sábado, 31 de outubro de 2009

The Refugees, Randall Jarrell

In the shabby train no seat is vacant.
The child in the ripped mask
Sprawls undisturbed in the waste
Of the smashed compartment. Is their calm extravagant?
They had faces and lives like you. What was it they possessed
That they were willing to trade for this?
The dried blood sparkles along the mask
Of the child who yesterday possessed
A country welcomer than this.
Did he? All night into the waste
The train moves silently. The faces are vacant.
Have none of them found the cost extravagant?
How could they? They gave what they possessed.
Here all the purses are vacant.
And what else could satisfy the extravagant
Tears and wish of the child but this?
Impose its canceling terrible mask
On the days and faces and lives they waste?
What else are their lives but a journey to the vacant
Satisfaction of death? And the mask
They wear tonight through their waste
Is death's rehearsal. Is it really extravagant
To read in their faces: What is there we possessed
That we were unwilling to trade for this?

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Indigência intelectual

Relações internacionais é um tópico novo e ainda discutido por poucos no grande bananão. Conceitos como " Política de Estado" e " Interesse Nacional" ainda não fazem parte do vocabulário da elite bem pensante brasileira. O "debate" sobre a entrada da Venezuela no Mercosul é um bom exemplo desse estado de indigência intelectual na discussão sobre a política externa brasileira. A admissão da Venezuela deve ser vista como parte da estratégia de afirmação da liderança brasileira na área abaixo do Mexico e demonstração que o Brasil consegue colocar ordem no seu próprio quintal. A inclusão no Mercosul é o melhor meio para resolver o problema. Achar que isto implica em afirmação do poder do Chaves é mais um desejo, que o resultado de uma análise bem fundamentada da longa tradição de excelência da diplomacia brasileira.

A reação da Folha é mais uma prova da existência do complexo de "patinho feio" da elite do grande bananão que, devido a ausência de uma boa formação academica na área, insiste em jogar contra os interesses do país. Ela tem muito a aprender com as elites do outro lado do Rio Grande e da Velha Europa. Uma temporada de estudos em instituições onde são treinadas as elites da diplomacia mundial parece ser o melhor caminho para a superação desse complexo. St Antony´s College,Oxford, por experiência própria, seria uma boa opção.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Impérios

Finalmente algum bom sinal vindo do Império: by, by recessão..., porém e há sempre um porém, isto não implica que eles estão a caminho do paraiso. A fase critica será o período pós medidas emergencias, ou seja o retorno a normalidade e definir com precisão o momento adequado desse retorno. E isto esta longe de ser uma tarefa fácil e é ai que mora o perigo.

Enquanto isto a Dama de Ferro alemã esta embarcando em uma política fiscal temerosa diante da sua atual situação fiscal: corte de impostos é sempre bem vindo, mas neste caso parece ser um tiro no próprio pé. É ver para crer...

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

The Relationship Between Exchange Rates and Inflation Targeting Revisited

Resumo do paper do Sebastian Edwards mencionado em outro post.

"This paper deals with the relationship between inflation targeting and exchange rates. I address three specific issues: first, I analyze the effectiveness of nominal exchange rates as shock absorbers in countries with inflation targeting. This issue is closely related to the magnitude of the "pass-through" coefficient. Second, I investigate whether exchange rate volatility is different in countries with an inflation targeting regime than in countries with alternative monetary policy arrangements. And third, I discuss whether the exchange rate should play a role in determining the monetary policy stance under inflation targeting. An alternative way of posing this question is whether the exchange rate should have an independent role in an open economy Taylor rule."

para acessar o paper clique aqui

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Willianson, FMI e Brasil

Como se diz: quem te viu, quem te ve... quem diria, alguns tigres perdem as listas.


