domingo, 31 de agosto de 2008

Santo Agostinho de Hipona (3)

Terceira ,de uma série de cinco reflexões de sua Santidade Bento XVI, dedicada ao pensamento de Santo Agostinho. O tema é a fé e a razão.


"Queridos amigos

Depois da Semana de oração pela unidade dos cristãos voltamos hoje à grande figura de Santo Agostinho. O meu querido Predecessor João Paulo II dedicou em 1986, isto é, no décimo sexto centenário da sua conversão, um longo e denso documento, a Carta apostólica Augustinum Hipponensem. O próprio Papa quis definir este texto "um agradecimento a Deus pelo dom feito à Igreja, e através dela à humanidade inteira, com aquela admirável conversão". Sobre o tema da conversão gostaria de voltar a reflectir numa próxima Audiência. É um tema fundamental não só para a sua vida pessoal, mas também para a nossa. No Evangelho de domingo passado o próprio Senhor resumiu a sua pregação com a palavra: "Convertei-vos". Seguindo o caminho de Santo Agostinho, poderíamos meditar sobre o que foi esta conversão: uma coisa definitiva, decisiva, mas a decisão fundamental deve desenvolver-se, deve realizar-se em toda a nossa vida.

Hoje a catequese é dedicada, ao contrário, ao tema fé e razão, que é determinante, ou melhor, o tema determinante para a biografia de Santo Agostinho. Quando era criança tinha aprendido da sua mãe Mónica a fé católica. Mas quando era adolescente abandonou esta fé porque não via a sua racionalidade e não queria uma religião, que não fosse também para ele expressão da razão, isto é, da verdade. A sua sede de verdade era radical e levou-o portanto a afastar-se da fé católica. Mas a sua radicalidade era tal que ele não podia contentar-se com filosofias que não alcançassem a própria verdade, que não chegassem a Deus. E a um Deus que não fosse só uma última hipótese cosmológica, mas o verdadeiro Deus, o Deus que dá a vida e que entra na nossa própria vida. Assim todo o percurso intelectual e espiritual de Santo Agostinho constitui um modelo válido também hoje na relação entre fé e razão, tema não só para homens crentes mas para cada homem que procura a verdade, tema central para o equilíbrio e o destino de cada ser humano. Estas duas dimensões, fé e razão, não podem ser separadas nem contrapostas, mas devem antes estar sempre juntas. Como escreveu o próprio Agostinho, depois da sua conversão, fé e razão são "as duas forças que nos levam a conhecer" (Contra Academicos, III, 20, 43). A este propósito permanecem justamente célebres as duas fórmulas agostinianas (Sermones, 43, 9) que expressam esta síntese coerente entre fé e razão: crede ut intelligas ("crê para compreender") o crer abre o caminho para passar pela porta da verdade mas também, e inseparavelmente, intellige ut credas ("compreende para crer"), perscruta a verdade para poder encontrar Deus e crer.

As duas afirmações de Agostinho exprimem com eficaz prontidão e com igual profundidade a síntese deste problema, na qual a Igreja católica vê expresso o próprio caminho. Historicamente esta síntese vai-se formando, ainda antes da vinda de Cristo, no encontro entre fé judaica e pensamento grego no judaísmo helénico. Sucessivamente na história esta síntese foi retomada e desenvolvida por muitos pensadores cristãos. A harmonia entre fé e razão significa sobretudo que Deus não está longe: não está longe da nossa razão e da nossa vida; está próximo de cada ser humano, perto do nosso coração e da nossa razão, se realmente nos pusermos a caminho.
Precisamente esta proximidade de Deus ao homem foi sentida com extraordinária intensidade por Agostinho. A presença de Deus no homem é profunda e ao mesmo tempo misteriosa, mas pode ser reconhecida e descoberta no próprio íntimo: não saias afirma o convertido mas "volta para ti"; no homem interior habita a verdade; e se achares que a tua natureza é alterável, transcende-te a ti mesmo. Mas recorda-te, quando te transcendes a ti mesmo, transcendes uma alma que raciocina" (De vera religione, 39, 72). Precisamente como ele mesmo ressalta, com uma afirmação muito famosa, no início das Confessiones, autobiografia espiritual escrita para louvor de Deus: "Criastes-nos para Vós, e o nosso coração está inquieto, enquanto não descansa em Vós" (I, 1, 1).

A distância de Deus equivale à distância de si mesmo: "De facto, tu reconhece Agostinho (Confessiones, III, 6, 11) dirigindo-se directamente a Deus estavas dentro de mim mais que o meu íntimo e acima da minha parte mais alta", interior intimo meo et superior summo meo; a ponto que acrescenta noutro trecho recordando o tempo que precedeu a conversão "tu estavas diante de mim; e eu, ao contrário, tinha-me afastado de mim mesmo, e não me reencontrava; e muito menos te encontrava a ti" (Confessiones, V, 2, 2). Precisamente porque Agostinho viveu em primeira pessoa este percurso intelectual e espiritual, soube transmiti-lo nas suas obras com tanta prontidão, profundidade e sabedoria, reconhecendo em dois outros célebres trechos das Confessiones (IV, 4, 9 e 14, 22) que o homem é "um grande enigma" (magna quaestio) e "um grande abismo" (grande profundum), enigma e abismo que só Cristo ilumina e salva. Isto é importante: um homem que está distante de Deus está também afastado de si mesmo, alienado de si próprio, e só pode reencontrar-se encontrando-se com Deus. Assim chega também a si, ao seu verdadeiro eu, à sua verdadeira identidade.

O ser humano ressalta depois Agostinho no De civitate Dei (XII, 27) é social por natureza mas anti-social por vício, e é salvo por Cristo, único mediador entre Deus e a humanidade e "caminho universal da liberdade e da salvação", como repetiu o meu predecessor João Paulo II (Augustinum Hipponensem, 21): fora deste caminho, que nunca faltou ao género humano afirma ainda Santo Agostinho na mesma obra "ninguém jamais foi libertado, ninguém é libertado e ninguém será libertado" (De civitate Dei, X, 32, 2). Enquanto único mediador da salvação, Cristo é a cabeça da Igreja e a ela está misticamente unido a ponto que Agostinho pode afirmar: "Tornamo-nos Cristo. De facto, se ele é a cabeça, nós somos os seus membros, o homem total é Ele e nós" (In Iohannis evangelium tractatus, 21, 8).

Povo de Deus e casa de Deus, a Igreja na visão agostiniana está portanto estreitamente relacionada com o conceito de Corpo de Cristo, fundada na releitura cristológica do Antigo Testamento e na vida sacramental centrada na Eucaristia, na qual o Senhor nos dá o seu Corpo e nos transforma em seu Corpo. Então, é fundamental que a Igreja, povo de Deus em sentido cristológico e não em sentido sociológico, esteja verdadeiramente inserida em Cristo, o qual afirma Agostinho numa lindíssima página "reza por nós, reza em nós, é rezado por nós; reza por nós como nosso sacerdote, reza em nós como nossa cabeça, é rezado por nós como nosso Deus: reconhecemos portanto nele a nossa voz e em nós a sua" (Enarrationes in Psalmos, 85, 1).

Na conclusão da Carta apostólica Augustinum Hipponensem João Paulo II quis perguntar ao próprio Santo o que tem para dizer aos homens de hoje e responde antes de tudo com as palavras que Agostinho escreveu numa carta ditada pouco antes da sua conversão: "Parece-me que se deve reconduzir os homens à esperança de encontrar a verdade" (Epistulae, 1, 1); aquela verdade que é o próprio Cristo, Deus verdadeiro, ao qual é dirigida uma das orações mais bonitas e mais famosas das Confessiones (X, 27, 38): "Tarde Vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei! Estáveis dentro de mim e eu estava fora, e aí Vos procurava; e disforme como era, lançava-me sobre estas coisas formosas que criastes. Estáveis comigo e eu não estava convosco. Retinha-me longe de Vós aquilo que não existiria se não existisse em Vós. Mas Vós me chamastes, clamastes e rompestes a minha surdez. Brilhastes, resplandecestes e curastes a minha cegueira. Exalastes o vosso perfume: respirei-o e agora suspiro por Vós. Saboreei-Vos, e agora tenho fome e sede de Vós. Tocastes-me, e comecei a desejar ardentemente a vossa paz".

Eis que Agostinho encontrou Deus e durante toda a sua vida fez experiência dele a ponto que esta realidade que é antes de tudo encontro com uma Pessoa, Jesus mudou a sua vida, assim como muda a de quantos, mulheres e homens, em todos os tempos têm a graça de o encontrar. Rezemos para que o Senhor nos conceda esta graça e nos faça encontrar assim a sua paz.

PAPA BENTO XVI

AUDIÊNCIA GERAL
Sala Paulo VI
Quarta-feira, 30 de Janeiro de 2008


Fonte:http://www.vatican.va

sábado, 30 de agosto de 2008

Piadas sobre Economistas e Economia XIII

Economistas fazem sexo com bolas de cristal;
Economistas fazem sexo com um competidor atomístico;
Economistas fazem sexo na Caixa de Edgeworth;
Economistas fazem sexo ciclicamente;
Economistas fazem sexo na demanda

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Um matemático, um economista teórico e um econometricista são requisitados para achar um gato preto, que não existe, num quarto escuro e fechado.
O Matemático fica louco tentando achar o gato que não existe e vai parar no hospício.
O Economista Teórico não consegue achar o gato preto, entretanto sai do quarto dizendo orgulhosamente que pode construir um modelo para descrever todos os movimentos do gato com grande acurácia
O Econometricista passa uma hora dentro do quarto procurando o gato que não existe e depois grita, de dentro do quarto de que pegou o gato pelo pescoço.

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Um economista indiano explicava aos seus alunos de pós-graduação a teoria da reencarnação."Se você é um bondoso economista", disse, "você irá renascer como um físico. Mas se você for um maldoso economista, então você irá renascer como um sociólogo."
(P. Krugman, 1994)

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Três matemáticos e três economistas foram viajar de trem. Os matemáticos estavam rindo dos economistas, que haviam comprado somente um bilhete e iriam tomar multa. Quando o cobrador veio, os economistas foram para o banheiro. O cobrador bateu na porta do banheiro e um deles estendeu o bilhete com a mão, sendo bem sucedidos.
Noutro dia os matemáticos resolveram usar a mesma estratégia e compraram um só bilhete. Porém os economistas não compraram nenhum. Quando o cobrador estavam chegando os matemáticos foram para o banheiro. Quando ouviram as batidas na porta entregaram o bilhete ao condutor. O bilhete não retornou. Por que ? Os economistas pegaram e foram a outro banheiro.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

What is Western Cultural Identity? Three Examples, Three Disputes

O artigo, de autoria do Thomas Storck, discute um tópico que é ignorado, como era de se esperar, pelo pensamento hegemônico em Perdizes: a indentidade cultural ocidental. A própria expressão é tabu por estas bandas, parte, em razão da sua ligação com os anos de chumbo, mas, também, devido a sua relação com a cristandade. O artigo foi publicado no períodico "New Blackfriars", vol.89, issue 1019, 2008. O acesso é livre, basta clicar em "get sample copy"

Abstract
The concept of cultural identity is illustrated by the example of Latin America. At the same time Latin America is shown to be a true part of the Western world and understandable only as such, and the reasons for other cultural identifications of Latin America are examined.
Then the cultural development and identity of the West as a whole is considered, with special reference to two competing accounts of Western cultural development, both of which focus chiefly on the economic development of Europe and North America, in contrast to its cultural or spiritual roots. Finally the special case of the United State is looked at, and it is asked how her peculiar self-understanding affects her cultural identity as part of the Western world.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

In Memoriam, [Ring out, wild bells]

Ring out, wild bells, to the wild sky,
The flying cloud, the frosty light:
The year is dying in the night;
Ring out, wild bells, and let him die.

Ring out the old, ring in the new,
Ring, happy bells, across the snow:
The year is going, let him go;
Ring out the false, ring in the true.

Ring out the grief that saps the mind
For those that here we see no more;
Ring out the feud of rich and poor,
Ring in redress to all mankind.

Ring out a slowly dying cause,
And ancient forms of party strife;
Ring in the nobler modes of life,
With sweeter manners, purer laws.

