terça-feira, 30 de setembro de 2008

Depois do vendaval

Aconteceu o que não se esperava, mas que estava presente na fala tortuosa de vários deputados, republicanos e democratas, nos programas dominicais da CNN e da FOX. Como um líder republicano comentou, de passagem, é verdade: não poderia mudar a consciência de alguns dos seus liderados. Uma confissão estranha, mas um sinal do que poderia acontecer. No cenário mais otimista o plano seria aprovado por uma maioria apertada.

A reação do mercado asiático, no domingo a noite, já indicava que o nervosismo deveria prevalecer ao longo da segunda-feira. Vale observar que ele não é explicado, somente pela rejeição( ou pela possibilidade que isto viesse a ocorrer) do Plano dos 700 bi, mas, também, pelos problemas enfrentados por alguns bancos europeus e a secura no mercado de crédito. Sem mencionar que vários economistas americamos não estavam convencidos da eficácia do plano. Havia, é verdade, consenso quanto a sua necessidade: melhor do que ficar de braços cruzados. O que não é um bom argumento se você é um político em ano eleitoral, convidado a aprovar um plano que estava longe de ser popular.

Há, como já comentamos em outros posts, apenas 3 soluções: a solução de mercado e seu oposto, a nacionalização ou estatização e uma terceira, que seria uma combinação das duas primeiras: compra dos ativos tóxicos, seguida de capitalização das instituições que ainda não estão insolventes, e solução de mercado para àquelas insolventes. É o que a experiência sueca e a chilena, entre outras nos ensina.

No Brasil, um dos “notáveis”, o famoso “avvocato” e conselheiro do Lula, na Folha de hoje, crítica a miopia ideológica dos republicanos que, segundo ele, seria responsável pela rejeição do plano. Naturalmente ele deve acreditar que político comete suicídio em ano eleitoral. Teria ele esquecido, por acaso, da época do Plano Cruzado.? Ah! é claro, pimenta nos olhos dos outros não arde.

Interessante foi a reação do Alexandre “eram os deuses astronautas “. Já está admitindo a possibilidade da existência de um problema de insolvência. O “ avvocato”, por sua vez, continua prisioneiro da leitura hidráulica do Keynes: para ele, aparentemente, é um problema de liquidez. E ainda há quem o leve a sério.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A solução sueca

Em post anterior mencionei a experiência sueca, mas sem entrar em detalhes. Assumi ser um fato conhecido. Estava errado. A crise começou em 1991, quando dois dos seis maiores bancos suecos apresentaram problemas.

O controle dos bancos com problemas foi transferido ao Estado, que chegou a possuir 22% de todos os ativos do sistema financeiro sueco.

Os bons ativos ficaram com os bancos que continuaram a funcionar com o mesmo nome. Os ativos tóxicos foram transferidos para duas empresas de Asset Management criadas com o único propósito de administrá-los: Securum e Retrieva. Essas empresas tinham grande independência em relação aos sistemas politico e regulatório. Para se ter uma idéia do volume de recursos necessário para capitalizá-las, basta lembrar que o volume recebido pela Securum, 24 bilhões de krones( 4,5 bilhões de dólares em 1997) era o equivalente ao volume de recursos do orçamento da Defesa.

Desde o inicio assumiu-se que o processo de limpeza do sistema, ou seja, a venda dos ativos tóxicos não seria realizado no curto prazo, mas durante um longo processo, medido em anos, não, em meses. O processo de liquidação foi concluído em 1997.A Securum devolveu ao Tesouro 14 bilhões de krones (1,8 bilhões de dólares em 1997) do capital acima mencionado.

Em síntese a experiência sueca pode ser resumida em estatização dos bancos seguida de capitalização dos mesmos bancos.

A experiência é considerada um sucesso, mas, como observei em outro post, implicou em perda de produto e renda.

Fonte: Ergungor(2007)

domingo, 28 de setembro de 2008

The financiers we need

O editorial do The Tablet levanta uma série de questões importantes a respeito da crise atual, principalmente em relação a moralidade do mercado e ao papel do Estado. A intervenção estatal, em nome do bem comum e
para evitar uma solução de mercado desastrosa, é perfeitamente justificável. Contudo, é preciso tomar cuidado para não confundir a defesa do bem comum com o resgate de instituições que, amparadas no risco moral, tomaram decisões perfeitamente racionais e inteligentes, mas equivocadas. Adoradores de Mammon não devem sair impunes.

“The Churches in Britain have a long and distinguished record of commenting authoritatively on issues of economics and social justice, a tradition embracing the Anglican "Faith in the City" report in 1985, the Catholic statement "The Common Good" a decade later, and the more recent ecumenical document of 2005, "Prosperity with a Purpose".

It is far too soon to expect similarly weighty commentaries on the present financial crisis. But there were certain moral priorities put forward in those church reports which apply to the contemporary situation. All three challenged the assumption that economics and market forces were autonomous and not subject to moral judgement - an assumption that has almost overnight been ditched in favour of a new orthodoxy. It is suddenly acceptable in New York and Washington, as in the City of London and Westminster, to say that governments have a duty to intervene to prevent market outcomes that are disastrous for the common good. But it is worth spelling out why this has been the consensus of Christian social ethics for many years, lest the same mistakes be repeated.

The Gospel asserts clearly the priority of the human over the material. People are more important than wealth: that is what the choice between God and Mammon comes down to. In the Catholic tradition since Leo XIII's encyclical Rerum Novarum in 1891, this has been represented as the priority of labour over capital. This means today that people rather than markets must be the priority.