A ação brasileira ao impor um tributo sobre certas formas de fluxo de capital estrangeiro, a fim de controlar a alta da moeda do país, tem grande importância, prática e simbólica.
O valor simbólico está no fato de que a decisão sinaliza o fim da era em que os mercados emergentes viviam enamorados dos financiamentos estrangeiros e na expressão de uma disposição de agir para moderar fluxos de capital externo. Em termos práticos, a importância está na ampliação do arsenal de que os países podem dispor para moderar o superaquecimento de suas economias. O caso serve como boa ilustração do tipo de medida que as autoridades econômicas podem usar para deter um superaquecimento incipiente nos preços dos ativos.
A resposta do FMI (Fundo Monetário Internacional) à medida foi cálida ou até ligeiramente negativa. Um importante dirigente da instituição afirmou que "esse tipo de imposto oferece alguma margem de manobra, mas nem tanto, e por isso os governos não deveriam se sentir tentados a postergar ajustes mais fundamentais. Em segundo lugar, implementar esse tipo de taxa é muito complexo, porque ela precisa ser aplicada a todos os possíveis instrumentos financeiros"; ele acrescentou que esse tipo de imposto se havia provado "poroso" em diversos países.
A resposta é decepcionante não porque esteja errada, mas porque reflete que a abordagem intelectual do FMI quanto à globalização das finanças continua a mesma. Essa abordagem sempre envolveu desaprovação implícita a esse tipo de medida, por meio de apelos aos países para que tomem medidas complementares (melhor governança empresarial, reforço de regulamentações financeiras etc.), a fim de preservar influxos estrangeiros, que o FMI vê como sacrossantos.
Para os países de mercado emergente, o problema vem sendo o de que nem sempre é fácil implementar medidas como essas em curto prazo, de modo que a questão prática premente do que fazer quanto aos influxos excessivos persiste, e não há muita orientação do FMI quanto a respostas.
Taxas sobre os fluxos de capital têm seus problemas, mas isso não é argumento contra elas. Nenhuma pessoa sensata acredita que taxas não devam ser impostas porque podem ser, e serão, sonegadas. Em lugar disso, seria necessário procurar as melhores maneiras de ordenar essas medidas (a base deveria ser o preço ou a quantidade?
Que espécie de influxo deve ser visado preferencialmente, para títulos de dívida ou de capital? Qual é a duração mais efetiva para essas limitações? Quando elas devem ser retiradas?), de modo a que os benefícios sejam maximizados, e os riscos, minimizados.
Em lugar de continuar recebendo medidas como essa com um banho de água fria, o FMI deveria considerar que elas oferecem uma oportunidade intelectual. Deveria continuar a apoiar os países em sua busca de fluxos de capital mais abertos, como objetivo estrutural, de longo prazo. Mas também é preciso que reconheça que surtos de alta no fluxo de capitais podem representar um sério desafio macroeconômico, capaz de requerer resposta cíclica diferenciada.
Para os mercados emergentes, o arsenal de medidas de política econômica contra crises futuras precisa abarcar medidas de restrição em forma contracíclica do crescimento de crédito e do endividamento, especialmente as altas no influxo de capital. O motivo mais importante para que o FMI leve a sério a medida tomada pelo Brasil se refere a ideologia e narrativa.
Se a crise mundial deriva, em parte, de um sistema de crenças que elevava de maneira indevida o status das finanças, o FMI contribuiu, de forma explícita ou implícita, para que fosse santificado o capital estrangeiro. Isso impôs um custo pesado, e subestimado, aos países de mercado emergente: caso tomassem medidas de restrição ao fluxo de capital, corriam o risco de ser vistos como avessos ao livre mercado e imprudentes em suas políticas econômicas.
Ao reconhecer que, em certos casos, limitações sensatas aos fluxos podem ser uma resposta de política econômica pragmática e razoável, o Fundo eliminaria o estigma de aversão ao livre mercado que ações como as empreendidas pelo Brasil correm o risco de sofrer.
De fato, o medo desse estigma fica evidente na recente medida brasileira: as magnitudes são pequenas, e o Brasil vem se esforçando por enfatizar a natureza temporária das limitações e as duas coisas fazem com que o mercado leve a medida menos a sério, o que prejudica sua eficiência.
Caso o estigma não existisse, o imposto sobre o fluxo poderia ter sido definido de forma melhor e aplicado com mais confiança, a fim de garantir sua efetividade. O mundo precisa de uma abordagem menos doutrinária quanto aos influxos de capital estrangeiro. Ajudar o Brasil em sua decisão, em lugar de divulgar uma resposta negativa, sinalizaria que o FMI está desempenhando papel construtivo para facilitar essa mudança.

ARVIND SUBRAMANIAN e JOHN WILLIAMSON são pesquisadores sênior do Instituto Peterson de Economia Internacional.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Sistema hibrido

A discussão é sobre o que fazer para evitar a continua valorização do real, mas ela deixa na sala um grande elefante: afinal é um sistema de metas de inflação ou um sistema de metas de câmbio? É possível conciliar os dois sistemas, criando um sistema hibrido? São questões importantes,mas que, aparentemente, os defensores de um sistema de metas de cambio, preferem igonar.

Enquanto essas questões não forem discutidas abertamente, ficaremos nesta papo feijão com arroz que em nada avança na solução do problema.

domingo, 25 de outubro de 2009

sábado, 24 de outubro de 2009

The Naming Of Cats , T. S. Eliot

The Naming of Cats is a difficult matter,
It isn't just one of your holiday games;
You may think at first I'm as mad as a hatter
When I tell you, a cat must have THREE DIFFERENT NAMES.
First of all, there's the name that the family use daily,
Such as Peter, Augustus, Alonzo or James,
Such as Victor or Jonathan, George or Bill Bailey--
All of them sensible everyday names.
There are fancier names if you think they sound sweeter,
Some for the gentlemen, some for the dames:
Such as Plato, Admetus, Electra, Demeter--
But all of them sensible everyday names.
But I tell you, a cat needs a name that's particular,
A name that's peculiar, and more dignified,
Else how can he keep up his tail perpendicular,
Or spread out his whiskers, or cherish his pride?
Of names of this kind, I can give you a quorum,
Such as Munkustrap, Quaxo, or Coricopat,
Such as Bombalurina, or else Jellylorum-
Names that never belong to more than one cat.
But above and beyond there's still one name left over,
And that is the name that you never will guess;
The name that no human research can discover--
But THE CAT HIMSELF KNOWS, and will never confess.
When you notice a cat in profound meditation,
The reason, I tell you, is always the same:
His mind is engaged in a rapt contemplation
Of the thought, of the thought, of the thought of his name:
His ineffable effable
Effanineffable
Deep and inscrutable singular Name

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Ainda a última médida do setor externo

Retomando o post de ontem: um amigo me informa que na Fazenda tem ótimos profissionais nesta área, dai não ter procedência chamar por profissionais, eles já estariam lá. Não tenho por que discordar da opinião deste amigo, mas não me parece que esses profissionais estão sendo ouvidos. Minha avaliação quanto a eficácia da medida, não é muito diferente da expressa pelo L.C.Mendonça de Barros no artigo abaixo. Ele é do partido da oposição, mas também é um ótimo economista.


