E o debate continua.... agora com a participação do Posner, um dos grandes da Escola de Chicago.
Until last September, when the banking industry came crashing down and depression loomed for the first time in my lifetime, I had never thought to read The General Theory of Employment, Interest, and Money, despite my interest in economics. I knew that John Maynard Keynes was widely considered the greatest economist of the twentieth century, and I knew of his book's extraordinary reputation. But it was a work of macroeconomics--the study of economy-wide phenomena such as inflation, the business cycle, and economic growth. Law, and hence the economics of law--my academic field--did not figure largely in the regulation of those phenomena. And I had heard that it was a very difficult book, which I assumed meant it was heavily mathematical; and that Keynes was an old-fashioned liberal, who believed in controlling business ups and downs through heavy-handed fiscal policy (taxing, borrowing, spending); and that the book had been refuted by Milton Friedman, though he admired Keynes's earlier work on monetarism. I would not have been surprised by, or inclined to challenge, the claim made in 1992 by Gregory Mankiw, a prominent macroeconomist at Harvard, that "after fifty years of additional progress in economic science, The General Theory is an outdated book. . . . We are in a much better position than Keynes was to figure out how the economy works."
We have learned since September that the present generation of economists has not figured out how the economy works. The vast majority of them were blindsided by the housing bubble and the ensuing banking crisis; and misjudged the gravity of the economic downturn that resulted; and were perplexed by the inability of orthodox monetary policy administered by the Federal Reserve to prevent such a steep downturn; and could not agree on what, if anything, the government should do to halt it and put the economy on the road to recovery. By now a majority of economists are in general agreement with the Obama administration's exceedingly Keynesian strategy for digging the economy out of its deep hole. Some say the government is not doing enough and is too cozy with the bankers, and others say that it is doing too much, heedless of long-term consequences. There is no professional consensus on the details of what should be done to arrest the downturn, speed recovery, and prevent (so far as possible) a recurrence. Not having believed that what has happened could happen, the profession had not thought carefully about what should be done if it did happen.
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quarta-feira, 30 de setembro de 2009
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Um homem de cultura
Ótimo artigo do Bresser Pereira. As afinidades com a doutrina social católica nunca foram tão explicitas, no trabalho deste grande homem de cultura e fé.
A dificuldade que o presidente Barack Obama está enfrentando para aprovar legislação universalizando os cuidados de saúde é tão surpreendente quanto previsível. É surpreendente porque é inconcebível que o país com a maior renda do mundo por habitante não garanta atendimento de saúde gratuito a todos os seus habitantes, enquanto países com renda per capita menor, inclusive o Brasil, asseguram esse direito. Em relação a outros bens públicos como educação universitária, prestígio social, número de amigos, e mesmo na graça divina, é razoável que os indivíduos que revelam maior aptidão ou maior interesse tenham maior participação.
Não há, porém, teoria de justiça que justifique que os mais ricos tenham acesso a melhores cuidados de saúde do que os pobres. Os países que dispõem de sistemas universais de atendimento de saúde estão longe desse ideal de justiça, mas deram um passo importante nessa direção. Surpreendentemente, não é o caso dos Estados Unidos.
O fenômeno, entretanto, é previsível quando consideramos que a existência de um sistema universal de saúde assegurado pelo Estado pressupõe certo grau de fraternidade -virtude incompatível com o individualismo feroz que prevalece naquele país. Condições históricas favoráveis, principalmente a colonização da Nova Inglaterra por puritanos que puderam reproduzir a sociedade inglesa sem suas graves desigualdades sociais, permitiram que os EUA se desenvolvessem de forma extraordinária até a Segunda Guerra.
Aquele, porém, foi um momento de auge; foi provavelmente o limite a que pode chegar uma sociedade baseada em individualismo tão forte. Desde então, enquanto os países europeus e alguns países em desenvolvimento reorganizaram suas sociedades em nome tanto do desenvolvimento econômico como da solidariedade e montaram um Estado social ou do bem-estar, os EUA perdiam gradualmente poder e influência.
O colapso da União Soviética representou uma retomada para os EUA, mas, à medida que se baseou em uma ideologia, o neoliberalismo, que radicalizava o individualismo, foi uma retomada com voo curto.
O presidente americano e muitos dos seus concidadãos reconhecem a injustiça envolvida na falta de um regime universal de saúde, e querem resolver o problema. A resistência que enfrentam, entretanto, reflete uma elite que não quer pagar mais impostos e busca substituir a fraternidade estatuída na lei pela caridade.
Reflete também o atraso democrático de um país que admite como "natural" que as empresas de seguro e de convênios médicos, que defendem seus interesses privados, sejam vistas pela imprensa como detentoras da mesma legitimidade que os cidadãos que discutem em nome do interesse público.
Essa incapacidade de distinguir a natureza dos debatedores é o resultado de um individualismo neoliberal que rejeita a ideia de interesse público ou de bem comum e afirma que apenas existem interesses privados. Estes competiriam pelas políticas públicas de forma muito semelhante àquela através da qual as empresas competem no mercado por lucro. A sociedade transforma-se assim em mercado, com uma diferença: enquanto que para este funcionar bem basta o preço definido na concorrência, para que a sociedade funcione bem a concorrência pelo poder não basta: é necessária também a solidariedade. As dificuldades que o presidente Obama está enfrentando para aprovar a universalização dos cuidados de saúde indicam quanto o individualismo feroz é ainda forte em seu país.
A dificuldade que o presidente Barack Obama está enfrentando para aprovar legislação universalizando os cuidados de saúde é tão surpreendente quanto previsível. É surpreendente porque é inconcebível que o país com a maior renda do mundo por habitante não garanta atendimento de saúde gratuito a todos os seus habitantes, enquanto países com renda per capita menor, inclusive o Brasil, asseguram esse direito. Em relação a outros bens públicos como educação universitária, prestígio social, número de amigos, e mesmo na graça divina, é razoável que os indivíduos que revelam maior aptidão ou maior interesse tenham maior participação.
Não há, porém, teoria de justiça que justifique que os mais ricos tenham acesso a melhores cuidados de saúde do que os pobres. Os países que dispõem de sistemas universais de atendimento de saúde estão longe desse ideal de justiça, mas deram um passo importante nessa direção. Surpreendentemente, não é o caso dos Estados Unidos.
O fenômeno, entretanto, é previsível quando consideramos que a existência de um sistema universal de saúde assegurado pelo Estado pressupõe certo grau de fraternidade -virtude incompatível com o individualismo feroz que prevalece naquele país. Condições históricas favoráveis, principalmente a colonização da Nova Inglaterra por puritanos que puderam reproduzir a sociedade inglesa sem suas graves desigualdades sociais, permitiram que os EUA se desenvolvessem de forma extraordinária até a Segunda Guerra.
Aquele, porém, foi um momento de auge; foi provavelmente o limite a que pode chegar uma sociedade baseada em individualismo tão forte. Desde então, enquanto os países europeus e alguns países em desenvolvimento reorganizaram suas sociedades em nome tanto do desenvolvimento econômico como da solidariedade e montaram um Estado social ou do bem-estar, os EUA perdiam gradualmente poder e influência.
O colapso da União Soviética representou uma retomada para os EUA, mas, à medida que se baseou em uma ideologia, o neoliberalismo, que radicalizava o individualismo, foi uma retomada com voo curto.
O presidente americano e muitos dos seus concidadãos reconhecem a injustiça envolvida na falta de um regime universal de saúde, e querem resolver o problema. A resistência que enfrentam, entretanto, reflete uma elite que não quer pagar mais impostos e busca substituir a fraternidade estatuída na lei pela caridade.
Reflete também o atraso democrático de um país que admite como "natural" que as empresas de seguro e de convênios médicos, que defendem seus interesses privados, sejam vistas pela imprensa como detentoras da mesma legitimidade que os cidadãos que discutem em nome do interesse público.
Essa incapacidade de distinguir a natureza dos debatedores é o resultado de um individualismo neoliberal que rejeita a ideia de interesse público ou de bem comum e afirma que apenas existem interesses privados. Estes competiriam pelas políticas públicas de forma muito semelhante àquela através da qual as empresas competem no mercado por lucro. A sociedade transforma-se assim em mercado, com uma diferença: enquanto que para este funcionar bem basta o preço definido na concorrência, para que a sociedade funcione bem a concorrência pelo poder não basta: é necessária também a solidariedade. As dificuldades que o presidente Obama está enfrentando para aprovar a universalização dos cuidados de saúde indicam quanto o individualismo feroz é ainda forte em seu país.
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
A direita brasileira
Ela já foi a mais importante publicação semanal brasileira, hoje sequer é uma sombra desse passado. Transformou-se em um panfleto que exige mascaras de proteção e luvas cirurgicas para suportar o cheiro e não inalar o veneno que saiu de suas paginas. Raramente folheio na biblioteca, mas fiquei curioso com a manchete sobre o imperialismo. O primarismo da análise, de virar o estomago, lembra uma certa rede de televisão americana. É o discurso da velha e retrograda direita golpista brasileira. Não importa se o Presidente de Honduras é latifundiário, bom, ruim, etc... orelevante é que ele foi derrubado por um golpe de estado no conhecido e tradicional estilo latino americano.
domingo, 27 de setembro de 2009
sábado, 26 de setembro de 2009
You Mustn't Show Weakness, Yehuda Amichai
You mustn't show weakness
and you've got to have a tan.
But sometimes I feel like the thin veils
of Jewish women who faint
at weddings and on Yom Kippur.
You mustn't show weakness
and you've got to make a list
of all the things you can load
in a baby carriage without a baby.
This is the way things stand now:
if I pull out the stopper
after pampering myself in the bath,
I'm afraid that all of Jerusalem, and with it the whole world,
will drain out into the huge darkness.
In the daytime I lay traps for my memories
and at night I work in the Balaam Mills,
turning curse into blessing and blessing into curse.
And don't ever show weakness.
Sometimes I come crashing down inside myself
without anyone noticing. I'm like an ambulance
on two legs, hauling the patient
inside me to Last Aid
with the wailing of cry of a siren,
and people think it's ordinary speech.
and you've got to have a tan.
But sometimes I feel like the thin veils
of Jewish women who faint
at weddings and on Yom Kippur.
You mustn't show weakness
and you've got to make a list
of all the things you can load
in a baby carriage without a baby.
This is the way things stand now:
if I pull out the stopper
after pampering myself in the bath,
I'm afraid that all of Jerusalem, and with it the whole world,
will drain out into the huge darkness.
In the daytime I lay traps for my memories
and at night I work in the Balaam Mills,
turning curse into blessing and blessing into curse.
And don't ever show weakness.
Sometimes I come crashing down inside myself
without anyone noticing. I'm like an ambulance
on two legs, hauling the patient
inside me to Last Aid
with the wailing of cry of a siren,
and people think it's ordinary speech.
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
Dilemas
Um dia de cão: ainda não recebi o jornal e me disseram que por 11 minutos não é possível fazer a entrega. O terrivel é que não há alternativa, já que o sistema de entrega é o mesmo para o jornal concorrente. Coisas do Bananão. Um caminhão velho quebrou e parou a marginal e depois de muito espera, fui obrigado a cancelar a visita ao dentista. O dia não foi de todo perdido, porque aproveitei para visitar concessionárias de carro e isto sempre acalma. É verdade que continuo indeciso em relação ao modelo do carro que devo comprar. O carro dos sonhos vai continuar sendo um sonho, pois o preço é muito salgado. Há um outro aspecto: gosto de carros, mas não consigo superar a barreira moral e psicológica ou qualquer outro complexo, que me impede de gastar muito na compra de um novo carro. Soa piegas, eu sei, mas é verdade. Ah!..., ia esquecendo de outro motivo: morrer de bobeira simplesmente por estar dirigindo um carro um pouco mais caro. A opção é abandonar a periferia e morar do lado do trabalho( Perdizes). Esta é uma opção com um outro risco: perder o pouco que resta de sanidade, já que seria inevitável encontrar com mais frequencia a turma de sempre, aqueles que continuam em 1968, o ano que recusa a termninar pelas bandas de perdizes.
