O problema da fala do Jobim não está tanto no seu conteúdo - bem conhecido, alias - mas na invasão da área alheia para a qual, aparentemente, não possui o preparo necessário. Curiosamente, depois da solução do problema inflacionário, a área de política internacional é vitima de um grande congestionamento, que em nada é benefica ao interesse do país.
Interesse nacional já é nome de uma revista, mas apesar disto continua sendo desconhecida, por importantes agente políticos, como atesta o comportamento do Jobim. Não se trata de ser nacionalista ou simpático a esta ou aquele figura do setor diplomatico brasileiro, mas reconhecer que ele errou e a única saida, honrosa, é pedir demissão do cargo.
A política internacional já é uma área fundamental no país e deverá ser ainda mais importante no futuro próximo e por isto é recomendável ampliar os debates sobre as opções do Brasil nesta arena e, ao mesmo tempo, evidar ruidos desnecessários.
terça-feira, 30 de novembro de 2010
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Apenas uma batalha...
A velha e a nova direita aplaudem, a contragosto, é verdade, a ação das forças da ordem no balneário. Digo a contragosto, porque são obrigadas a reconhecer o merito do atual governador e do Governo Federal, seu aliado. Mas aqui e acolá, aproveitam para reapresentar as propostas sem fundamento do seu candidato derrotado na eleição presidencial.
Havia na transmissão um desejo incontido por sangue e cenas de filme de ação. Isto para não mencionar a qualidade dos comentáristas, mas, afinal, era domingo, o dia estava perfeito para pegar praia,..., entre saudosos dos tempos d 'antanho era possivel encontrar um outro defensor da tese de bandido social, romantico, explorado, etc.. Plural, diria alguns, boçalidade seria uma palavra mais adequada.
A vitoria das forças da ordem é sem dúvida um marco e motivo para comemoração, lembrando ,sempre, as palavras do gaucho de Santa Maria: é apenas uma batalha em uma longa guerra. Sim, a palavra guerra não é um exagero, mas uma descrição correta da situação no balneário e em outras cidades. Combate-la, respeitando os direitos da pessoa humana não é apenas um detalhe sem importância, mas fundamental para manter o apoio conquistado na recente ação, assim como a oferta à população de bens públicos a ela negados por um longo período de tempo devido a atuação do trafico e da falta de coragem política dos governantes.
O país esta mudando pra melhor, quem sabe, um dia, este fato, finalmente, será reconhecido na terra das jabuticabas exoticas, que ainda não foi informada da queda do muro de Berlim.
Havia na transmissão um desejo incontido por sangue e cenas de filme de ação. Isto para não mencionar a qualidade dos comentáristas, mas, afinal, era domingo, o dia estava perfeito para pegar praia,..., entre saudosos dos tempos d 'antanho era possivel encontrar um outro defensor da tese de bandido social, romantico, explorado, etc.. Plural, diria alguns, boçalidade seria uma palavra mais adequada.
A vitoria das forças da ordem é sem dúvida um marco e motivo para comemoração, lembrando ,sempre, as palavras do gaucho de Santa Maria: é apenas uma batalha em uma longa guerra. Sim, a palavra guerra não é um exagero, mas uma descrição correta da situação no balneário e em outras cidades. Combate-la, respeitando os direitos da pessoa humana não é apenas um detalhe sem importância, mas fundamental para manter o apoio conquistado na recente ação, assim como a oferta à população de bens públicos a ela negados por um longo período de tempo devido a atuação do trafico e da falta de coragem política dos governantes.
O país esta mudando pra melhor, quem sabe, um dia, este fato, finalmente, será reconhecido na terra das jabuticabas exoticas, que ainda não foi informada da queda do muro de Berlim.
domingo, 28 de novembro de 2010
sábado, 27 de novembro de 2010
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Pessima escolha...
Parece que ela definitivamente adora viver perigosamente. Depois do grande equivoco chamada Erenice, que por pouco não elegeu o candidato da Nova Direita, ela insiste em acolher no Palacio a quinta coluna dos derrotados na eleição e cuja atuação, sem imaginação, a frente da Fazenda foi transformada pela midia e endinheirados em oitava maravilha, enquanto o trabalho correto do Bacen era considerado a própria encarnação do mal a ser evitado. O católico condena o pecado, nunca o pecador, porém, é sempre bom lembrar que o tigre nunca perde suas listras e que somente o auto engano - pra ser gentil - explica a não condenação do caso do Francenildo, o brasileiro.
Acolhe-lo é um erro, que poderá sair caro e ai não podera usar o argumento que não esperava ou não o conhecia entre outros tantos. Tão pouco recorrer as ruas....
Acolhe-lo é um erro, que poderá sair caro e ai não podera usar o argumento que não esperava ou não o conhecia entre outros tantos. Tão pouco recorrer as ruas....
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
É hora de agir...
Enquanto na Irlanda a crise econômica transforma-se em crise política e a população é convidada a pagar a conta dos anos loucos da prosperidade, cabendo, como é de praxe, a parte maior, para o andar de baixo - a famosa socialização dos prejuizos-, no grande bananão o ceu ainda é de brigadeiro, exceto pelo cenário de guerra civil no balneario.
Carros queimados, mortos e a arrogância sem limite dos que se acostumaram com a falta de coragem do poder público pra enfrentar com o rigor necessário a terra desolada em que se transformou, ao longo dos anos, varios bairros do Rio. Entre os atos mais insanos, neste mar de insanidade, merece destaque o acordo tácito do governador gaucho com a criminalidade. Se vivo, reconheceria, que foi o ponto mais baixo de sua carreira política.
O fato é que pra resolver o problema será necessário ampliar as UPPs e se, necessário, outras medidas duras e nada agradáveis para garantir o direito a vida da população carioca.
Carros queimados, mortos e a arrogância sem limite dos que se acostumaram com a falta de coragem do poder público pra enfrentar com o rigor necessário a terra desolada em que se transformou, ao longo dos anos, varios bairros do Rio. Entre os atos mais insanos, neste mar de insanidade, merece destaque o acordo tácito do governador gaucho com a criminalidade. Se vivo, reconheceria, que foi o ponto mais baixo de sua carreira política.
O fato é que pra resolver o problema será necessário ampliar as UPPs e se, necessário, outras medidas duras e nada agradáveis para garantir o direito a vida da população carioca.
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Errar duas vezes não é perdoavel: Palocci não....
Nenhuma surpresa na escolha do novo presidente do Banco Central. A opção por uma solução interna era a mais recomendável e a escolha me parece respeitar o perfil esperado para o cargo: avesso a inflação e conservador em política econômica. Dificil saber se será do agrado de todos os heterodoxos, mas seguramente me parece que eles o respeitam como economista o que é sempre um bom começo.
Dado o perfil do escolhido, não vejo nenhum sinal de alteração da política que vem sendo seguida pelo Bacen, no entanto, como a autonomia é uma concessão do Presidente ela pode, na prática, ser negada a qualquer momento e por isto mesmo o correto seria transforma-la em lei. A probabilidade do fim da autonomia não é alta, mas a dinamica política, tem lá suas surpresas.
Como a eleita é economista, com certeza conhece a literatura sobre os ciclos políticos e sabe que tem apenas 2 anos, no máximo, para fazer o trabalho "sujo": cortar gastos e iniciar a caminhada para o deficit nominal zero. Por enquanto continuo otimista e feliz com as escolhas da nova administração. Espero que ela tenha o bom senso de deixar o "porquinho" queridinho da midia e dos endinheirados fora de um cargo importante. Ela já errou uma vez na escolha da sua sucessora para a Casa Civil, não tem mais o direito de repetir o mesmo erro. O ideal seria deixa-lo fora do Governo, no Planalto seria um risco desnecessário.
Dado o perfil do escolhido, não vejo nenhum sinal de alteração da política que vem sendo seguida pelo Bacen, no entanto, como a autonomia é uma concessão do Presidente ela pode, na prática, ser negada a qualquer momento e por isto mesmo o correto seria transforma-la em lei. A probabilidade do fim da autonomia não é alta, mas a dinamica política, tem lá suas surpresas.
Como a eleita é economista, com certeza conhece a literatura sobre os ciclos políticos e sabe que tem apenas 2 anos, no máximo, para fazer o trabalho "sujo": cortar gastos e iniciar a caminhada para o deficit nominal zero. Por enquanto continuo otimista e feliz com as escolhas da nova administração. Espero que ela tenha o bom senso de deixar o "porquinho" queridinho da midia e dos endinheirados fora de um cargo importante. Ela já errou uma vez na escolha da sua sucessora para a Casa Civil, não tem mais o direito de repetir o mesmo erro. O ideal seria deixa-lo fora do Governo, no Planalto seria um risco desnecessário.
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Quem será o próximo?
Como esperado a Irlanda jogou a toalha e esta negociando um pacote de socorro. Confesso que esperava uma resistência maior, mas, aparentemente, a sede de sangue do mercado falou mais alto e o inevitável chegou mais rapido. Melhor assim. A demora estava contaminando Portugal e Espanha, próximos na linha de ataque. Ainda não li/ ouvi detalhes sobre as medidas negociadas que devem ser duras, mas menos drasticas que as da Grecia. É o que se espera. O primeiro resultado já conhecemos: crise política e convocação de eleições e provavelmente um novo governo deverá surgir das urnas. Resta saber se o pacote será o suficiente para descartar de vez a reestruturação da divida. Tenho sérias dúvidas de ser o caso.
É cedo pra avaliar o impacto sobre o futuro de Portugal e Espanha. Não estou otimista, mas me parece que ganharam algum tempo.