Volto mais uma vez à questão da valorização do real. Finalmente o governo resolveu agir para tentar estancar -ou pelo menos reduzir- a queda do dólar em relação à nossa moeda. O leitor da Folha já conhece meu pensamento em relação a esse assunto. Discordo dos analistas que não consideram isso um problema e me preocupo muito com o fortalecimento do real. Principalmente enquanto durar a posição atual da China em relação à sua moeda e a política monetária do Federal Reserve nos Estados Unidos.
Portanto parece-me correta a posição do ministro Guido Mantega de tentar interferir na formação da taxa de câmbio. Vivemos um período em que as autoridades de economias importantes estão atuando nos mercados de câmbio. O yuan chinês, mantido artificialmente constante em relação ao dólar, é, de longe, o fator externo mais relevante por trás da valorização do real e de outras moedas de países emergentes.
No caso da China, o mecanismo de defesa do yuan é simples: o banco central chinês compra qualquer quantidade de dólares que entra no país mantendo fixa a cotação de sua moeda em relação ao dólar norte-americano. Para viabilizar esse sistema de câmbio fixo, conta com mecanismos institucionais que tentam impedir a entrada de capitais financeiros de curto prazo.
Além disso, o sistema está ancorado em alta geração de poupança interna, minimizando os riscos inflacionários dessa política. Acredito que apenas em 2010, quando a recuperação chinesa estiver consolidada, vá ocorrer uma valorização do yuan e uma redução na pressão sobre outras moedas, como o real. Já no caso norte-americano, a influência do Fed na manutenção do dólar fraco é mais sutil: os juros quase a zero fazem com que os especuladores tomem dinheiro emprestado em dólares e os troquem por outras moedas como o real. Apenas com a retomada da normalidade da política monetária norte-americana é que vai desaparecer essa fonte temporária de desvalorização do dólar perante quase todas as outras moedas. Coisa também para 2010, talvez já no fim do primeiro semestre.
Minha intuição diz que o valor do dólar norte-americano, quando essas duas forças forem retiradas, será próximo a R$ 1,80. Enquanto elas permanecerem, não descarto a hipótese de vermos a moeda norte-americana sendo negociada a R$ 1,60. Por isso, acredito que uma intervenção do governo nesse período faça sentido.
Se concordo com a preocupação do ministro Mantega, discordo frontalmente do instrumento escolhido por ele para enfrentar esse problema. Uma primeira crítica é que essa medida isolada não tem a menor chance de ter sucesso, pois o Banco Central acredita na teoria do câmbio flutuante puro. E, sem o engajamento do Banco Central nesse difícil combate, as chances de sucesso são inexistentes.
Em segundo lugar, na forma como foi definido o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) pelo Ministério da Fazenda, será fácil para as instituições financeiras evitá-lo. A própria imprensa trouxe ontem um cardápio de dez alternativas para tanto. Com o pagamento de uma taxa inferior a 1% a um intermediário financeiro, pode-se evitar o pagamento do IOF. Nessa hipótese, teríamos o pior dos mundos: a criação de um custo adicional para os investimentos financeiros no Brasil sem que o Tesouro Nacional se beneficie pela arrecadação de impostos

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Profissionais, please

A última medida do governo para o setor externo não resolve o problema da valorização do real, encarece o custo de capital de algumas empresas - não das grandes -, enfraquece ainda mais o já anâmico mercado de capitais brasileiro o que leva a inevitável questão: qual o objetivo da medida? Um sinal que o Brasil, enquanto país emergente não está nada satisfeito com a performance do dolar no mercado mundial, seria esta a razão?

Nada tenho contra alguma forma de controle - na entrada - dos capitais de curto prazo e reconheço que a valorização do real seguramente não é o melhor para a economia brasileira, portanto medidas corretivas são necessárias, mas isto requer um conhecimento minímo do funcionamento desse mercado. É terrível reconhecer que a atual equipe na Fazenda não parece estar preparada para enfrentar o problema. O momento requer bons profissionais...

update: O FT em editorial elogia a medida em razão do risco de bolhas. não me parece ser o caso, tão pouco este foi o motivo que levou o governo a impor um IOF de 2%.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A última medida para o setor externo...

