O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de 1,64% em 2012, é um banho de água fria para os analistas que estavam apostando em alterações na política monetária no curto prazo: a Selic deverá ficar no mesmo patamar no corrente ano. A aposta era um sonho, ou melhor dizendo, um delírio neste verão paulistano de chuvas torrenciais e alagamentos democráticos. O compromisso do governo atual continua sendo com o crescimento econômico, mesmo com o risco da inflação em 2013 se aproximar ainda mais do limite superior da meta. Ele espera, naturalmente, uma inflação menor que a de 2012, mas dai imaginar que ele estaria disposto a correr o risco de crescimento medíocre em 2013, para aproximar a inflação da meta de 4,5% é esquecer que o objetivo de todo político é manter-se no poder. Esta é a regra de ouro em qualquer sistema democrático, porque deveria ser diferente no grande bananão? Veja, não estou dizendo que concordo com a opção, apenas que ela é um fato da vida... Dado o histórico brasileiro é uma aposta arriscada.
As declarações do Tombini e do Guido Mantega são tentativas um tanto quanto patéticas de alterar as expectativas do mercado em relação a inflação através da recuperação da credibilidade na política monetária em curso. Tarefa difícil, já que o segundo nunca foi o queridinho do mercado e suas declarações recentes sobre as taxas de juros e de câmbio em nada ajudam a melhorar a sua reputação juntos aos formadores de opinião. Ao recordar que o Bacen poderá se, necessário, elevar os juros, confirma as suspeitas do mercado sobre a perda da independência na atual administração. A fala do Tombini somente reforça esta percepção. Seria diferente se tivesse se pronunciado antes do Mantega.
Este comportamento da dupla dinâmica é bastante previsível e assume, aparentemente, como valida a demanda do mercado pela reconstrução do muro de Berlin entre a Fazenda e o Bacen. Mas será que ele tem algum sentido no momento atual da economia brasileira e, principalmente da mundial? Lá fora o muro desabou e somente uma minoria defende o velho status quo. Nestes tempos anormais em que vivemos a troca de confidências entres os dois é fundamental e por isto tem sido a pratica em outros países.