Ring out the want, the care, the sin,
The faithless coldness of the times;
Ring out, ring out my mournful rhymes
But ring the fuller minstrel in.

Ring out false pride in place and blood,
The civic slander and the spite;
Ring in the love of truth and right,
Ring in the common love of good.

Ring out old shapes of foul disease;
Ring out the narrowing lust of gold;
Ring out the thousand wars of old,
Ring in the thousand years of peace.

Ring in the valiant man and free,
The larger heart, the kindlier hand;
Ring out the darkness of the land,
Ring in the Christ that is to be.


Lord Alfred Tennyson

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

O novo livro do Sokal

Artigo-resenha do último livro do Sokal que, em 1996, publicou um artigo-parodia, usando os jargões de Lacan e Cia ilimitada - curiosamente ainda em uso em Perdizes- em um importante períodico da área de humanidades. O primeiro livro dedicado ao tema, escrito em co-autoria com Jean Bricmont, foi traduzido para o portugues.

Beyond the Hoax: Science, Philosophy and Culture by Alan Sokal (Oxford University Press) £20/$34.95 (hb).

“In 1996 Alan Sokal published a spoof article in the journal Social Text. “Transgressing the Boundaries: Towards a transformative hermeneutics of quantum gravity” purported to be a serious discussion of the relationship between the most advanced mathematical physics and various postmodernist and poststructuralist ideas. In fact it was submitted to the journal to show that complete nonsense about science and mathematics could be passed off as profound insight, providing it was surrounded by sufficient citations of the right people, and suitably sprinkled with buzzwords. Sokal told the editors what they wanted to hear, lent scientific credibility to their favoured “theorists”, and did so in the kind of language they liked.
This book is worth buying just for the hoax article, reprinted with an extensive set of annotations. The latter explain the gaffes Sokal included to test whether anyone who knew about science or mathematics would check the article, as well as giving sources for some of his pastiches. The astonishing thing is how knowledgeable Sokal is about his targets, and the annotations are also full of citations of people saying the kind of crazy stuff parodied in the article.
Sokal’s article was the single most important intervention in the “science wars”. Together with Intellectual Impostures, co-authored with Jean Bricmont, it demonstrated the intellectual bankruptcy of many so-called philosophers and of the large constituency of their acolytes in the arts and humanities. Unfortunately, of course, the targets of the hoax were unmoved. Sokal was denounced as right-wing and anti-French, and a decade later, I think contemporary academia is at least as, if not more, afflicted by the lack of rigour, deference to the undeservedly celebrated, and pseudo-political posturing that set Sokal off. If there is a disciplinary boundary, it must be crossed, and if there is a hegemonic notion, it must be problematized. Dialogue between the past and the present is to be preferred to history, and if the dialogue is dynamic all the better. I recently produced a spoof announcement called “The Performance of Self-Pleasure: Masturbation, an interdisciplinary workshop”, and one of my colleagues took it to be genuine (even though the call for papers on “Masturbation and post-colonialism” seems a bit of a giveaway) because we get similar stuff coming round from the faculty on a regular basis.
The main problem is that there are so many allegedly educated people who have no real experience of genuine rigour. When they encounter someone claiming that something an idol of theirs like Lacan or Haraway has said about mathematics or science is nonsense, they would rather shoot the messenger, who can handily be denounced as a denier of Otherness, than face the fact that they have wasted so much of their time and that so much of their learning is worthless. I have been informed that “truth is a discourse”, and that my belief that academics must seek, and sometimes can and do find, the truth makes me a positivist (and a realist, but then apparently I am also a rationalist and an empiricist).
One of the biggest problems facing the arts and humanities is the prevalence of people who think they are engaging with philosophical ideas when in fact they wouldn’t get through the first year of a philosophy degree because of their inability to make themselves clear, to formulate an argument, to separate an epistemological from an ontological issue, and so on. The same narcissism that makes Sokal’s targets think that they are saying deep things about topology, non-linear dynamics, relativity, quantum mechanics and mathematical logic, makes their acolytes believe that if the philosophers they encounter are unimpressed by crude and ill-informed forays into philosophy, this is symptomatic of the narrowness of analytic philosophy as it clings to an outdated modernist/enlightenment paradigm.
It is particularly galling that the flaky end of academia regards itself as the vanguard of political progressiveness, and that it is so ready to accuse its critics of defending some imagined hegemony. As Sokal points out repeatedly, without a culture that defends the importance of rigour, reason and evidence, there is little to stand in the way of the naked exercise of power. This has been realized by the true inheritors of postmodernism, namely the Republican right and religious fundamentalists. Hence, we find the former making use of relativism and constructivism about science to undermine the idea that the scientific consensus about global warming is a sufficient reason for governments to take action, and we find the latter employing the likes of Steve Fuller to defend the idea that “intelligent design” has a place in science education.
On a more prosaic level, within universities one finds that the same people who denounce the idea that truth is the aim of inquiry as somehow iniquitous, accept the managerial imperatives for visions and strategies and the associated jargon and gibberish with alacrity. It is depressingly common in debates about policy to witness arguments of the form: something must be done, this proposal is something, therefore this must be done, being met with the widespread nodding of heads.
As a guide to and critique of some of what has gone wrong in academia and in wider culture, Sokal’s book is superb. The first section of the present book reviews the Social Text affair and has an illuminating discussion of science studies and its influence. The middle section contains two essays on the philosophy of science that are well-informed and well up to the standard of professional work in the area, and the modest scientific realism defended there is an open-minded and balanced attempt to take account of both arguments for realism based on the success of science, and arguments against realism based on theory change in the history of science. The third section discusses the link between pseudo-science, alternative medicine and postmodernism, includes an essay that takes on religion, and ends with a brief discussion of ethics.
Anyone who is in any doubt about the calamitous effects of relativism and constructivism about scientific knowledge as it has spread into the wider culture should ponder the fact that a growing proportion of parents in Britain are opting not to have their children vaccinated against terrible diseases like whooping cough and diphtheria, thereby undermining the herd immunity that has allowed us to forget what it was like when they killed infants by the thousand. Sokal was right to warn us in 1996 and he is to be congratulated for keeping up the fight. Without a commitment to reason and evidence in intellectual life and public policy we are at the mercy of faith and fashion.”

James Ladyman, professor de filosofia na Bristol University e autor de Understanding Philosophy of Science (Routledge)

Fonte: The Philosopher´s Magazine

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Roger Schutz, il monaco simbolo dell’ecumenismo

Entrevista com Walter Kasper


D. – Sono trascorsi tre anni dalla tragica morte di fratel Roger. Lei stesso è andato a presiedere le sue esequie. Chi era per lei?

R. – La sua morte mi ha molto commosso. Mi trovavo a Colonia per la giornata mondiale della gioventù, quando abbiamo saputo della scomparsa del priore di Taizé, vittima di un atto di violenza. La sua morte mi ricordava delle parole del profeta Isaia sul Servo del Signore: "Maltrattato, si lasciò umiliare e non aprì la sua bocca; era come agnello condotto al macello, come pecora muta di fronte ai suoi tosatori" (53, 7). Durante tutta la sua vita, fratel Roger ha seguito la via dell’Agnello: con la sua dolcezza e la sua umiltà, con il suo rifiuto per ogni atto di grandezza, con la sua decisione di non dire male di nessuno, con il suo desiderio di portare nel proprio cuore i dolori e le speranze dell’umanità. Poche persone della nostra generazione hanno incarnato con tale trasparenza il volto mite e umile di Gesù Cristo. In un’epoca turbolenta per la Chiesa e per la fede cristiana, fratel Roger era una fonte di speranza riconosciuta da molti, compreso me stesso. Come professore di teologia e poi come vescovo di Rottenburg-Stoccarda, ho sempre incoraggiato dei giovani a fare durante l’estate un breve soggiorno a Taizé. Vedevo quanto quel soggiorno vicino a fratel Roger e alla comunità li aiutasse a meglio conoscere e vivere la Parola di Dio, nella gioia e la semplicità. Tutto questo, l’ho sentito ancora di più nel momento di presiedere la liturgia delle sue esequie nella grande chiesa della Riconciliazione a Taizé.

D. – Qual è ai suoi occhi il contributo proprio di fratel Roger e della comunità di Taizé all’ecumenismo?

R. – L’unità dei cristiani era certamente uno dei desideri più profondi del priore di Taizé, proprio come la divisione dei cristiani è stata per lui una vera fonte di dolore e dispiacere. Fratel Roger era un uomo di comunione, che mal sopportava ogni forma di antagonismo o rivalità tra persone o comunità. Quando parlava dell’unità dei cristiani e dei suoi incontri con rappresentanti di diverse tradizioni cristiane, il suo sguardo e la sua voce facevano capire con quale intensità di carità e speranza egli desiderasse che "tutti siano uno". La ricerca dell’unità era per lui come un filo conduttore sino nelle decisioni più concrete di ogni giorno: accogliere gioiosamente ogni azione che possa avvicinare dei cristiani di tradizioni differenti, evitare ogni parola o gesto che possa ritardare la loro riconciliazione. Egli praticava questo discernimento con un’attenzione che confinava con la meticolosità. In questa ricerca dell’unità, tuttavia, fratel Roger non era frettoloso o nervoso. Conosceva la pazienza di Dio nella storia della salvezza e nella storia della Chiesa. Mai sarebbe passato ad atti inaccettabili per le Chiese, mai avrebbe invitato dei giovani a dissociarsi dai loro pastori. Piuttosto che alla rapidità dello sviluppo del movimento ecumenico, egli mirava alla sua profondità. Convinto che solo un ecumenismo nutrito della Parola di Dio e della celebrazione dell’Eucaristia, della preghiera e della contemplazione sarebbe capace di riunire i cristiani nell’unità voluta da Gesù. È in questa sfera dell’ecumenismo spirituale che vorrei situare l’importante contributo di fratel Roger e della comunità di Taizé.

D. – Fratel Roger ha spesso descritto il suo cammino ecumenico come una "riconciliazione interiore della fede delle sue origini con il mistero della fede cattolica, senza rottura di comunione con chicchessia". Questo percorso non appartiene alle categorie abituali. Dopo la sua morte, la comunità di Taizé ha smentito le voci di una conversione segreta al cattolicesimo. Queste voci erano nate, tra l’altro, perché si era visto fratel Roger ricevere la comunione dalle mani del cardinale Ratzinger durante i funerali di papa Giovanni Paolo II. Che pensare dell’espressione secondo la quale fratel Roger sarebbe diventato "formalmente" cattolico?

R. – Nato in una famiglia riformata, Roger Schutz aveva fatto degli studi di teologia ed era diventato pastore in quella stessa tradizione. Quando parlava della "fede delle sue origini", egli si riferiva a quel bell’insieme di catechesi, devozione, formazione teologica e testimonianza cristiana ricevuto nella tradizione riformata. Egli condivideva quel patrimonio con tutti i suoi fratelli e sorelle d’appartenenza protestante, con i quali si è sempre sentito profondamente legato. Tuttavia, sin dagli anni in cui era un giovane pastore, Roger ha pure cercato di nutrire la sua fede e la sua vita spirituale alle fonti di altre tradizioni cristiane, oltrepassando in questo modo certi limiti confessionali. Il suo desiderio di seguire una vocazione monastica e con questa intenzione di fondare una nuova comunità con cristiani riformati la diceva già lunga su questa ricerca.

Lungo gli anni, la fede del priore di Taizé si è progressivamente arricchita del patrimonio di fede della Chiesa cattolica. Secondo la sua stessa testimonianza, è proprio riferendosi al mistero della fede cattolica che egli comprendeva certi dati della fede, come il ruolo della Vergine Maria nella storia della salvezza, la presenza reale di Cristo nei doni eucaristici e il ministero apostolico nella Chiesa, compreso anche il ministero d’unità esercitato dal vescovo di Roma. In risposta, la Chiesa cattolica aveva accettato che egli comunicasse all’eucaristia, come faceva ogni mattina nella grande chiesa di Taizé. Fratel Roger ha pure ricevuto la comunione a più riprese dalle mani di papa Giovanni Paolo II, che aveva legami d’amicizia con lui sin dai tempi del Concilio Vaticano II e che conosceva bene il suo cammino nella fede cattolica. In questo senso, non c’era nulla di segreto o di nascosto nell’atteggiamento della Chiesa cattolica, né a Taizé né a Roma. Al momento dei funerali di Giovanni Paolo II, il cardinale Ratzinger non ha fatto che ripetere ciò che si faceva già prima nella basilica di San Pietro, sin dal tempo del papa defunto. Non c’era niente di nuovo o di premeditato nel gesto del cardinale.