A Folha publicou hoje 3 artigos sobre a última medida do governo para a área externa. O artigo do Cardim não é nada convincente o que é estranho, já que ele é um dos melhores economistas da linha pós-keynesiana. Gostei do artigo do Alexandre "eram os deuses os astronautas" e do Lacerda, meu colega do Depto de Economia da PUC-SP. Ainda não tenho uma posição definida sobre a medida, mas os pontos abordados nos dois artigos me parecem corretos. Tenho dúvidas em relação a necessidade do aumento do juros "antes do que seria necessário", posição defendida pelo Alexandre. Lacerda tem razão ao argumentar contra a inexorabilidade deste aumento, mas acho que, dependendo do andamento da economia brasileira, ele poderá vir a ser a necessário. Quando é a minha grande dúvida.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Mais piadas sobre economia e economistas

Economia é o único campo onde duas pessoas podem ganhar um Prêmio Nobel dizendo exatamente coisas opostas.
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Um matemático, um contador e um economista se candidataram para o mesmo emprego.
O entrevistador chamou o matemático e perguntou "Quanto é 2 + 2 ?". O matemático respondeu. "Quatro". "Mas quatro exatamente ?", indagou o entrevistador. O matemático olhou surpreso para o entrevistador e disse "Sim, quatro, exatamente."
Chamou o contador e perguntou a mesma questão: "Quanto é dois mais dois ?". O contador disse: "Na média 4, acrescente ou tire 10%, mas na média é quatro."
Por último chamou o economista. "Sr. Economista, quanto é dois mais dois ?". O economista levantou, trancou a porta, fechou a cortina, sentou próximo ao entrevistador e perguntou: "Diga-me uma coisa...o que você quer igualar?"
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Sete razões para estudar Economia:
1. Economistas são armados e perigosos: "Cuidado com nossas mãos invisíveis !"
2. Economistas podem ofertar quando são demandados.
3. Você pode falar de dinheiro sem sempre ter de fazer dinheiro em alguma coisa.
4. Mick Jagger e Arnold Schwarzenegger estudaram economia e veja no que se tornaram.
5. Quando você está na fila de desempregados, ao menos você sabe porque você está lá.
6.Embora a Ética ensine que a virtude tem sua própria recompensa, na Economia nós aprendemos que a recompensa tem sua própria virtude.
7. Quando você está bêbado você pode falar para todo mundo que você está apenas pesquisando a lei da utilidade marginal decrescente.
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Economistas só fazem sexo com modelos.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Bresser Pereira e o MST

Desta vez o Bresser Pereira superou todas as minhas expectativas: o artigo é excelente, um clássico. É o Velho Mestre que sempre admirei...


Há uma semana, duas queridas amigas disseram-me da sua indignação contra os invasores de uma fazenda e a destruição de pés de laranja. Uma delas perguntou-me antes de qualquer outra palavra: "E as laranjeiras?" -como se na pergunta tudo estivesse dito.
Essa reação foi provavelmente repetida por muitos brasileiros que viram na TV aquelas cenas. Não vou defender o MST pela ação, embora esteja claro para mim que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra é uma das únicas organizações a, de fato, defender os pobres no Brasil. Mas não vou também condená-lo ao fogo do inferno. Não aceito a transformação das laranjeiras em novos cordeiros imolados pela "fúria de militantes irracionais".
Quando ouvi o relato indignado, perguntei à amiga por que o MST havia feito aquilo. Sua resposta foi o que ouvira na TV de uma das mulheres que participara da invasão: "Para plantar feijão". Não tinha outra resposta porque o noticiário televisivo omitiu as razões: primeiro, que a fazenda é fruto de grilagem contestada pelo Incra; segundo, que, conforme a frase igualmente indignada de um dos dirigentes do MST publicada nesta Folha em 11 deste mês, "transformaram suco de laranja em seres humanos, como se nós tivéssemos destruído uma geração; o que o MST quis demonstrar foi que somos contra a monocultura".
Talvez os dois argumentos não sejam suficientes para justificar a ação, mas não devemos esquecer que a lógica dos movimentos populares implica sempre algum desrespeito à lei. Não deixa de ser surpreendente indignação tão grande contra ofensa tão pequena se a comparamos, por exemplo, com o pagamento, pelo Estado brasileiro, de bilhões de reais em juros calculados segundo taxas injustificáveis ou com a formação de cartéis para ganhar concorrências públicas ou com remunerações a funcionários públicos que nada têm a ver com o valor de seu trabalho.
Por que não nos indignarmos com o fenômeno mais amplo da captura ou privatização do patrimônio público que ocorre todos os dias no país? Uma resposta a essa pergunta seria a de que os espíritos conservadores estão preocupados em resguardar seu valor maior -o princípio da ordem-, que estaria sendo ameaçado pelo desrespeito à propriedade.
Enquanto o leitor pensa nessa questão, que talvez favoreça o MST, tenho outra pergunta igualmente incômoda, mas, desta vez, incômoda para o outro lado: por que os economistas que criticam a suposta superioridade da grande exploração agrícola e defendem a agricultura familiar com os argumentos de que ela diminui a desigualdade social, aumenta o emprego e é compatível com a eficiência na produção de um número importante de alimentos não realizam estudos que demonstrem esse fato?
A resposta a essa pergunta pode estar no Censo Agropecuário de 2006: embora ocupe apenas um quarto da área cultivada, a agricultura familiar responde por 38% do valor da produção e emprega quase três quartos da mão de obra no campo.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, nesta Folha listou esses fatos e afirmou que uma "longa jornada de lutas sociais" levou o Estado brasileiro a reconhecer a importância econômica e social da agricultura familiar. Pode ser, mas ainda não entendo por que bons economistas agrícolas não demonstram esse fato com mais clareza. Essa demonstração não seria tão difícil -e talvez ajudasse minhas queridas amigas a não se indignarem tanto com as laranjeiras.