Relying on market forces ultimately to correct what has gone wrong with the housing market in Britain and America could deprive many people of house and home. If the Government has to become the national landlord, mortgage-lender and housebuilder because the housing market has failed in its task, then so be it. The Government can withdraw if and when it is safe for the profit motive to again drive the supply of affordable homes. The same principle applies to the supply of credit, the lifeblood of a developed economy on which jobs depend. Only the Government can step in if the supply has dwindled to dangerous levels, and that may well mean running a high-street bank.

In the present situation there has evidently been a drying up not just of credit and capital, but of trust and virtue. If trust is to be revived, it will take more than the meae culpae of financiers and speculators, however necessary they may be. It will require a wholesale rethink of the financial system that, being based on greed, has come tumbling down. Such a system will always be unstable.

At a time when governments are being relied on for bail-outs, there is an opportunity for them to insist on much higher standards for the conduct of business. In its turn that insistence depends on the public articulating the values they expect from financial institutions. A system that rewards those who only look as far as the next-quarter figures is not sufficient.

Some other fundamental purpose has to be agreed on, and that may mean a financier has to become a different sort of person, less self-interested, more open to the needs of the community. There are many even in Wall Street and the City who would regard that as a Godsend.”

Fonte: The Tablet

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

THE FUNDAMENTALISM OF FREE-MARKET THEOLOGY

A crise continua, com lances hilários, como é o caso da tese que aparentemente, fundamenta teoricamente, o pacote Paulson & Bernanke: a descoberta dos preços, esta seria a função do plano, fazer uma tarefa que o mercado, aparentemente é incapaz. Naturalmente, desconhecem o paper clássico do Hayek sobre o tema.

Enquanto o Congresso americano não chega a um acordo, recomendo a leitura desse artigo, bastante curto, do teólogo e economista, Daniel Finn, publicado no último número da Commonweal. Para quem tiver um tempo livre, vale a pena a ler o excelente livro, publicado recentemente, “The Moral Ecology of Markets: A Framework for Assessing Justice in Economic Life (Cambridge, 2006), adquirido, por sugestão desse missivista, pela Biblioteca da PUC-SP.

Libertarian Heresy

Catholic moral theology has long been enriched by fruitful dialogue with secular moral arguments. Many of the church fathers were deeply shaped by the Stoic view of moral order, which some of them learned even before they encountered Christian faith; and Thomas Aquinas incorporated the “pagan” philosophy of Aristotle in creating his system of natural-law ethics, the foundation of Catholic moral theology for seven centuries. So there’s no shame in learning from secular views when they assist in the proclamation of the gospel and the tradition that has flowed from it. Recently, however, several Catholic neoconservatives seem to have embraced a secular, libertarian view of the moral life that stands in stark contrast to Catholic moral theology.

Neoconservative Catholics like Michael Novak (The Spirit of Democratic Capitalism) have made significant contributions to our ethical debates about economic life. These include an emphasis on the creation of wealth and on those virtues, such as industry and personal responsibility, that a market economy promotes. Recently, however, some neoconservatives have rolled out doubtful theological arguments to use against liberals who see an active government as one means by which Christians can fulfill their God-given obligations to help others. The basic neocon rejoinder is articulated by Samuel Gregg in his book Economic Thinking for the Theologically Minded, which argues that “forced solidarity” is “morally empty.” “If solidarity is a virtue,” Gregg writes, “it cannot be coerced.”


Para ler o artigo completo(acesso é livre) clique aqui

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Paradise Lost, Book 1, Lines 221- 270

Is this the Region, this the Soil, the Clime,
Said then the lost Arch-Angel, this the seat
That we must change for Heav'n, this mournful gloom
For that celestial light? Be it so, since he
Who now is Sovran can dispose and bid
What shall be right: fardest from him is best
Whom reason hath equald, force hath made supream
Above his equals. Farewel happy Fields
Where Joy for ever dwells: Hail horrours, hail
Infernal world, and thou profoundest Hell
Receive thy new Possessor: One who brings
A mind not to be chang'd by Place or Time.
The mind is its own place, and in it self
Can make a Heav'n of Hell, a Hell of Heav'n.
What matter where, if I be still the same,
And what I should be, all but less then he
Whom Thunder hath made greater? Here at least
We shall be free; th' Almighty hath not built
Here for his envy, will not drive us hence:
Here we may reign secure, and in my choyce
To reign is worth ambition though in Hell:
Better to reign in Hell, then serve in Heav'n.
But wherefore let we then our faithful friends,
Th' associates and copartners of our loss
Lye thus astonisht on th' oblivious Pool,
And call them not to share with us their part
In this unhappy Mansion, or once more
With rallied Arms to try what may be yet
Regaind in Heav'n, or what more lost in Hell?

John Milton

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

A crise e a justiça social

Finalmente o Martin Wolf, do FT, reconheceu, que a crise não é de liquidez, mas de insolvência ( como, modestamente, esse missivista tem defendido desde o inicio da crise). Esse é o grande equivoco do Plano do Paulson e das analises de vários economistas e comentaristas econômicos, acostumados, ao que parece, ao pensamento hidráulico do mercado financeiro, e, no caso, dos mais sofisticados, a uma leitura tacanha do Keynes. Se a liquidez fosse a raiz do problema o FED teria condições de resolve-lo, já que possui os instrumentos necessários.