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
G20
É a terceira reunião do G20 em um curto espaço de tempo e dificilmente algo de substancial deverá sair desta reunião. Há mais diferenças que convergência em relação a reforma do sistema financeiro, principalmente na questão da governança corporativa onde se encontram em lados opostos a dupla de sempre, UK-USA versus Europa. Deverá sair o discurso usual sobre a importância das reformas, progressos realizados, forte oposição ao protecionismo que poderia colocar em risco a recuperação econômica e mais do bla, bla, bla de sempre.
Enquanto a caravana passa pelas cidades causando os transtornos costumeiros aos habitantes, aumentando a emissão desnecessaria de poluentes na atmosfera, o mundo real faz de conta que o encontro é importante e que dele vai sair algum resultado concreto e continua tocando a vida... afinal um dia o circo deixa a cidade e tudo volta ao normal...
Enquanto a caravana passa pelas cidades causando os transtornos costumeiros aos habitantes, aumentando a emissão desnecessaria de poluentes na atmosfera, o mundo real faz de conta que o encontro é importante e que dele vai sair algum resultado concreto e continua tocando a vida... afinal um dia o circo deixa a cidade e tudo volta ao normal...
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Coisas do grande bananão
Demorou, mas finalmene a moody´s concedeu ao Brasil o chamado grau de investimento. É verdade que ele já era esperado, mas recebe-lo em um momento em que as economias maduras ainda patinam na recuperação da recente crise econômica, torna-se ainda mais importante.
A consequência obvia é tornar o Brasil um porto ainda mais seguro aos capitais que circulam o mundo em busca de um ótimo retorno com risco baixo. O país já era um dos "darlings", agora a tendência é tornar-se ainda mais atraente. O real que já andava valorizado tende a valorizar-se ainda mais. Há pouco que se fazer, é o preço do sucesso da política econômica tão criticada pela turma que se passa por economista em Barão Geraldo e alhures. Comprar dolares e aumentar as reservas não resolve, naturalmente, o problema, mas é uma política recomendável, já que um grande volume de reservas nunca fez mal a ninguem.
O fato é que o Brasil esta se tornando cada cada vez um país normal. Como isto é uma grande novidade, ainda espanta,... coisas do grande bananão
A consequência obvia é tornar o Brasil um porto ainda mais seguro aos capitais que circulam o mundo em busca de um ótimo retorno com risco baixo. O país já era um dos "darlings", agora a tendência é tornar-se ainda mais atraente. O real que já andava valorizado tende a valorizar-se ainda mais. Há pouco que se fazer, é o preço do sucesso da política econômica tão criticada pela turma que se passa por economista em Barão Geraldo e alhures. Comprar dolares e aumentar as reservas não resolve, naturalmente, o problema, mas é uma política recomendável, já que um grande volume de reservas nunca fez mal a ninguem.
O fato é que o Brasil esta se tornando cada cada vez um país normal. Como isto é uma grande novidade, ainda espanta,... coisas do grande bananão
terça-feira, 22 de setembro de 2009
A crise e a ciência econômica
O debate sobre a ciência econômica e a crise econômica continua,..., desta vez com um artigo bem equilibrado do Braido. O fato é que apesar de tudo a econômia ainda é a ciência social melhor preparada para analisar a realidade econômica e social. Naturalmente há limites, mas não são únicos, ou especificos a economia.
No último domingo, a Folha dedicou grande parte do caderno Mais! a uma abrangente reportagem intitulada "Crise da Razão Econômica". Nessa ocasião, tive a honra de contribuir com um pequeno artigo descrevendo a estrutura que considero adequada a um curso moderno em economia.
Resumidamente, defendi uma ampliação no número de docentes e discentes envolvidos em pesquisas científicas de nível internacional, quesito em que as instituições de ensino superior brasileiras ainda deixam muito a desejar. Em minha vida profissional, tenho tido evidências de como a integração entre pesquisa e ensino é capaz de formar economistas críticos e versáteis.
Meu argumento, no entanto, destoava de algumas visões expressas naquele caderno por intelectuais discordantes do método adotado em economia.
Críticas similares -que associam práticas da profissão à recente crise global- têm sido recentemente veiculadas na mídia. Dessa forma, seguindo a tradição democrática e plural desse jornal, fui convidado a ocupar este espaço com uma visão alternativa sobre o tema.
Gostaria de iniciar minha argumentação com uma alegação bastante forte. Em minha opinião, a utilização da atual crise financeira como pretexto para atacar a metodologia dominante na ciência econômica constitui uma impostura intelectual.
Isso equivale a atacar os métodos utilizados pelas ciências médicas e biológicas por causa da ocorrência de epidemias não previstas, como no caso recente do surto de gripe causada pelo vírus da influenza A (H1N1).
O método científico, dominante em economia assim como nas ciências ditas maduras, foi responsável por um enorme avanço do conhecimento. Tal saber tem agora se mostrado imensamente útil para a resolução de diversos problemas de nossa civilização, incluindo a própria crise.
Globalização
Nas últimas duas décadas, a humanidade vivenciou um crescimento da produção e da produtividade sem precedentes. Centenas de milhões de indivíduos saíram do estado de pobreza por conta de avanços ocorridos na China, na Índia e em outros países emergentes.
Isso não teria sido possível sem a globalização do comércio e a integração financeira mundial, frutos de inovações nas áreas de transportes, telecomunicações e finanças.
A ciência econômica também contribuiu com o entendimento das virtudes e defeitos da focalização nos programas de transferência de renda e combate à pobreza. Outros milhões de indivíduos desfavorecidos beneficiaram-se dessa agenda.
Por fim, em outra contribuição digna de nota, a profissão dedica-se há anos a entender a importância da educação sobre o desenvolvimento econômico e social. O debate não se limita a quantificar os efeitos econômicos de aumentos na escolaridade, mas se dedica, acima de tudo, a elaborar mecanismos de incentivo a professores e diretores de escolas a partir da avaliação periódica do desempenho de alunos. O impacto desse tipo de pesquisa sobre as gerações futuras é imenso.
Não há, portanto, espaço para discussões ultrapassadas e oportunistas quanto aos métodos e paradigmas da ciência econômica. Há, sim, espaço para um redirecionamento de tópicos de pesquisa, visando ampliar o entendimento atual sobre vários temas de interesse, tais como: os fundamentos econômicos das bolhas financeiras; a importância de falências e inadimplências nos modelos de finanças; os ganhos e perdas associados à regulação financeira; os mecanismos de criação e destruição endógena de liquidez.
Tudo isso será conduzido naturalmente, sob a liderança das principais sociedades e associações especializadas e sem uma revisão drástica no método empregado.
Em referência à recente crise global, penso ser crucial responsabilizar uma geração de economistas em posições de comando que se omitiu diante de evidências gritantes de desalinhamento de incentivos entre executivos e acionistas em diversas corporações capitalistas. Esse problema estava evidente para muitos desde o início do século.
Problemas conhecidos
Em 2001, por exemplo, a companhia de energia Enron pediu concordata após a acusação de que seus principais executivos tivessem cometido fraudes financeiras e contábeis com a possível leniência de bancos e outras corporações, dentre as quais uma das mais importantes empresas de auditoria da época, a Arthur Andersen.
Os acontecimentos que precederam a recente crise financeira guardam enorme semelhança com esse caso. Ainda que não seja possível caracterizar a existência de fraude, os riscos assumidos por algumas instituições financeiras foram levianos e isso nunca repercutiu nas avaliações elaboradas pelas principais agências de classificação de riscos.
Esse excesso de exposição a riscos só ocorreu devido a uma estrutura de remuneração de executivos que premia agressivamente a obtenção de lucros de curto e médio prazos sem ser capaz de punir com a mesma intensidade eventuais perdas futuras.
Esse tema é amplamente conhecido pelos economistas sob o nome técnico de "risco moral". Constitui tópico obrigatório no curso de graduação em economia.
Há ainda uma enorme área de pesquisa, denominada governança corporativa, que busca entender o desenho administrativo ideal de uma corporação. Essa literatura apoia-se na análise teórica de modelos de assimetria de informação e risco moral bem como na análise empírica das diferentes estruturas gerenciais.
Lamentavelmente, os responsáveis pelas instituições de regulação do sistema financeiro internacional negligenciaram a importância do problema. Acreditou-se que os acionistas fossem capazes de disciplinar as escolhas de seus executivos, ignorando-se um problema comum a estruturas acionárias pulverizadas: a falta de interesse dos acionistas minoritários em se envolverem na administração do empreendimento. Esse tema, denominado o "problema do carona" (em inglês, "free rider"), é também obrigatório nos cursos de graduação.
Regulação
Compartilho da visão de que esse erro derivou-se do pensamento liberal, que enaltece as virtudes de limitar a capacidade de coerção do Estado sobre seus cidadãos. Sob essa filosofia, não haveria motivos para impedir que homens livres (tais quais acionistas e executivos) estabelecessem acordos entre si sem a interferência governamental.
Porém é preciso reconhecer que foi essa liberdade extrema que permitiu que o setor financeiro inventasse inúmeros serviços e produtos, que ampliaram os instrumentos de divisão de riscos e expandiram a capacidade de financiamento para a construção de casas, usinas hidrelétricas e plataformas de petróleo, entre outros projetos produtivos cujo sucesso é incerto.
Discute-se hoje um aumento do nível de regulação do sistema financeiro internacional.
Faço votos para que isso não chegue ao extremo de inibir inovações capazes de, por exemplo, viabilizar a alocação de recursos em países carentes de investimentos de alto risco, como é o caso de diversas economias na Ásia, no Leste Europeu, na América Latina e na África.
Por fim, não poderia deixar de exaltar o conhecimento econômico desenvolvido, principalmente, na segunda metade do último século. Foi graças a esse extraordinário avanço que governos de todos os países foram capazes de reagir de forma rápida e coordenada.
Felizmente, não se perdeu tempo debatendo qual paradigma econômico seria adotado. O governo chinês não tinha uma teoria econômica específica para aquele país, nem o governo brasileiro decidiu promover um amplo e demorado debate nacional sobre as medidas de combate à crise.
Os principais líderes mundiais abraçaram o conhecimento econômico estabelecido e buscaram nele uma solução cooperativa para o problema.
Mérito de economistas que conseguiram, em curto espaço de tempo, digerir visões distintas e encontrar propostas capazes de alcançar bons resultados práticos. Mérito também de políticos, advogados e funcionários públicos espalhados ao redor do globo que implementaram tais propostas em tempo recorde, sem desrespeitar a ordem jurídica vigente.
Em vez de uma década de estagnação, como ocorreu após a crise de 1929, tivemos um ano duro, mas que parece ter deixado para trás as previsões mais catastróficas.
As políticas adotadas reduziram substancialmente o impacto dessa crise sobre a esfera produtiva, demonstrando o apogeu da razão econômica diante das demais ciências sociais, as quais se limitaram a tecer críticas preconceituosas e desinformadas sem conseguir formular um plano de ação alternativo.
LUIS HENRIQUE BERTOLINO BRAIDO é diretor de ensino da Escola de Economia da FGV-RJ.
Fonte: FSP
No último domingo, a Folha dedicou grande parte do caderno Mais! a uma abrangente reportagem intitulada "Crise da Razão Econômica". Nessa ocasião, tive a honra de contribuir com um pequeno artigo descrevendo a estrutura que considero adequada a um curso moderno em economia.
Resumidamente, defendi uma ampliação no número de docentes e discentes envolvidos em pesquisas científicas de nível internacional, quesito em que as instituições de ensino superior brasileiras ainda deixam muito a desejar. Em minha vida profissional, tenho tido evidências de como a integração entre pesquisa e ensino é capaz de formar economistas críticos e versáteis.
Meu argumento, no entanto, destoava de algumas visões expressas naquele caderno por intelectuais discordantes do método adotado em economia.