Rivolgendosi a Giovanni Paolo II a San Pietro, durante l’incontro europeo di giovani a Roma nel 1980, il priore di Taizé descrisse il proprio cammino e la sua identità di cristiano con queste parole: "Ho trovato la mia identità di cristiano riconciliando in me stesso la fede delle mie origini con il mistero della fede cattolica, senza rottura di comunione con chicchessia". In effetti, fratel Roger non aveva mai voluto rompere "con chicchessia", per dei motivi che erano essenzialmente legati al suo desiderio di unione e alla vocazione ecumenica della comunità di Taizé. Per questa ragione, egli preferiva non impiegare certi termini come "conversione" o adesione "formale" per qualificare la sua comunione con la Chiesa cattolica. Nella sua coscienza, egli era entrato nel mistero della fede cattolica come qualcuno che cresce, senza dover "abbandonare" o "rompere" con quanto aveva ricevuto e vissuto prima. Si potrebbe discutere a lungo sul senso di certi termini teologici o canonici. Per rispetto del cammino nella fede del priore di Taizé, tuttavia, sarebbe preferibile non applicare nei suoi riguardi delle categorie che egli stesso giudicava inappropriate alla sua esperienza e che del resto la Chiesa cattolica non ha mai voluto imporgli. Lì ancora, le parole di fratel Roger stesso dovrebbero bastarci.

D. – Lei vede dei legami tra la vocazione ecumenica di Taizé e il pellegrinaggio di decine di migliaia di giovani in quel villaggio della Borgogna? A suo avviso, i giovani sono sensibili all’unità visibile dei cristiani?

R. – Secondo me, il fatto che ogni anno migliaia di giovani trovino ancora la strada verso la piccola collina di Taizé è veramente un dono dello Spirito Santo alla Chiesa d’oggi. Per molti di loro Taizé rappresenta il primo e principale luogo dove possono incontrare dei giovani di altre Chiese e comunità ecclesiali. Sono contento di vedere che i giovani che riempiono ogni estate le tende e i tendoni di Taizé vengono da diversi paesi d’Europa occidentale e orientale (alcuni da altri continenti), appartengono a comunità di tradizione protestante, cattolica e ortodossa, e sono spesso accompagnati dai loro preti o pastori. Numerosi giovani che arrivano a Taizé provengono da paesi che hanno conosciuto la guerra civile o violenti conflitti interni, spesso in un passato ancora recente. Altri provengono da regioni che hanno sofferto per diversi decenni sotto il giogo di un’ideologia materialista. Altri ancora – e sono forse la maggioranza – vivono in società profondamente segnate dalla secolarizzazione e l’indifferenza religiosa. A Taizé, nei momenti di preghiera e condivisione biblica, essi riscoprono il dono di comunione e d’amicizia che solo il Vangelo di Gesù Cristo può offrire. Ascoltando la Parola di Dio, riscoprono anche la ricchezza unica che è stata donata loro con il sacramento del battesimo. Sì, credo che molti giovani si rendano conto della vera posta in gioco dell’unità dei cristiani. Essi sanno quanto il fardello delle divisioni possa ancora pesare sulla testimonianza dei cristiani e sulla costruzione di una nuova società. A Taizé essi trovano come una "parabola di comunità" che aiuta a superare le fratture del passato e a guardare un avvenire di comunione e amicizia. Di ritorno a casa, questa esperienza li aiuta a creare dei gruppi di preghiera e condivisione nel loro ambiente di vita, per nutrire questo desiderio dell’unità.

D. – Prima di presiedere il pontificio consiglio per l’unità dei cristiani, lei è stato vescovo di Rottenburg-Stoccarda e a questo titolo ha accolto nel 1996 un incontro europeo di giovani animato dalla comunità di Taizé. Che cosa apportano questi incontri di giovani alla vita delle Chiese?

R. – Quell’incontro è stato in effetti un momento di grandissima gioia e di profonda intensità spirituale per la diocesi e soprattutto per le parrocchie che hanno accolto i giovani provenienti da diversi paesi. Questi incontri mi sembrano estremamente importanti per la vita della Chiesa. Molti giovani, come dicevo, vivono in società secolarizzate. Essi trovano difficilmente dei compagni di strada nella fede e nella vita cristiana. Gli spazi dove approfondire e celebrare la fede, nella gioia e la serenità, sono rari. Le Chiese locali qualche volta fanno fatica ad accompagnare bene i giovani nel loro cammino spirituale. Ed è qui che i grandi incontri come quelli organizzati dalla comunità di Taizé rispondono a un vero bisogno pastorale. La vita cristiana ha certo bisogno di silenzio e solitudine, come diceva Gesù ("Chiudi la porta, prega il Padre tuo, egli che vede nel segreto", Matteo, 6, 6). Però essa ha bisogno anche di condivisione, d’incontro e scambio. La vita cristiana non si vive nell’isolamento, al contrario. Per mezzo del battesimo noi apparteniamo al medesimo e unico corpo del Cristo risorto. Lo Spirito è l’anima e il soffio che anima questo corpo, che lo fa crescere in santità. Del resto, i vangeli parlano regolarmente di una grande folla di persone che erano venute, spesso da molto lontano, per vedere e ascoltare Gesù, e per essere guarite da lui. I grandi incontri di oggi si iscrivono in quella stessa dinamica. Essi permettono ai giovani di cogliere meglio il mistero della Chiesa come comunione, ascoltare insieme la parola di Gesù e fidarsi di lui.

D. – Giovanni XXIII ha definito Taizé "piccola primavera". Da parte sua, fratel Roger diceva che papa Roncalli era l’uomo che più lo aveva segnato. Secondo lei, perché il pontefice che ha avuto l’intuizione del Concilio Vaticano II e il fondatore di Taizé si apprezzavano così tanto?

R. – Ogni volta che incontravo fratel Roger, mi parlava molto della sua amicizia prima con Giovanni XXIII, poi con Paolo VI e Giovanni Paolo II. Era sempre con gratitudine e grande gioia che mi raccontava i numerosi incontri e conversazioni che aveva avuto con loro lungo gli anni. Da una parte, il priore di Taizé si sentiva molto vicino ai vescovi di Roma, nella loro preoccupazione di condurre la Chiesa di Cristo sulle vie del rinnovamento spirituale, dell’unità dei cristiani, del servizio ai poveri, della testimonianza del Vangelo. Dall’altra, egli si sapeva profondamente compreso e appoggiato da loro nel suo personale cammino spirituale e nell’orientamento che prendeva la giovane comunità di Taizé. La coscienza di agire in armonia con il pensiero del vescovo di Roma era per lui come una bussola in tutte le sue azioni. Mai egli avrebbe intrapreso un’iniziativa che sapeva essere contro l’avviso o la volontà del papa. Del resto, una medesima relazione di fiducia prosegue oggi con Benedetto XVI che ha pronunciato parole molto toccanti alla morte del fondatore di Taizé, e che riceve ogni anno fratel Alois in udienza privata. Da dove veniva questa stima reciproca tra fratel Roger e i vescovi di Roma che si sono succeduti? Essa si radica certamente nella dimensione umana, nelle ricche personalità degli uomini coinvolti. In definitiva, direi che veniva dallo Spirito Santo che è coerente in ciò che ispira nello stesso momento a persone diverse, per il bene dell’unica Chiesa di Cristo. Quando parla lo Spirito, tutti comprendono lo stesso messaggio, ciascuno nella propria lingua. Il vero operatore della comprensione e della fraternità tra discepoli del Cristo è lui, lo Spirito di comunione.

D. – Lei conosce bene fratel Alois, il successore di fratel Roger. Come vede l’avvenire della comunità di Taizé?

R. – Anche se l’avevo già incontrato nel passato, è soprattutto dopo la morte di fratel Roger che ho imparato a conoscere meglio fratel Alois. Qualche anno prima il priore mi aveva confidato che tutto era previsto per la sua successione, il giorno in cui si sarebbe rivelata necessaria. Era contento della prospettiva che fratel Alois gli avrebbe dato il cambio. Chi avrebbe potuto immaginare che questa successione si sarebbe dovuta effettuare in una sola notte, dopo un atto di violenza inaudita? Ciò che da allora mi stupisce è la grande continuità nella vita della comunità di Taizé e nell’accoglienza dei giovani. La liturgia, la preghiera e l’ospitalità continuano con il medesimo spirito, come un canto che non è mai stato interrotto. Questo la dice lunga, non solo sulla persona del nuovo priore, ma anche e soprattutto sulla maturità umana e spirituale di tutta la comunità di Taizé. È la comunità nel suo insieme che ha ereditato il carisma di fratel Roger e del quale continua a vivere e irradiare. Conoscendo le persone, ho pienamente fiducia nell’avvenire della comunità di Taizé e nel suo impegno per l’unità dei cristiani. Questa fiducia mi viene anche dallo Spirito Santo che non suscita dei carismi per abbandonarli alla prima occasione. Lo Spirito di Dio, che è sempre nuovo, opera nella continuità di una vocazione e di una missione. È lui che aiuterà la comunità a vivere e sviluppare la sua vocazione, nella fedeltà all’esempio che fratel Roger le ha lasciato. Le generazioni passano, il carisma resta, poiché esso è dono e opera dello Spirito. E voglio ripetere a fratel Alois e a tutta la comunità di Taizé la mia grande stima per la loro amicizia, la loro vita di preghiera e il loro desiderio di unità. Grazie a essi, il dolce volto di fratel Roger ci rimane familiare.

Fonte: L'Osservatore Romano", 15.08.2008 apud Sandro Magister(www.chiesa)

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Filósofos do mundo de língua inglesa

Já mencionei ,em outro post, a minha surpresa com o pequeno número de trabalhos de filósofos do mundo de língua inglesa publicados no Brasil. É verdade que o cenário já foi muito pior, mas ainda fica a desejar. A chamada escola continental, aparentemente, ainda é hegemônica. Não é preciso mencionar a supreendente popularidade dos filósofos franceses. Em recente artigo para a revista “The Philosopher’s Magazine, Leiter apresenta um breve survey sobre o estado atual desta tradição filosófica. Publicamos uma pequena passagem:


“When one surveys the landscape of giants of English-speaking philosophy who have died during the last decade – Donald Davidson (2003), Carl Hempel (1997), Nelson Goodman (1998), David Lewis (2001), WVO Quine (2000), John Rawls (2001), Bernard Williams (2003), PF Strawson (2006) – it is clear that the discipline has passed a milestone. Only three of the “greats” of post-WWII Anglophone philosophy are still alive: Michael Dummett (b. 1925), Saul Kripke (b. 1940), and Hilary Putnam (b. 1926). All appear to be well past producing seminal, agenda-setting work, though perhaps Kripke may yet surprise.

There are perhaps a handful of living philosophers who can even pretend to dominate the central issues in the field – the nature of truth, knowledge, and value – like the recently deceased. John McDowell at the University of Pittsburgh stands out in this regard, though the range of philosophical opinion about his work is so wide that it is hard to see him occupying anything like the place of the recently departed. (A famous and influential philosophical naturalist, for example, refers to him as “McDarkness,” which is indicative of the extremities of opinion about his philosophical merit.)

There are other contemporaries whose work is “must reading” in various subfields – Kit Fine at New York University, Jerry Fodor at Rutgers, TM Scanlon at Harvard, Timothy Williamson at Oxford, and Crispin Wright at NYU and St Andrews are all obvious examples. But there is no one active today who seems poised to “set the agenda” for philosophy from Canberra to Los Angeles to Ann Arbor to Princeton to Oxbridge, the way the deceased greats of the last decade did.”

Para ler o artigo completo:
http://www.philosophersnet.com/magazine/article.php?id=1045

domingo, 24 de agosto de 2008

Obama e a economia

Interessado em conhecer a visão do Obama sobre a economia? Já há um post sobre esse tema no arquivo deste blog e indicamos mais uma fonte: o artigo que saiu na revista do NYTime deste domingo, 24.08.08. Abaixo uma passagem do artigo.