Os critérios que, para ele, devem ser usados para avaliar a intervenção: “Primeiro, ela deve responder à ameaça sistêmica.Segundo, deve minimizar os danos aos incentivos.Terceiro, precisa apresentar custo e risco mínimo para os contribuintes. E, acima de tudo, precisa ser coerente com a idéia de justiça social.”, tão pouco diferem dos que apresentamos em vários posts.

Parece estar se construindo um consenso em torno de uma grande obviedade: a correção é necessária e o seu preço deve recair sobre quem apostou na generosidade e benevolência do contribuinte americano, para pagar a conta, em nome do famoso risco sistêmico.

A idéia de justiça social deve estar presente em qualquer solução e ela é, ao contrário do que os inimigos da economia de mercado afirmam, perfeitamente compátivel com a noção de eficiência econômica.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Bernanke e Paulson

O mercado continua nervoso e a presença hoje do Bernanke e do Paulson no Banking Committee do Senado americano não aparece ter sido de grande ajuda. Muito pelo contrário.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

A proposta do Dodd, Chairman do Banking Committee

O Chairman do Banking Committee, Christopher Dodd, apresentou uma proposta alternativa para a solução da crise bancária. Segundo o site Politico ela inclui:

"* Authority for bankruptcy judges to restructure mortgages for homeowners facing foreclosure. This was considered a poison pill in a housing bill that passed Congress earlier this summer, but it has gained much more currency now that Washington wants to bail out Wall Street.

* A provision that would require the Treasury to take 65 percent of any profits it makes from the newly purchased assets and put it into the federal government's HOPE program, an affordable housing program.

* An oversight board that not only includes the chairman of the Federal Reserve and the SEC, but congressionally appointed, non-governmental officials.

* Limits on executive compensation. This is a major stumbling point for Paulson in his negotiations with Congress, but cracking down on Wall Street executive salaries will be a major selling point for lawmakers. Dodd and Frank have put in place what's known as a "claw back" provision aimed at revoking compensation that executives received based on fraudulent claims."

Fonte: www.politico.com

Esperando Godot

Vai resolver o problema? Ainda não é possível oferecer uma resposta a esta questão, já que o plano poderá ser alterado pelo Congresso americano. Mas, no formato apresentado não consigo ver como ele resolve todos os problemas levantados pelo M.Wolf “ a desalavancagem do setor privado; o reconhecimento dos prejuízos resultantes para o setor financeiro; e a recapitalização do sistema financeiro”.

Qual será o preço a ser pago? Incluirá ou não um deságio? Se incluir deságio haverá reconhecimento dos prejuízos e ai o processo de correção do valor dos ativos continua, com os impactos já conhecidos.

Se tomarmos como modelo a experiência sueca é possível afirmar que a solução da crise, mesmo no melhor cenário possível, implica em perda significativa de produto e renda, ou seja a recessão é inevitável. Resta saber qual será a sua profundidade.

domingo, 21 de setembro de 2008

ill wind of greed

A crise americana na leitura do The Tablet, um períodico católico britanico, do setor liberal (progressista ou de esquerda em linguagem latino-americana) do catolicismo anglo-americano.
"In the Middle Ages, the financial crisis that has devastated Wall Street would no doubt have been likened to the wrath of God that destroyed Sodom and Gomorrah. One of America's biggest banks, Lehman Brothers, has filed for bankruptcy, throwing thousands out of work (including up to 5,000 at its London subsidiaries) and threatening a dangerous chain reaction throughout the global financial system. As in the story in Genesis, so in the twenty-first century, the root cause of this sudden reversal of fortune was pride, arrogance the sense of being able to act like Masters of the Universe. Indeed this is the title used, only half ironically, to describe the self-regarding financial dealers whose excesses lie at the core of what has gone wrong now. The retribution they face, if not explicitly divine in origin, is providential, for the financial system they had manipulated for their own ends had become unstable. A corrective, however painful, was overdue.

The fate of Lehmans was a dramatic demonstration of the principle of moral hazard in financial markets. Those who take large risks should have to face proportionately large consequences if things go wrong; it is moral hazard to remove risk by removing those consequences, for instance by Government intervention, thus encouraging irresponsible behaviour. That has been one of the major arguments against interfering to alter the natural outcome of market forces. But another principle has had to be given even higher priority: that governments have to ensure that financial systems do not collapse altogether. The American authorities calculated that the meltdown of Lehman Brothers, notwithstanding the colossal scale of the sums involved, was not worth preventing, and turned off the tap. But the British authorities, faced with a similar dilemma when Northern Rock defaulted last year, decided the effect on public confidence in the banking system would be too severe if events were left to take their course, and took it into public ownership. The American Government acted similarly over the two major US government-sponsored mortgage lenders, so-called Freddie Mac and Fanny Mae; and has stepped in to rescue AIG, the country's biggest insurance company.

These are striking failures at the heart of the capitalist system, showing it has an inbuilt tendency to self-destruction. However they are presented, these recent nationalisations are solutions which 20 years ago might have been described as socialist. Where this leaves the ideology of free market capitalism, which Americans have often thought of as their great gift to the world, is too soon to say; but it is palpably discredited. The proposition that the common good should always trump market forces, which is at the heart of Catholic Social Teaching, has, albeit belatedly, been vindicated.