Críticas similares -que associam práticas da profissão à recente crise global- têm sido recentemente veiculadas na mídia. Dessa forma, seguindo a tradição democrática e plural desse jornal, fui convidado a ocupar este espaço com uma visão alternativa sobre o tema.
Gostaria de iniciar minha argumentação com uma alegação bastante forte. Em minha opinião, a utilização da atual crise financeira como pretexto para atacar a metodologia dominante na ciência econômica constitui uma impostura intelectual.
Isso equivale a atacar os métodos utilizados pelas ciências médicas e biológicas por causa da ocorrência de epidemias não previstas, como no caso recente do surto de gripe causada pelo vírus da influenza A (H1N1).
O método científico, dominante em economia assim como nas ciências ditas maduras, foi responsável por um enorme avanço do conhecimento. Tal saber tem agora se mostrado imensamente útil para a resolução de diversos problemas de nossa civilização, incluindo a própria crise.
Globalização
Nas últimas duas décadas, a humanidade vivenciou um crescimento da produção e da produtividade sem precedentes. Centenas de milhões de indivíduos saíram do estado de pobreza por conta de avanços ocorridos na China, na Índia e em outros países emergentes.
Isso não teria sido possível sem a globalização do comércio e a integração financeira mundial, frutos de inovações nas áreas de transportes, telecomunicações e finanças.
A ciência econômica também contribuiu com o entendimento das virtudes e defeitos da focalização nos programas de transferência de renda e combate à pobreza. Outros milhões de indivíduos desfavorecidos beneficiaram-se dessa agenda.
Por fim, em outra contribuição digna de nota, a profissão dedica-se há anos a entender a importância da educação sobre o desenvolvimento econômico e social. O debate não se limita a quantificar os efeitos econômicos de aumentos na escolaridade, mas se dedica, acima de tudo, a elaborar mecanismos de incentivo a professores e diretores de escolas a partir da avaliação periódica do desempenho de alunos. O impacto desse tipo de pesquisa sobre as gerações futuras é imenso.
Não há, portanto, espaço para discussões ultrapassadas e oportunistas quanto aos métodos e paradigmas da ciência econômica. Há, sim, espaço para um redirecionamento de tópicos de pesquisa, visando ampliar o entendimento atual sobre vários temas de interesse, tais como: os fundamentos econômicos das bolhas financeiras; a importância de falências e inadimplências nos modelos de finanças; os ganhos e perdas associados à regulação financeira; os mecanismos de criação e destruição endógena de liquidez.
Tudo isso será conduzido naturalmente, sob a liderança das principais sociedades e associações especializadas e sem uma revisão drástica no método empregado.
Em referência à recente crise global, penso ser crucial responsabilizar uma geração de economistas em posições de comando que se omitiu diante de evidências gritantes de desalinhamento de incentivos entre executivos e acionistas em diversas corporações capitalistas. Esse problema estava evidente para muitos desde o início do século.
Problemas conhecidos
Em 2001, por exemplo, a companhia de energia Enron pediu concordata após a acusação de que seus principais executivos tivessem cometido fraudes financeiras e contábeis com a possível leniência de bancos e outras corporações, dentre as quais uma das mais importantes empresas de auditoria da época, a Arthur Andersen.
Os acontecimentos que precederam a recente crise financeira guardam enorme semelhança com esse caso. Ainda que não seja possível caracterizar a existência de fraude, os riscos assumidos por algumas instituições financeiras foram levianos e isso nunca repercutiu nas avaliações elaboradas pelas principais agências de classificação de riscos.
Esse excesso de exposição a riscos só ocorreu devido a uma estrutura de remuneração de executivos que premia agressivamente a obtenção de lucros de curto e médio prazos sem ser capaz de punir com a mesma intensidade eventuais perdas futuras.
Esse tema é amplamente conhecido pelos economistas sob o nome técnico de "risco moral". Constitui tópico obrigatório no curso de graduação em economia.
Há ainda uma enorme área de pesquisa, denominada governança corporativa, que busca entender o desenho administrativo ideal de uma corporação. Essa literatura apoia-se na análise teórica de modelos de assimetria de informação e risco moral bem como na análise empírica das diferentes estruturas gerenciais.
Lamentavelmente, os responsáveis pelas instituições de regulação do sistema financeiro internacional negligenciaram a importância do problema. Acreditou-se que os acionistas fossem capazes de disciplinar as escolhas de seus executivos, ignorando-se um problema comum a estruturas acionárias pulverizadas: a falta de interesse dos acionistas minoritários em se envolverem na administração do empreendimento. Esse tema, denominado o "problema do carona" (em inglês, "free rider"), é também obrigatório nos cursos de graduação.
Regulação
Compartilho da visão de que esse erro derivou-se do pensamento liberal, que enaltece as virtudes de limitar a capacidade de coerção do Estado sobre seus cidadãos. Sob essa filosofia, não haveria motivos para impedir que homens livres (tais quais acionistas e executivos) estabelecessem acordos entre si sem a interferência governamental.
Porém é preciso reconhecer que foi essa liberdade extrema que permitiu que o setor financeiro inventasse inúmeros serviços e produtos, que ampliaram os instrumentos de divisão de riscos e expandiram a capacidade de financiamento para a construção de casas, usinas hidrelétricas e plataformas de petróleo, entre outros projetos produtivos cujo sucesso é incerto.
Discute-se hoje um aumento do nível de regulação do sistema financeiro internacional.
Faço votos para que isso não chegue ao extremo de inibir inovações capazes de, por exemplo, viabilizar a alocação de recursos em países carentes de investimentos de alto risco, como é o caso de diversas economias na Ásia, no Leste Europeu, na América Latina e na África.
Por fim, não poderia deixar de exaltar o conhecimento econômico desenvolvido, principalmente, na segunda metade do último século. Foi graças a esse extraordinário avanço que governos de todos os países foram capazes de reagir de forma rápida e coordenada.
Felizmente, não se perdeu tempo debatendo qual paradigma econômico seria adotado. O governo chinês não tinha uma teoria econômica específica para aquele país, nem o governo brasileiro decidiu promover um amplo e demorado debate nacional sobre as medidas de combate à crise.
Os principais líderes mundiais abraçaram o conhecimento econômico estabelecido e buscaram nele uma solução cooperativa para o problema.
Mérito de economistas que conseguiram, em curto espaço de tempo, digerir visões distintas e encontrar propostas capazes de alcançar bons resultados práticos. Mérito também de políticos, advogados e funcionários públicos espalhados ao redor do globo que implementaram tais propostas em tempo recorde, sem desrespeitar a ordem jurídica vigente.
Em vez de uma década de estagnação, como ocorreu após a crise de 1929, tivemos um ano duro, mas que parece ter deixado para trás as previsões mais catastróficas.
As políticas adotadas reduziram substancialmente o impacto dessa crise sobre a esfera produtiva, demonstrando o apogeu da razão econômica diante das demais ciências sociais, as quais se limitaram a tecer críticas preconceituosas e desinformadas sem conseguir formular um plano de ação alternativo.
LUIS HENRIQUE BERTOLINO BRAIDO é diretor de ensino da Escola de Economia da FGV-RJ.
Fonte: FSP
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Misleading Indicators
Reflexão do C.K.Wilber, um economista católico americano, sobre os economistas e a crise econômica.
Economists, for the most part, failed to foresee the current financial and economic crisis—the worst since the 1930s. Now they cannot reach a consensus on how to resolve it. A few—such as Nouriel Roubini and Robert Schiller—saw what was coming but were ignored. James Galbraith, an economist at the University of Texas, said: “It’s an enormous blot on the reputation of the profession. There are thousands of economists. Most of them teach. And most of them teach a theoretical framework that has been shown to be fundamentally useless.” When Judge Richard Posner, a leading theorist of law and economics, was asked why the warnings about a looming crisis were ignored rather than investigated, he responded, “Many economists and political leaders are heavily invested in a free market ideology which teaches that markets are robust and self-regulating.“ A reasonable question might be: Why listen to economists?
How Economics Works
Economics is a lot like theology, despite the former’s claim to be a science. Theology uses self-evident first principles from revelation or natural law and then, through the use of intermediate principles and judgments, evaluates real world issues. Economics uses an abstract model constructed from similarly axiomatic assumptions about how the world works, such as the principles that people are motivated by self-interest, that wants exceed resources or that resources are mobile and fungible. From these principles, economists then develop economic policies, with appropriate regard for real world exceptions to their models.
The problem for both theologians and economists lies in going from the general to the specific. I cannot speak for theologians, but economists are seldom trained in the specifics of how the real world works. Instead, a graduate student in economics spends all of his or her time learning mathematics, statistics and general theory. These tools are then used to develop policy by finding a data set somewhere and applying the given tools to yield an answer. Economic theory says, for example, that interpersonal wage differences are the result of different amounts of human capital embodied in workers. Yet how is human capital to be measured? Since no such actual thing exists, a proxy for human capital has to be used, a measurable datum, like years of schooling for a worker. Yet the result of this method is that the theory being tested is rendered self-fulfilling. If a statistical test appears to falsify the theory being tested, the test is rejected and the economist tries different proxies until the test comes out the way he or she expects. The data will be massaged and the test redone until the results “prove” the theory. Why? Because economists believe the tenets of microeconomic theory the way theologians believe the core tenets of their faith.
Para ler o resto do artigo clique aqui
Economists, for the most part, failed to foresee the current financial and economic crisis—the worst since the 1930s. Now they cannot reach a consensus on how to resolve it. A few—such as Nouriel Roubini and Robert Schiller—saw what was coming but were ignored. James Galbraith, an economist at the University of Texas, said: “It’s an enormous blot on the reputation of the profession. There are thousands of economists. Most of them teach. And most of them teach a theoretical framework that has been shown to be fundamentally useless.” When Judge Richard Posner, a leading theorist of law and economics, was asked why the warnings about a looming crisis were ignored rather than investigated, he responded, “Many economists and political leaders are heavily invested in a free market ideology which teaches that markets are robust and self-regulating.“ A reasonable question might be: Why listen to economists?
How Economics Works
Economics is a lot like theology, despite the former’s claim to be a science. Theology uses self-evident first principles from revelation or natural law and then, through the use of intermediate principles and judgments, evaluates real world issues. Economics uses an abstract model constructed from similarly axiomatic assumptions about how the world works, such as the principles that people are motivated by self-interest, that wants exceed resources or that resources are mobile and fungible. From these principles, economists then develop economic policies, with appropriate regard for real world exceptions to their models.
The problem for both theologians and economists lies in going from the general to the specific. I cannot speak for theologians, but economists are seldom trained in the specifics of how the real world works. Instead, a graduate student in economics spends all of his or her time learning mathematics, statistics and general theory. These tools are then used to develop policy by finding a data set somewhere and applying the given tools to yield an answer. Economic theory says, for example, that interpersonal wage differences are the result of different amounts of human capital embodied in workers. Yet how is human capital to be measured? Since no such actual thing exists, a proxy for human capital has to be used, a measurable datum, like years of schooling for a worker. Yet the result of this method is that the theory being tested is rendered self-fulfilling. If a statistical test appears to falsify the theory being tested, the test is rejected and the economist tries different proxies until the test comes out the way he or she expects. The data will be massaged and the test redone until the results “prove” the theory. Why? Because economists believe the tenets of microeconomic theory the way theologians believe the core tenets of their faith.
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domingo, 20 de setembro de 2009
sábado, 19 de setembro de 2009
Os anéis fatigados, Cesar Vallejo
Há ânsias de voltar, de amar, de não ausentar-se,
e há ânsias de morrer, combatido por duas
águas unidas que jamais hão-de istmar-se.
Há ânsias de um beijo enorme que amortalhe a Vida,
que acaba na áfrica de uma agonia ardente,
suicida!
Há ânsias de... não ter ânsias, Senhor,
a ti aponto-te com o dedo deicida:
há ânsias de não ter tido coração.
A primavera volta, volta e partirá. E Deus,
curvado em tempo, repete-se, e passa, passa
carregando a espinha dorsal do Universo.
