Meu professor de economia monetária já havia me alertado para a estranha incompatibilidade, no Brasil, entre jornalistas e economia. Um outro, menos generoso, nunca lia as colunas de economia. Teimoso, insisto, ... mas, às vezes, penso que seria melhor seguir os conselhos dos meus professores.
Ontem, ao ler a coluna do Vinícius Torres, da Folha, pensei no conselho do meu professor: “ A duração inesperada da catástrofe euro-americana torna a situação a cada dia mais grave”. Como inesperada!!! Por acaso ele estaria esperando um final feliz em curto espaço de tempo? Crises da dimensão atual não acontecem todo dia e tão pouco se revolvem da noite para o dia, mas estão longe de serem novidade. Há varias teorias – marxistas, austríacas, post-keynesianas, etc- e bons livros de história econômica sobre este tema. É verdade que não são lidos pela turma que se passa por economista em Barão Geraldo, Perdizes e alhures..., mas nunca o considerei membro desta turma.
No mesmo jornal, mas na edição desta sexta-feira, a figura menor que já passou pelo BNDES, parece surpreso com a transformação da crise, que ele julgava localizada - e aparentemente limitada- no segmento dos empréstimos hipotecários a pessoas de baixa renda, em uma crise financeira mundial. Em que mundo ele vive. O pior é que ele não é o único: uma leitura da opinião dos ditos luminares da profissão, aqueles que estão sempre na mídia, é bastante instrutiva sobre a capacidade analítica desta turma.
Aliás, na mesma edição, Vinícius Torres ataca o editorial da última The Economist. Li e reli o editorial e ainda não consigo entender porque ele ficou tão p. da vida...