What has happened to financial markets in recent weeks seems almost remote from the everyday lives of ordinary people. In the months to come its effect will be felt in savings plans, in pensions, and in prices. It is yet to be seen whether the theory that wealth trickles downwards works in reverse. Financial speculators have driven up the price of fuel and food, while the vast bonuses they have been paid have stretched the divide between rich and poor. Their success has spread the dangerous message that greed is good. All these anti-social tendencies needed correction: it is an ill wind that blows nobody any good"

Fonte: The Tablet

sábado, 20 de setembro de 2008

Barões ladrões

Ainda não está muito claro o contorno final do plano, mas o objetivo é claro: criar um comprador – final? – para os chamados papeis tóxicos. Com isto espera-se resolver o problema de liquidez e garantir o funcionamento normal do mercado. Para aqueles que ainda acreditam que este é o único problema, o plano pode ser a solução. Para os demais, como esse missivista, apenas ganha tempo, sanciona o comportamento predatório de alguns agentes e da vida nova ao velho risco moral.

Não, o problema não é a intervenção estatal na economia. Nada contra, em princípio, à participação do Estado na economia. Apenas acho que devemos discutir , como argumenta Buiter, que se uma instituição X é grande demais, fundamental para a economia, etc, e por isto não pode ser submetida à solução de mercado, então ela, também, não deveria ser privada, mas estatal. O que não me parece correto é o modelo lucro privado e socialização do prejuízo. Ele, ao contrário do que afirma o Meltzer, não é a pior forma de social-democracia, mas um retorno ao capitalismo dos barões ladrões. Na social democracia e na economia social de mercado está prática jamais seria aceita e a regulamentação deste tipo de mercado seria muito melhor.

Não custa lembrar que a economia de mercado ainda é o melhor sistema para produzir riquezas, mas não para distribui-la. A crise atual, em nada altera esta avaliação.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Sombra e água fresca

Já havia levantado a bola no post de 08 de setembro, não por acaso o título é "socialismo dos ricos". Intervenção estatal para salvar os deserdados da terra, pobres, aposentados,entre outros, é sempre rotulada de populismo, sem fundamento econômico e por ai vai. Mas, no caso da bolsa dos ricos, tudo muda de figura e eis que aparece a palavra mágica: crise sistêmica e suas consequências danosas sobre o crescimento econômico e, principalmente, sobre o emprego. Naturalmente, a intervenção estatal é transformada em instrumento de defesa da Pátria, Amada, Idolatrada, Salve, Salve. Nenhuma novidade. Esse tem sido o discurso há muitos anos em tantas outras crises no passado, porque deveria ser diferente? Ah! vivemos em uma era de democracia de massas e existe a tal prestação de contas junto ao eleitorado. E claro Papai Noel existe....

Em momentos como o que vivemos, os princípios cedem espaço para o pragmatismo, como nesta passagem do editorial da última edição do "The Economist", o grilo falante do establishment desde os tempos d´antanho “some will argue that the Federal Reserve and the Treasury, nationalising the economy faster than you can say Hugo Chávez, should have left AIG to oblivion. Amid this contagion that would have been reckless. Its contracts—almost $450 billion-worth in the credit-default swaps market alone—underpin the health of the world’s banks and investment funds. The collapse of its insurance arm would hit ordinary policyholders. At the weekend the Fed and the Treasury watched Lehman Brothers go bankrupt sooner than save it. In principle that was admirable—capitalism requires people to pay for their mistakes. But AIG was bigger and the bankruptcy of Lehman had set off vortices and currents that may have contributed to its downfall. With the markets reeling, pragmatism trumped principle. Even though it undermined their own authority, the Fed and the Treasury rightly felt they could not say no again”

Para ler o editorial completo clique aqui

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

O Inferno de Wall Street

Canto Décimo

-O Inferno de Wall Street

(O GUESA, tendo atravessado as ANTILHAS, crê-se livre dos
XEQUES e penetra em NEW-YORK-STOCK-EXCHANGE; a Voz dos
desertos:)

1
— Orfeu, Dante, Enéias, ao inferno
Desceram, o Inca há de subir...
— Ogni sp'ranza lasciate,
Che entrate...
— Swedenborg, há mundo porvir?
2
(Xeques surgindo risonhos e disfarçados em Railroad-
managers, Stockjobbers, Pimpbrokers, etc., etc.,
apregoando:)

— Harlem! Erie! Central! Pennsylvania!
— Milhão! cem milhões!! mil milhões!!!
— Young é Grant! Jackson.
Atkinson!
Vanderbilts, Jay Goulds, anões!


3
(A Voz mal ouvida dentre a trovoada:)

— Fulton's Folly, Codezo's Forgery...
Fraude é o clamor da nação!
Não entendem odes
Railroads;
Paralela Wall-Street à Chattám...


4
(Corretores continuando:)

— Pigmeus, Brown Brothers! Bennett! Stewart!
Rotschild e o ruivalho d'Astor!!
— Gigantes, escravos
Se os cravos
Jorram luz, se finda-se a dor!...


5
(Norris, Attorney; Codezo, inventor; Young; Esq.,
manager; Atkinson, agent; Armstrong, agent; Rodhes,
agent; P. Offman & Voldo, agents; algazarra, miragem; ao
meio, o GUESA:)

Fonte:Sousândrade, O Guesa.

Armadilha da Liquidez?

Que o pior ainda estava por vir, sabiamos, mas não que o panico ganharia força tão rapidamente. Muito menos que a armadilha pela liquidez, outro risco presente , apareceria no cenário - não mais como possibilidade teorica - em um curtissimo espaço de tempo. Na terça havia discutido essa possibilidade com o Pedro, meu colega de depto, e concordamos que ainda era muito cedo. Será? Não é o que o yield do three-month bills parece indicar. Ainda é cedo, melhor esperar ...



quarta-feira, 17 de setembro de 2008

A crise e o tipo de propriedade...