Quando as têmporas tocam seu lúgubre tambor,
quando me dói o sonho gravado num punhal,
há ânsias de ficar plantado neste verso!
e há ânsias de morrer, combatido por duas
águas unidas que jamais hão-de istmar-se.
Há ânsias de um beijo enorme que amortalhe a Vida,
que acaba na áfrica de uma agonia ardente,
suicida!
Há ânsias de... não ter ânsias, Senhor,
a ti aponto-te com o dedo deicida:
há ânsias de não ter tido coração.
A primavera volta, volta e partirá. E Deus,
curvado em tempo, repete-se, e passa, passa
carregando a espinha dorsal do Universo.
Quando as têmporas tocam seu lúgubre tambor,
quando me dói o sonho gravado num punhal,
há ânsias de ficar plantado neste verso!
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
Paul Volcker
Avaliação curiosa do Paul Volcker sobre a contribuição da teoria econômica a atuação do Banco Central.
"I recently commented to some of my economist friends that I’m not aware of any large contribution that economic science has made to central banking in the last 50 years or so.
Our ability to forecast is still very limited. The old issues of the relative role of fiscal and monetary policies are still debated. Markets are certainly more complex, and some of the old approaches toward monetary control seem less relevant. Recent events have certainly illustrated limitations in our understanding of the economy."
Para ler o resto da entrevista clique aqui
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
O embate entre Krugman e Cochrane
Resposta do John Cochrane da Universidade de Chicago ao recente artigo do Krugman publicado no New York Times
Many friends and colleagues have asked me what I think of Paul Krugman’s New York Times Magazine article, “How did Economists get it so wrong?”
Most of all, it’s sad. Imagine this weren’t economics for a moment. Imagine this were a respected scientist turned popular writer, who says, most basically, that everything everyone has done in his field since the mid 1960s is a complete waste of time. Everything that fills its academic journals, is taught in its PhD programs, presented at its conferences, summarized in its graduate textbooks, and rewarded with the accolades a profession can bestow, including multiple Nobel prizes, is totally wrong. Instead, he calls for a return to the eternal verities of a rather convoluted book written in the 1930s, as taught to our author in his undergraduate introductory courses. If a scientist, he might be a global-warming skeptic, an AIDS-HIV disbeliever, a creationist, a stalwart that maybe continents don’t move after all.
It gets worse. Krugman hints at dark conspiracies, claiming “dissenters are marginalized.” Most of the article is just a calumnious personal attack on an ever-growing enemies list, which now includes “new Keyenesians” such as Olivier Blanchard and Greg Mankiw. Rather than source professional writing, he plays gotcha with out-of-context second-hand quotes from media interviews. He makes stuff up, boldly putting words in people’s mouths that run contrary to their written opinions. Even this isn’t enough: he adds cartoons to try to make his “enemies” look silly, and puts them in false and embarrassing situations. He accuses us of adopting ideas for pay, selling out for “sabbaticals at the Hoover institution” and fat “Wall street paychecks.” It sounds a bit paranoid.
Para ler o resto do artigo clique aqui
Many friends and colleagues have asked me what I think of Paul Krugman’s New York Times Magazine article, “How did Economists get it so wrong?”
Most of all, it’s sad. Imagine this weren’t economics for a moment. Imagine this were a respected scientist turned popular writer, who says, most basically, that everything everyone has done in his field since the mid 1960s is a complete waste of time. Everything that fills its academic journals, is taught in its PhD programs, presented at its conferences, summarized in its graduate textbooks, and rewarded with the accolades a profession can bestow, including multiple Nobel prizes, is totally wrong. Instead, he calls for a return to the eternal verities of a rather convoluted book written in the 1930s, as taught to our author in his undergraduate introductory courses. If a scientist, he might be a global-warming skeptic, an AIDS-HIV disbeliever, a creationist, a stalwart that maybe continents don’t move after all.
It gets worse. Krugman hints at dark conspiracies, claiming “dissenters are marginalized.” Most of the article is just a calumnious personal attack on an ever-growing enemies list, which now includes “new Keyenesians” such as Olivier Blanchard and Greg Mankiw. Rather than source professional writing, he plays gotcha with out-of-context second-hand quotes from media interviews. He makes stuff up, boldly putting words in people’s mouths that run contrary to their written opinions. Even this isn’t enough: he adds cartoons to try to make his “enemies” look silly, and puts them in false and embarrassing situations. He accuses us of adopting ideas for pay, selling out for “sabbaticals at the Hoover institution” and fat “Wall street paychecks.” It sounds a bit paranoid.
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quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Alexandre e a doença holandesa
Alexandre "eram os deuses os astronautas", me parece, mais uma ver, apresentar o melhor argumento.
Há quem imagine que estejamos revertendo à situação de um país exportador de produtos primários, já que, nos primeiros oito meses deste ano, a exportação desses bens superou a de manufaturados, fenômeno que deve perdurar no restante de 2009 e, se confirmado, ocorrerá pela primeira vez desde 1979. Como de hábito, porém, o anúncio da nossa reversão à exportação de matérias-primas é prematuro, fruto da observação superficial dos dados.
O entendimento desse fato requer breve exame do perfil das exportações nacionais. Tomemos dois grupos relevantes: as GEs (grandes economias) -EUA, União Europeia, China e Japão- e a AL (América Latina). O primeiro grupo (38% do comércio global) responde por quase metade de nossas exportações, enquanto o segundo representa fração menor, em torno de 22%.
Dito isso, há distinções radicais de composição nas exportações para cada grupo. No caso das GEs, metade das exportações consiste em produtos primários, enquanto manufaturados são cerca de 35%. Essa média, entretanto, encobre grandes diferenças: as exportações para a China são essencialmente de primários (80%); para os EUA, porém, exportamos majoritariamente manufaturados (61%). Já no caso da AL, nada menos do que 85% das exportações são de bens manufaturados, proporção que pouco se altera para cada país da região. Assim, ainda que as exportações para a AL sejam menos da metade das vendas para as GEs, no que tange aos manufaturados sua relevância é praticamente igual. Cada grupo representa pouco menos de 40% dessas exportações.
Como se sabe, no entanto, o desempenho das importações desses grupos é bastante distinto. No caso das GEs, apesar da forte queda desde o terceiro trimestre de 2008, já se observa modesto aumento na margem, resultado que deriva essencialmente do crescimento chinês, cujas importações sobem desde o começo do ano. Na AL, todavia, os sintomas de crescimento ainda não apareceram, embora haja sinais muito incipientes no terceiro trimestre.
Dado que as exportações brasileiras seguem as importações de seus parceiros (a rigor uma aproximação, pois a participação do Brasil tem, na verdade, crescido), a mudança do perfil não chega a surpreender. As exportações de primários têm um desempenho melhor que as de manufaturados porque as importações chinesas crescem, ao contrário do que ocorre com as importações de nossos principais clientes de manufaturados, a AL e os EUA. Há, contudo, um dado alentador.
Preços de commodities, fortemente correlacionados com preços de exportação (e termos de troca) latino- -americanos têm subido, fenômeno que leva à recuperação das exportações e, portanto, a importações da região com defasagem ao redor de um trimestre. É razoável, pois, esperar que nossos vizinhos sigam, em grau e velocidade variados, trajetória de recuperação similar à nossa, com implicações positivas para as exportações de manufaturados.
Quem não entender essa dinâmica continuará crendo tanto em Papai Noel como na doença holandesa
Há quem imagine que estejamos revertendo à situação de um país exportador de produtos primários, já que, nos primeiros oito meses deste ano, a exportação desses bens superou a de manufaturados, fenômeno que deve perdurar no restante de 2009 e, se confirmado, ocorrerá pela primeira vez desde 1979. Como de hábito, porém, o anúncio da nossa reversão à exportação de matérias-primas é prematuro, fruto da observação superficial dos dados.
O entendimento desse fato requer breve exame do perfil das exportações nacionais. Tomemos dois grupos relevantes: as GEs (grandes economias) -EUA, União Europeia, China e Japão- e a AL (América Latina). O primeiro grupo (38% do comércio global) responde por quase metade de nossas exportações, enquanto o segundo representa fração menor, em torno de 22%.
Dito isso, há distinções radicais de composição nas exportações para cada grupo. No caso das GEs, metade das exportações consiste em produtos primários, enquanto manufaturados são cerca de 35%. Essa média, entretanto, encobre grandes diferenças: as exportações para a China são essencialmente de primários (80%); para os EUA, porém, exportamos majoritariamente manufaturados (61%). Já no caso da AL, nada menos do que 85% das exportações são de bens manufaturados, proporção que pouco se altera para cada país da região. Assim, ainda que as exportações para a AL sejam menos da metade das vendas para as GEs, no que tange aos manufaturados sua relevância é praticamente igual. Cada grupo representa pouco menos de 40% dessas exportações.
Como se sabe, no entanto, o desempenho das importações desses grupos é bastante distinto. No caso das GEs, apesar da forte queda desde o terceiro trimestre de 2008, já se observa modesto aumento na margem, resultado que deriva essencialmente do crescimento chinês, cujas importações sobem desde o começo do ano. Na AL, todavia, os sintomas de crescimento ainda não apareceram, embora haja sinais muito incipientes no terceiro trimestre.
Dado que as exportações brasileiras seguem as importações de seus parceiros (a rigor uma aproximação, pois a participação do Brasil tem, na verdade, crescido), a mudança do perfil não chega a surpreender. As exportações de primários têm um desempenho melhor que as de manufaturados porque as importações chinesas crescem, ao contrário do que ocorre com as importações de nossos principais clientes de manufaturados, a AL e os EUA. Há, contudo, um dado alentador.
Preços de commodities, fortemente correlacionados com preços de exportação (e termos de troca) latino- -americanos têm subido, fenômeno que leva à recuperação das exportações e, portanto, a importações da região com defasagem ao redor de um trimestre. É razoável, pois, esperar que nossos vizinhos sigam, em grau e velocidade variados, trajetória de recuperação similar à nossa, com implicações positivas para as exportações de manufaturados.
Quem não entender essa dinâmica continuará crendo tanto em Papai Noel como na doença holandesa
terça-feira, 15 de setembro de 2009
Can Business Be Ethical?
Pergunta curiosa, para dizer o minimo, do Peter Singer - grande representante do utilitarismo - sobre a relação entre etica e negócios.
Something new is happening at Harvard Business School. As graduation nears for the first class to complete their Master of Business Administration since the onset of the global financial crisis, students are circulating an oath that commits them to pursue their work “in an ethical manner”; “to strive to create sustainable economic, social, and environmental prosperity worldwide”; and to manage their enterprises “in good faith, guarding against decisions and behavior that advance my own narrow ambitions but harm the enterprise and the societies it serves.”
The wording of the new MBA oath draws on one adopted in 2006 by the Thunderbird School of Global Management, based in Arizona. Nevertheless, the fact that it has been taken up by the world’s most famous business school is significant.
As of this writing, about 20% of the Harvard graduating class have taken the oath. That will, of course, prompt cynics to ask: “What about the other 80%?” But those who have taken the oath are part of a larger turn toward ethics that has followed the recent flood of revelations of dishonesty and greed in the financial sector. Interest in business ethics courses has surged, and student activities at leading business schools are more focused than ever before on making business serve long-term social values.
Business ethics has always had problems that are distinct from those of other professions, such as medicine, law, engineering, dentistry, or nursing. A member of my family recently had an eye problem, and was referred by her general practitioner to an eye surgeon. The surgeon examined the eye, said that it didn’t need surgery, and sent her back to the general practitioner.
That is no more than one would expect from a doctor who is true to the ethics of the profession, my medical friends tell me. By contrast, it’s hard to imagine going to a car dealer and being advised that you don’t really need a new car.
For physicians, the idea of swearing an oath to act ethically goes back to Hippocrates. Every profession will have its rogues, of course, no matter what oaths are sworn, but many health care professionals have a real commitment to serving the best interests of their clients.