Enquanto isto no grande bananão continua a novela Meirelles fica ou sai. Minha aposta é na saída, que considero irrelevante, se o novo indicado possuir reputação de avesso a inflação e conservadorismo em política econômica. Institucionalizar a autonomia do Banco Central me parece a melhor solução. A Presidente eleita é economista, graduada por uma excelente Universidade e o pós incompleto na famosa escola de sociologia econômica do interior de SP não é motivo suficiente para desconfiar de decisões futuras na área econômica.
É cedo pra avaliar o impacto sobre o futuro de Portugal e Espanha. Não estou otimista, mas me parece que ganharam algum tempo.
Enquanto isto no grande bananão continua a novela Meirelles fica ou sai. Minha aposta é na saída, que considero irrelevante, se o novo indicado possuir reputação de avesso a inflação e conservadorismo em política econômica. Institucionalizar a autonomia do Banco Central me parece a melhor solução. A Presidente eleita é economista, graduada por uma excelente Universidade e o pós incompleto na famosa escola de sociologia econômica do interior de SP não é motivo suficiente para desconfiar de decisões futuras na área econômica.
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Não se mexe em time que esta ganhando...
Como já argumentamos: se ele vai sair ou não é irrelevante. O mesmo, no entanto, não se aplica a autonomia operacional do Banco Central. Isto não deveria ser alterado, mas mantido e institucionalizado. Seria um elemento a mais no caminho da normalidade no campo da política econômica no grande bananão. É uma tolice, sem tamanho, querer subordinar o Banco Central à Fazenda e apostar em um pensamento único à esquerda na gestão da política econômica. Apostas deste tipo podem sair caro para a maioria da população brasileira que cansou das piruetas, sem fundamento teorico e resultado desastroso, da heterodoxia econômica nos tristes trópicos.
Politica fiscal corajosa - leia-se cortes no gastos, meta de deficit nominal zero - e um Presidente de Banco Central avesso a inflação e, portanto, conservador em política econômica é a melhor opção a disposição da nova administração. A solução interna ao Bacen - que tem ótimos quadros - é recomendável, em que pese a qualidade de vários candidatos funcionários da banca brasileira.
Politica fiscal corajosa - leia-se cortes no gastos, meta de deficit nominal zero - e um Presidente de Banco Central avesso a inflação e, portanto, conservador em política econômica é a melhor opção a disposição da nova administração. A solução interna ao Bacen - que tem ótimos quadros - é recomendável, em que pese a qualidade de vários candidatos funcionários da banca brasileira.
domingo, 21 de novembro de 2010
sábado, 20 de novembro de 2010
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Meirelles ou não Meirelles, não é a questão ....
Meirelles foi o o saco de pancadas durante os 8 anos da administração Lula e agora no período de transição para a nova administração o ataque tem sido redobrado. Se ele deve ou não continuar é questão secundária, o importante é saber se a política monetaria será diferente e aberta a soluções de agrado do chamado pensamento heterodoxo que, ao contrário do resto do mundo, ainda é muito influente nos tristes trópicos. Equivocos, vários, foram cometidos durante a administração Meirelles, mas o número de acertos, também, não foram poucos. O fato é que na literatura sobre o Banco Central há um ponto que é consenso: o presidente do Banco Central deve ter a reputação de ser avesso a inflação e, em geral, isto está associado a um perfil conservador em questões de política econômica. Sua função é, obviamente, fazer um contrapeso a Fazenda/Tesouro do qual se esperá um perfil diferente, sem contudo, atingir o nível da incompatibilidade que levaria a uma política econômica totalmente incoerente. Dai ser um grave equivoco a tese que ambos devem pertencer a mesma linha de pensamento em política econômica. A diversidade de visão na área econômica, tradicional na historia econômica brasileira, é sempre melhor que o pensamento único à direita ou à esquerda.
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Um país do presente
Acostumados com a expressão um país do futuro alguns economistas ainda insistem em procurar fantasmas do passado e tem imensa dficuldade em reconhecer que o Brasil é um país do presente. Ele pode não ser a realização do sonho dourado dos que achavam que com a industrialização todos os males seriam solucionados. Ela veio, mas esqueceu pelo caminho a justiça social e a distribuição da renda que, apenas, parcialmente, voltou a fazer parte da agenda nacional. Digo parcialmente porque ainda não é comum, como era no passado, a expressão desenvolvimento/crescimento econômico com distribuição de renda. Isto, quem sabe, explica a dificuldade em reconhecer que o país mudou e atingiu um novo patamar de importância na economia mundial.
Otimismo exagerado. Dirá alguns. Não creio ser o caso. A retorica da desindustrialização a "neura" em relação a restrição externa que no passado era de fato um problema sério, mas que hoje, felizmente, tem pouca relevância são algumas das expressões populares, em alguns circulos, da dificuldade em ver os fatos novos presentes nos ensinamentos de um velho mestre desenvolvimentista. O novo sempre assusta e é mais confortável manter-se na luta contra os moinhos de ventos do que encarar a nova realidade e seus novos problemas.
Este comportamento é esperado e ate mesmo justificado, quando se trata da geração do período heroico do desenvolvimento brasileiro, porém é estranho encontra-lo no discurso da nova geração de bons economistas, principalmente, aqueles preocupados com um país socialmente mais justo.
Otimismo exagerado. Dirá alguns. Não creio ser o caso. A retorica da desindustrialização a "neura" em relação a restrição externa que no passado era de fato um problema sério, mas que hoje, felizmente, tem pouca relevância são algumas das expressões populares, em alguns circulos, da dificuldade em ver os fatos novos presentes nos ensinamentos de um velho mestre desenvolvimentista. O novo sempre assusta e é mais confortável manter-se na luta contra os moinhos de ventos do que encarar a nova realidade e seus novos problemas.
Este comportamento é esperado e ate mesmo justificado, quando se trata da geração do período heroico do desenvolvimento brasileiro, porém é estranho encontra-lo no discurso da nova geração de bons economistas, principalmente, aqueles preocupados com um país socialmente mais justo.
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Martin Wolf e a reunião do G20
Uma visão mais otimista da reunião do G20. Gostei da analise do Martin Wolf, mas acho seu otimismo exagerado.
Eles vieram, viram e perderam. Essa é a reação ao que veio à tona do reequilíbrio global no encontro de cúpula dos países integrantes do G-20, ocorrido em Seul, na semana passada. Em público, os países superavitários persistem em apelar para os deficitários se desinflacionarem para obterem saúde econômica. As consequências dessa insensatez estão evidentes na zona do euro. No nível mundial, os EUA jamais aceitarão isso. Mas, por baixo do radar, é possível que esteja surgindo algo mais produtivo.
Essa perspectiva mais otimista pode ser deduzida dos textos da declaração dos líderes. Ele diz que "desequilíbrios persistentemente amplos, avaliados com base em diretrizes indicativas que serão acertadas pelos nossos ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais, exigem uma avaliação da sua natureza e as causas dos impedimentos aos ajustes... Essas diretrizes indicativas compostas de uma variedade de indicadores poderão servir como um mecanismo para facilitar a identificação, em tempo hábil, de amplos desequilíbrios que exigem ações preventivas e corretivas". Feio, mas sensato. Junto com a conversa sobre a necessidade de os países superavitários dependerem mais da demanda doméstica, do monitoramento reforçado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e das taxas de câmbio, é possível que tenha aparecido um mandato de certa forma mais sólido.
Em público, naturalmente, o debate se concentrou nos pecados do afrouxamento quantitativo promovido pelo Federal Reserve (ou Fed, banco central dos EUA), com China e Alemanha loquazes em condenação. Por que um afrouxamento monetário tão modesto, no contexto de uma economia dos EUA fraca e do crescimento monetário estagnado, tenha causado tamanha histeria é difícil de entender.
A essência da condenação da China é que os EUA estão exportando seus problemas, ao empurrarem sua moeda deliberadamente para baixo. É fácil enxergar três objeções a esse ataque: primeiro, ele é falso. Segundo, o ajuste cambial é necessário. E terceiro, pelo contrário, esta é uma boa descrição da política cambial chinesa.
O Federal Reserve não está comprando moeda estrangeira, mas bônus domésticos. Ele age assim para sustentar a economia doméstica com a desalavancagem. É verdade, é possível que essa política, se os demais fatores se mantiverem iguais, também reduza o valor externo da moeda. Mas isso é desejável. Os EUA são um clássico exemplo de desequilíbrios internos e externos - desemprego elevado e um déficit estrutural em conta corrente. O manual de Economia sugere que uma depreciação da taxa de câmbio real é a resposta certa. Uma depreciação da taxa de câmbio nominal é a forma menos penosa de alcançar esse resultado.
Ao contrário dos EUA, porém, a China está de fato "imprimindo moeda", com o propósito de comprar divisas e proteger a competitividade externa. Até setembro de 2010, a China havia acumulado US$ 2,648 trilhões em reservas cambiais (perto de metade do Produto Interno Bruto, o PIB).
O argumento econômico decisivo, porém, é que o mundo precisa administrar um ajuste pós-crise, no qual os fluxos de capital circulam. Em essência, este é um processo real, não monetário. Os países ricos não podem absorver produtivamente o fluxo de capital que costumava fluir dos países pobres. Na verdade, jamais puderam. Aquilo que não podia continuar agora precisa mudar.
