Em geral um analista ponderado e isento, L.C.Mendonça de Barros, em seu artigo de hoje na Folha, vestiu definitivamente a camisa partidaria e substituiu o cerebro pelo figado. Isto para não mencionar a amnesia seletiva: ele critica a todos, exceto os governadores, com isto evita criticar as medidas do Serrágio. É ingenuidade, para usar uma palavra menos dura, achar que em algum momento o agente político( prefeito, governador e presidente) coloque de lado o impacto político de decisões econômicas sobre sua base eleitoral. Seria uma demonstração de total irracionalidade, dai não fazer o menor sentido afirmar que o " o governo deixou de lado o discurso racional dos últimos anos". É estranho, também, incluir redução de impostos, como medida anti-ciclica, sem a necessaria qualificação: em um cenário com alto endividamento de familias e empresas, o aumento da renda disponível, não necessariamente, implica em aumento de consumo, mas em redução de dividas e, pelo lado do governo, em diminuição da capacidade de aumentar gastos, devido a diminuição de receita. Pelo jeito ele é o único que ainda leva a serio a Reagan´s economics.
No mesmo jornal, um outro bom analista, Torres Freire, aparentemente sem assunto ou chocado com as boas noticias que não teve tempo de ler, navega entre a ironia e o sarcasmo( uma arte que ele pensa dominar, mas não domina) e preconceito de classe, para criticar as medidas do governo federal.
Os últimos dados publicados, em relação ao varejo, são positivos e motivos para comemoração. Contudo, ainda é cedo para afirmar que o pior já passou, mas já é possível afirmar que o poço era menos fundo que o desejado pela turma do quanto pior melhor.
Para não falarem que sou do contra e que estou caindo no mesmo vicio do Mendonça de Barros,..., gostei e concordo com a avaliação do Borges, da LCA Consultores: "é covardia comparar qualquer indicador deste ano com o mesmo período do ano passado. A economia se retraiu muito com a crise. A questão agora é avaliar a conjuntura atual".