Do business managers have a commitment to anything more than the success of their company and to making money? It would be hard to say that they do. Indeed, many business leaders deny that there is any conflict between self-interest and the interests of all. Adam Smith’s “invisible hand,” they believe, ensures that the pursuit of our own interests in the free market will further the interests of all.
In that tradition, the economist Milton Friedman wrote, in his 1962 book Capitalism and Freedom : “there is one and only one social responsibility of business – to use its resources and engage in activities designed to increase its profits so long as it stays within the rules of the game, which is to say, engages in open and free competition without deception or fraud.” For the true believers in this creed, the suggestion that the manager of a business should strive for anything except maximizing value for shareholders is heresy.
But, while the global financial crisis did reveal fraud on a massive scale, the underlying cause of the crisis was not fraud but the failure of the market to knit together the self-interest of those who sold and resold sub-prime mortgages with the interests of the investors in financial institutions that bought them. The fact that an even larger catastrophe would have resulted had governments not been willing to draw on taxpayer funds to bail out the banks was an additional blow to those who have told us to trust the unregulated market.
The MBA oath is an attempt to replace the Friedmanite view of the social responsibility of business with something quite different: a management profession that commits itself to promoting the long-term, sustainable welfare of all. The sense of a professional ethic is conveyed by clauses in the oath that require managers to “develop both myself and other managers under my supervision so that the profession continues to grow and contribute to the well-being of society.”
Another clause stresses accountability to one’s peers, a hallmark of professional self-regulation. As for the ultimate objectives of the managerial profession, they are, as we have seen, nothing less than “to create sustainable economic, social, and environmental prosperity worldwide.”
Can such a code really take hold in the competitive world of business? Perhaps the best hope for its success can be glimpsed in a comment made to a New York Times reporter by Max Anderson, one of the pledge’s student organizers: “There is the feeling that we want our lives to mean something more and to run organizations for the greater good,” he said. If enough business people would conceive their interests in those terms, we might see the emergence of an ethically-based profession of business managers.
Fonte: Project Syndicate
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Economists and economics: What does the crisis tell us?
Interessante artigo do Spaventa sobre o impacto da crise sobre o Economista.
By now there is little to be added to the narrative of the financial crisis and to the analysis of its proximate and remote causes. A debate on the lessons of the crisis for economics as a discipline and for its practitioners is instead only just beginning. This is the theme of this note, without much pretence to organised thought.
In the past year or so bashing economists has become a fashionable sport. 'Why didn't you tell us?' asked HM the Queen of England when visiting the London School of Economics. An Italian minister said something in Latin which translated into plain English is an injunction to economists to just shut up. Old jokes have been resurrected, sardonic books and articles on the theme written by journalists have come out. Mock trials of the profession have been organised. More seriously, some economists (Daren Acemoglu, Willem Buiter, Paul De Grauwe, Barry Eichengreen, Simon Johnson, Paul Krugman, Roberto Perotti, Pietro Reichlin, Ignazio Visco, Charles Wyplosz and more) have themselves initiated interesting and thoughtful soul searching exercises, mostly in the form of short papers and OpEd or blog columns. Recently (and after this piece had almost been completed) The Economist (July 18) devoted its main leader and two extensive briefing articles to ‘What went wrong with economics.’
The profession's reaction to these serious and less serious provocations has betrayed embarrassment or has been absent, perhaps in the belief that business as usual, as if nothing had happened, is the best reply. Reputation was not helped by the policy debates that have taken place since mid-2008, where disparate and stridently dissonant pieces of advice were given, belatedly but always with arrogant certainty.
Para ler o resto do artigo clique aqui
By now there is little to be added to the narrative of the financial crisis and to the analysis of its proximate and remote causes. A debate on the lessons of the crisis for economics as a discipline and for its practitioners is instead only just beginning. This is the theme of this note, without much pretence to organised thought.
In the past year or so bashing economists has become a fashionable sport. 'Why didn't you tell us?' asked HM the Queen of England when visiting the London School of Economics. An Italian minister said something in Latin which translated into plain English is an injunction to economists to just shut up. Old jokes have been resurrected, sardonic books and articles on the theme written by journalists have come out. Mock trials of the profession have been organised. More seriously, some economists (Daren Acemoglu, Willem Buiter, Paul De Grauwe, Barry Eichengreen, Simon Johnson, Paul Krugman, Roberto Perotti, Pietro Reichlin, Ignazio Visco, Charles Wyplosz and more) have themselves initiated interesting and thoughtful soul searching exercises, mostly in the form of short papers and OpEd or blog columns. Recently (and after this piece had almost been completed) The Economist (July 18) devoted its main leader and two extensive briefing articles to ‘What went wrong with economics.’
The profession's reaction to these serious and less serious provocations has betrayed embarrassment or has been absent, perhaps in the belief that business as usual, as if nothing had happened, is the best reply. Reputation was not helped by the policy debates that have taken place since mid-2008, where disparate and stridently dissonant pieces of advice were given, belatedly but always with arrogant certainty.
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domingo, 13 de setembro de 2009
sábado, 12 de setembro de 2009
Estádio de Chile, Victor Jara
Somos cinco mil
nesta pequena parte da cidade.
Somos cinco mil,
quantos seremos no total,
nas cidades e em todo o país?
Só aqui dez mil mãos que semeiam
e fazem andar as fábricas.
Quanta humanidade,
com fome, frio, pânico, dor
pressão moral, terror e loucura!
Seis de nós se perderam
no espaço das estrelas.
Um morto, um espancado como jamais imaginei
que se pudesse espancar um ser humano.
Os outros quatro quiseram livrar-se de todos os temores
um saltando no vazio,
outro batendo a cabeça contra a parede,
mas todos com o olhar fixo da morte.
Que espanto causa o rosto do fascismo!
Levam a cabo os seus planos com precisão fantástica,
sem que nada lhes importe.
O sangue, para eles, são medalhas.
A matança é acto de heroísmo.
É este o mundo que criaste, meu Deus?
Para isso os teus sete dias de assombro e trabalho?
Nestas quatro muralhas só existe um número
que não cresce
e que lentamente quererá mais a morte.
Mas prontamente me golpeia a consciência
e vejo esta maré sem pulsar,
mas com o pulsar das máquinas
e os militares mostrando seu rosto de matrona,
cheio de doçura.
E o México, Cuba e o mundo?
Que gritem esta ignomínia!
Somos dez mil mãos a menos
que não produzem.
Quantos somos em toda a pátria?
O sangue do companheiro Presidente
golpeia mais forte que bombas e metralhas.
Assim o nosso punho golpeará novamente.
Como me sai mal o canto
quando tenho que cantar o espanto!
Espanto como o que vivo
como o que morro, espanto.
De ver-me entre tantos e tantos
momentos do infinito
em que o silêncio e o grito
são as metas deste canto.
O que vejo nunca vi,
O que tenho sentido e o que sinto
Fará brotar o momento...”
Victor Jara (Estádio de Chile, 1973)
Poema escrito pelo cantor chileno Victor Jara, durante a sua prisão no Estádio Chile, improvisado campo de concentração, montado pelos militares golpistas de Pinochet, após o golpe de 11 de Setembro.
nesta pequena parte da cidade.
Somos cinco mil,
quantos seremos no total,
nas cidades e em todo o país?
Só aqui dez mil mãos que semeiam
e fazem andar as fábricas.
Quanta humanidade,
com fome, frio, pânico, dor
pressão moral, terror e loucura!
Seis de nós se perderam
no espaço das estrelas.
Um morto, um espancado como jamais imaginei
que se pudesse espancar um ser humano.
Os outros quatro quiseram livrar-se de todos os temores
um saltando no vazio,
outro batendo a cabeça contra a parede,
mas todos com o olhar fixo da morte.
Que espanto causa o rosto do fascismo!
Levam a cabo os seus planos com precisão fantástica,
sem que nada lhes importe.
O sangue, para eles, são medalhas.
A matança é acto de heroísmo.
É este o mundo que criaste, meu Deus?
Para isso os teus sete dias de assombro e trabalho?
Nestas quatro muralhas só existe um número
que não cresce
e que lentamente quererá mais a morte.
Mas prontamente me golpeia a consciência
e vejo esta maré sem pulsar,
mas com o pulsar das máquinas
e os militares mostrando seu rosto de matrona,
cheio de doçura.
E o México, Cuba e o mundo?
Que gritem esta ignomínia!
Somos dez mil mãos a menos
que não produzem.
Quantos somos em toda a pátria?
O sangue do companheiro Presidente
golpeia mais forte que bombas e metralhas.
Assim o nosso punho golpeará novamente.
Como me sai mal o canto
quando tenho que cantar o espanto!
Espanto como o que vivo
como o que morro, espanto.
De ver-me entre tantos e tantos
momentos do infinito
em que o silêncio e o grito
são as metas deste canto.
O que vejo nunca vi,
O que tenho sentido e o que sinto
Fará brotar o momento...”
Victor Jara (Estádio de Chile, 1973)
Poema escrito pelo cantor chileno Victor Jara, durante a sua prisão no Estádio Chile, improvisado campo de concentração, montado pelos militares golpistas de Pinochet, após o golpe de 11 de Setembro.
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
20 anos...
Como pode um país tão rico e poderoso não possuir um sistema universal de saúde pública e, mais absurdo ainda, opor-se a criação deste sistema. Parece delirio, mas é a dura realidade do debate sobre políticas públicas no Imperio decadente. Estou habituado a conviver com tresloucados da extrema esquerda, mas, confesso, que perto dos americanos ate que são bem normais...
Há quem veja neste comportamento um resquicio dos delirios da guerra fria, da paura de um sistema socialista de estilo sovietico. Outros acham que o problema estaria na própria identidade cultural americana, no seu individualismo extremado. Mas como compatibilizar isto com a generosidade do povo americano a tantas universidades, museus e causas humanitárias. Difícil, muito, dificil, entender a alma humana.
Estava assistindo na CNN um programa sobre o Outono de 1989, a fuga dos alemães orientais para a Austria, através da fronteira Hungara.Parece que foi ontem, mas há 20 anos caia um sistema fundado na "grande ilusão do seculo passado" e que deixou um longo rastro de sangue e ódio em tantos lugares. Tragicamente, pelas bandas de cá, ainda há aqueles que choram pelo seu desaparecimento e insistem no auto-engano e outros que aproveitaram a queda para defender a manutenção das nossas conhecidas injustiças sociais em nome de uma noção equivocada de desenvolvimnto econômico. Ele, como nos ensina Sen, se não nos prover de liberdades fundamentais e substanciais, desenvolvimento, seguramente, não é...
Há quem veja neste comportamento um resquicio dos delirios da guerra fria, da paura de um sistema socialista de estilo sovietico. Outros acham que o problema estaria na própria identidade cultural americana, no seu individualismo extremado. Mas como compatibilizar isto com a generosidade do povo americano a tantas universidades, museus e causas humanitárias. Difícil, muito, dificil, entender a alma humana.
Estava assistindo na CNN um programa sobre o Outono de 1989, a fuga dos alemães orientais para a Austria, através da fronteira Hungara.Parece que foi ontem, mas há 20 anos caia um sistema fundado na "grande ilusão do seculo passado" e que deixou um longo rastro de sangue e ódio em tantos lugares. Tragicamente, pelas bandas de cá, ainda há aqueles que choram pelo seu desaparecimento e insistem no auto-engano e outros que aproveitaram a queda para defender a manutenção das nossas conhecidas injustiças sociais em nome de uma noção equivocada de desenvolvimnto econômico. Ele, como nos ensina Sen, se não nos prover de liberdades fundamentais e substanciais, desenvolvimento, seguramente, não é...
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
O susto passou....
Com a defasagem esperada, o emprego industrial já da sinais de recuperação. Um crescimento de 0,4 ainda é pequeno, diria um catastrofista de plantão, mas é um indicativo que a economia brasileira ja superou a fase do susto e comprova, mais uma vez, que a tese do descolamento, parcial, é mais robusta que o espantalho construido pelos seus críticos. Coisas do grande bananão...