Os estrangeiros têm gasto sistematicamente menos que suas receitas e, consequentemente, criaram um superávit em conta corrente com os EUA. Até a crise, os déficits dos congêneres eram produzidos, de forma praticamente igual, pelos setores do governo e das famílias. Após a crise, os setores das famílias e das corporações reduziram gastos dramaticamente, em relação à receita. Com estrangeiros, famílias e o setor corporativo gerando superávits, o governo acabou ficando num enorme déficit.
O ponto crucial é que os EUA podem reduzir seus enormes déficits fiscais, sem empurrar o país na direção de uma profunda depressão, se e somente se os demais setores expandirem os gastos em relação às receitas. Uma boa parte do ajuste necessário deve vir a partir da expansão dos gastos estrangeiros em relação à receita - em outras palavras, uma redução no déficit estrutural em conta corrente.
Essa análise é um fator para qualquer discussão de ajuste global. Como demonstra o relatório do FMI sobre o "processo de avaliação mútua" no G-20, projeta-se que os déficits em conta corrente atuais dos países deficitários aumentem a níveis jamais vistos antes da crise. Enquanto isso, espera-se que os superávits se estabilizem. Mais importante, isso indica até que ponto o mundo está deixando de colocar o seu crescimento futuro sobre uma base sustentável.
Mudar esse quadro não serve apenas os interesses dos países deficitários. Se estes últimos forem incapazes de colocar as suas economias sobre uma base sustentável, existe uma boa probabilidade de que adotem métodos mais brutais para interromper o esgotamento gradual na demanda. Isso significa proteção, que prejudicaria a todos, no longo prazo.
Nenhuma dessas opções será fácil. Em política monetária, por exemplo, existe a possibilidade de um impasse temporário entre EUA e China: aquele pode produzir dólares sem limite, enquanto este último pode reagir criando yuans sem limite, com os quais comprará dólares. O "vitorioso" nessa luta poderá ser aquele afetado em segundo lugar pela inflação. Mas esse tipo de "guerra cambial" certamente seria uma tragédia, especialmente porque teria efeitos vastamente adversos sobre espectadores inocentes com taxas de câmbio relativamente flexíveis. Deve haver um caminho melhor do que esse. Na verdade, obviamente existe: um plano de ajuste de médio prazo. Seul pode não ter aproximado uma solução a esse ponto. Mas o caminho adiante foi traçado. Os líderes deveriam enxergar os seus próprios interesses ao transitarem vigorosamente ao longo dele.
Fonte: Valor
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Nada de novo no front ocidental...
Cotovelada daqui, cotovelada dali e no final nada de novo na última reunião do G20, exceto, diria um otimista, o sinal verde aos controles de capital. Um agrado aos heterodoxos? Não me parece ser o caso, mas a confissão do fracasso da reunião: sem propostas para solucionar os problemas da economia mundial é natural o retorno, com força total, de propostas velhas conhecidas nos países em desenvolvimento. A menos problematica delas - ainda que não me agrade nenhum pouco - é o controle de capitais, mas há uma segunda, de consequencias desastrosas, muito popular: o protecionismo.
Enquanto isto na Eurolandia, a Irlanda resiste a aceitar o inevitável: pedir socorro e com isto há o risco de levar consigo Portugal e Espanha. Já na Grecia, apesar da vitoria do goveno nas eleições, a situação continua a mesma o que não deixa de ser positivo em um país que dificilmente deixará de passar por alguma forma de reestruturação da sua divida.
Já no grande bananão, para tristeza da quinta coluna, o ceu continua sendo de brigadeiro
Enquanto isto na Eurolandia, a Irlanda resiste a aceitar o inevitável: pedir socorro e com isto há o risco de levar consigo Portugal e Espanha. Já na Grecia, apesar da vitoria do goveno nas eleições, a situação continua a mesma o que não deixa de ser positivo em um país que dificilmente deixará de passar por alguma forma de reestruturação da sua divida.
Já no grande bananão, para tristeza da quinta coluna, o ceu continua sendo de brigadeiro
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
domingo, 14 de novembro de 2010
sábado, 13 de novembro de 2010
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Steven Levitt
Boa reportagem com/sobre Steven Levitt, o microeconomista co-autor do best-seller "Freakeconomics" e número um na lista dos livros execrados pelo marxismo talebã.
Não é fácil imaginar que uma plateia de quase 3 mil pessoas mantenha por 1h30 a atenção fixa na fala de um especialista em fenômenos microeconômicos. Sozinho sobre o palco vazio de 20 metros de largura, reproduzido e amplificado em quatro telões dispostos ao redor do auditório, traduzido simultaneamente por intérpretes de português e espanhol, Steven Levitt não é uma figura imponente. Seria difícil apostar que o economista americano de 43 anos, voz macia e camisa lilás cative sua audiência, mas Levitt tem a autoridade de quem vendeu 5 milhões de exemplares de seus dois best-sellers, "Freakonomics" (2005) e "Superfreakonomics" (2009), escritos em parceria com o jornalista Stephen Dubner e editados no Brasil pela Campus/Elsevier.
O sucesso do jovem economista condiz com a celebridade de alguém cujos livros sobre o comportamento econômico de pessoas comuns ganharam, no início deste ano, uma versão em documentário. Mas o palestrante não pertence ao mesmo universo de sua audiência, formada por executivos e aspirantes que, em plena segunda-feira, trocaram o escritório por uma apresentação no auditório de um centro de exposições em São Paulo, onde ocorreu a feira de negócios HSM ExpoManagement.
O economista busca atrair a atenção do público com histórias tiradas da própria vida e anedotas do mundo da pesquisa, habitado por estudantes de graduação e macacos de laboratório. Levitt se apressa em advertir que é um peixe fora d'água entre seus ouvintes, explicando que seus livros se tornaram sucessos na categoria "administração" graças à ideia "de algum marqueteiro genial da editora". O público responde com risadas e o palestrante se solta, caminhando e gesticulando enquanto desfia ideias, exemplos e histórias.
Em seguida à palestra, o economista falou com exclusividade ao Valor sobre sua maneira pouco usual de fazer economia, suas influências e a aplicação dos conceitos microeconômicos sobre a vida cotidiana. O mundo corporativo não saiu de pauta. "As pessoas devem levar um choque quando digo que não entendo nada de negócios. Tenho ouvido todo tipo de perguntas, sempre começando com 'o que um economista diria sobre...' Acho que muita gente que diz saber muito sobre negócios, na verdade não sabe nada", afirma.
Levitt tampouco se considera, por modéstia ou ironia, um "economista de verdade". No subtítulo de "Freakonomics", o autor se apresenta como "rogue economist". O termo "rogue" pode ser traduzido como malandro, pilantra, fora da lei. O verdadeiro economista, que ele chegou a sonhar em ser quando era um jovem estudante iludido, é representado pela figura de Alan Greenspan, ex-presidente do Federal Reserve, o banco central americano. Uma pessoa que, "quando comete um erro, faz o mundo inteiro entrar em colapso". Mas não demorou a ficar claro que Levitt jamais seria Greenspan.
O motivo é que, ao contrário de seus pares, que se esforçam para produzir artigos com conteúdo fortemente matematizado e não raro hermético, Levitt declara ser péssimo com números, a ponto de ter passado o primeiro ano de sua graduação sem saber o que é "derivada parcial", conceito de cálculo crucial para economistas. Para se manter na profissão com uma deficiência tão gritante, foi necessário usar uma estratégia drástica: dedicar-se a temas pelos quais nenhum outro economista teria interesse. Levitt pôde então encontrar os fenômenos econômicos por detrás da cortina de equações. "No fundo, a análise econômica não é muito matemática. Os cursos são matemáticos, mas a pesquisa em si, não. A matemática é uma barreira completamente arbitrária, porque existem muitas pessoas querendo ser economista e é preciso encontrar um jeito de deixá-las de fora."
Mas a inserção no universo das publicações científicas em economia exigiu algumas adaptações. "Um jeito de publicar em economia sem ser bom em matemática é encontrar coautores. Tem milhões de pesquisadores fortes em matemática e dispostos a colaborar." Apesar da heterodoxia metodológica, Levitt leciona na Universidade de Chicago, um dos principais centros de ciência econômica do mundo, reconhecido por sua ortodoxia neoclássica e pelo volume significativo de ganhadores do Prêmio Nobel que já abrigou, como Milton Friedman, Robert Fogel e Richard Posner. Além de autor de sucesso, Levitt é cotado para receber o Prêmio Nobel de sua disciplina, desde que foi agraciado, em 2004, com a John Bates Clark Medal, condecoração que premia o economista "mais influente" com menos de 40 anos nos EUA. Existe, para empregar um termo do vocabulário econométrico, uma correlação entre economistas agraciados com a medalha e, depois, com o prêmio sueco. Foram 12 ganhadores de ambos, entre eles Milton Friedman, Joseph Stiglitz e Paul Krugman.
Levitt conta que, graças ao sucesso de seus livros, foi chamado para aconselhar grandes e pequenas companhias nos Estados Unidos, mas também profissionais liberais. Um exemplo que o economista cita com humor é o de uma garota de programa em Chicago, que conseguiu aumentar sua renda com a aplicação de princípios simples da microeconomia. A assessoria acabou se virando contra o assessor. O economista convidou a garota de programa para falar a seus alunos sobre o mercado da prostituição de alta classe e combinou de pagar sua tarifa regular. Mas se esqueceu de que ele mesmo tinha lhe ensinado como valorizar seu trabalho e cobrar mais caro por ele. Quando a conta chegou, o susto foi proporcional ao orgulho de tê-la ajudado em sua profissão.