Há pouco à acrescentar ao excelente artigo do Martin Wolf, que em linhas gerais , em nada difere dos posts publicados neste blog. O "socorro" a AIG era inevitável, já que sua falência, sem controle, bateria diretamente e rapidamente sobre o lado real da economia o que daria a crise uma dimensão ainda maior. Digo sem controle e inclui as aspas, porque o termo correto, ou mais apropriado seria falência controlada.O impacto foi postergado ou distribuido ao longo do tempo , mas, seguramente não foi eliminado: há um número razoável de candidatos a bola da vez , alem, é claro, do possível retorno do risco moral. O Fed continua ganhando tempo.


Ele tem razão , o pior ainda não passou:”reverter excessos de tal escala envolve quatro processos gigantescos: a queda dos preços inflados dos ativos a um nível sustentável; a desalavancagem do setor privado; o reconhecimento dos prejuízos resultantes para o setor financeiro; e a recapitalização do sistema financeiro. Para piorar tudo isso, haverá o colapso da demanda do setor privado, conforme o crédito encolhe e a riqueza diminui.”E em relação a esses quatros processos, o governo pouco poderá fazer, já que, como observamos em outro post, ele não somente é inevitável, como necessário, ai incluindo o ajuste na demanda do setor privado. Se alguém tem dúvidas, melhor reler Marx, Schumpeter ou Hayek, economistas de posições politicas e teóricas diferentes, mas com ótimas análises sobre a dinâmica da economia de mercado

O argumento usado pra socorrer a AIG, também, recoloca em debate a questão do tipo de propriedade, privada ou pública. Como bem observa Buiter:

“If financial behemoths like AIG are tôo large and/or too interconnected to fail but not too smart to get themselves into situations where they need to be bailed out, then what is the case for letting private firms engage in such kinds of activities in the first place?

Is the reality of the modern, transactions-oriented model of financial capitalism indeed that large private firms make enormous private profits when the going is good and get bailed out and taken into temporary public ownership when the going gets bad, with the tax payer taking the risk and the losses?

If so, then why not keep these activities in permanent public ownership?There is a long-standing argument that there is no real case for private ownership of deposit-taking banking institutions, because these cannot exist safely without a deposit guarantee and/or lender of last resort facilities, that are ultimately underwritten by the taxpayer.”

para ler o artigo completo clique aqui

terça-feira, 16 de setembro de 2008

A crise e o risco moral

Porque o Fed optou por deixar o Lehman falir, se antes havia ajudado a socorrer o Stearns? Não são situações idênticas? Apenas, na aparência. À época não era possível recorrer ao Fed, mas este não é mais o caso, devido às alterações implementadas pelo Bacen americano para evitar a repetição desse mesmo problema. O Lehman não tinha apenas um problema de liquidez, mas de insolvência e socorrê-lo seria manter o risco moral presente no mercado desde a crise do Long –Term Capital Managemen em 1998 e que, vinha sendo sancionado com uma política generosa de taxa de juros. Os dois eventos somados, reforçavam o risco moral . As intervenções recentes do FED - necessárias, é verdade - mantinham o risco moral. Não socorrer o Lehman foi um jeito inteligente -que implica, naturalmente, em riscos- de dar o recado ao mercado: a festa acabou, o risco moral chegou ao seu fim. Este argumento, sobre o papel do LTCM e do risco moral, do John Auters, colunista do Financial Times, é semelhante ao que apresentamos nos posts sobre a crise e, em claro, contraste com a visão de alguns economistas, que acham que o risco moral ainda não estava presente no mercado, e que a ação do Fed foi exatamente para evitá-lo.

Se, como argumentamos acima, o risco moral já estava presente no mercado, o próximo passo do Fed é manter a taxa de juros inalterada. Reduzi-la, seria, dar vida nova ao risco moral.

Qual o impacto sobre a economia brasileira? Difícil oferecer uma resposta, mas é possível, no entanto, descartar o cenário apocalíptico: fuga de capitais, depreciação exagerada da taxa de câmbio, que, para os heterodoxos radicais, exigiria alguma forma de controle de saída de capitais, entre outros delírios da turma que se passa por economista em Barão Geraldo, Perdizes e alhures.

Acho que o O´Neill tem razão, “vai depender como o Brasil vai lidar com a queda das commodities”, o que implica afirmar que ainda é cedo para descartar a tese de descolamento.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Que delicia de crise

Como era esperado e comentado em um post anterior a crise atual não se resume a um problema de liquidez, esta, na verdade, é uma manifestação da crise. O descasamento entre ativos e passivos é mais profundo e disseminado que aquele apresentado nos cenários dos otimistas de plantão. Não, ainda não é a revolução esperada pela turma que se passa por economista em Barão Geraldo, Perdizes e alhures, mas deverá, cedo ou tarde, impactar sobre o setor real da economia.

Esse é um fato reconhecido ate pelo ex- manda chuva do Fed. A era do crédito fácil chega ao fim, assim como o sonho tolo e ingênuo de um capitalismo auto-regulado e indolor. A intervenção estatal, na forma de resgate e socorro aqueles que não são avessos ao risco, simplesmente, compra tempo, mas não resolve o problema. A correção é necessária e salutar, ainda que dolorosa, e postergá-la no tempo, simplesmente piora a situação.

Resta saber qual será o impacto sobre economias emergentes, como é o caso da brasileira. Ela, naturalmente, não está imune, mas a intensidade desse impacto ainda não é possível avaliar.

domingo, 14 de setembro de 2008

John Haldane

Resenha de dois livros recentes do Haldane, um conhecido filósofo católico tomista analítico, da University of St Andrews, a mais antiga universidade da Escócia, fundada em 1413. Digo conhecido, naturalmente, no mundo de língua inglesa, porque não parece ser o caso, no país com a maior população católica do mundo.

