Frei Betto tem toda razão quando afirma que “é preciso que os beneficiários[ do Bolsa Família] produzam sua própria renda, sem depender do poder público nem correr o risco de retornar à miséria.” Acerta, novamente, quando observa que “ não temos ainda democracia econômica”.
É difícil, no entanto, concordar com as respostas implicítas em algumas de suas indagações: “Como é possível ter êxito no combate à fome sem reforma agrária?Como se explica as famílias pobres terem mais acesso à renda e ao consumo e, ao mesmo tempo, sofrerem a ameaça de dengue e febre amarela?” . Não é necessário fazer reforma agrária para resolver o problema da fome. Aumento na renda é um meio mais eficaz e ,politicamente, menos explosivo de se resolver o problema. As ameaças que ele menciona é a consequência obvia do descaso com medidas preventivas que por sua vez é o resultado da dificuldade em perceber que investimento em saúde também inclui saneamento básico, por ex.. E esta dificuldade não esta restrita apenas ao mundo político, mas inclui, por ex, alguns setores, de esquerda, do mundo acadêmico.
Há nas indagações do Frei Betto um certo tom remanescente das canções de protesto dos anos 60, o famoso “dia que virá “que, no caso dele, corresponderia a “democracia econômica”. Resta saber o que ele entende por democracia econômica: democracia social de mercado ou socialismo ao estilo cubano?