É surpreendente, para Levitt, que os profissionais liberais sejam incapazes de traçar suas curvas de demanda. Isto é, pessoas que vivem de vender seus serviços deveriam saber estabelecer o valor que maximize seus rendimentos, segundo os preços que os clientes estejam dispostos a pagar. "Com que frequência os jornais telefonam para você?", pergunta. "Faça o teste, peça um pagamento um pouco maior, veja se eles aceitam", prossegue o professor.
As grandes empresas, por outro lado, revelaram-se arredias quando Levitt lhes deu consultoria. "Tem um abismo entre os economistas e o mundo corporativo que não faz o menor sentido. Trabalho muito com companhias com mais de 10 mil empregados. Nas reuniões, o presidente diz: 'Quero que nosso economista esteja presente'. Que mundo é este, onde uma companhia de 10 mil pessoas que tem somente um economista! Então a economia não é relevante para os negócios?", pergunta.
O mesmo desdém existe entre políticos. Levitt comenta, assombrado, que certas leis votadas pelo Senado são contraintuitivas, como a lei americana de proteção de espécies ameaçadas. Essa lei oferece uma moratória de um ano para construções em áreas de proteção, enquanto as autoridades avaliam as ameaças à fauna. "Quando as leis são feitas, ninguém pensa em como os indivíduos vão reagir à mudança. Assim que as dados começam a ser levantados, os construtores passam a trabalhar o mais rápido que podem, porque sabem que dali a um ano não vão mais poder construir. O efeito da lei de espécies ameaçadas é ameaçar espécies!"
Trabalhando sobre temas como prostituição, tráfico de drogas, aborto e até as cobranças de pênalti, Levitt atingiu a notoriedade que lhe valeu a condecoração e a oportunidade de escrever seus best-sellers. Seu trabalho pertence a uma corrente que busca aplicar as formas microeconômicas de pensar sobre questões que, a princípio, cairiam em outras ciências sociais. Essa tendência, que tem na "Escola de Chicago" seu epicentro, começou com o Prêmio Nobel Gary Becker, ídolo e, de certa forma, mentor de Levitt. Becker estudou o comportamento das famílias, estimou como seria um mercado de órgãos para transplantes e sugeriu que as políticas de repressão à imigração fossem substituídas por uma taxa, de forma que o livre mercado regulasse o fluxo migratório. "Meu trabalho é uma continuação lógica de Gary Becker, sem querer soar imodesto. Ele mostrou que é possível aplicar a economia a qualquer coisa. Com isso, ele libertou a minha geração."
Para quem considera os trabalhos de Becker e Levitt como um passo da microeconomia para além de seus domínios, o economista tem uma resposta. "O mundo acadêmico é como um mercado, em que se negociam perguntas e respostas. Nos últimos 30 anos, a economia tem ganhado campo nesse mercado", observa. Ao mesmo tempo, o economista se diz satisfeito de colaborar com sociólogos, politólogos e antropólogos. Por outro lado, uma das ganhadoras do Prêmio Nobel de economia de 2009 foi a cientista política americana Elinor Ostrom, e Levitt reconhece que o universo dos economistas não abriu as portas para ela. "Não li seu trabalho e duvido muito que algum economista tenha lido."
A investida mais recente do economista é a Greatest Good, empresa de consultoria que visa a ensinar grandes doadores a tornar sua filantropia mais eficiente. Fundada em 2009, em sociedade com outros oito acadêmicos - incluindo Gary Becker -, a companhia tem tido sucesso, segundo Levitt, mas não da maneira como os donos esperavam. "Quando mostramos a um bilionário que podemos tornar suas doações mais eficazes, ele pergunta se podemos tornar seus negócios mais eficazes." O ato de doar parece ser mais importante do que a doação em si, comenta Levitt, que desconfia de uma perspectiva voltada mais para o marketing do que para a solução dos problemas. "Estou certo, porém, de que podemos mostrar que há benefícios também em conseguir curar a malária, erradicar o analfabetismo, salvar as florestas..."
Fonte: Valor
Não é fácil imaginar que uma plateia de quase 3 mil pessoas mantenha por 1h30 a atenção fixa na fala de um especialista em fenômenos microeconômicos. Sozinho sobre o palco vazio de 20 metros de largura, reproduzido e amplificado em quatro telões dispostos ao redor do auditório, traduzido simultaneamente por intérpretes de português e espanhol, Steven Levitt não é uma figura imponente. Seria difícil apostar que o economista americano de 43 anos, voz macia e camisa lilás cative sua audiência, mas Levitt tem a autoridade de quem vendeu 5 milhões de exemplares de seus dois best-sellers, "Freakonomics" (2005) e "Superfreakonomics" (2009), escritos em parceria com o jornalista Stephen Dubner e editados no Brasil pela Campus/Elsevier.
O sucesso do jovem economista condiz com a celebridade de alguém cujos livros sobre o comportamento econômico de pessoas comuns ganharam, no início deste ano, uma versão em documentário. Mas o palestrante não pertence ao mesmo universo de sua audiência, formada por executivos e aspirantes que, em plena segunda-feira, trocaram o escritório por uma apresentação no auditório de um centro de exposições em São Paulo, onde ocorreu a feira de negócios HSM ExpoManagement.
O economista busca atrair a atenção do público com histórias tiradas da própria vida e anedotas do mundo da pesquisa, habitado por estudantes de graduação e macacos de laboratório. Levitt se apressa em advertir que é um peixe fora d'água entre seus ouvintes, explicando que seus livros se tornaram sucessos na categoria "administração" graças à ideia "de algum marqueteiro genial da editora". O público responde com risadas e o palestrante se solta, caminhando e gesticulando enquanto desfia ideias, exemplos e histórias.
Em seguida à palestra, o economista falou com exclusividade ao Valor sobre sua maneira pouco usual de fazer economia, suas influências e a aplicação dos conceitos microeconômicos sobre a vida cotidiana. O mundo corporativo não saiu de pauta. "As pessoas devem levar um choque quando digo que não entendo nada de negócios. Tenho ouvido todo tipo de perguntas, sempre começando com 'o que um economista diria sobre...' Acho que muita gente que diz saber muito sobre negócios, na verdade não sabe nada", afirma.
Levitt tampouco se considera, por modéstia ou ironia, um "economista de verdade". No subtítulo de "Freakonomics", o autor se apresenta como "rogue economist". O termo "rogue" pode ser traduzido como malandro, pilantra, fora da lei. O verdadeiro economista, que ele chegou a sonhar em ser quando era um jovem estudante iludido, é representado pela figura de Alan Greenspan, ex-presidente do Federal Reserve, o banco central americano. Uma pessoa que, "quando comete um erro, faz o mundo inteiro entrar em colapso". Mas não demorou a ficar claro que Levitt jamais seria Greenspan.
O motivo é que, ao contrário de seus pares, que se esforçam para produzir artigos com conteúdo fortemente matematizado e não raro hermético, Levitt declara ser péssimo com números, a ponto de ter passado o primeiro ano de sua graduação sem saber o que é "derivada parcial", conceito de cálculo crucial para economistas. Para se manter na profissão com uma deficiência tão gritante, foi necessário usar uma estratégia drástica: dedicar-se a temas pelos quais nenhum outro economista teria interesse. Levitt pôde então encontrar os fenômenos econômicos por detrás da cortina de equações. "No fundo, a análise econômica não é muito matemática. Os cursos são matemáticos, mas a pesquisa em si, não. A matemática é uma barreira completamente arbitrária, porque existem muitas pessoas querendo ser economista e é preciso encontrar um jeito de deixá-las de fora."
Mas a inserção no universo das publicações científicas em economia exigiu algumas adaptações. "Um jeito de publicar em economia sem ser bom em matemática é encontrar coautores. Tem milhões de pesquisadores fortes em matemática e dispostos a colaborar." Apesar da heterodoxia metodológica, Levitt leciona na Universidade de Chicago, um dos principais centros de ciência econômica do mundo, reconhecido por sua ortodoxia neoclássica e pelo volume significativo de ganhadores do Prêmio Nobel que já abrigou, como Milton Friedman, Robert Fogel e Richard Posner. Além de autor de sucesso, Levitt é cotado para receber o Prêmio Nobel de sua disciplina, desde que foi agraciado, em 2004, com a John Bates Clark Medal, condecoração que premia o economista "mais influente" com menos de 40 anos nos EUA. Existe, para empregar um termo do vocabulário econométrico, uma correlação entre economistas agraciados com a medalha e, depois, com o prêmio sueco. Foram 12 ganhadores de ambos, entre eles Milton Friedman, Joseph Stiglitz e Paul Krugman.
Levitt conta que, graças ao sucesso de seus livros, foi chamado para aconselhar grandes e pequenas companhias nos Estados Unidos, mas também profissionais liberais. Um exemplo que o economista cita com humor é o de uma garota de programa em Chicago, que conseguiu aumentar sua renda com a aplicação de princípios simples da microeconomia. A assessoria acabou se virando contra o assessor. O economista convidou a garota de programa para falar a seus alunos sobre o mercado da prostituição de alta classe e combinou de pagar sua tarifa regular. Mas se esqueceu de que ele mesmo tinha lhe ensinado como valorizar seu trabalho e cobrar mais caro por ele. Quando a conta chegou, o susto foi proporcional ao orgulho de tê-la ajudado em sua profissão.