domingo, 18 de outubro de 2009

sábado, 17 de outubro de 2009

Noite de São João, Pedro Nava

São João São João



o sol quebrando em mil pedaços
caiu na terra



mil fogueiras pondo na noite
chios
e chispas
fiáus
e rechinos



Noite de São Joões-balões
noite cheia de fogueiras
e vem-cá-bitus



Noite lanhada de fogo
noite cristã
como sacis unhando panças pretas
cachimbando na barriga dos balões
saltitando no fogo vivo dos tições



Noite de buscapé
(do buscapé-pé-PÉ
que corre tanto
e como tonto
volta
e vira
em viravoltas rentes raspando o chão)



e o vento agudo



e uma navalha zás-trás
recortando bandeiras em tiras
em faixas finas
serpentes serpentinas



(um novelo assanhado de serpentes
acorda nas fogueiras
e elas se espicham tesas
e suas línguas acesas
lambem as folhas frescas
largas langues das bananeiras)



São João São João



e o frio tão frio
que a própria lua nua tem frio
e devagar a vagarosa
escorrega pelos cipós
e se esgueira
na pontinha dos pés
— Psiu!
pra quentar na minha fogueira

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Mendonça de Barros e a recuperação econômica

Ótimo artigo do Luiz Carlos Mendonça de Barros sobre a recuperação da economia mundial. Concordo com a avaliação geral apresentada, exceto em relação aos Estados Unidos. A recuperação lá esta sendo melhor que o esperado, contudo, ainda é cedo para fazer um julgamento tão otimista. O período pós medidas emergencias e a própria duração delas ainda é uma grande incognita e sujeito a chuvas e trovoadas. Não resta dúvida que a economia de mercado - em suas várias e diferentes formas - mostrou se mais robusta que o espantalho criado pelos seus críticos, porém, e há sempre um porem, ainda é cedo para abrir um bom espumante para comemorar a robustez do modelo americano.


O ano de 2009 2009 vai mostrar um quadro econômico bastante diverso do previsto pela maioria dos analistas no calor da crise econômica. Estados Unidos e Europa devem crescer, respectivamente, 3,5% e 2,5% ao ano no segundo semestre, deixando para trás um período de quatro trimestres de recessão. Embora essa recuperação não seja suficiente para compensar as perdas anteriores, hoje é razoável dizer que a volta sustentada do crescimento econômico é a hipótese mais provável.
No mundo emergente, a recuperação é ainda mais clara. O que tem surpreendido é a rapidez da volta dos indicadores aos níveis anteriores a setembro do ano passado. Na China, as vendas ao varejo e a produção industrial ultrapassaram com larga margem os valores anteriores à quebra do Lehman Brothers.
O mesmo comportamento ocorreu em outros países como a Coreia e a Índia. Mas o Brasil é o que mais chama a atenção. A volta do emprego aos índices pré-crise é uma jabuticaba brasileira.
Mais importante do que os números em si é o fato de que alguns fantasmas que andaram assombrando nos últimos meses estão sendo exorcizados. Os mais marcantes foram a volta da funcionalidade do mercado de crédito, a normalização dos estoques em setores importantes como o de bens de consumo e imóveis residenciais e o comportamento menos histérico do consumidor, principalmente o norte-americano, na redução de seus níveis de consumo.
A recuperação dos mercados de bônus corporativos privados compensou o corte brutal da oferta de crédito bancário, de maneira que nos primeiros nove meses deste ano a oferta total de crédito (a soma dos dois) é 4% superior à do mesmo período de 2008. Não há falta de financiamento para as empresas de maior porte, que estão com um nível de caixa em valores recordes.
São as empresas médias e pequenas que sofrem com a retração dos bancos, pois não têm acesso ao mercado de títulos de crédito. Mas essa é uma dinâmica clássica das economias de mercado que só será alterada com a estabilização do sistema bancário ao longo do próximo ano.
Já a normalização dos estoques, em um momento em que o consumo privado começa a crescer novamente, está levando as empresas a aumentar sua produção. Dentro da dinâmica normal, teremos pouco mais à frente uma normalização do mercado de trabalho, embora com índices de desemprego ainda elevados. Da mesma forma, a paralisação da atividade da construção imobiliária ao longo de 2009 criou as condições para a desova dos estoques acumulados devido ao pânico. Com isso, nota-se em alguns mercados importantes a estabilização dos preços e uma volta, ainda que tímida, da atividade da construção.
Finalmente, o consumidor está voltando às compras, movimento- -chave para a redução dos estoques acima citados e a volta da atividade econômica. No segundo trimestre deste ano, as vendas ao varejo nos Estados Unidos caíram a uma taxa anual de 4,1%, ficaram praticamente estáveis no terceiro e devem crescer neste quarto trimestre.
Talvez o maior potencial de surpresa positiva nos próximos meses -a despeito dos obstáculos estruturais ainda existentes- seja a sustentação de um ritmo acelerado de crescimento nos Estados Unidos e na Europa.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Gripe e sinusite

