terça-feira, 16 de outubro de 2012

Mais um capitulo da novela europeia...


Mais um capitulo da emocionante novela espanhola: dois importantes políticos do partido da Merkel deram o ok ao pedido de socorro espanhol, com as devidas condicionalidades, obviamente. É um dado novo, já que o Ministro das Finanças da Alemanha já havia deixado claro que ele era contra o pedido o que foi interpretado pelo governo espanhol como um veto antecipado. Como Rajoy não parece nenhum um pouco interessado em tomar qualquer decisão antes das eleições neste mês na sua Galicia natal e no País Basco, a oposição alemã vinha a calhar. É bom deixar claro que tanto os alemães quanto o governo espanhol não estão pensando em bail out, mas no emprestimo precaucionário, que tem um número bem menor de condicionalidades e por isto mesmo é mais palatavel para o orgulhoso Rajoy. Ainda há, no entanto, pedras no caminho: qual seria o impacto do pedido espanhol sobre a Italia? Os otimistas apostam em queda no custo de rolagem de sua divida soberana; já os pessimistas acreditam que o mercado obrigaria a Italia a seguir o mesmo caminho da Espanha? Quem tem razão? Os dois cenários são possíveis, mas me parece que há um outro elemento que deve ser incluido no cenário italiano: o mercado parece preocupado com o cenário político pós-Monti, com o risco de um governo populista contrário às reformas necessarias para tirar a Italia do buraco. O risco político me parece ser mais importante que o pedido de socorro espanhol que acredito que levaria a queda do custo de rolagem da divida soberana italiana. O problema político, no entanto, poderá reverter facilmente está queda.

O mercado reagiu bem às noticias do apoio germanico ao pedido de socorro espanhol, como podemos inferir pelo resultado do leilão, desta terça feira de divida soberana de 12 meses e de 18 meses. A procura foi alta e os juros do primeiro foram os mais baixos desde de abril e os dos segundo desde março. Esta boa recepção do mercado, somada ao fato que segundo o governo espanhol 88% das emissões previstas pelo tesouro já foram realizadas, com juros, em média, em torno de 3.39%( abaixo do 3.90 de dezembro de 2011),tornam menos urgente a necessidade do pedido de socorro. É uma situação curiosa: o custo da rolagem da divida caiu devido a expectativa do pedido, iminente, de socorro, mas o resultado da queda é torna-lo menos urgente, alem de reforçar a posição dos membros do partido da Merkel contrários ao pedido de ajuda espanhola. Em que pese as últimas noticias, me parece que para a Primeiro Ministro da Alemanha a melhor opção ainda é não ter que pedir ao parlamento alemão a aprovação da linha de emprestimos precaucionário para a Espanha. Afinal, não seria uma medida que agradaria ao eleitorado alemão...