É surpreendente, para Levitt, que os profissionais liberais sejam incapazes de traçar suas curvas de demanda. Isto é, pessoas que vivem de vender seus serviços deveriam saber estabelecer o valor que maximize seus rendimentos, segundo os preços que os clientes estejam dispostos a pagar. "Com que frequência os jornais telefonam para você?", pergunta. "Faça o teste, peça um pagamento um pouco maior, veja se eles aceitam", prossegue o professor.
As grandes empresas, por outro lado, revelaram-se arredias quando Levitt lhes deu consultoria. "Tem um abismo entre os economistas e o mundo corporativo que não faz o menor sentido. Trabalho muito com companhias com mais de 10 mil empregados. Nas reuniões, o presidente diz: 'Quero que nosso economista esteja presente'. Que mundo é este, onde uma companhia de 10 mil pessoas que tem somente um economista! Então a economia não é relevante para os negócios?", pergunta.
O mesmo desdém existe entre políticos. Levitt comenta, assombrado, que certas leis votadas pelo Senado são contraintuitivas, como a lei americana de proteção de espécies ameaçadas. Essa lei oferece uma moratória de um ano para construções em áreas de proteção, enquanto as autoridades avaliam as ameaças à fauna. "Quando as leis são feitas, ninguém pensa em como os indivíduos vão reagir à mudança. Assim que as dados começam a ser levantados, os construtores passam a trabalhar o mais rápido que podem, porque sabem que dali a um ano não vão mais poder construir. O efeito da lei de espécies ameaçadas é ameaçar espécies!"
Trabalhando sobre temas como prostituição, tráfico de drogas, aborto e até as cobranças de pênalti, Levitt atingiu a notoriedade que lhe valeu a condecoração e a oportunidade de escrever seus best-sellers. Seu trabalho pertence a uma corrente que busca aplicar as formas microeconômicas de pensar sobre questões que, a princípio, cairiam em outras ciências sociais. Essa tendência, que tem na "Escola de Chicago" seu epicentro, começou com o Prêmio Nobel Gary Becker, ídolo e, de certa forma, mentor de Levitt. Becker estudou o comportamento das famílias, estimou como seria um mercado de órgãos para transplantes e sugeriu que as políticas de repressão à imigração fossem substituídas por uma taxa, de forma que o livre mercado regulasse o fluxo migratório. "Meu trabalho é uma continuação lógica de Gary Becker, sem querer soar imodesto. Ele mostrou que é possível aplicar a economia a qualquer coisa. Com isso, ele libertou a minha geração."
Para quem considera os trabalhos de Becker e Levitt como um passo da microeconomia para além de seus domínios, o economista tem uma resposta. "O mundo acadêmico é como um mercado, em que se negociam perguntas e respostas. Nos últimos 30 anos, a economia tem ganhado campo nesse mercado", observa. Ao mesmo tempo, o economista se diz satisfeito de colaborar com sociólogos, politólogos e antropólogos. Por outro lado, uma das ganhadoras do Prêmio Nobel de economia de 2009 foi a cientista política americana Elinor Ostrom, e Levitt reconhece que o universo dos economistas não abriu as portas para ela. "Não li seu trabalho e duvido muito que algum economista tenha lido."
A investida mais recente do economista é a Greatest Good, empresa de consultoria que visa a ensinar grandes doadores a tornar sua filantropia mais eficiente. Fundada em 2009, em sociedade com outros oito acadêmicos - incluindo Gary Becker -, a companhia tem tido sucesso, segundo Levitt, mas não da maneira como os donos esperavam. "Quando mostramos a um bilionário que podemos tornar suas doações mais eficazes, ele pergunta se podemos tornar seus negócios mais eficazes." O ato de doar parece ser mais importante do que a doação em si, comenta Levitt, que desconfia de uma perspectiva voltada mais para o marketing do que para a solução dos problemas. "Estou certo, porém, de que podemos mostrar que há benefícios também em conseguir curar a malária, erradicar o analfabetismo, salvar as florestas..."
Fonte: Valor
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Voto do nordestino....
Excelente artigo da Maria Inês Nassif no Valor desta quinta-feira.
O Brasil elegeu, por dois mandatos, um ex-metalúrgico como presidente da República. Agora elege uma mulher. Ambos de centro-esquerda. Para quem assistiu de fora a eleição de Dilma Rousseff e os dois mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pode parecer que o país avança celeremente para uma civilizada socialdemocracia e busca com ardor o Estado de bem-estar social. Para quem assistiu de dentro, todavia, é impossível deixar de registrar a feroz resistência conservadora à ascensão de uma imensa massa de miseráveis à cidadania.
Ocorre hoje um grande descompasso entre classes em movimento e as que mantêm o status quo; e, em consequência de uma realidade anterior, onde a concentração de renda pessoal se refletia em forte concentração da renda federativa, há também um descompasso entre regiões em movimento, tiradas da miséria junto com a massa de beneficiados pelo Bolsa Família ou por outros programas sociais com efeito de distribuição de renda, e outras que pretendem manter a hegemonia. A redução da desigualdade tem trazido à tona os piores preconceitos das classes médias tradicionais e das elites do país não apenas em relação às pessoas que ascendem da mais baixa escala da pirâmide social, mas preconceitos que transbordam para as regiões que, tradicionalmente miseráveis, hoje crescem a taxas chinesas.
A onda de preconceito contra os nordestinos, por exemplo, é semelhante ao preconceito em estado puro jogado pelos setores tradicionais no presidente Luiz Inácio Lula da Silva e na própria eleita, Dilma Rousseff, durante a campanha eleitoral. É a expressão do temor de que os "de baixo", embora ainda em condições inferiores às das classes tradicionais, possam ameaçar uma estabilidade que não apenas é econômica, mas que no imaginário social é também de poder e status.
São Paulo foi a expressão mais acabada da polarização eleitoral entre pobres de um lado, e classe média e ricos de outro. Os primeiros aderiram a Dilma; os últimos, mesmo uma parcela de classe média paulista que foi PT na origem, reforçaram José Serra (PSDB). A partir de agora, pode também polarizar a mudança política que fatalmente será descortinada, à medida que avança o processo de distribuição regional de renda e de aumento do poder aquisitivo das classes mais pobres. A hegemonia política paulista está em questão desde as eleições de 2006 - e Lula foi poupado do desgaste de ter origem política em São Paulo porque era também destinatário do preconceito de ter nascido no Nordeste; e, principalmente, porque foi o responsável pela desconcentração regional de renda.
Com a expansão do eleitorado petista no Norte e no Nordeste do país, houve uma natural perda de força dos petistas paulistas, diante do PT nacional. Do ponto de vista regional, o voto está procedendo a mudanças na formação histórica do PT, em que São Paulo era o centro do poder político do partido. Isso não apenas pelo que ganha no Nordeste, mas pelo que não ganha em São Paulo: o partido estadual tem dificuldade de romper o bloqueio tucano e também de atrair de novos quadros, que possam vencer a resistência do eleitorado paulista ao petismo.
No caso do PSDB, todavia, a quebra da hegemonia paulista será mais complicada. Os tucanos continuam fortes no Estado, têm representação expressiva na bancada federal e há cinco eleições vencem a disputa pelo governo do Estado. No resto no do país, têm perdido espaço. Parte do PSDB concorda com o diagnóstico de que a excessiva paulistização do partido, se consolida seu poder no Estado mais rico da Federação, tem sido um dos responsáveis pelo seu encolhimento no resto do Brasil. Mas é difícil colocar essa disputa interna no nível da racionalidade, até porque o partido nacional não pode abrir mão do trunfo de estar estabelecido em território paulista; e, de outro lado, o partido de Serra tem uma grande dificuldade de debate interno - como disse o governador Alberto Goldman em entrevista ao Valor, é um partido com cabeça e sem corpo, isto é, tem mais caciques do que base. Não há experiência anterior de agregação de todos os setores do partido para discutir uma "refundação" e diretrizes que permitam sair do enclave paulista. Não há experiência de debate programático. E aí o presidente Fernando Henrique Cardoso tem toda razão: o PSDB assumiu substância ideológica apenas ao longo de seu governo. É essa a história do PSDB. A política de abertura do país à globalização, a privatização de estatais e a redução do Estado foram princípios que se incorporaram ao partido conforme foram sendo assumidos como políticas de Estado pelo governo tucano.
Todos os partidos, sem exceção, estão diante de um quadro de profundas mudanças no país e terão que se adaptar a isso. Fora a mobilidade social e regional que ocorreu no período, houve nas últimas décadas um grande avanço de escolaridade. A isso, os programas de transferência de renda agregaram consciência de direitos de cidadania. O país é outro. Não se ganha mais eleição com preconceito - até porque o voto do alvo do preconceito tem o mesmo valor que o voto da velha elite. Se os grandes partidos não se assumirem ideologicamente, outros, menores, tomarão o seu espaço.
Fonte: Valor
O Brasil elegeu, por dois mandatos, um ex-metalúrgico como presidente da República. Agora elege uma mulher. Ambos de centro-esquerda. Para quem assistiu de fora a eleição de Dilma Rousseff e os dois mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pode parecer que o país avança celeremente para uma civilizada socialdemocracia e busca com ardor o Estado de bem-estar social. Para quem assistiu de dentro, todavia, é impossível deixar de registrar a feroz resistência conservadora à ascensão de uma imensa massa de miseráveis à cidadania.
