sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

A semana na zona do euro...

Como esperado, o leilão dos titulos italianos foi um sucesso. O valor total foi 4.75 bilhões, com yields menores que os do último leilão. O retorno do titulo com vencimento em novembro de 2014 ficou em 4.83%, contra 5.62% no leilão passado. Resultado que levou a novo recuo do benchmark(titulo de 10 anos) e do titulo de 5 anos no mercado secundário: 6.5% e 5.59% respectivamente. O resultado, dado o cenário atual, foi muito bom, mas a demanda( bid-to-cover ratio) foi de apenas 1.22 o que indica que a situação melhorou, mas ainda esta longe do ceu de brigadeiro. O sucesso italiano de hoje, assim como o do espanhol de ontem, confirma, nossa avaliação, a respeito do impacto esperado do emprestimo do BCE sobre o titulos de curto prazo. É preciso esperar o leilão do benchamark para conhecer o real impacto sobre o titulo de longo prazo. As perspectivas são boas e repete-se a velha historia: a zona do euro avança aos trancos e barrancos.

Draghi, como é praxe, em Presidente de Banco Central esta otimista com os resultados da sua política de emprestimos de 3 anos a juros de mãe, uma forma criativa de "quantitative easing" pela porta dos fundos. Argumenta que os bancos que solicitaram o emprestimo de 3 anos, não são os mesmos que deixam uma montanha de dinheiro no overnight do BCE, apesar da remuneração ser baixa, 0.25%. Os primeiros seriam bancos com problemas de financiamento, ou seja com dificuldade para obter os recursos para os vencimentos do ano 2011 e sem o socorro do BCE seriam obrigados a reduzir as linhas de emprestimos o que levaria a contração do crédito. Em outras palavras, para o Draghi, os recursos não somente reduziram o risco desta contração, como estariam circulando pela economia.

Os números ainda não confirmam o otimismo do Draghi em relação ao lado real da economia, mas é inegavel o papel do emprestimo de 3 anos na queda do yeild dos titulos de curto prazo e na redução do risco de contração do crédito.

Enquanto escrevia o paragrafo acima, fui informado da mudança de status da França de 3A para AA+. Qual impacto provável? Aumento no yeild dos titulos franceses, poderá tornar menos atrátivo o EFSP e seguramente torna mais dificil a reeleição do Sarkozy. O primeiro não parece que será muito forte, já que o downgrade era esperado pelo mercado e portanto grande parte dele já está incorporado no valor do yeild. A questão do EFSP é um pouco mais complicada por incorporar um aspecto legal fora, portanto, da minha área de competencia: o downgrade da França implica em downgrade do EFSP? Se sim, qual seria o reação do mercado? Não muito diferente da reação esperada em relação ao downgrade frances, afinal o titulo emitido pelo EFSP continuaria sendo bancado pela forte alemã e o leilão de ontem e hoje, indicam, como mencionado, acima que a situação esta longe de ser desesperadora, muito pelo contrário. Quem vai ficar feio na fotografia vai se realmente a P&P.

Considero a decisão da S&P irresponsável e sem nenhum fundamento, como, alias, foi o caso do downgrade americano. É urgente a revisão do papel destas agências.

O downgrade da França, não foi, infelizmente, a única má noticia desta sexta-feira. As negociações sobre a participação voluntária na reestruturação da divida grega entraram em colapso, o que aumenta e muito o risco de default da Grecia. Considero esta a pior noticia da semana por ter um potencial explosivo bem superior a decisão tola e infantil da S&P.

Update

Alem da França, outros paises foram rebaixados. Abaixo lista de paises:

Áustria (rebaixado): de AAA (negativa) para AA+ (negativa)

Bélgica (estável): de AA (negativa) para AA (negativa)

Chipre (rebaixado em dois degraus): de BBB (negativa) para BB+ (negativa)

Eslováquia (rebaixado): de A+ (negativa) para A (estável)

Eslovênia (rebaixado): de AA- (negativa) para A+ (negativa)

Espanha (rebaixado em dois níveis): de AA- (negativa) para A (negativa)

França (rebaixado): de AAA (negativa) para AA+ (negativa)

Itália (rebaixado em dois níveis): de A (negativa) para BBB+ (negativa)

Malta (rebaixado): de A (negativa) para A- (negativa)

Portugal (rebaixado em dois níveis): de BBB- (negativa) para BB (negativa)


Mantenho a minha avaliação. Já era esperado e não altera a avaliação do mercado a respeito destes países, poderá no entanto, frear a queda do juros dos titulos italianos de curto prazo. A dinamica, no entanto ainda depende fundamentalmente da evolução do governo Monti e de decisões da zona do euro. A credibilidade da S&P não é mais a mesma depois do downgrade americano.