No primeiro aniversário da crise econômica mundial, Rogoff - professor de economia na Universidade Harvard e ex economista-chefe do Fundo Monetário Internacional - reexamina “as estratégias para enfrentá-la” e, também, “o diagnóstico que as embasa”. Gostei muito do artigo e recomendo a sua leitura. Para aguçar o apetite, reproduzimos a conclusão desse excelente artigo, que saiu na Folha de S.Paulo desse domingo, 03.08.08.
“Por inúmeras razões, técnicas e políticas, a regulamentação dos mercados financeiros jamais será severa o bastante nos ciclos de expansão. É por isso que é importante que seja mais dura nas contrações, de modo que os investidores e os executivos das empresas tenham motivo para prestar séria atenção aos riscos.
Se instituições financeiras mal geridas não forem autorizadas a fechar as portas em recessões, quando exatamente permitiremos que quebrem? É claro que a bagunça de hoje levou anos para surgir, e não há estratégia de saída fácil e indolor. Mas a necessidade de introduzir mais disciplina no setor bancário é mais motivo para que as autoridades econômicas rejeitem uma política macroeconômica excessivamente expansiva, em um momento como este, e aceitem a desaceleração que inevitavelmente deve surgir ao final de um boom tão incrível. Para a maioria dos bancos centrais, isso significa elevar as taxas de juros a fim de combater a inflação.
Para os Tesouros, significa manter a disciplina fiscal e não ceder à tentação de promover restituições de impostos ou subsidiar os combustíveis. Nas tentativas das autoridades econômicas de evitar uma recessão escancarada por choque de oferta, elas estão assumindo riscos excessivos com a inflação e a disciplina orçamentária, que podem, por fim, resultar em crise muito maior e mais prolongada.”