terça-feira, 9 de outubro de 2012

Austeridade não é a solução...


Ate mesmo o FMI reconheceu o obvio: o impacto negativo da consolidação fiscal tem sido maior que o esperado nos países da zona do euro que adotaram a política de austeridade. O motivo seria o menor grau de liberdade da política monetária que não consegue cumprir o papel que dela se espera para minimizar o impacto negativo da contração fiscal. O que coloca em questão, obviamente, a manutenção desta política e fortalece o argumento grego e espanhol em relação a demanda por um período maior para atingir as metas de déficit. Isto, no entanto, não implica em negar a importância da implementação das reformas estruturais nestes países, mesmo que ela produza impacto negativo sobre o crescimento econômico. O que deve ser seriamente repensado é o timing destas metas, no caso do país estar,naturalmente, implementando as reformas estruturais. Infelizmente este não parece ser o caso da Grecia, o que torna ainda mais dificil encontrar uma solução que satisfaça todas as partes envolvidas. Insistir no cumprimento das metas fiscais no prazo acordado, quando se sabe ser isto impossível - para não mencionar o custo econômico, social e político- é uma tolice que simplesmente agrava o problema.

Como era esperado, Merkel não foi bem recebida na Grecia: tem sido retratada como nazista e até mesmo a coalizão governamental criou uma comissão pra analisar a legalidade de cobrar um emprestimo feito ao governo alemão no período nazista que hoje valeria alguns bilhoes de euros. É verdade que a criação desta comissão é anterior a visita, mas ela da uma idéia de como a Merkel é impopular ate junto a elite política que pertence ao mesmo agrupamento político no parlamento europeu. A visita é decisiva para o atual governo que precisa demonstrar para os países do norte europeu - aliados tradicionais da Alemanha - que conta com apoio alemão pra manter-se no clube europeu. Fato este que os manifestantes parecem ignorar. O fato é que sem o apoio alemão a Grecia pode dizer adeus a nova parcela do pacote europeu, já que a troika deverá confirmar o que todos já estão cansados de saber: a Grecia não cumpriu as metas. Para alguns paises do norte e ate mesmo para membros da coalizão que governa a Alemanha este seria motivo suficiente para não liberar mais uma parcela do pacote de socorro e convidar a Grecia a deixar a zona do euro. Merkel, felizmente, já percebeu que expulsar a Grecia do clube europeu não é a melhor solução e por isto, muito a contragosto, devera apoiar algumas das demandas do governo grego. É uma decisão arriscada e que poderá ter forte impacto negativo nas eleições do próximo ano, mas ela está ciente que esta é a solução correta e que em último caso poderá formar, novamente, uma governo de coalizão com a oposição social democrata.