Ainda fazia o mestrado em economia, era o day after do plano cruzado e a diversão era fazer piadas sobre a derrocada daquele que havia sido, por um longo período de tempo, o grupo mais influente de "economistas"( as aspas porque nem todos de fato eram economistas) brasileiros. O velho mestre, não achou graça nenhuma e comentou que eles estavam em baixa - o que já sabiamos - e dificilmente recuperariam o prestigio e influência do passado. Ele não usou a expressão - não era necessário -, mas o recado foi claro: não se chuta cachorro morto.
Sempre lembro deste evento e hoje, ao ler noticia sobre as previsões do PIB para 2009 e 2010, não foi diferente. É claro que o mercado esta longe de ser um cachorro morto - muitopelo contrário. Tão pouco os "mercadistas" encontram-se nesta situação. O mesmo, naturalmente, não se aplica aos marxistas: já se encontravam em estado terminal( exceto todo sabem onde...) antes da crise e, agora, no day after mostram-se totalmente irrelevantes e incapazes de apresentar qualquer análise minimamente coerente sobre a economia brasileira. Dos mercadistas nada espero, afinal a função deles é defender sempre e em qualquer circunstância a opinião que interessa a quem lhes paga o salário. Fora do trabalho a opinião deles muda, as vezes, radicalmente. Já os marxistas mantem a coerência em qualquer ambiente, o problema é que ela é sempre a reafirmação de um conjunto, bem conhecido, de equivocos sobre a economia brasileira. Alias, ainda não li nenhum trabalho do grupo marxista brasileiro que faça justiça a qualidade desta importante tradição intelectual da civilização ocidental. Surpreso! Somente um reacionário e picado pelo virus do anti-intelectualismo excluiria o marxismo da nossa civilização ocidental e cristã. Sim, cristã, falo sério.