Seeking Meaning and Making Sense by John Haldane, Imprint Academic £8.95

The Church and the World: Essays Catholic and Contemporary by John Haldane, Gracewing £9.99

There was a time, John Haldane reminds us, when philosophers cared about what went on outside the academy. They reflected on "human manners, opinions and practices", and if their musings could be transmitted to the general, educated public then so much the better. For most of the 20th century this honourable tradition showed many signs of vanishing without a trace. Academic philosophy became increasingly (and not always helpfully) specialised, extraordinarily technical - indecipherable to the uninitiated - and even moral philosophers began to ignore actual moral problems in order to crease their foreheads analysing the language in which ethics might be discussed. At such a time - "the bad days", as Haldane puts it - the immediacy, accessibility and humour of, say, a Platonic dialogue seemed a long way away. There was space to wonder whether the engagement and passion of so many 18th-century and 19th-century thinkers had simply been a dream.

Thankfully, things are looking up. The public intellectual and the philosopher-journalist, although they might appal their snootier academic colleagues, are very much back in vogue - and John Haldane, as hard-working as any of them, is in the vanguard.

These two volumes consist of pieces - many of them tweaked and extended - taken from a wide range of journals and newspapers over the past decade. It seems unlikely that any reader will agree with everything that Haldane has to say - this one certainly did not - but even when he takes up what seems to be an unnecessarily combative and uncompromising stance (on abortion and stem-cell research, for instance), he still argues with extraordinary clarity. This can only help to move crucial debates forward. There is very little dead wood here, little padding or digression; just points made and illustrated with economy and precision.

In Seeking Meaning and Making Sense Haldane is essentially sounding a counterblast to the massed ranks of nihilists and postmodernists who have poured scorn on the very notion of seeking out life's meaning - they dismiss such an endeavour, in Haldane's phrase, as rather like "hunting for unicorns".

If there are no shared values, if any talk of "human nature" is bunkum, if we really are just bundles of atoms rattling around in a value-neutral material universe, then can it really make any sense to talk about living a good life, or doing the right thing, or ascribing value to this or that action, attribute or artefact?

The most obvious riposte is that this is precisely how most of us conduct our lives: we do seek meaning, we do make value judgments, we do seek out "unifying and ennobling visions". The nihilist would reply that just because we do something doesn't make such action sensible: perhaps we are simply deluding ourselves just like all our gullible forbears. It is, however, a lot easier to call yourself a nihilist than to live like one. Who among us doesn't, either as a daily profession or, just occasionally, in the dark watches of the night, try and descry some meaning? And if such behaviour serves some purpose - if it offers consolation, provokes debate, make us look at things afresh - then, ultimately, that is all the utility it requires. The bulk of Haldane's book is dedicated to showing how an ability to "deliberate and act in accord with reasons - to find meaning" is "part of the human form of life", and one that, despite much talk of the death of metaphysics, remains in rude health. He ranges widely, discussing, among much else, the intellectual traditions of Scotland, the moral content of New Labour's agenda, and the controversial issues raised by genetic research.

The movie Toy Story provokes a humorous and insightful analysis of the power of simple moral tales; in another essay a suitable amount of opprobrium is poured on the novelist Dan Brown and, elsewhere, the philosopher Elizabeth Anscombe and the painter Felix Kelly are praised to the skies. So far as a satisfying reading experience is concerned, compendiums such as this have their inherent flaws and, despite Haldane's efforts to impose structure and continuity, this is a book better dipped into than read cover to cover.

There are many riches contained within its pages, however and, even when his philosophical fuse is evidently becoming very short indeed, Haldane sustains a suitably urbane and respectful tone.

Haldane obviously enjoys trying to demolish the ideas of Daniel Dennett, for instance, but he at least does Dennett the courtesy of taking those ideas seriously. This is important because, as Haldane explains elsewhere, debates about the nature of God and religion (think Dawkins and Hitchens, but also some of their opponents) have begun to suffer from far too much rancour and, on occasion, vulgarisation.

Finally, albeit briefly, we turn to Haldane's The Church and the World. Again, the breadth of Haldane's concerns is extremely impressive. Alongside discussions of the legacy of John Paul II and the challenges facing the Church (issues of governance, formation of the priesthood, and debates about sexuality chief among them), Haldane touches on everything from sectarianism in Scotland, to debates about evolution, to the scandals that have rocked American Catholicism.

Again, however, Haldane has several basic messages to hammer home. He has little time for a woolly Catholicism in which "the religious and moral requirements of the Church are increasingly disregarded - if they are even known about", and in which the Church is "something inessential, more to be sampled on special occasions than to be embraced as the very stuff of life itself". Haldane believes that our culture is "visibly adrift on the seas of relativism" and, from his perspective, a little more rigour and steadfastness would be a boon. Again, there is room to dissent from much of what Haldane has to say, but it is impossible to argue against his insistence that serious philosophising ought to play a crucial role in the Christian life and that - as one of his chapter heads puts it - the Church cannot do without its intellectuals.

Jonathan Wright

Fonte: The Catholic Herald

sábado, 13 de setembro de 2008

Is Export Led Growth Passé?

Interessante artigo do Dani Rodrik, um dos melhores economistas da atualidade e, estranhamente, um dos ídolos da turma de sempre. De vez em quando eles acertam uma.