Deve ser o efeito da gripe e da sinute que em ataque conjunto e simultaneo debilita, ainda mais, a minha já reduzida capacidade de seguir sofisticadas análises econômicas. Esta não é uma sensação nova, na verdade ela já apareceu diversas vezes, ai incluindo quando estudava os "papers" do ganhador do Nobel de Economia deste ano. Confessei, inclusive, minha dificuldade para um membro da minha banca de doutorado, que cobrou a escassa menção, na dissertação, ao trabalho do dito cujo. Li também o livro, mas pouco ajudou. Ele merece o premio? Julgando pelas citações de autores de diversas linhas de pensamento diria que sim. Quanto a mulher com quem ele divide o premio, confesso que nunca havia ouvido menção ao seu nome antes da premiação que a torna famosa. Será por 15 minutos? Não faço a menor idéia.

Voltando ao que estava dizendo,..., realmente acho que o "alexandre eram os deuses os astronautas" força um pouco a barra no último paragrafo do seu artigo de hoje no jornal da Ditabranda. O raciocinio não esta incorreto, apenas coloca de lado alguns passos importantes, e assume uma conclusão mecanica, que em nada o diferencia daqueles que ele, com razão, critica. É o risco que se corre ao substituir o raciocinio econômico pelo político. Ninguem está imune a esta tentação, não raro, irresistível.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Não se chuta cachorro morto

Ainda fazia o mestrado em economia, era o day after do plano cruzado e a diversão era fazer piadas sobre a derrocada daquele que havia sido, por um longo período de tempo, o grupo mais influente de "economistas"( as aspas porque nem todos de fato eram economistas) brasileiros. O velho mestre, não achou graça nenhuma e comentou que eles estavam em baixa - o que já sabiamos - e dificilmente recuperariam o prestigio e influência do passado. Ele não usou a expressão - não era necessário -, mas o recado foi claro: não se chuta cachorro morto.

Sempre lembro deste evento e hoje, ao ler noticia sobre as previsões do PIB para 2009 e 2010, não foi diferente. É claro que o mercado esta longe de ser um cachorro morto - muitopelo contrário. Tão pouco os "mercadistas" encontram-se nesta situação. O mesmo, naturalmente, não se aplica aos marxistas: já se encontravam em estado terminal( exceto todo sabem onde...) antes da crise e, agora, no day after mostram-se totalmente irrelevantes e incapazes de apresentar qualquer análise minimamente coerente sobre a economia brasileira. Dos mercadistas nada espero, afinal a função deles é defender sempre e em qualquer circunstância a opinião que interessa a quem lhes paga o salário. Fora do trabalho a opinião deles muda, as vezes, radicalmente. Já os marxistas mantem a coerência em qualquer ambiente, o problema é que ela é sempre a reafirmação de um conjunto, bem conhecido, de equivocos sobre a economia brasileira. Alias, ainda não li nenhum trabalho do grupo marxista brasileiro que faça justiça a qualidade desta importante tradição intelectual da civilização ocidental. Surpreso! Somente um reacionário e picado pelo virus do anti-intelectualismo excluiria o marxismo da nossa civilização ocidental e cristã. Sim, cristã, falo sério.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Assassinato de carater...

Dia da Padroeira, aproveito para curtir um "dolce far niente" e repor as energias depois de haver sido objeto de mais uma campanha de "assassinato de carater", forma comum de assedio moral, empreendida por um grupo de pessoas, como sempre, muito bem intencionadas. Aprendi com um velho mestre que este é o preço que se deve estar disposto a pagar para expressar sem medo sua opinião e defender a busca pela verdade, razão de ser do trabalho intelectual. Defender a liberdade de se expressar daquele que pensa diferente é o melhor teste para saber se alguem realmente sabe o significado da expressão liberdade de pensamento. Como nos ensina a grande marxista Rosa Luxemburgo " liberdade apenas para os partidários do governo, apenas para os membros do partido, por muitos que sejam, não é liberdade. A liberdade é sempre a liberdade para o que pensa diferente". Substituia "governo" e "membros do partido", pelas palavras adequadas a cada caso concreto e obtem-se uma regra de ouro, que infelizmente aguerridos militantes de diferentes causas e interesses, insistem em ignorar.

domingo, 11 de outubro de 2009

sábado, 10 de outubro de 2009

Lovers' Infiniteness , John Donne

If yet I have not all the love,
Dear, I shall never have it all,
I cannot breathe one other sigh, to move,
Nor can entreat one other tear to fall.
All my treasure, which should purchase thee,
Sighs, tears, and oaths, and letters I have spent,
Yet no more can be due to me,
Than at the bargain made was meant.
If then thy gift of love were partial,
That some to me, some should to others fall,
Dear, I shall never have thee all.

