Em interessante análise sobre o vai e vem da próxima encíclica papal sobre a questão social, Sandro Magister argumenta que este documento é necessário em razão da Centesimus annus ser considerada, pela Curia, um documento envelhecido e, principalmente, por que ela nunca foi aceita por toda a comunidade católica e tão pouco pela Hierarquia, por apresentar uma visão muito amigável do capitalismo. A crise econômica atual confirmaria a visão destes criticos e a torna ainda menos relevante.
Acho estranho, já que esta encíclica apresenta uma leitura bastante equilibrada do capitalismo e, naturalmente, reflete o bom momento que este sistema vivia, se comparado com o sistema que à epoca estava dando os suspiros finais: o comunismo de estilo soviético. A crise atual não é motivo para mudar a avaliação a respeito do capitalismo que, na minha modesta opinião, é o melhor sistema para gerar riquezas, mas o pior para distribui-la. Com isto não estou negando os conhecidos problemas da alienação mencionados por A.Smith, que , aliás, apresenta uma visão muito mais rica do capitalismo que a vulgata smithiana encontrada na midia.
Quanto ao comunismo de estilo soviético, as pesquisas históricas recentes somente confirmam o que já sabiamos e/ou suspeitavamos: um sistema econômico corrupto e falido, incapaz de oferecer um padrão de vida comparável ao existente no ocidente capitalista. Se alguem ainda tem dúvidas e ilusões, basta acompanhar a situação econômica do que ainda resta deste sistema: Cuba e Coreia do Norte. A China, naturalmente, é o velho e execrável capitalismo selvagem, cuja capacidade de criar riquezas somente é comparável a rapidez e ferocidade com que ela se concentra nas mãos de poucos, no caso a nomenclatura e amigos dos comunistas locais.
A conclusão é obvia: o capitalismo ainda é o sistema econômico menos ruim, mas requer reformas urgentes para resolver as mazelas sociais que não são, ao contrário do que se afirma em Perdizes, por ex, um resultado lógico e incortonável do seu bom funcionamento.