Como mencionado no post de ontem, o carry trade é uma tentação irresistível e explica a queda nos yields dos títulos de curto prazo e aumento nos dos títulos de 10 anos. O yield no espanhol de dois anos é 3.6%, o italiano paga 5.1%, como o empréstimo do BCE deverá ser pago em 3 anos , com juros de apenas 1%, é um ótimo negócio pegar o empréstimo e comprar os títulos com vencimento inferior ao pagamento do empréstimo. É exatamente isto que está acontecendo. Com isto vários problemas dos bancos - dificuldades com o títulos próprios que vencem em 2012, recapitalização, entre outros - no curto prazo, deixam de existir. E com eles, diminui, também o risco do "credit crunch", o que não implica, necessariamente, em maior disposição para empréstimos, apenas menor fragilidade dos bancos. Não é pouca coisa e este era, aparentemente, o objetivo da ação do BCE.
Não resolve, no entanto, o problema de médio e longo prazo dos países da periferia do euro, Italia por ex, que depende de reformas visando ganhos de produtividade e retomada do crescimento econômico, assim como uma gestão com credibilidade da política fiscal. É um erro imaginar, que o "quantitative easing"disfarçado , teria sido possível sem a última cúpula européia. A ancora fiscal ainda é fundamental para manter a credibilidade do BCE, sem a qual seu raio de manobra torna-se ainda mais limitado. O aporte de recursos ao FMI, ficou abaixo do prometido( como esperado), porém é um valor apreciável e longe de ser um sinal negativo, como argumentam alguns analistas de primeira viagem.
Como mencionado ontem, Irlanda e Espanha, são os que mais ganham, devido origem do problema estar no setor bancário. Já na Italia a origem é outra, mas felizmente a maturidade de sua dívida é, em média, 7 anos, ela poderá, no entanto, colocar divida de prazo menor, se o yeilds for interessante, mas sem alterar, no entanto a maturidade média.
O caminho a ser trilhado ainda é longo , mas há um claro norte, que deverá ficar ainda melhor com a nova rodada de empréstimo em fevereiro.