Or if then thou gavest me all,
All was but all, which thou hadst then;
But if in thy heart, since, there be or shall
New love created be, by other men,
Which have their stocks entire, and can in tears,
In sighs, in oaths, and letters outbid me,
This new love may beget new fears,
For, this love was not vowed by thee.
And yet it was, thy gift being general,
The ground, thy heart is mine; whatever shall
Grow there, dear, I should have it all.

Yet I would not have all yet,
He that hath all can have no more,
And since my love doth every day admit
New growth, thou shouldst have new rewards in store;
Thou canst not every day give me thy heart,
If thou canst give it, then thou never gav'st it;
Love's riddles are, that though thy heart depart,
It stays at home, and thou with losing sav'st it:
But we will have a way more liberal,
Than changing hearts, to join them, so we shall
Be one, and another's all.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Science Saturday: Economics as Science



Do economists misunderstand the significance of falsifiability? (06:45)
Embarrassing undergrad econ textbooks (05:52)
The predictive power (or lack thereof) of economic theory (08:55)
Are financial crises unavoidable? (04:45)
In search of unambiguous successes of modern economics (08:50)
When is idealization over-idealization? (09:47)

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

The G-20’s Empty Promises

Interessante artigo do Feldstein sobre o G20. Mais uma leitura obrigatória.




Talk about “exit strategies” will be high on the agenda when the heads of the G-20 countries gather in Pittsburgh a few days from now. They will promise to reverse the explosive monetary and fiscal expansion of the past two years, to do it neither too soon nor too late, and to do it in a coordinated way.

These are the right things to promise. But what will such promises mean?

Consider first the goal of reversing the monetary expansion, which is necessary to avoid a surge of inflation when aggregate demand begins to pick up. But it is also important not to do it too soon, which might stifle today’s nascent and very fragile recovery.

But promises by heads of government mean little, given that central banks are explicitly independent of government control in every important country. The US Federal Reserve’s Ben Bernanke, the Bank of England’s Mervyn King, and the European Central Bank’s Jean-Claude Trichet will each decide when and how to reverse their expansionary monetary policies. Bernanke doesn’t take orders from the US president, and King doesn’t take orders from the British prime minister (and it’s not even clear who would claim to tell Trichet what to do).

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quarta-feira, 7 de outubro de 2009

How big are fiscal multipliers?

Tópico ainda controverso e fundamental para a minização dos efeitos da crise econômica e para o período subsequente. Leitura, naturalmente, obrigatória.

As fiscal stimulus packages were hastily put
together around the world last spring, one could
not have been blamed for thinking that there
must be some broad agreement in the profession
regarding the size of the fiscal multipliers. Far from it.
In a January 2009 Wall Street Journal op-ed piece,
Robert Barro argued that peacetime fiscal multipliers are
essentially zero. At the other extreme, Christina Romer,
Chair of President Obama's Council of Economic
Advisers, used multipliers as high as 1.6 in estimating
the job gains that will be generated by the $787 billion
stimulus package approved by Congress last February.
The difference between Romer's and Barro's views of
the world amounts to a staggering 3.7 million jobs by
the end of 2010.
If anything, the uncertainty regarding the size of fiscal
multipliers in developing and emerging markets is
even higher. Data is scarcer and often of dubious quality.
A history of fiscal profligacy and spotty debt repayments
calls into question the sustainability of any fiscal
expansion. How does this financial fragility affect the
size of fiscal multipliers? Does the exchange regime
matter? What about the degree of openness? These are
all critical policy questions that remain largely unanswered.

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terça-feira, 6 de outubro de 2009

Pelas bandas de perdizes...

A crise no Brasil já é parte da historia econômica e pode ser o ponto de partida para constituição de um novo poder neste lado do atlantico. Ainda é cedo, reconheço, mas a tão criticada e atacada política externa da atual administração, apesar de alguns equivocos, tem se mostrado bastante eficaz em aumentar o prestigio do Brasil. Um outro fato que ajuda é o sucesso da política econômica que permitiu uma recuperação bem rapida da economia brasileira. É bom lembrar, que ela tambem foi amaldiçoada pelos mesmos criticos da política externa.Principalmente a atuação do Bacen, que se não foi uma Brastemp, teve, no entanto, papel importante. Este grupo de criticos conseguiu a proeza de errar feio na analise da política econômica e da política externa. É um feito histórico, mas não único, do marxismo que ainda faz sucesso( até quando?) pelas bandas de perdizes.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Bresser Pereira e a ditadura...

Lamentável e triste. Poderia pensar em outras palavras, mas vou ficar com as duas. O artigo abaixo do Bresser Pereira é uma defesa equivocada da relação entre desenvolvimento econômico(capitalista) e democracia e acaba por justificar a ditadura brasileira e outras tantas mundo afora. É um argumento antigo e que foi rebatido com maestria pelo A.Sen e pela história de varios países. Democracia é sim um valor universal e resultado da luta dos sem direitos, dos deserdados da terra por seus direitos. Melhor ler Rosa Luxemburgo, Sen e os textos da Doutrina Social Católica.


