-term trend.
In short, much of the economy’s trend is baked in the cake, and there is not much presidents can do to change it. To the extent they can exert influence there are institutional and political obstacles to doing so. The reality is that whoever wins, the economy will be pretty much the same for the foreseeable future.

Bruce Bartlett

The writer is a former senior economist at the White House, US Congress and Treasury. He is author of ‘The Benefit and the Burden: Tax Reform – Why We Need It and What It Will Take

Fonte: FT

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Imperio e China


Semana que começa em compasso de espera pelos resultados das eleições americanas e principalmente a transição para a nova liderança chinesa. Quem quer que seja eleito no Imperio, não deverá mudar, significativamente, a política que adotada nas ultimas decadas em relação a America Latina e ao Brasil. Ambos não são a prioridade da política externa do Imperio e por isto dificilmente será colocado em discusão e muito menos em negociação temas caros ao Brasil: biocombustivel e subsidio agricola.

O Imperio ainda é um parceiro comerciante importante, mas não tanto quanto a China, responsável pela boa performance da economia brasileira. As mundanças que por lá ocorrem, por isto podem ter um impacto maior e mais importante sobre a economia brasileira e mereciam um destaque maior que o recebido, ate o momento, da midia brasileira.

domingo, 4 de novembro de 2012

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

O Imperio respira e a eurolandia afunda ainda mais...


Para felicidade do Obama os números do mercado de trabalho de outubro apresentam um cenário bem melhor que o esperado: criação de 171.00 postos de trabalhos e redução no numero de trabalhadores com contrato de tempo parcial, mas interessados em emprego em tempo integral. A taxa de desemprego apresentou um leve aumento, passando de 7.8% para 7.9%, reflexo da queda do desanimo em relação a perspectiva de encontrar um novo emprego, em outras palavras, o número de pessoas procurando emprego aumentou. Os dados confirmam o cenário de uma recuperação lenta da economia americana, ainda incapaz de derrubar a taxa de desemprego para o mesmo nível em que se encontrava antes do inicio da grande recessão. Agora é esperar pelo resultado das eleições e torcer para que Obama consiga um segundo mandato e pela solução do fiscal cliff.

Na eurolandia mais resultados negativos: contração, pelo decimo quinto mês, da produção manufatureira, que somado a resultado semelhante pelo oitavo mês na Alemanha, parece indicar que a terrivel situação econômica da periferia europeia está contaminando seu núcleo mais dinamico. É um cenario preocupante e que podera levar o ECB a decidir por um novo corte nos juros no encontro da próxima quinta-feira.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Reino Unido e sua relação nada amigavel com a UE



Enquanto discutimos se a Grecia vai ou não ficar fora da zona do euro uma outra saída por razões diferentes vai ganhando corpo. Trata-se da relação sempre muito complicada entre o Reino Unido e o resto da União Europeia. A bem da verdade ela nunca foi nada fácil, porem a paciência parece estar se esgotando em relação ao comportamento britanico de sempre solicitar alguma excessão em relação a regras aceitas por todos, isto para não mencionar a falta de solidariedade em relação a crise atual que, no entanto, não impede o primeiro ministro da velha albion em oferecer conselhos e fazer ameaças.

A nova pendenga é sobre o orçamento para o período 2014-2020. Cameron e aliados defendem o congelamento mas os céticos do partido conservador defendem cortes no orçamento. Em votação no parlamento britanico, com o apoio inestimavel dos trabalhistas, derrotaram a proposta do primeiro ministro o que não deverá agradar nenhum pouco os 26 membros da UE. Em nova votação a derrota poderá ser revertido, mas não sem antes de inviabilizar as negociações programadas para o corrente mês. Esta, ao que tudo indica era a intenção dos rebeldes. Para desapontamento deles, Van Rompuy, o responsável pelas negociações, parece decidido a ignora-los e manter agenda de reuniões. O resultado poderá ser um acordo sem levar em consideração a posição britanica que ficaria ainda mais isolada no bloco podendo, inclusive, no futuro ficar no pior dos mundos em posição semelhante a da Suiça: obrigada a acatar as decisões da UE, sem poder participar das negociações.