CAMBRIDGE: For five decades, developing countries that managed to develop competitive export industries have been rewarded with astonishing growth rates: Taiwan and South Korea in the 1960’s, Southeast Asian countries like Malaysia, Thailand, and Singapore in the 1970’s, China in the 1980’s, and eventually India in the 1990’s.

In all these cases, and a few others — also mostly in Asia — domestic reforms would surely have produced growth regardless of international trade. But it is difficult to see how the resulting growth could have been as high — reaching an unprecedented 10 percent or more annually in per-capita terms — without a global economy able to absorb these countries’ exports.

Many countries are trying to emulate this growth model, but rarely as successfully because the domestic preconditions often remain unfulfilled. Turn to world markets without pro-active policies to ensure competence in some modern manufacturing or service industry, and you are likely to remain an impoverished exporter of natural resources and labor-intensive products such as garments

Para ler o resto do artigo clique aqui

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

A economia brasileira e a turma do contra

Os números são bons e ficou difícil para a turma do contra negar o fato: a economia brasileira vai bem, muito obrigado. Alguns, como a carioca-portuguesa, continua preocupada com o setor externo e chega a sugerir a possibilidade de uma crise neste setor. Tal possibilidade de fato existe, mas a probabilidade é baixa. Ate o conhecido argentino disfarçado de brasileiro – culpa da governanta que o criou, segundo um velho amigo -, está menos pessimista que o usual. Já um antigo secretário da fazenda de são Paulo, insiste em sua batalha contra a política monetária do Banco Central. Há, de fato, um certo conservadorismo, sadio, contudo, na política do Bacen, que, naturalmente, é o esperado. Estranho seria o contrário. Detalhes que escapam às mentes brilhantes que não conseguem explicar o seguinte paradoxo: se de fato a política econômica estava(é) errada, como explicar os bons resultados?

Um pouco de humildade seria muito bem vindo na fala desta turma. Reconhecer, por ex, o bom trabalho da equipe de quem já ocupou a Fazenda, não implica em passar atestado de sapiência em matéria econômica da figura menor que, por acidente, sentou na cadeira de Ministro. Sabemos que foi por acidente, um destes terríveis acidentes, no caso a morte de um figura importante do partido governista.


Há perigos à vista, argumenta o avvocato. De fato ele tem razão, mas não é o perigo que ele tem em mente. O risco - real ou imaginário, ninguem ainda sabe – do Presidente levar a sério os conselhos do líder -ou seria timoneiro ? - da turma que se passa por economista em Barão Geraldo, Perdizes e alhures.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Chile, 11 de Setembro de 1973

35 anos do dia da grande infâmia patrocinada pelos guardiões da democracia e da liberdade: nossos amigos do outro lado do rio grande.

Como nos ensina Walter Benjamin: “Em cada época, é preciso arrancar a tradição ao conformismo, que quer apoderar-se dela. Pois o Messias não vem apenas como salvador; ele vem também como o vencedor do Anticristo. O dom de despertar no passado as centelhas da esperança é privilégio exclusivo do historiador convencido de que também os mortos não estarão em segurança se o inimigo vencer. E esse inimigo não tem cessado de vencer.”



Poemas de Pablo Neruda

De Incitación al nixonicidio y alabanza a la revolución chilena (1973)

XXXVIII. Yo no me callo

Perdone el ciudadano esperanzado
mi recuento de acciones miserables
que levantan los hombres del pasado.

Yo predico un amor inexorable.

Y no me importa perro ni persona:
sólo el pueblo es en mí considerable:
sólo la Patria a mí me condiciona.

Pueblo y Patria manejan mi cuidado:
Patria y pueblo destinan mis deberes
y si logran matar lo levantado

por el pueblo, es mi Patria la que muere.

Es ése mi temor y mi agonía.

Por eso en el combate nadie espere
que se quede sin voz mi poesía.

****

De Las piedras de Chile (1961)

Piedras de Chile

Piedras locas de Chile, derramadas
desde las cordilleras,
roqueríos
negros, ciegos, opacos,
que anudan
a la tierra los caminos,
que ponen punto y piedra
a la jornada,
rocas blancas
que interrumpen los ríos
y suaves son
besadas
por una cinta
sísmica
de espuma,
granito
de la altura
centelleante
bajo
la nieve
como un monasterio,
espinazo
de la más
dura
patria
o nave
inmóvil,
proa
de la tierra terrible,
piedra, piedra infinitamente pura,
sellada
como
cósmica paloma,
dura de sol, de viento, de energía,
de sueño mineral, de tiempo oscuro,
piedras locas,
estrellas
y pabellón
dormido,
cumbres, rodados, rocas:
siga el silencio
sobre
vuestro
durísimo silencio,
bajo la investidura
antártica de Chile,
bajo
su claridad ferruginosa

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Piadas sobre Economistas e Economia XIIII

Perguntaram a George Stigler, um dos líderes da Escola de Chicago, quando ganhou seu prêmio Nobel, qual a razão de não haver premiações para outras ciências sociais como sociologia, psicologia, história. Stigler respondeu: "Não se preocupem...eles todos já tem seu prêmio Nobel...em Literatura."

****

Três econometricistas foram caçar. Quando encontraram a presa, o primeiro atirou, errando um metro para a esquerda. O Segundo atirou e também errou, um metro para a direita. O terceiro econometricista não atirou, mas mesmo assim gritou: "Pegamos, acertamos !"

****

— O que economistas e computadores tem em comum ?
— Você necessita entupi-los com informação.