"To understand where Obama stands, you first have to know that, for 15 years, Democratic Party economics have been defined by a struggle that took place during the start of the Clinton administration. It was the battle of the Bobs. On one side was Clinton’s labor secretary and longtime friend, Bob Reich, who argued that the government should invest in roads, bridges, worker training and the like to stimulate the economy and help the middle class. On the other side was Bob Rubin, a former Goldman Sachs executive turned White House aide, who favored reducing the deficit to soothe the bond market, bring down interest rates and get the economy moving again. Clinton cast his lot with Rubin, and to this day the first question about any Democrat’s economic outlook is often where his heart lies, with Reich or Rubin, the left or the center, the government or the market.

Obama has obviously studied this debate, and early on during the flight to Chicago, he told me a story about Reich and Rubin. The previous week, Obama convened a discussion with a high-powered group of economists and chief executives. He was sitting at a conference table, with Rubin two seats to his left and Reich across from him. “One of the points I raised,” Obama told me, “is if you just use you, Bob, and you, Bob, as caricatures, the truth is, both of you acknowledge the world is more complicated.” By this, Obama didn’t simply mean that their views were more nuanced than many outsiders understood. He meant that both have come to acknowledge that the other man is, in part, correct. The two now occupy more similar ideological places than they did in 1993. The battle of the Bobs may not be completely over, but it has certainly been suspended.

Among the policy experts and economists who make up the Democratic government-in-waiting, there is now something of a consensus. They agree that deficit reduction did an enormous amount of good. It helped usher in the 1990s boom and the only period of strong, broad-based income growth in a generation. But that boom also depended on a technology bubble and historically low oil prices. In the current decade, the economy has continued to grow at a decent pace, yet most families have seen little benefit. Instead, the benefits have flowed mostly to a small slice of workers at the very top of the income distribution. As Rubin told me, comparing the current moment with 1993, “The distributional issues are obviously more serious now.” From today’s vantage point, inequality looks likes a bigger problem than economic growth; fiscal discipline seems necessary but not sufficient."

Para ler o artigo completo:http://www.nytimes.com/2008/08/24/magazine/24Obamanomics-t.html?ex=1377230400&en=14476fbd7849b7c6&ei=5124&partner=permalink&exprod=permalink

sábado, 23 de agosto de 2008

John Hicks e a educação do economista

Importante reflexão do Hicks sobre a formação e o papel do economista. Hicks é um caso único na história do pensamento econômico: fundou duas escolas diferentes e rivais. A última, pós keynesiana, é bem conhecida pela turma que se passa por economista em Barão Geraldo, Perdizes e Alhures, já a segunda, a moderna leitura neoclássica da economia, é desconhecida. O trecho, abaixo, pertence ao período neoclássico.Quem sabe convence essa turma a estudar mais este grande economista.



"Nel campo dell'economia, la sovraspecializzazione è doppiamente
disastrosa. Un uomo che è matematico e nulla più che matematico
potrà condurre una vita di stenti, ma non reca danno ad alcuno. Un
economista che è nulla più che un economista è un pericolo per il
suo prossimo. L'economia non è una cosa in sè; è lo studio di un
aspetto della vita dell'uomo in società... L'economista di domani (e
talvolta dei giorni nostri) sarà certamente a conoscenza di ciò su cui
fondare i suoi consigli economici; ma se, a causa di una crescente
specializzazione, il suo sapere economico resta divorziato da ogni
retroterra di filosofia sociale, egli rischia veramente di diventare un
venditore di fumo, dotato di ingegnosi stratagemmi per uscire dalle
varie difficoltà ma incapace di tenere il contatto con quelle virtù
fondamentali su cui si fonda una società sana. La moderna scienza
economica va soggetta ad un rischio reale di Machiavellismo: la
trattazione dei problemi sociali come mere questioni tecniche e non
come un aspetto della generale ricerca della Buona Vita".
(J. Hicks, 1941, p.6, apud Zamagni, 1994.)

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Karen Armstrong

Interessante "talk" da Karen Armstrong. Nem sempre concordo com suas posições em relação ao catolicismo, mas é sempre um prazer ouvi-la.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

The Tyger (O Tigre)

Tyger Tyger, burning bright,
In the forests of the night,
What immortal hand or eye,
Could frame thy fearful symmetry?

In what distant deeps or skies,
Burnt the fire of thine eyes?
On what wings dare he aspire?
What the hand, dare sieze the fire?

And what shoulder, & what art,
Could twist the sinews of thy heart?
And when thy heart began to beat,
What dread hand? & what dread feet?

What the hammer? What the chain,
In what furnace was thy brain?
What the anvil? What dread grasp,
Dare its deadly terror clasp!

When the stars threw down their spears
And water'd heaven with their tears:
Did he smile his work to see?
Did he who made the Lamb made thee?

Tyger Tyger, burning bright,
In the forests of the night,
What immortal hand or eye,
Could frame thy fearful symmetry?


....


Tigre, tigre, chama pura
Nas brenhas da noite escura,
Que olho ou mão imortal cria
Tua terrível simetria?

De que abismo ou céu distante
Vem tal fogo coruscante?
Que asas ousa nesse jogo?
E que mão se atreve ao fogo?

Que ombro & arte te armarão
Fibra a fibra o coração?
E ao bater ele no que és,
Que mão terrível? Que pés?

E que martelo? Que torno?
E o teu cérebro em que forno?
Que bigorna? Que tenaz
Pro terror mortal que traz?

Quando os astros lançam dardos
E seu choro os céus põe pardos,
Vendo a obra ele sorri?
Fez o anho e fez-te a ti?

Tigre, tigre, chama pura
Nas brenhas da noite escura,
Que olho ou mão imortal cria
Tua terrível simetria?

William Blake. In: The Complete Illuminated Books
tradução: Vasco Graça Moura

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Certas palavras

Desenvolvimento, Desenvolvimento. Ela parece estar ocupando o espaço da palavra globalização nos títulos de livros da área econômica. Acho estranho, parece um retorno ao passado, aos sonhos e promessas, não cumpridas, do desenvolvimento. Não seria mais apropriado falar de retomada do crescimento econômico? Por que insistir no uso desta palavra sem a devida qualificação?

Continua ausente, como antes, a problematica distributiva. Estariamos assistindo ao retorno das teses do bruxo em plena república do ex-torneiro mecânico? E pensar que esta foi uma questão importante, quando ainda pensavamos em construir um país menos injusto. As diversas variantes do socialismo marxista, mostraram-se desastrosas e foi um grande erro considera-las a porta para o paraiso. Condição necessária e suficiente, sabemos, nunca foram , exceto, quem sabe, para a barbarie.

Alguns, ainda movidos pelo auto-engano, insistem em negar o resultado trágico. Fazer o que. Há quem ainda persegue moinhos de ventos e acredita em fadas...

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Rogoff e a crise econômica

Kenneth Rogoff, atualmente professor de Economia da Universidade de Harvard, disse em uma conferência em Cingapura que a economia americana ainda não saiu do perigo como alguns acreditam.

"Eu iria além e diria que o pior ainda está por vir", disse Rogoff.

"Nós não vamos ver apenas bancos de porte médio quebrando nos próximos meses", afirmou o economista, que trabalhou no FMI entre 2001 e 2004.

"Nós vamos ver um grande (quebrando), um dos grandes bancos de investimento ou outro grande banco", completou.

Os comentários de Rogoff foram feitos ao mesmo tempo em que as ações das duas maiores empresas de hipoteca dos Estados Unidos, Fannie Mae e Freddie Mac, despencaram em meio a relatos de que elas serão nacionalizadas.

Rogoff fez uma previsão de que, em alguns anos, as duas empresas "provavelmente" não existirão em sua forma atual.

"Nós veremos uma maior consolidação no setor financeiro antes que isso chegue ao fim".

Taxas de juros

Na segunda-feira, as ações da Fannie Mae caíram mais de 22%, e as ações da Freddie Mac caíram quase 25%.

As ações das duas empresas caíram drasticamente pela primeira vez no mês passado em meio a temores de que elas ficariam sem dinheiro para financiar seus negócios, forçando o governo americano a tomar medidas drásticas para reduzir o pânico.

Fannie Mae e Freddie Mac representam a espinha dorsal do mercado de hipotecas dos Estados Unidos, já que quase todas as empresas americanas que emprestam dinheiro compram hipotecas delas para acessar fundos para repassá-los aos clientes finais.

Como responsáveis pelas hipotecas, Fannie Mae e Freddie Mac têm de pagar quando os clientes não honram seus pagamentos e, com o mercado imobiliário em crise em todo o país, a saúde financeira das empresas vem sofrendo.

Os problemas no setor fizeram com que o Federal Reserve, o banco central americano, reduzisse as taxas de juros para 2% no início do ano.

Rogoff disse que o Fed errou ao reduzir as taxas de juros tão drasticamente.

"Cortar as taxas de juros fará a inflação subir muito nos próximos anos nos Estados Unidos", afirmou.

Fonte: BBC

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

domingo, 17 de agosto de 2008

Roubini

Interessante perfil do economista Nouriel Roubini, publicado nesse domingo na Revista do The New York Times. O autor exagera nas tintas e escolheu um título infeliz para o artigo.

Com esse perfil Roubini, tem tudo para tornar-se – se já não for – o “darling” da turma que passa por economista em Barão Geraldo, Perdizes e Alhures. Motivos não faltam: é pessimista, não usa modelos matemáticos, pertence ao fã-clube do Keynes e do Minsky. Contudo, como ele escreve em inglês e esta turma ainda prefere ler os franceses – não os neoclássicos franceses, entre os melhores do mundo - há pouca chance disto ocorrer, pelo menos em Perdizes. É uma lastima. Roubini é um pouco pessimista, mas é um ótimo economista.

"On Sept. 7, 2006, Nouriel Roubini, an economics professor at New York University, stood before an audience of economists at the International Monetary Fund and announced that a crisis was brewing. In the coming months and years, he warned, the United States was likely to face a once-in-a-lifetime housing bust, an oil shock, sharply declining consumer confidence and, ultimately, a deep recession. He laid out a bleak sequence of events: homeowners defaulting on mortgages, trillions of dollars of mortgage-backed securities unraveling worldwide and the global financial system shuddering to a halt. These developments, he went on, could cripple or destroy hedge funds, investment banks and other major financial institutions like Fannie Mae and Freddie Mac."
Para ler o artigo completo:http://www.nytimes.com/2008/08/17/magazine

sábado, 16 de agosto de 2008

Piadas sobre Economistas e Economia XII

Dois homens estavam andando de balão e se perderam. Decidiram baixar o balão e perguntar para algum transeunte.
"Ei, você poderia nos dizer onde estamos ?"
"Vocês estão em um balão", respondeu o transeunte.
"A resposta é correta e absolutamente inútil. Este homem deve ser um economista", comentaram entre eles, no balão.
"E você deve ser um empresário", respondeu o transeunte.
"Exato. Como você sabe disto ?"
"Você tem uma excelente visão de onde está e mesmo assim você não sabe onde está."
________________________________________

— Quantos economistas com MBA são necessários para trocar uma lâmpada ?
— Somente um, se você me contratar. Na verdade eu posso trocar a lâmpada, eu mesmo. Eu tive uma extensa experiência em troca de lâmpadas em minhas funções anteriores. Também fui reconhecido como Especialista em Troca de Lâmpadas e já lecionei a disciplina Gerenciamento de Lâmpadas. Minha única fraqueza é que em meu tempo vago, sou um trocador de lâmpadas compulsivo.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

God's Grandeur ( A Grandeza de Deus)



The world is charged with the grandeur of God.
It will flame out, like shining from shook foil;
It gathers to a greatness, like the ooze of oil
Crushed. Why do men then now not reck his rod?
Generations have trod, have trod, have trod;
And all is seared with trade; bleared, smeared with toil;
And wears man's smudge and shares man's smell: the soil
Is bare now, nor can foot feel, being shod.

And for all this, nature is never spent;
There lives the dearest freshness deep down things;
And though the last lights off the black West went
Oh, morning, at the brown brink eastward, springs--
Because the Holy Ghost over the bent
World broods with warm breast and with ah! bright wings.


