O Brasil, aos poucos, esta se transformando em um país normal, com forte polarização política entre a centro direita e a centro esquerda. É verdade que a centro direita ainda tem vergonha de se apresentar como tal, mas as propostas apresentadas fazem parte do seu receituario em outros países e o eleitorado nacional, ao que tudo indica, sabe que não está comprando gato por lebre. No meio acadêmico, em algumas áreas , a extrema esquerda é um pouco mais forte que em outros países, e no geral a centro esquerda aqui como lá ainda é hegemônica. A força do marxismo é, com certeza, para um visitante do chamado "primeiro mundo" estranha, assim como a da heterodoxia na área econômica. Mas, se compararmos com os anos 80 - anos dourados do marxismo e da heterodoxia no Brasil - , o cenário é de franca decadência. É sempre bom lembrar que naquela decada os economistas da Unicamp, eram arroz de festa na midia nacional. O numero de filiais era crescente o que a tornava ainda mais forte e influente. Nenhum outro depto de economia, conseguiu, ser tão poderoso como ele.
Este novo cenario, ainda assusta alguns e confesso que fiquei surpreso com o sucesso do Mises com a nova geração de economistas. Se fosse o Hayek, seria compreensivel, mas Mises ... A reação dos mais extremados é simplesmente proibir a inclusão destes autores nos programas de cursos ou no máximo permitir a menção e rejeita-los como exemplo da baixa qualidade da produção econômica a serviço do capital. Nessas horas, lembro sempre, da aula do meu professor na Bocconi, Zamagni, comparando o ambiente de abertura intelectual na Italia nos últimos anos da decada de 80, com o sectarismo dos anos 60 e parte dos 70. As vezes, tenho a impressão que em certos circulos intelectuais , 68 ainda não acabou e o muro de Berlim continua firme e forte. Algo parecido ao mundo do romance A Alagaravia do Jorge Semprun - um dos meus escritores prediletos. Nestes tempos sem memoria é recomendável ler um dos seus melhores livros: A autobiografia de Federico Sanchez.