Nakano, anda preocupado com as consequencias da expansão monetária e crediticia sobre a economia dos paises desenvolvidos. Somada a manutenção do modus operandi do sistema financeiro levaria a criação de mini-bolhas. Não é uma tese nova e tem forte sabor austriaco e pode ser lida como uma critica a política econômica de combate a crise. Resta saber qual seria a alternativa. Esperar de braços cruzados pelo processo de auto-correção rumo a um novo equilibrio não me parece uma solução adequada em situação de crise. Não acredito ser esta a sugestão dele, mas é uma leitura possível...
Nakano, anda preocupado com as consequencias da expansão monetária e crediticia sobre a economia dos paises desenvolvidos. Somada a manutenção do modus operandi do sistema financeiro levaria a criação de mini-bolhas. Não é uma tese nova e tem forte sabor austriaco e pode ser lida como uma critica a política econômica de combate a crise. Resta saber qual seria a alternativa. Esperar de braços cruzados pelo processo de auto-correção rumo a um novo equilibrio não me parece uma solução adequada em situação de crise. Não acredito ser esta a sugestão dele, mas é uma leitura possível...
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Bresser Pereira e o Pré-sal
Bresser exagera ao mencionar um "processo de desindustrialização em marcha", mas acerta na análise sobre o risco da partidarização do debate sobre o pré-sal. Evita-lo é dificil, mas necessário...
Ao criticar o governo Fernando Henrique Cardoso no lançamento dos projetos do marco regulatório do pré-sal, o presidente Lula errou porque deu a um problema que deve unir a nação um viés político-partidário. Errará também a oposição se adotar uma posição contrária ao cerne de um plano que é do maior interesse nacional.
Se a regulação do pré-sal continuar sob a legislação atual ou for malfeita, essa bênção da natureza pode se transformar em uma maldição, porque significará que não soubemos neutralizar a "doença holandesa" associada à abundância de petróleo. O governo compreendeu esse fato, e, nesses dois anos, realizou os estudos necessários para evitar esse mal. As três decisões que constituem o cerne de seu plano são a opção pelo sistema da partilha, a criação da Petro-Sal e a criação de um fundo soberano para receber os recursos da partilha.
Asseguradas essas três coisas, o Brasil terá a flexibilidade necessária para neutralizar a "doença holandesa" e promover o desenvolvimento nacional. A opção pelo mecanismo da partilha, em vez do das concessões, está correta porque os riscos das empresas serão pequenos, e porque esse mecanismo facilita à nação se assenhorear das "rendas" do petróleo (os ganhos decorrentes da maior produtividade dos recursos naturais), ficando para as empresas exploradoras os lucros -os ganhos que dão retorno ao investimento e à inovação. A legislação em vigor, de 1997, usou o mecanismo da concessão porque naquela época o risco era grande e o tema da "doença holandesa" não estava na agenda nacional. Diante dos fatos novos, porém, não faz sentido apegar-se a ela.
O conservadorismo local, entretanto, está acusando os quatro projetos de "nacionalistas" e "estatizantes"? Quanto ao primeiro epíteto, não é acusação, é elogio. Os cidadãos dos países ricos são todos nacionalistas -tão nacionalistas que não precisam usar essa palavra para se distinguir uns dos outros. Por isso, seus ideólogos podem usar essa palavra de forma pejorativa procurando, assim, neutralizar o necessário nacionalismo econômico dos países em desenvolvimento. E o que dizer do epíteto de "estatizante" porque cria a Petro-Sal? Isso também não faz sentido. O Brasil já passou a fase em que o papel do Estado é o de realizar investimentos nas indústrias de base. O setor privado já tem suficiente capital para isso e é reconhecidamente mais eficiente e mais inovador do que o setor estatal em produzir nos setores competitivos da economia. A Petro-Sal será uma pequena empresa 100% estatal não será operacional, mas proprietária das reservas. Através dela poderemos ter o sistema de partilha com alí"as flexíveis dependendo do preço internacional do petróleo.
Mas não será o plano "eleitoreiro"? Será se o PSDB insistir em se opor a suas proposições básicas. Não é a posição do governador José Serra, mas poderá ser a de muitos representantes do partido, que, se criticarem o cerne do plano, estarão se identificando com os interesses das empresas petrolíferas internacionais. E, assim, fortalecerão eleitoralmente o candidato do governo. Há certos problemas que não permitem tergiversação. O Brasil já sofre os males da falta de neutralização da "doença holandesa" oriunda das exportações de ferro e de produtos agropecuários. Se também não souber evitar a sobreapreciação muito maior que será proveniente de um pré-sal mal regulado, o processo de desindustrialização em marcha se acelerará, e seu desenvolvimento econômico estará definitivamente prejudicado.
Fonte: FSP
Ao criticar o governo Fernando Henrique Cardoso no lançamento dos projetos do marco regulatório do pré-sal, o presidente Lula errou porque deu a um problema que deve unir a nação um viés político-partidário. Errará também a oposição se adotar uma posição contrária ao cerne de um plano que é do maior interesse nacional.
Se a regulação do pré-sal continuar sob a legislação atual ou for malfeita, essa bênção da natureza pode se transformar em uma maldição, porque significará que não soubemos neutralizar a "doença holandesa" associada à abundância de petróleo. O governo compreendeu esse fato, e, nesses dois anos, realizou os estudos necessários para evitar esse mal. As três decisões que constituem o cerne de seu plano são a opção pelo sistema da partilha, a criação da Petro-Sal e a criação de um fundo soberano para receber os recursos da partilha.
Asseguradas essas três coisas, o Brasil terá a flexibilidade necessária para neutralizar a "doença holandesa" e promover o desenvolvimento nacional. A opção pelo mecanismo da partilha, em vez do das concessões, está correta porque os riscos das empresas serão pequenos, e porque esse mecanismo facilita à nação se assenhorear das "rendas" do petróleo (os ganhos decorrentes da maior produtividade dos recursos naturais), ficando para as empresas exploradoras os lucros -os ganhos que dão retorno ao investimento e à inovação. A legislação em vigor, de 1997, usou o mecanismo da concessão porque naquela época o risco era grande e o tema da "doença holandesa" não estava na agenda nacional. Diante dos fatos novos, porém, não faz sentido apegar-se a ela.
O conservadorismo local, entretanto, está acusando os quatro projetos de "nacionalistas" e "estatizantes"? Quanto ao primeiro epíteto, não é acusação, é elogio. Os cidadãos dos países ricos são todos nacionalistas -tão nacionalistas que não precisam usar essa palavra para se distinguir uns dos outros. Por isso, seus ideólogos podem usar essa palavra de forma pejorativa procurando, assim, neutralizar o necessário nacionalismo econômico dos países em desenvolvimento. E o que dizer do epíteto de "estatizante" porque cria a Petro-Sal? Isso também não faz sentido. O Brasil já passou a fase em que o papel do Estado é o de realizar investimentos nas indústrias de base. O setor privado já tem suficiente capital para isso e é reconhecidamente mais eficiente e mais inovador do que o setor estatal em produzir nos setores competitivos da economia. A Petro-Sal será uma pequena empresa 100% estatal não será operacional, mas proprietária das reservas. Através dela poderemos ter o sistema de partilha com alí"as flexíveis dependendo do preço internacional do petróleo.
Mas não será o plano "eleitoreiro"? Será se o PSDB insistir em se opor a suas proposições básicas. Não é a posição do governador José Serra, mas poderá ser a de muitos representantes do partido, que, se criticarem o cerne do plano, estarão se identificando com os interesses das empresas petrolíferas internacionais. E, assim, fortalecerão eleitoralmente o candidato do governo. Há certos problemas que não permitem tergiversação. O Brasil já sofre os males da falta de neutralização da "doença holandesa" oriunda das exportações de ferro e de produtos agropecuários. Se também não souber evitar a sobreapreciação muito maior que será proveniente de um pré-sal mal regulado, o processo de desindustrialização em marcha se acelerará, e seu desenvolvimento econômico estará definitivamente prejudicado.
Fonte: FSP
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
domingo, 6 de setembro de 2009
sábado, 5 de setembro de 2009
Sailing To Byzantium, William Butler Yeats
I
That is no country for old men. The young
In one another's arms, birds in the trees
- Those dying generations - at their song,
The salmon-falls, the mackerel-crowded seas,
Fish, flesh, or fowl, commend all summer long
Whatever is begotten, born, and dies.
Caught in that sensual music all neglect
Monuments of unageing intellect.
II
An aged man is but a paltry thing,
A tattered coat upon a stick, unless
Soul clap its hands and sing, and louder sing
For every tatter in its mortal dress,
Nor is there singing school but studying
Monuments of its own magnificence;
And therefore I have sailed the seas and come
To the holy city of Byzantium.
III
O sages standing in God's holy fire
As in the gold mosaic of a wall,
Come from the holy fire, perne in a gyre,
And be the singing-masters of my soul.
Consume my heart away; sick with desire
And fastened to a dying animal
It knows not what it is; and gather me
Into the artifice of eternity.
IV
Once out of nature I shall never take
My bodily form from any natural thing,
But such a form as Grecian goldsmiths make
Of hammered gold and gold enamelling
To keep a drowsy Emperor awake;
Or set upon a golden bough to sing
To lords and ladies of Byzantium
Of what is past, or passing, or to come.
That is no country for old men. The young
In one another's arms, birds in the trees
- Those dying generations - at their song,
The salmon-falls, the mackerel-crowded seas,
Fish, flesh, or fowl, commend all summer long
Whatever is begotten, born, and dies.
Caught in that sensual music all neglect
Monuments of unageing intellect.
II
An aged man is but a paltry thing,
A tattered coat upon a stick, unless
Soul clap its hands and sing, and louder sing
For every tatter in its mortal dress,
Nor is there singing school but studying
Monuments of its own magnificence;
And therefore I have sailed the seas and come
To the holy city of Byzantium.
III
O sages standing in God's holy fire
As in the gold mosaic of a wall,
Come from the holy fire, perne in a gyre,
And be the singing-masters of my soul.
Consume my heart away; sick with desire
And fastened to a dying animal
It knows not what it is; and gather me
Into the artifice of eternity.
IV
Once out of nature I shall never take
My bodily form from any natural thing,
But such a form as Grecian goldsmiths make
Of hammered gold and gold enamelling
To keep a drowsy Emperor awake;
Or set upon a golden bough to sing
To lords and ladies of Byzantium
Of what is past, or passing, or to come.
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
Pré-sal e Petrobras
Confesso não entender o fuzue sobre a exploração do pré-sal e as criticas à participação da Petrobras. Ela é a responsável pela descoberta, domina a melhor tecnologia na exploração em aguas profundas e, também, é uma empresa eficiente. Estatal, mas competente. Há muita emoção, dor de cotovelo da oposição e pouco uso da razão nesse debate.
Há, contudo, questões a serem resolvidas: o direito dos minoritários, a capitalização da empresa e o impacto sobre o câmbio, mas nada disto explica a reação histérica de figuras conhecidas...
É sempre bom lembrar que o petroleo ainda é um insumo estratégico e que a empresa com direitos à exploração de grandes reservas sempre estará sujeita a rigoroso escrutínio do Estado, independente dela ser de propriedade privada ou estatal. Neste ramo de atividade, ainda, prevalece a doutrina do Interesse Nacional. Um bom exemplo é a reação americana a participação chinesa neste mercado. Somente a má fé ou a falta de informação explicam a argumentação contrária. E isto é o que não falta nos tristes trópicos.
Há, contudo, questões a serem resolvidas: o direito dos minoritários, a capitalização da empresa e o impacto sobre o câmbio, mas nada disto explica a reação histérica de figuras conhecidas...