A grandeza de Deus o mundo inteiro admira.
Em ouro ou ouropel faísca o seu fulgor;
Grandiosa em cada grão, qual limo em óleo amor-
Tecido. Mas por que não temem sua ira?
Gerações vêm e vão; tudo o que gera, gira
E gora em mercancia; em barro, em borra de labor;
E ao homem mancha o suor, o sujo, a sujeição; sem cor
O solo agora é; nem mais, solado, o pé o sentira.

E ainda assim a natureza não se curva;
Um límpido frescor do ser das coisas vaza;
E quando a última luz o torvo Oeste turva
Ah, a aurora, ao fim da fímbria oriental, abrasa -
Porque o Espírito Santo sobre a curva
Terra com alma ardente sobre ah a alva asa


Gerard Manley Hopkins

tradução de Augusto de Campos

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

The Devastation of Iraq's Past

Artigo-resenha, que saiu na The New York Review of Books de 13.08.08, sobre o impacto da invasão americana sobre o rico sitio arqueológico iraquiano. A barbárie não poupa sequer as ruinas...

"In May 2003—some eight weeks after the American invasion had begun— Abdul-Amir Hamdani, the archaeology inspector of Dhi Qar province in southern Iraq, traveled to Najaf to call on the Grand Ayatollah Ali al-Sistani. He had an urgent request. "We needed his help to stop the pillage," Hamdani recalled. The province, which is midway between Baghdad and Basra, covers much of what was once the land of Sumer. In the third millennium BC, it was a fertile plain densely populated by such cities as Ur, Lagash, Girsu, Larsa, and Umma; today, the shifting course of the Euphrates and Saddam Hussein's brutal campaign to drain the marshes, to the southeast, have left it in large part an impoverished wasteland. With the fall of the Baathist regime, hundreds of poor farmers and villagers—often backed by armed militias—were turning to archaeological plunder; in some Dhi Qar towns, such as al-Fajr, the black market trade in antiquities was accounting for upward of 80 percent of the local economy.

Al-Sistani was sufficiently moved by Hamdani's plea to pronounce a fatwa. He proclaimed that digging for antiquities is illegal; that both Islamic and pre-Islamic artifacts are part of Iraqi heritage; and that people who have antiquities in their possession should return them to the museum in Baghdad or in Nasiriya, the capital of Dhi Qar province. Copies of the fatwa were distributed widely in the south, and published in the Iraqi press. "At this point some of the looters stopped their work, because when Ayatollah al-Sistani says something, they listen," Hamdani said.


The fatwa was a small victory in what has been, for Hamdani, a largely intractable struggle to save one of the deep sources of human culture. Settling in the southern part of what the Greeks later called Mesopotamia some six thousand years before the birth of Christ, the Sumerians developed year-round cultivation, built the earliest city-states, and devised a complex system of writing. Over time, the area came under the sway of the Akkadians, the Babylonians, and the Assyrians; later, it fell under Persian and Hellenistic influence before the Islamic conquest in the seventh century. Left behind were the rich remains of history and literature, often in the form of baked mud-brick tablets covered with wedge-shaped script called cuneiform; and small engraved seals—cylinder-shaped objects made of imported hematite, lapis lazuli, and other semiprecious stones that, when rolled onto wet clay or other soft material, produce intricate and often stunningly beautiful impressions of ancient life and ritual.

Remote and mostly lacking in monumental architecture above ground, the buried cities in which this material was preserved withstood centuries of violence, from the arrival of Cyrus the Great in the sixth century BC to the Mongol invasion in 1258. An absence of much subsequent urban development also meant that the archaeological record was unusually clear. Yet since 2003, several important sites have been destroyed beyond recognition; perhaps tens of thousands of cylinder seals and cuneiform tablets have been removed and channeled into the underground art market.

"What is currently taking place in southern Iraq," Gil Stein, the director of the University of Chicago's Oriental Institute, writes in the catalog to "Catastrophe!," the institute's disturbing new exhibition on the subject, "is nothing less than the eradication of the material record of the world's first urban, literate civilization." All the more remarkable, at a time of growing international concern for the devastating effects of archaeological plunder, the destruction of Sumer following the 2003 invasion was largely unchallenged by American and British forces. How did this happen?"

Hugh Eakin

Para ler o artigo completo: http://www.nybooks.com/articles/21671

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Let Chinese Christians be free

Enquanto o mundo acompanha as olimpíadas, é oportuno lembrar que a liberdade na China ainda não recebeu o seu visto de entrada.


"The Beijing Olympic Games symbolise China's arrival in the front rank of the international community. Barring a major mishap, the Games are set to be an impressive organisational triumph as well as a shop window for China's own sporting prowess - it confidently expects to win more medals than any other nation. But amid all the glory there has to be one serious reservation about China's success story. The Chinese people are not yet free, intellectually or spiritually. They do not enjoy freedom of speech, freedom to organise politically or freedom to access information the Government does not want them to have; and their freedom of religious belief and worship is heavily circumscribed by government regulations. Those who cross the limits of what is allowed can expect to be arrested and imprisoned. This partly stems from a culture where social or collective rights traditionally predominate over individual rights, which is where the West places its emphasis. But to a large extent it simply reflects the fact that the Government does not trust its own people.

The Olympics were awarded to China on the basis of the Government's promises that human-rights guarantees would be honoured. But according to Amnesty International, human rights have actually deteriorated in the run-up to the Games, possibly because the authorities do not want anything to detract from China's international image as a nation at peace with itself. Paradoxically, the crackdown has sent the opposite message. Still, there is one easy move the Government could make that would polish its international reputation immediately, a move surely inevitable sooner or later. It should allow the Catholic Church to operate freely within the whole country, as it is already free to do in Hong Kong. The Catholic Church in mainland China is at present split in two: an official part the authorities recognise, which is technically not in communion with Rome, and an unofficial part recognised by Rome but not by the state. Recently the line between the two has become blurred, and the majority of Catholic bishops are now recognised by both authorities. But the prospect of arbitrary arrest still hangs over those loyal to Rome, and there are still Catholic bishops and priests in prison or under house arrest."

Fonte: The Tablet, 09.08.08

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Marx after Sraffa

Em 1977, Ian Steedman, criou uma grande controvérsia nos meios marxistas com a públicação do livro Marx after Sraffa(New Left Books). Para o incauto acostumado com o tradicional ‘bla, bla, bla, bla” do marxismo fundamentalista pseudo filosófico – ainda em voga em Perdizes - o livro foi e continua sendo um grande choque: a sua leitura exige um razoável treino em matemática , além é claro do conhecimento do Marx e do livro do Sraffa. Em 2003, 25 anos após sua publicação, Steedman foi convidado a apresentar uma refexão sobre o seu livro. O resultado é um paper relativamente curto – apenas 15 páginas-, com a matemática usual, do qual publicamos o “abstract” e os dois parágrafos iniciais:

Abstract
I have been asked to ‘reflect’ on Marx after Sraffa (1977) after some twenty-five years. My reflection falls into three parts. In the first, certain major themes of the book are recalled and emphasized. In the second part some brief thoughts are offered on certain subsequent approaches to Marx’s value and exploitation theory, in particular the so-called ‘new solution’. The third and most substantial part turns to a major gap in Marx after Sraffa (and in many other approaches), namely the matter of international trade and how it affects Marx’s theory.

****


In the 1970s there was a great flurry of writings on ‘Marxist economics’ but much of it (not all) was, unfortunately, of a careless and uncritical kind, showing more signs of ideological fervour than of any determination to ensure that what was said was at least internally coherent and logical. In complete contrast, the 1960s/early 1970s ‘capital theory’ literature, often inspired by Sraffa’s meticulous Production of Commodities by Means of Commodities (1960), had by-and-large been a model of precision, à la Sraffa. That literature, of course, dealt some hard blows to at least parts of marginalist economic theory but it was only the naïve and illogical who thought – or should that be ‘felt’? – that to undermine parts of mainstream theory was, ipso facto, to provide support for ‘Marxist economics’. The purpose of Marx after Sraffa was to show that in fact Sraffa’s own arguments could be used to display, beyond any reasonable dispute, the fallacious nature of many traditional Marxist arguments and claims within the more narrowly ‘economic’ domain. (It did not venture into any wider discussion of Marxism.)

It would be pointless (and tedious) to rehearse all the arguments here but, some twenty-five years on, the following themes are perhaps still worth bearing clearly in mind:

1) If one is attempting to explain prices and the profit rate then ‘labour theories’ are simply REDUNDANT. No matter how cleverly labour quantities can be worked into such an explanation, they never need to be so worked in. ‘Sraffa’ will do the trick. This is all true a fortiori when there is a choice of methods, i.e. always!

O texto completo pode ser acessado em: http://www.hlss.mmu.ac.uk/economics/research/discussion_papers/2003-02.pdf

domingo, 10 de agosto de 2008

Allende




O aniversário de 100 anos foi em 26 de Junho, mas nunca é tarde para lembrar o nome daquele que foi um grande lider político- um dos raros políticos de esquerda do primeiro time. Os equívocos, em nada desmerecem a tentativa de construir, com liberdade e democracia, uma sociedade menos injusta. O artigo a seguir, do Mauricio Dias David, economista do BNDES, que viveu como exilado no Chile entre 1969 e 1973 apresenta sua visão pessoal de Allende e da experiência da Unidade Popular(1970-73).

"Dia 26 de junho transcorreu o centenário de nascimento de Salvador Allende, o presidente chileno que tentou resistir, de armas nas mãos, ao golpe militar que visava sua deposição do poder.


Cheguei a Santiago do Chile em julho de 1969, depois de passar por diversas prisões após a edição do AI-5 em dezembro de 68. Meu envolvimento havia sido basicamente com o movimento estudantil, voltado para a resistencia democrática e as lutas pela modernização da Universidade. Quando cheguei ao Chile, jovem ainda de vinte e poucos anos, éramos apenas um punhado de brasileiros que ali haviam encontrado asilo, a maior parte figuras do período pré-64 que haviam encontrado acolhida no governo democrata-cristão de Eduardo Frei. Eu havia conseguido uma bolsa da OEA, a Organização dos Estados Americanos, para cursar o mestrado de economia na Universidade Católica do Chile. O Instituto de Economia da Católica - como dizíamos - era um projeto estratégico das elites chilenas, montado em ligação estreita com a Universidade de Chicago. Foi o berço dos "Chicago's boys", o grupo de economistas que constituiu posteriormente o núcleo econômico do governo de Pinochet e lançou as bases do modelo econômico chileno atual. Foi uma experiencia e tanto sair das lutas políticas no Brasil e mergulhar diretamente no âmago do "cérebro" que preparava o projeto neoliberal para o Chile. A convivencia significou um sofrimento atroz para mim, mas saí dela sabendo como poucos qual era a lógica de funcionamento do modelo que se implantou vitoriosamente no Chile pós-Allende e se espraiou pela América Latina nas décadas seguintes.

Allende era uma figura extraordinária, um político de grande carisma. Viveu sempre a contradição de ser um político que combinava em seu ser a forma tradicional e parlamentar de fazer política - na longa e consolidada tradição republicana chilena-, uma adesão à maçonaria - que tinha muita força política no Chile, forte nos anos 40 a 60 mas ainda presente nos anos 70- e uma paixão pela idéia de Revolução - ainda que concebida de maneira mítica e sonhadora. Em suma, alguém que sabia cativar e seduzir como ninguém, que cultivava a arte da conversa política, que frequentava todas as rodas, mas que se acreditava firmemente um revolucionário latinoamericano. Sonhador de uma Revolução que combinava um vago marxismo com um nacionalismo anti-imperialista, temperada com um sentimento latinoamericanista e forte senso de justiça social. Um dado pitoresco : tinha fama de mulherengo inveterado, fazia até charme com isto, pois agradava ao eleitor médio chileno, fortemente conservador em costumes sociais.
Allende tinha grande apreço pelos brasileiros (aliás, como todos os chilenos em geral).O término do meu mestrado na Católica, coincidiu com a campanha eleitoral que levou Allende ao poder. Vivi intensamente este período e, nos turbulentos dias que se sucederam à posse de Allende como presidente, fui convocado para trabalhar no seu governo, mais especificamente na Corporacción de Fomento de la Produción-CORFO (uma espécie de BNDES chileno). A Corfo acabou sendo utilizada por Allende como o principal instrumento do seu governo para a estatização das grandes empresas e sua gestão. Em função deste período, acabei tendo um contacto mais direto com o Palácio de Governo ( a duzentos metros do qual trabalhava).

