domingo, 25 de maio de 2008

Um certo grilho falante

O grilho falante de um ex- Ministro da Fazenda do Governo Lula, levanta uma questão importante: o impacto negativo dos debates sobre a política econômica sobre esta mesma política econômica. Segundo ele “ na condução da política econômica, muitas vezes, silêncio e serenidade auxiliam mais do que ativismo e declarações sucessivas”( FSP, 25.05.08, pag.B5). Estaria ele defendendo o regime ditatorial? Afinal, em um regime democrático é normal a disputa, interna, sobre os rumos da política econômica. Ela esteve presente em vários governos brasileiros, como é o caso recente do Governo FHC e, em período mais distante, no segundo Governo Vargas. Política econômica, é acima de tudo Política, parece que nosso grilho falante confunde teoria econômica com política econômica. Erro fatal, ainda que recorrente, que não se esperaria de alguém de reconhecido talento e competência.

Em outra passagem ele argumenta que “ os anúncios ansiosos de que algo será feito( ainda que nada muito relevante, até agora, tenha ocorrido) aumentam a volatilidade dos preços dos ativos e reduzem a segurança para os investimentos de longo prazo”. O impacto sobre a volatibilidade é uma possibilidade real, mas é necessário compará-lo com os impactos de outras variáveis, para conhecermos sua relevância. Já a questão da segurança não parece ser muito convincente. Redução na segurança tem impacto sobre os investimentos de longo prazo, via aumento no risco de expropriação do retorno sobre este mesmo investimento. Caberia ao nosso grilho falante apresentar exemplos onde isto de fato ocorreu.

É ponto pacifico que Fagundes prestaria um grande serviço a nação com um emprego fora do Governo. Este, alias, parece ser, um dos objetivos do nosso grilho falante. Um segundo é criticar a posição, correta como já comentada em um post anterior, de um conhecido economista de esquerda com livre transito neste e em outros governos e que, aparentemente, estaria sendo ouvido pelo Presidente. Parece que nosso grilho falante não consegue ser ouvido e tem como único meio, um tanto desesperado, diga-se de passagem, a pagina de economia de um grande jornal.