É sempre bom lembrar que o petroleo ainda é um insumo estratégico e que a empresa com direitos à exploração de grandes reservas sempre estará sujeita a rigoroso escrutínio do Estado, independente dela ser de propriedade privada ou estatal. Neste ramo de atividade, ainda, prevalece a doutrina do Interesse Nacional. Um bom exemplo é a reação americana a participação chinesa neste mercado. Somente a má fé ou a falta de informação explicam a argumentação contrária. E isto é o que não falta nos tristes trópicos.
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
Solidariedade e Subsdiariedade
Interessante artigo dos editores da Commonweal, influente revista dos católicos americanos de esquerda(liberais no peculiar idioma deles), sobre a "Caritas in veritate". Lá, ao contrário, do maior país católico do mundo, há um acirrado debate sobre a encíclica.
Catholics who like the word “solidarity” are sometimes suspicious of the word “subsidiarity.” They worry it’s a euphemism for privatization. Catholics who like the word “subsidiarity,” meanwhile, are often uneasy with the term “solidarity”—unless it refers to a Polish labor movement.
In his new encyclical, Caritas in veritate (or “Charity in Truth”), Pope Benedict XVI writes a lot about both subsidiarity and solidarity, and he writes about them together. According to Benedict, not only do the two principles leave room for each other, they are mutually dependent: “The principle of subsidiarity must remain closely linked to the principle of solidarity and vice versa, since the former without the latter gives way to social privatism, while the latter without the former gives way to paternalist social assistance that is demeaning to those in need” (emphasis in original).
The encyclical’s treatment of subsidiarity, though not always easy to follow, is remarkable in two ways. First, Benedict applies the principle not only to politics but also to economics. If the state should not be allowed to threaten the interests of local communities, neither should the corporation. Economic globalization must not become a way to redistribute wealth from poor places in one part of the world to rich investors in another. “There is no reason to deny that a certain amount of capital can do good, if invested abroad rather than at home,” Benedict writes. “Yet the requirements of justice must be safeguarded, with due consideration for the way in which the capital was generated and the harm to individuals that will result if it is not used where it was produced” (emphasis added).
Second, for Benedict subsidiarity is about proper scale. He argues that local institutions should be allowed to solve local problems, but he also acknowledges that international problems may require international institutions. The state is both too big for some functions and too small for others. This will come as a rude surprise to some champions of subsidiarity who despise the United Nations and regard world government as a sign of the apocalypse. To them the pope says: Be not afraid. “The articulation of political authority at the local, national, and international levels is one of the best ways of giving direction to the process of economic globalization,” he writes in one place, and in another: “[T]here is urgent need of a true world authority, as my predecessor Blessed John XXIII indicated some years ago.”
By themselves, however, properly scaled institutions are not enough. Subsidiarity can serve the common good only if it is animated by a sense of solidarity, which brings us back to the theme of this encyclical, charity in truth. Christian charity—a love responsive to truth—obliges us to consider carefully how our economic and political choices affect others near and far. A charity inattentive to social realities is a contradiction in terms: caritas is never careless. “Without truth, charity degenerates into sentimentality,” the pope writes. “Truth frees charity from the constraints of an emotionalism that deprives it of relational and social content.”
It is precisely the social content of charity that connects it to justice, which ought to be the first concern of all politics. For the Christian, charity and justice are not rival options: the first informs the second without ever replacing it. Following St. John Chrysostom, St. Gregory the Great, and the Second Vatican Council, Benedict insists it is a mistake to try to offer as charity what belongs to people as a right (such as food, water, and basic health care). “I cannot ‘give’ what is mine to the other, without first giving him what pertains to him in justice,” Benedict writes. “If we love others with charity, then first of all we are just towards them.” Philanthropy is no substitute for distributive justice.
The pope acknowledges that solidarity always requires more than good laws and policies. It requires financiers who are concerned about more than profit. It requires a vibrant civil society full of noncommercial institutions. And it requires personal virtues that can never be codified or coerced by the state. But though governments are not the origin of charity, good government is an important expression of this and other virtues, even a proof of them. Benedict rejects the claim that political power is essentially suspect and beneath the dignity of Christians. “The institutional path—we might also call it the political path—of charity [is] no less excellent and effective than the kind of charity which encounters the neighbor directly outside the institutional mediation of the pólis.” For some, this is a hard saying. For all, it’s an urgent challenge.
Catholics who like the word “solidarity” are sometimes suspicious of the word “subsidiarity.” They worry it’s a euphemism for privatization. Catholics who like the word “subsidiarity,” meanwhile, are often uneasy with the term “solidarity”—unless it refers to a Polish labor movement.
In his new encyclical, Caritas in veritate (or “Charity in Truth”), Pope Benedict XVI writes a lot about both subsidiarity and solidarity, and he writes about them together. According to Benedict, not only do the two principles leave room for each other, they are mutually dependent: “The principle of subsidiarity must remain closely linked to the principle of solidarity and vice versa, since the former without the latter gives way to social privatism, while the latter without the former gives way to paternalist social assistance that is demeaning to those in need” (emphasis in original).
The encyclical’s treatment of subsidiarity, though not always easy to follow, is remarkable in two ways. First, Benedict applies the principle not only to politics but also to economics. If the state should not be allowed to threaten the interests of local communities, neither should the corporation. Economic globalization must not become a way to redistribute wealth from poor places in one part of the world to rich investors in another. “There is no reason to deny that a certain amount of capital can do good, if invested abroad rather than at home,” Benedict writes. “Yet the requirements of justice must be safeguarded, with due consideration for the way in which the capital was generated and the harm to individuals that will result if it is not used where it was produced” (emphasis added).
Second, for Benedict subsidiarity is about proper scale. He argues that local institutions should be allowed to solve local problems, but he also acknowledges that international problems may require international institutions. The state is both too big for some functions and too small for others. This will come as a rude surprise to some champions of subsidiarity who despise the United Nations and regard world government as a sign of the apocalypse. To them the pope says: Be not afraid. “The articulation of political authority at the local, national, and international levels is one of the best ways of giving direction to the process of economic globalization,” he writes in one place, and in another: “[T]here is urgent need of a true world authority, as my predecessor Blessed John XXIII indicated some years ago.”
By themselves, however, properly scaled institutions are not enough. Subsidiarity can serve the common good only if it is animated by a sense of solidarity, which brings us back to the theme of this encyclical, charity in truth. Christian charity—a love responsive to truth—obliges us to consider carefully how our economic and political choices affect others near and far. A charity inattentive to social realities is a contradiction in terms: caritas is never careless. “Without truth, charity degenerates into sentimentality,” the pope writes. “Truth frees charity from the constraints of an emotionalism that deprives it of relational and social content.”
It is precisely the social content of charity that connects it to justice, which ought to be the first concern of all politics. For the Christian, charity and justice are not rival options: the first informs the second without ever replacing it. Following St. John Chrysostom, St. Gregory the Great, and the Second Vatican Council, Benedict insists it is a mistake to try to offer as charity what belongs to people as a right (such as food, water, and basic health care). “I cannot ‘give’ what is mine to the other, without first giving him what pertains to him in justice,” Benedict writes. “If we love others with charity, then first of all we are just towards them.” Philanthropy is no substitute for distributive justice.
The pope acknowledges that solidarity always requires more than good laws and policies. It requires financiers who are concerned about more than profit. It requires a vibrant civil society full of noncommercial institutions. And it requires personal virtues that can never be codified or coerced by the state. But though governments are not the origin of charity, good government is an important expression of this and other virtues, even a proof of them. Benedict rejects the claim that political power is essentially suspect and beneath the dignity of Christians. “The institutional path—we might also call it the political path—of charity [is] no less excellent and effective than the kind of charity which encounters the neighbor directly outside the institutional mediation of the pólis.” For some, this is a hard saying. For all, it’s an urgent challenge.
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Lemgruber e o câmbio
Dia complicado, somente agora tive tempo de ler o ótimo artigo - que republico abaixo - do Lemgruber. Levanta pontos importantes, mas nem todos são convincentes. Em breve retorno ao tema.
Sem dúvida alguma, o câmbio é o tema econômico do momento. Basta uma leitura do Valor nos últimos dias. Exportadores de manufaturados estão preocupados. As taxas negativas de crescimento nas vendas de produtos manufaturados e semimanufaturados para o exterior em 2009 estão assustando os analistas. O país voltou a ser extremamente dependente das exportações de commodities, como ocorria nas décadas anteriores a 1970. Com tudo isso, o tema da taxa de câmbio entrou nas manchetes.
Exercícios acadêmicos (Ibre, da FGV-Rio, por exemplo) mostram que temos hoje uma defasagem de mais de 30% em relação a janeiro de 1999 (quando houve a desvalorização do governo FHC). Isso significa, na prática, que a chamada taxa efetiva real de câmbio (considerando todas as moedas, inclusive a chinesa) voltou aos níveis do Plano Real (um para um) ou até um pouco menos do que isso. O Brasil está caro. Basta traduzir alguns preços importantes em dólares (restaurantes, pedágios, combustíveis, etc.)
Isto é uma autêntica tragédia para o setor exportador de manufaturados e ajuda a explicar o desastre nos índices de produção industrial. Eugênio Gudin dizia na década de 50 (quando o Brasil dependia realmente das exportações de café) que "câmbio é café", mas a escala da economia brasileira - como enfatizou recentemente Delfim Netto - simplesmente não permite que voltemos a ser um país exportador apenas de produtos primários. Há todo um parque industrial construído ao longo de 50 anos.
As commodities (soja, café, açúcar, minério, carnes) e os juros ainda altos (além da bolsa) continuam atraindo dólares e ajudando a apreciar o câmbio na direção de R$ 1,75. Isto é perigoso e pode massacrar a indústria brasileira, seja na competição com Brics, seja com países desenvolvidos, seja na própria América do Sul.
Por incrível que pareça, chegamos ao ponto em que economistas (inclusive diretores do BCB) desenvolveram a teoria de que a compra de reservas não influencia a taxa de câmbio. Isso nega décadas de estudos e pesquisas econômicas pelo mundo afora. O problema, isto sim, é esterilizar os reais emitidos, pela venda ao público de títulos da dívida federal.
Na verdade, para ser preciso, nem precisa comprar: basta dizer que R$ 1,80 é um patamar adequado e isto fará com que o sinal se inverta, como se fora uma banda informal. O mercado não vence de jeito nenhum o Banco Central quando se trata de apreciação cambial (só no caso oposto, de depreciação da moeda, porque os dólares acabam).
Uma ideia ousada é remontar a 1968. Naquele ano, o Brasil criou um sistema de minidesvalorizações cambiais dentro do regime de câmbio fixo, porém ajustável, pelo BC (e não pelo mercado). Foi um elemento importante para manter o câmbio competitivo e estimular exportações, e ajudou o Brasil a crescer 10% ao ano durante sete anos. Além disso, havia a surpresa do intervalo de frequência das minis - geralmente entre três e cinco dias úteis - para desestimular a especulação câmbio-juros.
Hoje, nós temos taxas flutuantes de câmbio definidas basicamente pelo mercado, mas é sabido que o BC faz intervenções no mercado. O diferencial de juros a favor do Brasil permanece elevado, mas já é bem mais arriscado o especulador/investidor fazer o chamado "carry-trade", raciocinando em bases mensais, por exemplo, pois não passa de 0,7% este diferencial.
É possível que o sistema de 1968 tenha uma lição extremamente útil que possa ser aproveitada - a surpresa da data da intervenção. Ao contrário do que tem sido dito, o BC deve provocar uma volatilidade maior a curtíssimo prazo, na diferença entre juros e variações cambiais, que desestimule a especulação, comprando dólares em grandes quantidades sem avisar o dia certo, porém em intervalos curtos, de surpresa. Estamos falando de 1% para cima ou para baixo, que é mais do que suficiente para superar o diferencial mensal de juros. Nada de grandes desvalorizações ou apreciações. A baixa volatilidade é importante para o médio e longo prazo.
Na verdade, estamos imaginando a volta das minidesvalorizações - uma espécie de "dirty float", para "aumentar" a volatilidade cambial de curtíssimo prazo (e reduzir a de médio e longo prazos), de modo a evitar a tragédia de uma forte apreciação cambial (ou uma maxidesvalorização cambial.