O político Allende era o proprio homem cordial, gostava de viver rodeado pelos amigos que fora fazendo no curso da sua longa carreira política. E era muito ligada às filhas, em especial sua filha Beatriz que foi trabalhar com êle no próprio Palácio como uma espécie de assessora especial. Beatriz vinha de uma militancia política na ultra-esquerda chilena e Allende meio que delegou a ela servir como canal de ligação com estes movimentos ultras. A equipe central que Allende constituiu como núcleo do seu governo era composta por representantes ou indicados dos partidos que compunham a Unidade Popular. A UP, como a chamávamos, era na verdade uma grande coligação que agrupava os dois partidos mais fortes - o Socialista, do próprio Allende, uma espécie de PMDB de esquerda com alas que iam desde a esquerda insurrecional até correntes socialdemocratas e populistas, e o Comunista, um partido de base operária fortemente organizado e que atuava, na prática, como o grande centro moderador do governo. Da UP faziam parte também o MAPU - uma dissidencia da democracia cristã de Eduardo Frei de trajetória muito parecida com a da AP no Brasil-, o Partido Radical - apesar do nome, um partido histórico dos maçons do Chile e que tentava nesta ocasião se aproximar da socialdemocracia internacional - e outros partidos menores. Mas Allende tinha também amigos independentes em que confiava, aos quais chamou para ocupar posições chaves no governo. E tinha a ilusão de poder controlar a ultra-esquerda dando-lhe também espaço no governo, além de conformar uma espécie de "guarda-pessoal" (que se mostrou depois um grande ponto de atrito com as Forças Armadas) em base aos guerrilheiros e ex-guerreilheiros do MIR, um partido da ultra-esquerda fortemente ligado à Cuba e à Fidel Castro.

Ao contrário de certa visão que ainda prevalece em algúns analistas do processo chileno, Allende não era um demagogo, em absoluto, se bem que sua figura política pudesse soar um pouco esotérica para o padrão de comportamento dos políticos do pacto liberal-conservador típico desta época na América Latina. Sua ação política pendulava entre a construção de um espaço de diálogo com as forças políticas - mesmo as de oposição - e alguns arroubos revolucionários que levavam a certa radicalização política. Pessoalmente considero que um dos componentes básicos do que veio a resultar na tragédia chilena foi a dicotomia que se estabeleceu entre duas forças progressistas : a democracia-cristã, que pendeu ou foi empurrada para a direita, no processo chileno, e as forças que compunham o núcleo do governo da Unidade Popular, que penderam excessivamente para a confrontação e a tentação golpista de esquerda. Durante três anos Allende tentou se equilibrar na condução do seu governo, ora tendendo para o seu lado "esquerda", ora conciliando via seu lado contemporizador. Quando perdeu totalmente a capacidade de se equilibrar no fio da navalha, instalou-se a ingovernabilidade e o golpe se tornou inevitável.

Há quem atribua à radicalização do processo de estatizações pelo governo da Unidade Popular a causa principal da hostilidade da grande burguesia e das camadas médias chilenas ao governo de Allende. Se bem que é certo que, do lado dos governo dos Estados Unidos (lembremo-nos que "nuestros hermanos del Norte" estavam sob o governo de Richard Nixon e a tutela imperial de Henry Kissinger), a hostilidade ao governo de Allende começou a ficar evidente desde a campanha eleitoral, quando as estatizações eram apenas uma idéia programática. Visto com a perspetiva de hoje, o processo de estatizações aparece, na realidade, como a consequencia inevitável do programa econômico que era a base da plataforma de governo da Unidade Popular. As estatizações foram se sucedendo, levando a uma forte radicalização do processo político. A instituição em que eu trabalhava - a Corporación de Fomento de la Producción - passou a ser o principal instrumento para as estatizações, através da utilização de antigas leis (verdadeiros "resquícios legais") que permitiam a requisição de empresas em casos de desabastecimento, etc. As "requisições" foram se sucedendo e também à Corfo cabia a gestão destas empresas estatizadas, através de "interventores" designados pelos partidos políticos da UP ou dentro dos quadros técnicos da Corfo. Evidentemente, a reação dos Estados Unidos foi violenta, já a partir da própria campanha eleitoral que resultou na eleição do Allende. Hoje sabe-se plenamente que os Estados Unidos financiaram as campanhas de candidatos que disputavam com Allende. Uma vez eleito Allende - mas ainda não empossado - houve uma tentativa de golpe de estado em que a participação indireta americana ficou evidenciada : o grupo de conspiradores - militares anti-Allende em aliança com militantes de ultra -direita - tentou sequestrar o Comandante do Exército, general René Schneider, que havia assumido uma posição legalista. O sequestro se frustrou, mas levou à morte do Gen Schneider, ferido á bala na tentativa. As armas utilizadas pelos conspiradortes foram cedidas por agentes ligados à CIA americana, segundo investigações do Senado americano comprovaram anos depois.
Empossado Allende, a hostilidade americana foi permanente. E o golpe militar de 73 teve forte respaldo militar americano.

Mais de tres décadas após a experiencia chilena com o governo da Unidade Popular, é válida a pergunta de qual teria sido a contribuição real que poderia ser apontada, hoje, deixada por Allende no âmbito das instituições e da economia chilena.
Esta é, na realidade, uma pergunta difícil de ser respondida. Para muitos de nós que vivemos o processo chileno pré-73, Allende tornou-se o símbolo da aspiração de uma via pacífica para a tomada do poder e a construção de uma sociedade com cores socialistas. A possibilidade desta via pacífica, eleitoral, era um sonho que se frustrou inteiramente quando do golpe pinochetista. A morte heróica de Allende, resistindo no Palácio de la Moneda, tornou-se um símbolo para milhares, milhões talvez. Mas também abriu um espaço de reflexão para a esquerda. Muitos não souberam tirar as lições deste período e caminharam para o desastre político. Outras forças, a duras penas, purgaram os seus pecados e conseguiram avançar em projetos mais comprometidos com os ideais democráticos. Para estes, a democracia deixou de ser um valor "burguês", para ser um valor universal. Neste sentido, a herança de Allende foi extremamente positiva (malgré lui, se pode até dizer). A ampla coligação de partidos históricos - la Concertacción - que levou à redemocratização no Chile é certamente herdeira deste processo histórico. Lula e o PT, no Brasil, também o são, se bem que não tenho certeza de que tenham consciência disto. Mas acho que pelos menos Marco Aurélio Garcia- que viveu no Chile nos tempos de Allende- participa esta compreensão mais aberta.

O Chile é governado hoje pela socialista Michelle Bachelet . A presidente Bachelet é uma ex-presa política que teve o seu pai, o general da Força Aérea Alberto Bachelet - um oficial progressista, próximo do Partido Comunista, com quem trabalhei e que comigo esteve preso no Ministério da Defesa - morto nas masmorras militares nas semanas que se sucederam ao golpe. Muitos se surpreendem com a moderação da esquerda chilena, agora de volta ao poder em outras condições históricas. A dura repressão do período Pinochet levou a que se forjara a coalização esquerda/democracia cristã que fora impossível nos tempos de Allende. De certa forma - e à semelhança do caso brasileiro, em que o governo Lula deu continuidade à política econômica de Fernando Henrique - os governos dos partidos da Concertacción ( a grande coalização das forças democráticas que possibilitou que se construíra, pouco a pouco e com extremo cuidado, as condições para o afastamento de Pinochet do poder) preservaram as carcterísticas básicas do modelo econômico chileno. Muitos se espantam com a vitalidade economica chilena das últimas décadas. Não falta quem atribua esta vitalidade às políticas econômicas adotadas sob Pinochet. O que há de fundamento nesta perspetiva ? O povo chileno vive hoje melhor e com mais prosperidade, em comparação à época da implantação do governo de Allende?


Sem dúvida alguma. Afinal, passaram-se 35 anos. A economia chilena apresenta hoje uma certa pujança, o Chile tornou-se uma espécie de "jaguar latinoamericano". Tendo vivido no Chile entre 1969 e 1973, tive a chance histórica de ter presenciado e tomado participação ativa no processo que levou à ascenção e queda do regime da Unidade Popular. Participei da resistencia ao golpe militar, fui preso e conduzido aos subterraneos do Ministério da Defesa, em frente ao Palácio bombardeado do governo.Fui a seguir conduzido ao campo de concentração do Estádio Nacional, onde tomei conhecimento da morte trágica da minha esposa, fuzilada pelos militares. Sofri os horrores da viuvez, dos fuzilamentos simulados e das condições precárias da prisão no Estádio Nacional por várias semanas (em outra ocasião, poderei contar como, dentro desta tragédia coletiva, vivi a minha própria tragédia pessoal, e pude superar a ambas com um final "feliz"). Ter acompanhado de dentro todo este processo, ter visto a ascensão, depois o apogeu e finalmente os horrores da derrocada, deu-me, talvez, uma visão ímpar.
Posteriormente, voltei a viver no Chile entre 1998 e 2002, desta vez não mais como exilado, mas vinculado a um organismo das Nações Unidas. Já era um novo Chile, então já no segundo e terceiro governos da "Concertacción" , o segundo com o democrata-cristão Eduardo Frei (o filho do presidente Frei que havia recebido os exilados dos anos 60) e o terceiro com o socialista "renovado" Ricardo Lagos.

Não há comparação possível entre os dois Chiles. O Chile anterior havia sido para mim o Chile do sonho, da utopia, da esperança. O Chile que se reclamava no seu hino nacional que seria " ó la tumba de los libres, ó el asilo contra la opresión". Para mim e para geração de brasileiros que lá viveu, este Chile foi o asilo contra a opressão.
O Chile de hoje é o país moderno, que se pensa às portas do primeiro mundo, mas que descobre às vezes que tem uma concentração da renda ainda mais regressiva que a do Brasil. Um Chile com um nível de bem-estar maior, um Chile que avançou em muitos aspectos sociais, econômicos e políticos. Mas falta alma ao país. Êle se aburguesou. E também se apequenou nos ideais e na participação política.
Então, quando olho para o Chile dos tempos de Allende, vejo que talvez nada tenha sobrado do naufrágio das ilusões perdidas. Como no poema de Drummond que fala de Itabira, Allende é hoje apenas um retrato na parede. Mas como dói, como bate uma saudade e uma nostalgia imensas desta época em que a construção da Utopia parecia estar ao alcance das mãos..."

sábado, 9 de agosto de 2008

Into Great Silence

Clip do elogiado documentário do diretor Philip Gröning sobre a vida dos monges cartuxos da "Grande Chartreuse"(Grande Cartuxa) em Isère, França. Apesar do sucesso de público lá fora, até onde sei, ainda não há previsão de lançamento no maior país católico do mundo.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

A nova "lei" que não ousa dizer o nome

Segundo o UOL “ por unanimidade, os ministros concluíram que as algemas devem ser utilizadas apenas em casos excepcionais ou quando há ameaça ao acusado, ao policial ou outras pessoas.”. Trata-se, naturalmente de ministros do STF que, com essa orientação, criaram uma “nova lei fleury”. Desnecessário mencionar o nome do homenageado. Alguém tem dúvidas a respeito do significado da expressão “casos excepcionais”? No grande bananão - onde ainda persiste a divisão entre Casa Grande e Senzala - os casos excepcionais, tornam-se regra quando aplicados aos deserdados da terra. Por definição eles são, sempre, ameaça a eles ou aos outros. Já os ricos, brasileiros ou não, pouco importa, ah! ..., é uma outra história ou seria Estória?

Não, eu não estou defendendo o uso de algemas, apenas a igualdade perante a lei de todo cidadão desta república nos tristes trópicos. Sabemos não ser este o caso hoje e ,tão pouco, no futuro como resultado desta nova orientação do STF.