Se a OEA (Organização dos Estados Americanos) lograr acordo que garanta o retorno de Manuel Zelaya à Presidência de Honduras e, em seguida, a realização de eleições, teremos afinal chegado a um bom resultado para a democracia na América Latina não será, porém, um avanço no sentido da autonomia nacional dos países latino-americanos. Existe aqui um conflito entre o ideal de democracia e o de não intervenção. Os indivíduos precisam ser livres, e as nações, soberanas. Que fazer diante desse dilema? Ignorar um golpe antidemocrático, e, assim, desrespeitar o princípio da não intervenção, ou reafirmar esse princípio? Ter uma garantia contra o autoritarismo interno ou contra o imperialismo inerente aos países mais poderosos?

Em um tempo em que a democracia se tornou um valor universal, pode parecer evidente que sua garantia tem precedência sobre o princípio da soberania nacional. Não estou, entretanto, seguro a respeito dessa tese. Como também não deveria estar seguro o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que, agora, cobra o restabelecimento da democracia. Em 2002, ele sofreu um golpe com participação dos Estados Unidos no qual a justificativa era que seu governo não era democrático.

A política de exigência internacional de democracia nasceu de uma mudança da estratégia de poder dos Estados Unidos no início dos anos 1980 (governo Reagan), quando o país deixou de se associar a ditaduras militares na América Latina e passou a intervir de forma crescente na política interna de países de todo o mundo para que eles se democratizassem e conservassem a democracia. Não tenho simpatia por governos autoritários, mas só em países em que o desenvolvimento econômico e social já alcançou um nível razoável é possível afirmar que a democracia deve ser defendida como valor último, não negociável. Antes, é preciso estudar cada caso.

Para os Estados Unidos, a política de exigência de democracia tornou-se uma forma de assegurar que nos outros países os governos lhes sejam favoráveis do ponto de vista econômico e estratégico: que recebam seus investimentos e garantam seus direitos de propriedade intelectual sem restrições, e que, no jogo internacional, apoiem sua política internacional contrária a outros grandes países nacionalistas que consideram como adversários. Dado o fato de que nos países em desenvolvimento os governos eleitos tendem a representar elites econômicas e políticas associadas aos Estados Unidos, essa "política democrática" transformou-se em instrumento de sua dominação. Isso, entretanto, não os impediu de continuar a apoiar governos autoritários como os do Egito, da Jordânia e de Cingapura.

A democracia só se torna o melhor dos regimes políticos depois que o país realizou sua revolução capitalista e a apropriação do excedente econômico deixou de ser feita através do controle direto do Estado para ser feita através do lucro obtido no mercado competitivo. Antes disso acontecer, a democracia será inviável ou então muito instável porque a oligarquia sabe que, se perder o poder nas eleições, poderá perder tudo. Provavelmente por isso, todos os países hoje desenvolvidos só realizaram sua transição para a democracia depois de terem completado sua revolução capitalista.

Honduras definitivamente não a completou. Mas o golpe nesse país não leva ao desenvolvimento econômico ou à revolução capitalista apenas à maior dependência. Nesse caso, a política de exigência de democracia é a correta.

domingo, 4 de outubro de 2009

sábado, 3 de outubro de 2009

From you have I been absent in the spring... (Sonnet 98) , Shakespeare

From you have I been absent in the spring,
When proud-pied April, dressed in all his trim,
Hath put a spirit of youth in everything,
That heavy Saturn laughed and leaped with him,
Yet nor the lays of birds, nor the sweet smell
Of different flowers in odor and in hue,
Could make me any summer's story tell,
Or from their proud lap pluck them where they grew.
Nor did I wonder at the lily's white,
Nor praise the deep vermilion in the rose;
They were but sweet, but figures of delight,
Drawn after you, you pattern of all those.
Yet seemed it winter still, and, you away,
As with your shadow I with these did play.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

É bom ser brasileiro....

A pátria de chuteiras e outros apetrechos esta feliz. Primeiro a Copa, agora a Olimpiada. Rostos sorridentes e alegres na FNAC de Pinheiros - onde, por acaso, assiste a escolha da cidade sede da Olimpiada de 2006 - já antecipavam o resultado esperado: O Rio seria a escolhida. Ao meu lado uma senhora, confessou ser contra gastar tantos recursos com este tipo de evento, quando há problemas sociais não resolvidos. Concordei é claro, mas eramos, provavelmene, os dois únicos chatos, na festa, improvisada da brasilidade. O Brasil esta na moda e nunca foi tão bom ser brasileiro, diria um nacionalista da velha guarda. Não sou desta turma, mas não posso deixar de concordar. Finalmente deu certo, deixou de ser o país do futuro. Contudo, é bom lembrar que os problemas sociais ainda estão ai e não há mais nenhuma justicativa para não enfrenta-los. Somente a turma que ainda faz sucesso(somente) lá pelas bandas de perdizes ainda acredita ser impossível combinar economia de mercado com a justiça social. Fazer o que... um dia 1968 acaba e quem sabe o muro cai... ate lá melhor ignora-los e trata-los como mais uma atração turistica da terra das jabuticabas exóticas.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009