Ocorre hoje um grande descompasso entre classes em movimento e as que mantêm o status quo; e, em consequência de uma realidade anterior, onde a concentração de renda pessoal se refletia em forte concentração da renda federativa, há também um descompasso entre regiões em movimento, tiradas da miséria junto com a massa de beneficiados pelo Bolsa Família ou por outros programas sociais com efeito de distribuição de renda, e outras que pretendem manter a hegemonia. A redução da desigualdade tem trazido à tona os piores preconceitos das classes médias tradicionais e das elites do país não apenas em relação às pessoas que ascendem da mais baixa escala da pirâmide social, mas preconceitos que transbordam para as regiões que, tradicionalmente miseráveis, hoje crescem a taxas chinesas.
A onda de preconceito contra os nordestinos, por exemplo, é semelhante ao preconceito em estado puro jogado pelos setores tradicionais no presidente Luiz Inácio Lula da Silva e na própria eleita, Dilma Rousseff, durante a campanha eleitoral. É a expressão do temor de que os "de baixo", embora ainda em condições inferiores às das classes tradicionais, possam ameaçar uma estabilidade que não apenas é econômica, mas que no imaginário social é também de poder e status.
São Paulo foi a expressão mais acabada da polarização eleitoral entre pobres de um lado, e classe média e ricos de outro. Os primeiros aderiram a Dilma; os últimos, mesmo uma parcela de classe média paulista que foi PT na origem, reforçaram José Serra (PSDB). A partir de agora, pode também polarizar a mudança política que fatalmente será descortinada, à medida que avança o processo de distribuição regional de renda e de aumento do poder aquisitivo das classes mais pobres. A hegemonia política paulista está em questão desde as eleições de 2006 - e Lula foi poupado do desgaste de ter origem política em São Paulo porque era também destinatário do preconceito de ter nascido no Nordeste; e, principalmente, porque foi o responsável pela desconcentração regional de renda.
Com a expansão do eleitorado petista no Norte e no Nordeste do país, houve uma natural perda de força dos petistas paulistas, diante do PT nacional. Do ponto de vista regional, o voto está procedendo a mudanças na formação histórica do PT, em que São Paulo era o centro do poder político do partido. Isso não apenas pelo que ganha no Nordeste, mas pelo que não ganha em São Paulo: o partido estadual tem dificuldade de romper o bloqueio tucano e também de atrair de novos quadros, que possam vencer a resistência do eleitorado paulista ao petismo.
No caso do PSDB, todavia, a quebra da hegemonia paulista será mais complicada. Os tucanos continuam fortes no Estado, têm representação expressiva na bancada federal e há cinco eleições vencem a disputa pelo governo do Estado. No resto no do país, têm perdido espaço. Parte do PSDB concorda com o diagnóstico de que a excessiva paulistização do partido, se consolida seu poder no Estado mais rico da Federação, tem sido um dos responsáveis pelo seu encolhimento no resto do Brasil. Mas é difícil colocar essa disputa interna no nível da racionalidade, até porque o partido nacional não pode abrir mão do trunfo de estar estabelecido em território paulista; e, de outro lado, o partido de Serra tem uma grande dificuldade de debate interno - como disse o governador Alberto Goldman em entrevista ao Valor, é um partido com cabeça e sem corpo, isto é, tem mais caciques do que base. Não há experiência anterior de agregação de todos os setores do partido para discutir uma "refundação" e diretrizes que permitam sair do enclave paulista. Não há experiência de debate programático. E aí o presidente Fernando Henrique Cardoso tem toda razão: o PSDB assumiu substância ideológica apenas ao longo de seu governo. É essa a história do PSDB. A política de abertura do país à globalização, a privatização de estatais e a redução do Estado foram princípios que se incorporaram ao partido conforme foram sendo assumidos como políticas de Estado pelo governo tucano.
Todos os partidos, sem exceção, estão diante de um quadro de profundas mudanças no país e terão que se adaptar a isso. Fora a mobilidade social e regional que ocorreu no período, houve nas últimas décadas um grande avanço de escolaridade. A isso, os programas de transferência de renda agregaram consciência de direitos de cidadania. O país é outro. Não se ganha mais eleição com preconceito - até porque o voto do alvo do preconceito tem o mesmo valor que o voto da velha elite. Se os grandes partidos não se assumirem ideologicamente, outros, menores, tomarão o seu espaço.
Fonte: Valor
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Flexibilização quantitativa
Bom artigo do Martin Wolf sobre a "flexibilização quantitativa"do FED, no Valor desta quarta feira, que também publica excelente entrevista com o Eichengreen sobre o mesmo tópico, reunião do G20, etc.
O céu está desabando, gritam os histéricos: o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) está derramando dólares em tais quantidades que, em breve, a moeda não terá valor. Nada poderia estar mais distante da verdade. Como no Japão, é muito mais provável que a política denominada "flexibilização quantitativa" se revele ineficaz mais do que letal. É uma mangueira com vazamento, não um dilúvio monetário de Noé.
Enfim, o que é que o Fed está fazendo? E por que está fazendo? Por que é que as críticas são ridículas? O que deveria o Fed estar fazendo, em vez disso?
A resposta à primeira indagação é clara. Como o Fed declarou em 3 de novembro, "para estimular um forte ritmo de recuperação econômica e para ajudar a assegurar que a inflação permaneça, ao longo do tempo, em níveis compatíveis com sua missão, o Federal Open Market Committee (Fomc) decidiu hoje ampliar seus estoques de títulos. O Fomc vai manter sua atual política de reinvestimento dos pagamentos do principal de seu estoque de títulos. Além disso, a comissão pretende adquirir mais US$ 600 bilhões em títulos de longo prazo do Tesouro até ao fim do segundo trimestre de 2011, a um ritmo de cerca de US$ 75 bilhões por mês".
Ben Bernanke, o chairman do Fed, explicou o argumento em discurso no mês passado. Ele ressaltou que o desemprego nos EUA está muito acima de qualquer estimativa razoável de equilíbrio. Além disso, as perspectivas de crescimento econômico tornam improvável que isso mude no decorrer de 2011. Isso é suficientemente ruim, mas o pior é que a inflação caiu para perto de 1%, apesar da expansão do balanço patrimonial do Fed, sobre a qual tantas lágrimas foram derramadas. As expectativas de inflação estão bem ancoradas, acrescentou ele, mas isso poderá mudar, depois de instalada uma deflação. Tendo em vista o desaquecimento da economia, isso pode não estar muito distante.
O Fed, acrescentou seu presidente, tem dupla missão: estimular o desemprego mínimo e a estabilidade de preços. Cruzar os braços seria incompatível com essa obrigação. A única questão é o que deve ser feito. A resposta é a proposta de compra de obrigações do Tesouro. Isso simplesmente estende as operações clássicas do mercado aberto para cima na curva de juros. Isso também só expandiria o balanço patrimonial do Fed em cerca de 25%, ou cerca de 4% do Produto Interno Bruto (PIB). Estão os EUA realmente na mesma estrada que a República de Weimar? Numa palavra, não.
Não é de surpreender que Wolfgang Schäuble, ministro das Finanças da Alemanha, pense diferente. Ele descreve o modelo de crescimento americano como envolvido em "crise profunda", acrescentando que "não está certo que os americanos acusem a China de manipular as taxas de câmbio e então façam a taxa de câmbio do dólar cair, ao abrir as comportas". Presumivelmente, ele acredita que, num mundo ideal, os EUA seriam forçados, em vez disso, a seguir a rota deflacionária imposta à Grécia e à Irlanda. Isso não vai acontecer. Nem deveria.
Essencialmente, as críticas ao Fed se resumem a dois pontos: suas políticas estão conduzindo a uma hiperinflação e elas são do tipo "empobrecer meu vizinho" - em suas consequências, se não em sua intenção.
A primeira dessas críticas não é apenas errada, mas estranha. A essência do sistema monetário contemporâneo é a criação de dinheiro, do nada, mediante a concessão de empréstimos, muitas vezes tolas, por parte dos bancos privados. Por que é que tal privatização de uma função pública é acertada e apropriada, mas ações do banco central para atender premente necessidade pública seria um caminho para a catástrofe? Quando os bancos deixam de conceder empréstimos e a base monetária ampla mal cresce, isso é exatamente o que o BC deveria estar fazendo.
A reação histérica então acrescenta ser impossível diminuir o balanço patrimonial do Fed com rapidez suficiente para impedir uma expansão monetária excessiva. Isso também não faz sentido. Se a economia decolasse, nada seria mais fácil. De fato, o Fed explicou exatamente o que faria, em seu relatório de política monetária apresentado ao Congresso em julho passado. Se o pior fosse levado ao extremo, o Fed poderia apenas aumentar as exigências de reservas. Uma vez que muitos dos seus críticos acreditam em 100% de reservas bancárias, por que se opõem a uma mudança nesse sentido?
Agora tratemos do argumento segundo o qual o Fed está deliberadamente debilitando o dólar. Qualquer pessoa medianamente consciente sabe que a missão do Fed não tem a ver com o valor externo do dólar. Os governos que empilharam um montante extra de US$ 6,8 trilhões em reservas cambiais desde janeiro de 2000, grande parte em dólares, são adultos responsáveis. Ninguém pediu à China que adicionasse o enorme montante de US$ 2,4 trilhões às reservas.
Mais fundamentalmente, são as forças de mercado, e não a política monetária, que estão forçando o reequilíbrio mundial, à medida que o setor privado tenta colocar seu dinheiro onde vê oportunidades. As políticas monetárias do Fed simplesmente dão um empurrãozinho. Em vez de todas as fúteis lamúrias, o necessário era uma apreciação coordenada das moedas das economias emergentes. A culpa aqui não é dos EUA. Simpatizo com um Brasil ou uma África do Sul, mas não com a China.