Esta orientação e a aceitação de candidatos com “ficha suja” estão sendo apresentados como “defesa da preservação de direitos fundamentais”. Concordo que não se deve nunca negar “o princípio da presunção da inocência”, mas não sei se ele aplica-se ao caso em questão. No caso das algemas foi usado o “princípio da dignidade humana”, que, também, deve ser sempre respeitado. Contudo, a orientação o nega completamente, ao manter a diferença usual, na prática, entre justiça para pobres e justiça para ricos. Pode-se argumentar não haver sido essa a intenção do Tribunal, mas esta linha de defesa é mais frágil do que aparenta ser. É suficiente consultar o genial livro “Intention”, da grande filosofa britânica G.E.M. Anscombe.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

The times are nightfall, look, their light grows less

The times are nightfall, look, their light grows less;
The times are winter, watch, a world undone:
They waste, they wither worse; they as they run
Or bring more or more blazon man’s distress.
And I not help. Nor word now of success:
All is from wreck, here, there, to rescue one—
Work which to see scarce so much as begun
Makes welcome death, does dear forgetfulness.

Or what is else? There is your world within.
There rid the dragons, root out there the sin.
Your will is law in that small commonweal…

Gerard Manley Hopkins

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Piadas sobre Economistas e Economia XI

Um dia um homem entrou na biblioteca, foi a seção de referência e pediu por livros de economia. Para a surpresa da bibliotecária nenhum dos livros de economia estavam na seção de referência. "Não há problema. Eu posso ir a outra biblioteca. Sou um homem muito ocupado e tirei este fim de semana para estudar economia"
Curiosa com a figura, a bibliotecária não resistiu e perguntou ao sujeito: "Mas por que é tão urgente para o senhor estudar economia ?"
"É que eu sou economista. Estou dando aulas nesta universidade já fazem dez anos. Como eu tenho uma importante reunião da segunda-feira, imagino que a economia tenha mudado nos últimos dez anos."
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Uma mulher estava caminhando pela vizinhança quando um menino dirigiu-se a ela: "Senhora, você gostaria de ter estes cachorrinhos ? Eles são recém-nascidos, mas daqui a pouco já podem se mudar"
"Oh, que bonitinhos! Que raça são eles ?"
"São economistas."
A mulher gostou dos cachorros e falou com seu marido. Uma semana depois o marido viu os cachorros.
"Senhor, gostaria de um cachorrinho ?"
"Minha mulher falou com você há uma semana atrás. Que raça são eles mesmo ?"
"São analistas de decisão"
"Imaginei que minha mulher tivesse dito que eram economistas."
"Claro, é que eles abriram os olhos durante esta semana."
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Dois guardas estavam perseguindo um bandido. Um deles então começou a calcular a estratégia mista ótima para a perseguição, enquanto outro protestou: "Você está bobeando! Ele está fugindo!", "Relax", respondeu o policial adepto a Teoria dos Jogos."Ele estará pensando no assunto também, não estará ?"
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Um economista experiente e um economista não tão experiente estavam andando, quando avistaram uma merda na calçada.
O economista experiente falou: "Se você comer esta merda eu te dou $ 20.000,00". O economista não experiente calculou o problema de otimização e concluiu que o ótimo seria comer a merda a fim de pegar o dinheiro.
Os dois continuaram andando pela rua até que quase pisaram em outra merda. O economista não tão experiente disse: "Agora se vo-cê comer esta merda eu te dou $ 20.000,00."
Após avaliar cuidadosamente, o economista experiente comeu a merda e pegou o dinheiro.
Continuaram caminhando, enquanto o economista não tão experiente divagava: "Veja, nós dois temos a mesma quantidade de dinheiro que tínhamos antes, mas ambos comemos merda. Eu não nos vejo em uma posição ótima."
O economista experiente disse. "Bem, é verdade, mas você está subestimando o fato de que nós dois estivemos envolvidos num comércio de $ 40.000,00!"

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Piero Sraffa




Há 110 anos, 05 de Agosto de 1898, nascia Piero Sraffa. O texto a seguir é uma boa introdução ao pensamento desse grande economista que faleceu no dia 3 de Setembro de 1983, um mês após a morte de Joan Robinson.

"One of the economic giants of the century, Piero Sraffa was at the same time one of the sparest writers of economics - yet each one of his few pieces was tremendous in its turn. Sraffa's 1926 article on returns to scale and perfect competitions (a revised version of his 1925 Italian paper) highlighted a glaring inconsistency in the Marshallian theory of the firm. As he concluded at the end of the famous 1930 Symposium on his work:

"I am trying to find what are the assumptions implicit in Marshall's theory; if Mr. Robertson regards them as extremely unreal, I sympathize with him. We seem to be agreed that the theory cannot be interpreted in a way which makes it logically self-consistent and, at the same time, reconciles it with the facts it sets out to explain. Mr. Robertson's remedy is to discard mathematics, and he suggests that my method is to discard the facts; perhaps I ought to have explained that, in the circumstances, I think it is Marshall's theory that should be discarded."

(Piero Sraffa, 1930, Economic Journal, March, p.93)

This led to developments in two directions -- towards a theory of production in general equilibrium terms and, more daringly, the development of theory of imperfect competition by Joan Robinson (apparently Sraffa was the only male she respected -- and feared.)

The shy, Italian-born Sraffa was brought by John Maynard Keynes to Cambridge in the 1920s. A close friend of the Italian revolutionary Antonio Gramsci, Sraffa has been sometimes considered a "closet Marxian" - and, apparently, he would sometimes be quite explicit about his loyalties - although the 1920s England was not exactly welcoming to Marxian radicals.

Sraffa quickly became a fixture in the Cambridge world. He was part of the legendary "cafeteria group" with Frank Ramsey and Ludwig Wittgenstein which explored the 1921 probability treatise of J.M. Keynes. Sraffa ganged up with Keynes to bury Friedrich Hayek in the business cycle debates.

Nonetheless, Sraffa's shyness in front of his students made lecturing a hellish experience. Ever resourceful, Keynes arranged for Sraffa to be appointed as a librarian of King's College and, to keep him busy, got the Royal Society to hand over the task of editing a new collected edition of David Ricardo's works over to him. Sraffa's painstaking and meticulous collecting and editing of Ricardo's works, begun in 1931, turned out to be a 20-year-task! Although already in the printers in 1943, the edition was delayed after the last-minute discovery of a trunk full of Ricardo's papers in Ireland. Publication finally began (after Maurice Dobb got on board as assistant) in 1953. It was a formidable edition. As George Stigler was to put it later in his review, "Ricardo was a fortunate man.. And now, 130 years after his death, he is as fortunate as ever : he has been befriended by Sraffa." (Stigler, 1953). Sraffa's introduction to the works was perhaps one of the most remarkable interpretations of the tenets of Classical and Neoclassical theory in the history of economic thought.

The outgrowth of these efforts was one of the longest-gestating works in economic theory. Begun in the 1920s, Sraffa's Production of Commodities by Means of Commodities, a terse, hundred-page text which finally emerged in 1960. This book solved and restated Ricardo's theory for the moderns - inspiring the "Classical Revival" spearheaded by the Neo-Ricardians at Cambridge and elsewhere in the 1960s and 1970s. He was also the first to depict the famous "reswitching" problem in capital theory for an industry as well as an economy - which led to the Cambridge Capital Controversy and fuelled the Neo-Ricardian School.

An interesting contribution of Sraffa was his relationship to philosopher Ludwig Wittgenstein - who claimed that it was Sraffa who helped provide the important stepping stones for his Philosophical Investigations - arguably the most important philosophical work of the twentieth century.

One last anecdote may be in order: in the 1930s or 1940s, Sraffa apparently came upon some money but he refused to invest until he found the "one perfect" investment. In 1945, after the bombs fell on Hiroshima and Nagasaki, Sraffa put all his money in Japanese government bonds - not believing that the defeated Japan would stay lying in postwar rubble for long. Needless to say, Japanese bonds were going for a song. This radical economist made quite a fortune."

Fonte:http://cepa.newschool.edu/het/

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

The big freeze: A year that shook faith in finance

Mais um artigo, publicado no FT, sobre o aniversário da crise econômica.

"Just over a year ago, Hiroshi Nakaso, a senior official at the Bank of Japan, started to fear that the global financial system was heading for a jolt. Back then, most American policymakers assumed that the western banking system was extraordinarily strong. Thus while US mortgage defaults were rising, western officials were convinced that such losses would be easily “contained".

But as Mr Nakaso watched western markets in July 2007, he had a sense of déjà vu. “I see striking similarities in what I see today with the early stages of our own financial crisis [in Japan] more than a decade ago,” he privately warned international contacts shortly after IKB, a German lender, imploded as a result of subprime losses. “Probably we will have to be prepared for more events to come ... the crisis management skills of central banks and financial authorities will be truly tested.”

His fears proved well-founded. On August 9 2007, the European Central Bank sent shock waves around world financial capitals when it injected €95bn ($150bn, £75bn) worth of funds into the money markets to prevent borrowing costs from spiralling sharply. The US Federal Reserve soon followed suit. But while the central banks had billed these moves as “pre-emptive” actions to quell incipient market tensions, they did not bring the panic to an end."

Gillian Tett

FT: 03.08.08

Para ler o resto do artigo: www.ft.com

domingo, 3 de agosto de 2008

Kenneth Rogoff e o Primeiro Aniversário da Crise Econômica Mundial

No primeiro aniversário da crise econômica mundial, Rogoff - professor de economia na Universidade Harvard e ex economista-chefe do Fundo Monetário Internacional - reexamina “as estratégias para enfrentá-la” e, também, “o diagnóstico que as embasa”. Gostei muito do artigo e recomendo a sua leitura. Para aguçar o apetite, reproduzimos a conclusão desse excelente artigo, que saiu na Folha de S.Paulo desse domingo, 03.08.08.

“Por inúmeras razões, técnicas e políticas, a regulamentação dos mercados financeiros jamais será severa o bastante nos ciclos de expansão. É por isso que é importante que seja mais dura nas contrações, de modo que os investidores e os executivos das empresas tenham motivo para prestar séria atenção aos riscos.
Se instituições financeiras mal geridas não forem autorizadas a fechar as portas em recessões, quando exatamente permitiremos que quebrem? É claro que a bagunça de hoje levou anos para surgir, e não há estratégia de saída fácil e indolor. Mas a necessidade de introduzir mais disciplina no setor bancário é mais motivo para que as autoridades econômicas rejeitem uma política macroeconômica excessivamente expansiva, em um momento como este, e aceitem a desaceleração que inevitavelmente deve surgir ao final de um boom tão incrível. Para a maioria dos bancos centrais, isso significa elevar as taxas de juros a fim de combater a inflação.
Para os Tesouros, significa manter a disciplina fiscal e não ceder à tentação de promover restituições de impostos ou subsidiar os combustíveis. Nas tentativas das autoridades econômicas de evitar uma recessão escancarada por choque de oferta, elas estão assumindo riscos excessivos com a inflação e a disciplina orçamentária, que podem, por fim, resultar em crise muito maior e mais prolongada.”

sábado, 2 de agosto de 2008

From Theologian to Pope: A personal view back, past the public portrayals.


Somente recentemente encontrei o texto abaixo que - na minha modesta opinião de leitor dos trabalhos do Ratzinger - é uma ótima apresentação do pensamento do atual Papa.



"Joseph cardinal ratzinger's election as pope came as a surprise. Many expected the selection of a younger person. Others anticipated that the conclave might consider a population shift of Catholicism from Europe to the Third World and therefore select a candidate from a non-European country. Although Pope Benedict XVI's appointment has been welcomed, he has unfortunately been depicted with slogans more suitable for bumper stickers than for informative insight, such as the "Church's Rottweiler," "Cardinal Panzer," and even "theological neo-con," all referring to his role, as Prefect of the Holy Office, in condemning certain theologians and theological trends. Others have countered with more favorable descriptions, but these are generally personal rather than substantive: a very warm and shy person, friendly, compassionate, and, above all, extremely intelligent. Still others say that the student revolutions of the 1960s in Germany profoundly influenced Ratzinger, changing him from a progressive theologian to a conservative one.

The negative slogans are wrong, the personal descriptions are true, and the biographical explanations are, in general, misleading. They overlook that Ratzinger has from early days had a consistent theological vision. This theological vision, moreover, clearly points to the directions that his papacy will take. Despite all continuities with John Paul II, Ratzinger's theological vision is distinctive.


In 1963, as a young theology student, i won a fellowship to study in Germany with Karl Rahner, Germany's most famous theologian, then appointed to the Romano Guardini chair in the faculty of arts and letters at the University of Munich. I soon learned, however, that the theological faculty at Munich had refused to allow Rahner's students to receive doctorates in theology and that Rahner's most gifted student, Johann Baptist Metz, and Joseph Ratzinger, had moved to the University of Münster.

