segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Nelson Rodrigues
Nunca fui um grade fã do Nelson Rodrigues, vi filmes baseados em suas peças, assisti a adaptações memoráveis dirigidas pelo Antunes na TV Cultura, mas nunca achei nada de especial. Não mudei minha avaliação e ainda considero apenas "veu de noiva"uma obra prima. Admiro, no entanto, o seu talento de frasista. Há várias inesqueciveis e uma, em particular, que cai como uma luva para descrever o marxismo talebã: "no Brasil, o marxismo adquiriu uma forma difusa, volatizada, atmosférica. É-se marxista sem estudar, sem pensar, sem ler, sem escrever, apenas respirando". Há bons marxistas no grande bananão e por isto me parece injusta a afirmação sem o adjetivo talebã. É claro que considero o marxismo um projeto de pesquisa esgotado e não vejo nenhum futuro na proposta 68 de um catolicismo marxista, mas reconheço, no entanto, que se excluirmos sinteses exóticas, há quem ainda persiste, com suficiente seriedade intelectual, na senda do velho Barba e esta presente, com todo direito, alias, na grande feira de idéias chamada Universidade. Infelizmente, ate mesmo este marxismo academicamente serio, recusa-se a reconhecer o mesmo direito ao pensamento religioso, em particular o católico, ate mesmo na sua própria casa.