O céu não está desabando. Mas isso não significa que as políticas do Fed sejam as melhores possíveis. É provável que qualquer impacto sobre os rendimentos dos títulos de médio prazo produzam um efeito econômico pequeno. Seria muito melhor se o Fed pudesse deslocar para cima as expectativas de inflação, ao declarar explicitamente seu comprometimento em compensar um período prolongado de inflação abaixo da meta com outro de inflação acima da meta.
Pode ser razoável defender uma reconsideração do sistema monetário, como fez Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial. Mas será que alguém espera que os políticos digam que embora lamentem essa depressão, precisam, primeiro, acalmar o mais especulativo entre os mercados de commodities do mundo? Aqueles a quem os deuses querem destruir, primeiro fazem enlouquecer.
Fonte: Valor
O céu está desabando, gritam os histéricos: o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) está derramando dólares em tais quantidades que, em breve, a moeda não terá valor. Nada poderia estar mais distante da verdade. Como no Japão, é muito mais provável que a política denominada "flexibilização quantitativa" se revele ineficaz mais do que letal. É uma mangueira com vazamento, não um dilúvio monetário de Noé.
Enfim, o que é que o Fed está fazendo? E por que está fazendo? Por que é que as críticas são ridículas? O que deveria o Fed estar fazendo, em vez disso?
A resposta à primeira indagação é clara. Como o Fed declarou em 3 de novembro, "para estimular um forte ritmo de recuperação econômica e para ajudar a assegurar que a inflação permaneça, ao longo do tempo, em níveis compatíveis com sua missão, o Federal Open Market Committee (Fomc) decidiu hoje ampliar seus estoques de títulos. O Fomc vai manter sua atual política de reinvestimento dos pagamentos do principal de seu estoque de títulos. Além disso, a comissão pretende adquirir mais US$ 600 bilhões em títulos de longo prazo do Tesouro até ao fim do segundo trimestre de 2011, a um ritmo de cerca de US$ 75 bilhões por mês".
Ben Bernanke, o chairman do Fed, explicou o argumento em discurso no mês passado. Ele ressaltou que o desemprego nos EUA está muito acima de qualquer estimativa razoável de equilíbrio. Além disso, as perspectivas de crescimento econômico tornam improvável que isso mude no decorrer de 2011. Isso é suficientemente ruim, mas o pior é que a inflação caiu para perto de 1%, apesar da expansão do balanço patrimonial do Fed, sobre a qual tantas lágrimas foram derramadas. As expectativas de inflação estão bem ancoradas, acrescentou ele, mas isso poderá mudar, depois de instalada uma deflação. Tendo em vista o desaquecimento da economia, isso pode não estar muito distante.
O Fed, acrescentou seu presidente, tem dupla missão: estimular o desemprego mínimo e a estabilidade de preços. Cruzar os braços seria incompatível com essa obrigação. A única questão é o que deve ser feito. A resposta é a proposta de compra de obrigações do Tesouro. Isso simplesmente estende as operações clássicas do mercado aberto para cima na curva de juros. Isso também só expandiria o balanço patrimonial do Fed em cerca de 25%, ou cerca de 4% do Produto Interno Bruto (PIB). Estão os EUA realmente na mesma estrada que a República de Weimar? Numa palavra, não.
Não é de surpreender que Wolfgang Schäuble, ministro das Finanças da Alemanha, pense diferente. Ele descreve o modelo de crescimento americano como envolvido em "crise profunda", acrescentando que "não está certo que os americanos acusem a China de manipular as taxas de câmbio e então façam a taxa de câmbio do dólar cair, ao abrir as comportas". Presumivelmente, ele acredita que, num mundo ideal, os EUA seriam forçados, em vez disso, a seguir a rota deflacionária imposta à Grécia e à Irlanda. Isso não vai acontecer. Nem deveria.
Essencialmente, as críticas ao Fed se resumem a dois pontos: suas políticas estão conduzindo a uma hiperinflação e elas são do tipo "empobrecer meu vizinho" - em suas consequências, se não em sua intenção.
A primeira dessas críticas não é apenas errada, mas estranha. A essência do sistema monetário contemporâneo é a criação de dinheiro, do nada, mediante a concessão de empréstimos, muitas vezes tolas, por parte dos bancos privados. Por que é que tal privatização de uma função pública é acertada e apropriada, mas ações do banco central para atender premente necessidade pública seria um caminho para a catástrofe? Quando os bancos deixam de conceder empréstimos e a base monetária ampla mal cresce, isso é exatamente o que o BC deveria estar fazendo.
A reação histérica então acrescenta ser impossível diminuir o balanço patrimonial do Fed com rapidez suficiente para impedir uma expansão monetária excessiva. Isso também não faz sentido. Se a economia decolasse, nada seria mais fácil. De fato, o Fed explicou exatamente o que faria, em seu relatório de política monetária apresentado ao Congresso em julho passado. Se o pior fosse levado ao extremo, o Fed poderia apenas aumentar as exigências de reservas. Uma vez que muitos dos seus críticos acreditam em 100% de reservas bancárias, por que se opõem a uma mudança nesse sentido?
Agora tratemos do argumento segundo o qual o Fed está deliberadamente debilitando o dólar. Qualquer pessoa medianamente consciente sabe que a missão do Fed não tem a ver com o valor externo do dólar. Os governos que empilharam um montante extra de US$ 6,8 trilhões em reservas cambiais desde janeiro de 2000, grande parte em dólares, são adultos responsáveis. Ninguém pediu à China que adicionasse o enorme montante de US$ 2,4 trilhões às reservas.
Mais fundamentalmente, são as forças de mercado, e não a política monetária, que estão forçando o reequilíbrio mundial, à medida que o setor privado tenta colocar seu dinheiro onde vê oportunidades. As políticas monetárias do Fed simplesmente dão um empurrãozinho. Em vez de todas as fúteis lamúrias, o necessário era uma apreciação coordenada das moedas das economias emergentes. A culpa aqui não é dos EUA. Simpatizo com um Brasil ou uma África do Sul, mas não com a China.
O céu não está desabando. Mas isso não significa que as políticas do Fed sejam as melhores possíveis. É provável que qualquer impacto sobre os rendimentos dos títulos de médio prazo produzam um efeito econômico pequeno. Seria muito melhor se o Fed pudesse deslocar para cima as expectativas de inflação, ao declarar explicitamente seu comprometimento em compensar um período prolongado de inflação abaixo da meta com outro de inflação acima da meta.
Pode ser razoável defender uma reconsideração do sistema monetário, como fez Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial. Mas será que alguém espera que os políticos digam que embora lamentem essa depressão, precisam, primeiro, acalmar o mais especulativo entre os mercados de commodities do mundo? Aqueles a quem os deuses querem destruir, primeiro fazem enlouquecer.
Fonte: Valor
terça-feira, 9 de novembro de 2010
Voluntarismo
Entre os vários vicios do pensamento de esquerda no grande bananão , o voluntarismo se destaca pelas consequencias desastrosas e pelo forte apelo populista. O juro está alto, argumentam, porque não derruba-lo com um golpe certeiro; a miseria ainda é um problema, bastaria coragem política para resolve-lo; o câmbio esta apreciado, destruindo nossas industrias, porque não implantar medidas de controle cambial...a lista é imensa, assim como a ausência de solido fundamento econômico para as medidas. Para não mencionar o fundamental: como faze-lo.
A praticidade ou melhor a viabilidade política é um pequeno detalhe sempre esquecido pelos voluntaristas de plantão, invariavelmente, preocupados somente com as consequencias de curto prazo, enquanto as de longo de prazo são sempre esquecidas. Em cada proposta desvairada é possível encontrar o desconforto com a economia de mercado e imensa dificuldade em lidar com a velha e boa teoria econômica. A escolha é sempre por uma versão vulgar da ciência política e uma adesão à conhecida e equivocada filosofia da história. É curioso e ironico a combinação de interesse por questões econômicas e desprezo pela teoria econômica. Mecanismo de autodefesa, argumentava um velho e falecido amigo, afinal entre horas de estudos na biblioteca e outras tantas pelos corredores no labor politico, a escolha sempre foi pela última. Afinal, concluia, com um sorriso mais sarcastico que ironico, há sempre um aparelho pronto a recebe-los de braços abertos.
A praticidade ou melhor a viabilidade política é um pequeno detalhe sempre esquecido pelos voluntaristas de plantão, invariavelmente, preocupados somente com as consequencias de curto prazo, enquanto as de longo de prazo são sempre esquecidas. Em cada proposta desvairada é possível encontrar o desconforto com a economia de mercado e imensa dificuldade em lidar com a velha e boa teoria econômica. A escolha é sempre por uma versão vulgar da ciência política e uma adesão à conhecida e equivocada filosofia da história. É curioso e ironico a combinação de interesse por questões econômicas e desprezo pela teoria econômica. Mecanismo de autodefesa, argumentava um velho e falecido amigo, afinal entre horas de estudos na biblioteca e outras tantas pelos corredores no labor politico, a escolha sempre foi pela última. Afinal, concluia, com um sorriso mais sarcastico que ironico, há sempre um aparelho pronto a recebe-los de braços abertos.
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Os sub-Paulo Francis
Os sub-Paulo Francis continuam ocupando um espaço inversamente proporcional a sua relevância intelectual. Aproveitam-se da ausência, no grande bananão, de um pensamento conservador com alguma bagagem intelectual pra apresentar leituras superficiais e equivocadas da rica tradição intelectual conservadora anglo-americana. O resultado é uma infeliz combinação de autores importantes com os panfletários de sempre, vendidos no mercado de idéias com sendo a grande descoberta do século. A melhor opção ainda é ler os textos originais e esquecer a vulgata nacional.