At the last minute, I transferred my fellowship so that I could study with both Metz and Ratzinger and also have the advantage of a Protestant faculty at Münster. My decision was fortuitous. Münster had also just appointed Walter Kasper, now a cardinal and in charge of ecumenical affairs at the Vatican, who became a friend and a mentor to both my wife, Elisabeth, and myself. (Two years later, Rahner left Munich and came to teach at Münster with his assistant, the future Cardinal Lehman. Rahner resided in the dormitory where I lived, giving me the opportunity to know him personally as well as academically. Münster had a remarkable constellation of theologians: three became cardinals and one of them pope.)

In the fall semester, Ratzinger began his teaching a few weeks late, delayed by his presence at Vatican II. His lectures, which I attended, attracted 400 to 500 students. He was clearly the most popular lecturer around. Moreover, he had a knowledge of scripture and the history of theology that far excelled that of the other members of the faculty. Ratzinger would arrive at class on his bicycle, having traveled from an apartment he shared with his sister, Maria. (He would show his lectures in advance to Maria, so she could tell him whether his students would understand them.) His lectures were so well crafted that, years later, as a beginning assistant professor at the University of Notre Dame, I found myself using Ratzinger's lectures as the basis for my own, even though I was theologically closer to Rahner and Metz.

During that fall semester, Ratzinger gave the Advent lectures at the Münster Cathedral. This was a town event: the cathedral overflowed and the sermons were described in newspapers. His memoirs confirm the positive reception that he received in Münster from his colleagues, students, and the city. And throughout the years, Ratzinger has continued to publish his sermons, which are characterized by his use of the fathers of the church to illumine the scriptures.

One day, I met Ratzinger outside of class, because two Dominican theologians from the United States needed a translator. Wanting to make a good impression, I dressed up in my best suit, which was a black one. As a result, Ratzinger addressed me as "Father." When I explained that I was a layperson, he pointed to my black suit, because at German universities priests did not wear clerical collars but regular black suits. During this meeting, after many other questions, one of the Dominicans asked, "Did Jesus have a vision of God in Mary's womb?" At that point, Ratzinger looked surprised. He turned to me, and asked in German, "Did I understand that question correctly?" I nodded yes. Answering directly in Latin, Ratzinger quoted William of Ockham: Miracles should not be multiplied beyond necessity. Obviously, he knew more English than he let on.

In my view, Ratzinger's modesty was related to personal shyness or reticence, and this came through in a practice that especially impressed me at the time. At Münster, the theological faculties had their own libraries, which were officially reserve libraries. In practice, however, professors treated the books as their own—students would often find a large wooden card in a spot indicating that a faculty member had removed a particular book, even if it was a volume of a theological encyclopedia. Several times, I found Ratzinger sitting in the reference room alongside students, taking notes on an encyclopedia article rather than removing the volume to his home or office.

In that same fall semester, Ratzinger taught a seminar on Vatican II's just-completed constitution of the Church. His teaching approach was such: After a student orally analyzed the text and raised questions, Ratzinger would open the seminar to further questions from the class. Only after the students had raised all their questions would Ratzinger answer them one after the other. While the memory—and overall intellectual ability—required to answer all questions in this way was impressive, any to-and-fro exchange, to which I had been accustomed in the United States, was missing. I have seen him perform similarly outside the classroom.

One major criticism that German students raised was the Vatican Council's use of the scriptures. They argued that it failed to take sufficiently into account historical criticism. Ratzinger defended the council, and his defense revealed an important characteristic of his own theological orientation. Earlier, when Ratzinger had been in Bonn, Heinrich Schlier was his colleague. Schlier was a New Testament scholar and a student of Rudolf Bultmann (also teacher to Harvard's Helmut Koester), who was known for having converted to Roman Catholicism and for his criticisms of Bultmann's theology, Ratzinger, though knowledgeable of contemporary exegesis, sought to limit the role of historical criticism and, influenced by Schlier, was critical of any interpretation that appeared to be existential in the way that Bultmann's theology was. Ratzinger's opposition to Karl Rahner's theology and his siding with Hans Urs von Balthasar came from his critical view of Rahner's anthropocentrism, which Ratzinger negatively judged as too close to Bultmann's theology. In contrast, I recall Rahner's being proud of a card that Bultmann sent him, praising his work.

One debate within Vatican II concerned the relationship between scripture and tradition. Catholic theologians sought to reformulate the post-Tridentine view of scripture and tradition as two distinct theological sources. In the forefront in this was Josef Geiselmann, who attempted to retrieve the nineteenth-century Tübingen School's notion of "living tradition," in order to criticize the standard view of tradition as an independent source. His student Walter Kasper developed Geiselmann's view further by emphasizing the critical function of scripture in that dogma stands under the Word of God. At that time Ratzinger and Karl Rahner were together editing a book on revelation and tradition. Whereas Rahner sought to relate concrete revelation to the more universal development of human consciousness, Ratzinger sought to correct Geiselmann's views through a detailed exegesis of the Council of Trent. He argued that the relation between scripture and tradition according to the Council of Trent is such that the Spirit is present when an office holder in the hierarchy of the church interprets tradition as clarifying the meaning of scriptures. Ratzinger's emphasis on ecclesial authority in the interpretation of scripture, his critique of the dominance of the historical critical approach, and his appeal to patristic resources for the interpretation of scriptures have remained constant features of his theological writings.

The significance of his view of scripture was brought vividly to my attention several months later. Ratzinger came to give a talk to students at the Catholic center where I was then living. I went to his talk, I must confess, not so much to hear him, because I was taking his classes anyway, but because I thought Elisabeth Schüssler might be there and I could offer to walk her home—I did not quite yet have the courage to ask her out on a date yet. Elisabeth was completing a dissertation on those passages of the New Testament texts that are the classical sources for the "priesthood of the faithful." Arguing from New Testament affirmations that all believers are priests, she pointed to the possibility of the full ministry of women in the church. She and Ratzinger argued rather vigorously and at length. Whenever Elisabeth made a point, Ratzinger graciously smiled, as he often did and does, and conceded that her exegesis of the biblical texts was correct, but he maintained that the Roman Catholic position could not orient itself so primarily on scripture without taking account of the teaching authority of the church. In distinction to other faculty members, Ratzinger was adamant against the ordination of women—a position that he maintains today.

In my view, one can best understand ratzinger by locating him within the movement known as la nouvelle théologie (the new theology). This movement, associated primarily with the Jesuit School of Studies in Lyon, France, and especially the work of Henri de Lubac, has several characteristics. It sought to reform the dominant neo-scholastic theology of its time by going back and retrieving both the theology (especially Augustine) and the liturgical practices of the patristic period. This retrieval focused not on the historical criticism of the scriptures, but on the multiple senses of the scriptures that the fathers of the church elaborated. In addition, this retrieval sought to modify the post-Tridentine liturgy through a retrieval of the liturgical practices of the early church.

Theologically, this movement emphasized the integration of nature and grace in such a way that it underscored the importance of a "Christian culture." Locating Ratzinger within this movement is important because its shows how his theological development is in some ways similar. Just as Henri de Lubac became increasingly critical of the post-Vatican II directions, so too did Cardinal Ratzinger. The shift is not due to some personal traumatic event, but rather to the ambiguities of the movement itself.

The theologians representing la nouvelle théologie interpreted Thomas Aquinas from the perspective of Augustine. Ratzinger sought a much more direct retrieval of the Augustinian tradition. He wrote his first dissertation on Augustine's understanding of the people of God and his "habilitation" (a second dissertation) on St. Bonaventure's theology of history. His theological writings often underscored Augustine's emphasis on spirituality, the role of the cross, and Christian charity toward the neighbor. His sermons explicated the scriptures with reference to patristic images and themes. In this way, Ratzinger's writings contrasted sharply with the more arid scholasticism of his day. For this reason, he was perceived as a progressive theologian. But the Augustinian emphasis made Ratzinger much less favorable toward Metz's work on secularization and political theology, for example, and led him to question Rahner's understanding of Christianity.

Ratzinger's indebtedness to la nouvelle théologie comes to the fore in regard to the patristic interpretation of scripture and the retrieval of Augustine, but also in an emphasis on liturgical renewal and a focus on the centrality of the Eucharist for the life and missions of the church. These emphases are constant in Ratzinger's writing, and in this regard he is actually much more of a "traditionalist" than Pope John Paul II, who on occasion orchestrated Eucharistic celebrations as mass-media events with contemporary, even rock, music. John Paul II's liturgies often replaced Gregorian chant and polyphony with music and dances from Africa, Asia, and Latin America. Ratzinger has been critical of such celebrations, and his own inaugural Mass clearly demonstrates a return to a more traditional celebratory form, just as his writings on the liturgy have questioned some of Vatican II's reforms, for example, the celebrant facing the people.

Understanding the theological vision of the relationship between nature and grace as well as Christianity and culture that was central to la nouvelle théologie is crucial for understanding what Ratzinger's goals and direction as pope will be. In one of his earliest writings on the topic of nature and grace, Ratzinger argues that the focus upon grace perfecting nature should not overlook the cross of Christ and should not neglect that grace also challenges and stands in critique of nature. Ratzinger makes this explicit in his understanding of the relation between Christian faith and culture. In his view Christian faith is not something that exists simply as a set of propositional doctrines; nor does it exist as sheer abstract religion. Instead, religion and culture are concretely intertwined and cannot be separated. Therefore, one cannot simply think of Christianity independent of culture. Instead, one has to ask: How is the Christian community a distinctive Christian culture? Because the Christian faith entails a stance about the meaning of human nature and the affirmation of certain values, it entails a culture of meaning and values. Christianity exists as a social and cultural community called the people of God. Such a community is its own distinctive culture whose beliefs and values stand in tension with other cultures.

From there, one can readily compare Ratzinger's position with the theological appropriation that Hans Frei and George Lindbeck of Yale have made of the ideas of Ludwig Wittgenstein and Clifford Geertz in order to understand Christianity as a community with its specific narratives and language—indeed within a specific cultural linguistic framework. Ratzinger's theological vision is in some ways similar, though he gives a much more foundational role to a metaphysical view of human dignity and to the importance of truth claims. In his view, democracy, pluralism, and human rights rest upon such claims. Ratzinger has argued that such a view of Christianity points to the possibilities for dialogue in a democratic and pluralist world. Such a vision, he argues, is pluralist but not relativist, because it affirms basic values.

Such a vision underlies some of the more recent controversies. His confrontation with liberation theology makes the important point that religion can become an ideology of political policy unless it is mediated through a political ethics and assessed in terms of Christian values. Likewise, he insists that in inter-religious dialogue, one has to keep in mind the possibility of the ideological distortions and consequences of religious beliefs. Hence, such a dialogue involves more than mutual acceptance; it requires mutual critique as well. Ratzinger has developed a rather nuanced, complex vision of the relationship between Christianity and culture that the more polemic controversies do not allow to come to the fore.

It is this vision of Christianity as community with a distinctive culture that stands behind Ratzinger's choice of Benedict as the name to express the direction of his papacy. Just as Benedictine monasteries were resources of Christian culture, seeding Christian culture throughout Europe, so too today the Catholic Church should be a community of a clearly identifiable Christian culture and tradition. Only as such can the Catholic Church act positively, as a sort of countercultural community, and take a creative and critical role to contemporary cultures. Such a theological vision differs sharply from views that seek to develop a transcultural vision of Christianity, whereby it can distance itself from its cultural heritage and identity. Ratzinger fears that such transcultural visions would entail a loss of the distinctive Christian identity.

Likewise, any attempt to engage in religious and cultural dialogue has to proceed out of a community with its own clearly defined cultural identity. In contrast to some of the negative portrayals of him, Benedict XVI does envision the Catholic Church in dialogue with others, but he is convinced that such dialogue should not rest on some generic understanding of religion and culture. Instead, it should stem from a community that brings its vision into the dialogue "


francis schüssler fiorenza is Stillman Professor of Roman Catholic Theological Studies at Harvard Divinity School.

Fonte: Harvard Divinity Bulletin, Vol. 33, No. 2 (Autumn 2005)