Basta lembrar que, em 2002, a taxa de câmbio era de R$ 4, chegou a R$ 1,50 em 2008 e está ameaçando caminhar para lá de novo, sobretudo com esse "marketing" do pré-sal. A "doença holandesa" ou "norueguesa" dos altos preços das commodities e dos juros reais altos no Brasil tende a se transformar na "maldição do petróleo do pré-sal" - vide o conjunto de paises árabes sem vida econômica normal, sem outras indústrias, sem nada.
Se isso acontecer, ou seja, com mais apreciação, China e Índia vão dominar inteiramente os manufaturados e nós vamos corroborar a teoria de 50 anos atrás, do país da matéria-prima e dos produtos primários. O país de Eugênio Gudin, como alguns andaram dizendo, referindo-se aos debates famosos da década de 50, antes do processo de industrialização brasileira do período JK, que foi seguido pelo viés exportador do ministro Delfim Netto a partir de 1967. Sempre é bom lembrar que entre 1959 e 1974 o Brasil cresceu de forma impressionante, chegando a uma média de 9% e por vários anos ultrapassando 10%.
Podemos afirmar com convicção que o Brasil não será capaz de crescer a taxas elevadas na segunda década do Século XXI com uma taxa real efetiva de câmbio inteiramente defasada. O problema é a defasagem e não tanto a volatilidade. Algo terá de ser feito com o câmbio. Afinal, quem montou planos econômicos heterodoxos como o Plano Real certamente saberá encontrar a solução para o velho dilema: taxas fixas ou flutuantes- e para mil alternativas existem no meio do caminho.
Sem dúvida alguma, o câmbio é o tema econômico do momento. Basta uma leitura do Valor nos últimos dias. Exportadores de manufaturados estão preocupados. As taxas negativas de crescimento nas vendas de produtos manufaturados e semimanufaturados para o exterior em 2009 estão assustando os analistas. O país voltou a ser extremamente dependente das exportações de commodities, como ocorria nas décadas anteriores a 1970. Com tudo isso, o tema da taxa de câmbio entrou nas manchetes.
Exercícios acadêmicos (Ibre, da FGV-Rio, por exemplo) mostram que temos hoje uma defasagem de mais de 30% em relação a janeiro de 1999 (quando houve a desvalorização do governo FHC). Isso significa, na prática, que a chamada taxa efetiva real de câmbio (considerando todas as moedas, inclusive a chinesa) voltou aos níveis do Plano Real (um para um) ou até um pouco menos do que isso. O Brasil está caro. Basta traduzir alguns preços importantes em dólares (restaurantes, pedágios, combustíveis, etc.)
Isto é uma autêntica tragédia para o setor exportador de manufaturados e ajuda a explicar o desastre nos índices de produção industrial. Eugênio Gudin dizia na década de 50 (quando o Brasil dependia realmente das exportações de café) que "câmbio é café", mas a escala da economia brasileira - como enfatizou recentemente Delfim Netto - simplesmente não permite que voltemos a ser um país exportador apenas de produtos primários. Há todo um parque industrial construído ao longo de 50 anos.
As commodities (soja, café, açúcar, minério, carnes) e os juros ainda altos (além da bolsa) continuam atraindo dólares e ajudando a apreciar o câmbio na direção de R$ 1,75. Isto é perigoso e pode massacrar a indústria brasileira, seja na competição com Brics, seja com países desenvolvidos, seja na própria América do Sul.
Por incrível que pareça, chegamos ao ponto em que economistas (inclusive diretores do BCB) desenvolveram a teoria de que a compra de reservas não influencia a taxa de câmbio. Isso nega décadas de estudos e pesquisas econômicas pelo mundo afora. O problema, isto sim, é esterilizar os reais emitidos, pela venda ao público de títulos da dívida federal.
Na verdade, para ser preciso, nem precisa comprar: basta dizer que R$ 1,80 é um patamar adequado e isto fará com que o sinal se inverta, como se fora uma banda informal. O mercado não vence de jeito nenhum o Banco Central quando se trata de apreciação cambial (só no caso oposto, de depreciação da moeda, porque os dólares acabam).
Uma ideia ousada é remontar a 1968. Naquele ano, o Brasil criou um sistema de minidesvalorizações cambiais dentro do regime de câmbio fixo, porém ajustável, pelo BC (e não pelo mercado). Foi um elemento importante para manter o câmbio competitivo e estimular exportações, e ajudou o Brasil a crescer 10% ao ano durante sete anos. Além disso, havia a surpresa do intervalo de frequência das minis - geralmente entre três e cinco dias úteis - para desestimular a especulação câmbio-juros.
Hoje, nós temos taxas flutuantes de câmbio definidas basicamente pelo mercado, mas é sabido que o BC faz intervenções no mercado. O diferencial de juros a favor do Brasil permanece elevado, mas já é bem mais arriscado o especulador/investidor fazer o chamado "carry-trade", raciocinando em bases mensais, por exemplo, pois não passa de 0,7% este diferencial.
É possível que o sistema de 1968 tenha uma lição extremamente útil que possa ser aproveitada - a surpresa da data da intervenção. Ao contrário do que tem sido dito, o BC deve provocar uma volatilidade maior a curtíssimo prazo, na diferença entre juros e variações cambiais, que desestimule a especulação, comprando dólares em grandes quantidades sem avisar o dia certo, porém em intervalos curtos, de surpresa. Estamos falando de 1% para cima ou para baixo, que é mais do que suficiente para superar o diferencial mensal de juros. Nada de grandes desvalorizações ou apreciações. A baixa volatilidade é importante para o médio e longo prazo.
Na verdade, estamos imaginando a volta das minidesvalorizações - uma espécie de "dirty float", para "aumentar" a volatilidade cambial de curtíssimo prazo (e reduzir a de médio e longo prazos), de modo a evitar a tragédia de uma forte apreciação cambial (ou uma maxidesvalorização cambial.
Basta lembrar que, em 2002, a taxa de câmbio era de R$ 4, chegou a R$ 1,50 em 2008 e está ameaçando caminhar para lá de novo, sobretudo com esse "marketing" do pré-sal. A "doença holandesa" ou "norueguesa" dos altos preços das commodities e dos juros reais altos no Brasil tende a se transformar na "maldição do petróleo do pré-sal" - vide o conjunto de paises árabes sem vida econômica normal, sem outras indústrias, sem nada.
Se isso acontecer, ou seja, com mais apreciação, China e Índia vão dominar inteiramente os manufaturados e nós vamos corroborar a teoria de 50 anos atrás, do país da matéria-prima e dos produtos primários. O país de Eugênio Gudin, como alguns andaram dizendo, referindo-se aos debates famosos da década de 50, antes do processo de industrialização brasileira do período JK, que foi seguido pelo viés exportador do ministro Delfim Netto a partir de 1967. Sempre é bom lembrar que entre 1959 e 1974 o Brasil cresceu de forma impressionante, chegando a uma média de 9% e por vários anos ultrapassando 10%.
Podemos afirmar com convicção que o Brasil não será capaz de crescer a taxas elevadas na segunda década do Século XXI com uma taxa real efetiva de câmbio inteiramente defasada. O problema é a defasagem e não tanto a volatilidade. Algo terá de ser feito com o câmbio. Afinal, quem montou planos econômicos heterodoxos como o Plano Real certamente saberá encontrar a solução para o velho dilema: taxas fixas ou flutuantes- e para mil alternativas existem no meio do caminho.
terça-feira, 1 de setembro de 2009
Produção industrial
Os resultados da Produção Industrial não deixam dúvidas: a crise passou e a retomada esta indo muito bem. É o momento ideal para discutir a agenda social e enfrentar definitivamente os conhecidos males sociais. Não da mais para esperar...
"Com o avanço de 2,2%, observado no total da indústria entre junho e julho, o patamar de produção do setor ficou 10,6% abaixo do nível recorde atingido em setembro de 2008. Esse aumento no ritmo de atividade, em julho, foi disseminado entre os setores industriais, atingindo 23 dos 27 ramos pesquisados. O desempenho de maior importância para o resultado global veio de máquinas e equipamentos (8,9%), que após forte ajuste na produção, no final do ano passado, acumulou ganho de 11,6% entre abril e julho. Também merece destaque o avanço de 4,5% na metalurgia básica, que mostra crescimento por quatro meses consecutivos, influenciado, neste mês, pelo retorno a operação de alguns alto fornos, seguido por alimentos (1,9%), máquinas para escritório e equipamentos de informática (12,1%), borracha e plástico (5,6%), minerais não metálicos (3,6%) e material eletrônico e equipamentos de comunicações (4,5%). Por outro lado, as principais influências negativas vieram de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-6,3%) e refino de petróleo e produção de álcool (-1,1%). A atividade de veículos automotores, após acumular um ganho de 69,2% de janeiro a junho, fica praticamente estável em julho (0,1%).
Entre as categorias de uso, ainda na comparação mês/mês anterior, o setor de bens de consumo duráveis (4,6%) sustentou o maior ritmo de crescimento, na passagem de junho para julho, seguido por bens intermediários (2,0%) com ritmo próximo ao do total da indústria (2,2%), enquanto bens de capital (1,4%) e bens de consumo semi e não duráveis (1,0%) cresceram abaixo da média.
O comportamento positivo da atividade industrial, em julho, confirmou a trajetória ascendente do índice de média móvel trimestral nos últimos cinco meses. Na indústria geral, o acréscimo observado neste indicador, entre junho e julho, foi de 1,3%, acelerando o ritmo frente ao mês anterior (1,0%), com bens de consumo duráveis exibindo o maior incremento (3,6%), vindo a seguir, bens de capital (1,5%) e bens intermediários (1,4%). O setor de bens de consumo semi e não duráveis registrou a segunda taxa negativa consecutiva (-0,2%)."
Fonte: IBGE
"Com o avanço de 2,2%, observado no total da indústria entre junho e julho, o patamar de produção do setor ficou 10,6% abaixo do nível recorde atingido em setembro de 2008. Esse aumento no ritmo de atividade, em julho, foi disseminado entre os setores industriais, atingindo 23 dos 27 ramos pesquisados. O desempenho de maior importância para o resultado global veio de máquinas e equipamentos (8,9%), que após forte ajuste na produção, no final do ano passado, acumulou ganho de 11,6% entre abril e julho. Também merece destaque o avanço de 4,5% na metalurgia básica, que mostra crescimento por quatro meses consecutivos, influenciado, neste mês, pelo retorno a operação de alguns alto fornos, seguido por alimentos (1,9%), máquinas para escritório e equipamentos de informática (12,1%), borracha e plástico (5,6%), minerais não metálicos (3,6%) e material eletrônico e equipamentos de comunicações (4,5%). Por outro lado, as principais influências negativas vieram de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-6,3%) e refino de petróleo e produção de álcool (-1,1%). A atividade de veículos automotores, após acumular um ganho de 69,2% de janeiro a junho, fica praticamente estável em julho (0,1%).
Entre as categorias de uso, ainda na comparação mês/mês anterior, o setor de bens de consumo duráveis (4,6%) sustentou o maior ritmo de crescimento, na passagem de junho para julho, seguido por bens intermediários (2,0%) com ritmo próximo ao do total da indústria (2,2%), enquanto bens de capital (1,4%) e bens de consumo semi e não duráveis (1,0%) cresceram abaixo da média.
O comportamento positivo da atividade industrial, em julho, confirmou a trajetória ascendente do índice de média móvel trimestral nos últimos cinco meses. Na indústria geral, o acréscimo observado neste indicador, entre junho e julho, foi de 1,3%, acelerando o ritmo frente ao mês anterior (1,0%), com bens de consumo duráveis exibindo o maior incremento (3,6%), vindo a seguir, bens de capital (1,5%) e bens intermediários (1,4%). O setor de bens de consumo semi e não duráveis registrou a segunda taxa negativa consecutiva (-0,2%)."
Fonte: IBGE
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