Rogério Gentile, na pagina 2 da Folha, levanta uma questão importante: a responsabilidade do poder público na tragédia de Santa Catarina e outras semelhantes. Ocupação desordenada do solo e, principalmente, de áreas de risco somente ocorrem poque são, tacitamente, aceitas pelo poder público. A classe social do ocupante não parece ser o elemento determinante - o elemento comum é a pratica do fato consumado.
A construção de prédios desrespeitando a legislação, a ocupação e construção em áreas de risco, são apenas alguns exemplos de praticas guiadas pelo individualismo que simplesmente ignoram o bem comum, contando sempre com a compreensão do poder público. Afinal, como bem lembra o Coordenador da Defesa Civil de Santa Catariana “as pessoas precisam morar”, mesmo em áreas que são sabidamente de risco, pois segundo o nosso filosofo catarinense , ninguem estaria disposto a retira-las a força, se necessário, para evitar uma tragedia no futuro, uma verdadeira morte anunciada.
“Quero ver quem é que vai fazer”?, antes de ser um pedido de demissão, como sugere o Gentile, é um reconhecimento da realidade política nacional: ninguem parece estar disposto a dizer não, seja ele o professor da escola pública ou outro funcionário público. O preço que se paga por esse consenso burro, não raro, é caro. Esta na hora de muda-lo e do poder público cumprir sua função para preservar vidas.