Paulo Francis é um caso único e sua importância é, em parte, explicada pela dificuldade de acesso, no passado, à rica produção disseminada em revistas como New Yorker, The New Republic e New York Review of Books, entre outras. Ele - hoje sabemos - apresentava um resumo/reflexão do que elas publicavam com a sua verve conhecida. Era um serviço importante, mas totalmente sem relevância no mundo da internet e de uma economia mais aberta ao mundo. Qualquer um que domina o inglês pode, hoje, ler os artigos que elas publicam e comprar os livros de autores, antes inacessiveis, na amazon. Este é um aspecto que os sub parecem ignorar...
Paulo Francis é um caso único e sua importância é, em parte, explicada pela dificuldade de acesso, no passado, à rica produção disseminada em revistas como New Yorker, The New Republic e New York Review of Books, entre outras. Ele - hoje sabemos - apresentava um resumo/reflexão do que elas publicavam com a sua verve conhecida. Era um serviço importante, mas totalmente sem relevância no mundo da internet e de uma economia mais aberta ao mundo. Qualquer um que domina o inglês pode, hoje, ler os artigos que elas publicam e comprar os livros de autores, antes inacessiveis, na amazon. Este é um aspecto que os sub parecem ignorar...
domingo, 7 de novembro de 2010
sábado, 6 de novembro de 2010
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Era uma vez no Imperio
Como esperado o mercado reagiu bem a decisão do FED e os emergentes em coro reclamam do mais que certo impacto negativo sobre o mercado de câmbio. Como mencionado em vários posts, mais uma vez a política americana é guiada pela defesa do interesse nacional norte americano e surpreende somente os tolos que insistem no conhecido auto engano. O resultado esperado da medida: evitar a deflação, depreciar o dolar, e via bons numeros da bolsa americana ,aumentar a confiança dos consumidores americanos é ainda mais urgente em razão do resultado das eleições. Novo Pacote fiscal, como mencionamos ontem, esta fora de cogitação. Continuar a defende-lo é desconhecer a nova realidade politica no Imperio e em nada contribui na busca de uma solução para o problema
Há riscos, argumentam os criticos, de não dar certo. Verdade, mas não vejo perigo de inflação fora de controle, concordo, no entanto, que é duvidoso o uso da bolsa de valores como mecanismo de incentivo, mas levando-se em consideração a sua popularidade por lá, poderá dar certo. Se o resultado esperado não for alcançado, nova rodada de aumento de liquidez será inevitável e isto me parece bem provável.
O jogo esta ficando perigoso e o risco de medidas heterodoxas por parte dos emergentes não deve ser descartado, mas somente transformaria o cenário ruim em desastroso para todos. Mais do que nunca uma solução negociada torna-se urgente, o problema é que ela não esta no horizonte do G20.
Há riscos, argumentam os criticos, de não dar certo. Verdade, mas não vejo perigo de inflação fora de controle, concordo, no entanto, que é duvidoso o uso da bolsa de valores como mecanismo de incentivo, mas levando-se em consideração a sua popularidade por lá, poderá dar certo. Se o resultado esperado não for alcançado, nova rodada de aumento de liquidez será inevitável e isto me parece bem provável.
O jogo esta ficando perigoso e o risco de medidas heterodoxas por parte dos emergentes não deve ser descartado, mas somente transformaria o cenário ruim em desastroso para todos. Mais do que nunca uma solução negociada torna-se urgente, o problema é que ela não esta no horizonte do G20.
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
E la nave va...
Nenhuma surpresa no resultado das eleições americanas: já haviamos cantado a bola em vários posts, assim como a provável consequencia para a política econômica americana. Pacote fiscal dificilmente tem algum futuro em uma camara de deputados com maioria republicana. Uma solução negociada resultará em um conjunto de medidas aquem do necessário. O cenário futuro é preocupante e esta restrito, apenas, a política monetária e medidas de cunho protecionista, que como sabemos, são populares, mas insanas do ponto de vista econômico e perigosas no plano da política internacional.
As medidas adotadas pelo governo Obama, como mencionamos em vários posts, eram insuficientes e apenas evitavam um cenário ainda pior e tinham o agravante de desagradar o eleitorado conservador, sem gerar resultados palpaveis para o eleitorado independente. Quem nasceu para Pepino o Breve, nunca será um estadista e por isto mesmo paga o preço merecido pela falta de coragem política. O problema é que esta conta também será paga por outros paises.
A política de compra de titulos de longo prazo era prevísivel e o único resultado provável é evitar a deflação - que não é pouca coisa - mas não interrompe o inevitável movimento de correção entre ativos e passivos, amplia a guerra cambial e demonstra ser muito difícil alguma proposta de solução do problema por parte do G20. E sem ela nosso olhar deve se direcionar para a terrivel decada de 30 do seculo passado, confirmando que da historia nada se aprende mas, felizmente, ela nunca se repete....
As medidas adotadas pelo governo Obama, como mencionamos em vários posts, eram insuficientes e apenas evitavam um cenário ainda pior e tinham o agravante de desagradar o eleitorado conservador, sem gerar resultados palpaveis para o eleitorado independente. Quem nasceu para Pepino o Breve, nunca será um estadista e por isto mesmo paga o preço merecido pela falta de coragem política. O problema é que esta conta também será paga por outros paises.
A política de compra de titulos de longo prazo era prevísivel e o único resultado provável é evitar a deflação - que não é pouca coisa - mas não interrompe o inevitável movimento de correção entre ativos e passivos, amplia a guerra cambial e demonstra ser muito difícil alguma proposta de solução do problema por parte do G20. E sem ela nosso olhar deve se direcionar para a terrivel decada de 30 do seculo passado, confirmando que da historia nada se aprende mas, felizmente, ela nunca se repete....
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Malocci não
Na noite da vitoria ele insistiu em aparecer mais que a Presidente eleita. Um verdadeiro papagaio de pirata, o fato é que o passado do Malocci não o recomenda para ocupar cargo algum no Governo Dilma. Alem dos argumentos que apresentamos ontem, há outros mais tenebrosos ligados ao famoso genio do mal que conseguia o mais rapido habeas corpus da história juridica do grande bananão. Desnecessário lembrar que de economia ele nada conhece, como ficou claro na famosa entrevista ao Roda Viva. Como é praxe entre o marxista talebã e ex - caso do Malocci - meia duzia de artigos lidos de autores sem nenhuma importância é o suficiente para se considerarem letrados em economia. Alguns deles, ate conseguem emprego de professor de economia - rede de amigos e aparelho faz milagres - mas deixa para lá,..., o fato é que a nova administração não deveria cometer os mesmos equivocos da anterior e Dilma, com excelente formação em economia na federal gaucha, sabe qual é a praia dele. A gestão do Malocci na Fazenda foi razoavel, apesar dele, e não o contrário, como de apregoa entre os endinheirados e privilegiados.
Quem então, alguem poderia perguntar. O povo que se passa por economista em Barão Geraldo, Praia Vermelha e alhures não é muito melhor que o Malloci, exceto 2 da Praia Vermelha, sendo que 1 tem cargo importante na Fazenda.
Quem então, alguem poderia perguntar. O povo que se passa por economista em Barão Geraldo, Praia Vermelha e alhures não é muito melhor que o Malloci, exceto 2 da Praia Vermelha, sendo que 1 tem cargo importante na Fazenda.
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Palocci não...
A diferença entre Dilma e o candidato derrotado da Velha e da Nova Direita não pode ser considerada apertada e sim uma vitoria acachapante, que torna-se ainda mais importante se levarmos em consideração que ela não era um nome conhecido e com historico de disputas eleitorais. Vitoria histórica sem dúvida, que ainda deixa a oposição perdida comportando-se como barata tonta. Contudo, é uma grande tolice imaginar que a nova administração terá o tradicional período de lua de mel ou armisticio da oposição. Acuada pela derrota e minoritária no Parlamento será tentada a usar meios e discurso do ódio e intolerância para sobreviver. Não é um exagero ou teoria conspiratória incluir tentativas de impedimento da Dilma durante os quatro anos de governo. Por isto é fundamental não transferir à nova administração simbolos dos equivocos da atual administração. Há, infelizmente, vários casos mas considero a quebra do sigilo de um humilde cidadão - o caso Francenildo - o mais grave de todos. É verdade que o acusado foi inocentado, mas o simbolismo é forte e mantem-se ainda vivo na memória do eleitorado, inclusive Dilmista. Convida-lo para assumir um cargo na nova administração seria um erro e reforçaria o discurso da oposição que o governo eleito seria não apenas uma continuição nos aspectos positivos, mas, principalmente, nos negativos da atual administração.
É preciso enviar sinais claros que esta prática é coisa do passado e que o cidadão pode ter certeza que seu direito ao sigilo e demais direitos da cidadania serão não somente preservados mas defendidos. A presença dele, em que pese o fato de ser bem visto por setores privilegiados e endinheirados, seria um pessimo sinal e no momento adequado os que hoje o defendem serão não somente seu algoz, mas da nova administração como um todo.
É preciso enviar sinais claros que esta prática é coisa do passado e que o cidadão pode ter certeza que seu direito ao sigilo e demais direitos da cidadania serão não somente preservados mas defendidos. A presença dele, em que pese o fato de ser bem visto por setores privilegiados e endinheirados, seria um pessimo sinal e no momento adequado os que hoje o defendem serão não somente seu algoz, mas da nova administração como um todo.
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