****

Se todos os economistas fossem colocados juntos, seria uma orgia... de matemáticos.

***

Um rico e bem sucedido economista do trabalho queria porque queria ter um neto. Tinha duas filhas e dois filhos, todos casados. Durante o Natal, a família toda estava reunida, inclusive todos os genros e as noras e ele disse. — Eu quero muito dar continuidade a nossa família. Para ajudar nas futuras despesas depositei cem mil dólares no banco para o primeiro casal que tiver um neto meu.
Quando olhou para os lados só estava sua esposa na mesa de jantar.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Ratzinger e a Igreja do futuro

É uma entrevista antiga, onde o então Cardeal Ratzinger, explica sua visão sobre a Igreja do futuro, em particular a idéia de uma Igreja com uma dimensão menor.

Domanda. Eminenza, molti anni fa Lei si espresse in termini profetici sulla Chiesa del futuro: la Chiesa, diceva allora, «si ridurrà di dimensioni, bisognerà ricominciare da capo. Ma da questa prova uscirà una Chiesa che avrà tratto una grande forza dal processo di semplificazione che avrà attraversato, dalla rinnovata capacità di guardare dentro di sé. Perché gli abitanti di un mondo rigorosamente pianificato si sentiranno indicibilmente soli... E riscopriranno la piccola comunità dei credenti come qualcosa di completamente nuovo. Come una speranza che li riguarda,come una risposta che hanno sempre segretamente cercato». Pare proprio che abbia avuto ragione. Ma qual è la prospettiva che ci attende in Europa?

Risposta. Per incominciare: la Chiesa si ridurrà numericamente? Quando ho fatto questa affermazione, mi sono piovuti da tutte le parti rimproveri di pessimismo. E oggi tutti i divieti paiono caduti in disuso, tranne quello riguardante ciò che viene chiamato pessimismo e che spesso non è altro che sano realismo. Nel frattempo i più ammettono la diminuzione della percentuale di cristiani battezzati nell'Europa di oggi. In una città come Magdeburgo la percentuale dei cristiani è solo dell'8% della popolazione complessiva, comprendendo - si badi bene - tutte le confessioni cristiane. I dati statistici mostrano tendenze inconfutabili. In questo senso si riduce la possibilità di identificazione tra popolo e Chiesa in determinate aree culturali, ad esempio da noi. Dobbiamo semplicemente prenderne atto.

Domanda. Che cosa significa?

Risposta. La Chiesa di massa può essere qualcosa di molto bello, ma non è necessariamente l'unica modalità di essere della Chiesa. La Chiesa dei primi tre secoli era una Chiesa piccola senza per questo essere una comunità settaria. Al contrario, non era chiusa in sé stessa, ma sentiva di avere una responsabilità nei confronti dei poveri, dei malati, di tutti. Nel suo grembo trovavano posto tutti coloro che da una fede monoteista traevano alimento nella loro ricerca di una promessa.
Già le sinagoghe, le comunità ebraiche presenti nelle città dell'Impero Romano avevano costituito una cerchia di simpatizzanti esterni, i cosiddetti timorati di Dio, che si erano avvicinati alla fede ebraica e che ne testimoniavano la grande apertura all'esterno. Il catecumenato della Chiesa antica aveva una funzione simile. Persone che non si sentivano ancora pronte a un'identificazione totale con la Chiesa, potevano in un certa misura avvicinarvisi per poi valutare se compiere il passo definitivo. Questa consapevolezza di non essere un club chiuso ma di essere sempre aperti alla comunità nel suo complesso è sempre stata una componente ineliminabile nella Chiesa. E anche al processo di riduzione numerica che stiamo vivendo oggi dovremo far fronte proprio esplorando nuove forme di apertura all'esterno, nuove modalità di coinvolgimento parziale di coloro che sono al di fuori della comunità dei credenti.
Non ho niente in contrario a che persone che durante l'anno non hanno mai messo piede in chiesa vadano alla Messa della notte di Natale o a San Silvestro o in occasione di altre festività perché anche questa è una forma di avvicinamento alla benedizione del sacro, alla sua luce. Ci devono quindi essere forme diverse di coinvolgimento e partecipazione, la Chiesa deve aprirsi interiormente a coloro che stanno ai margini delle sue comunità.

Domanda. Ma la Chiesa di massa non è la più alta conquista della civiltà religiosa? Non è forse la Chiesa davvero universale, accessibile a tutti, la Chiesa che con i suoi mille rami offre un tetto ad ogni uomo? La Chiesa può davvero rinunciare all' aspirazione a essere una Chiesa di massa e quindi la Chiesa della maggioranza? Questa è una conquista che è pur sempre costata immani sforzi e sacrifici.

Risposta. Dobbiamo prendere atto dell'assottigliarsi delle nostre fila, ma dobbiamo parimenti rimanere una Chiesa aperta. La Chiesa non può essere un gruppo chiuso, autosufficiente. Dobbiamo essere missionari innanzi tutto nel senso di riproporre alla società quei valori che dovrebbero informare di sé la sua coscienza, valori che sono le fondamenta della forma statuale che la società stessa si è data, e che sono alla base della possibilità di costituire una comunità sociale davvero umana.
In questo senso il dibattito su ciò che fu una volta la Chiesa di massa - e che in alcuni Paesi continuerà ad essere, e in altri ancora diventerà per la prima volta - proseguirà sicuramente. La Chiesa continuerà a esprimere il suo punto di visto nell'ambito del processo di produzione legislativa e a riproporre i grandi valori umani universali quali stelle polari nel processo di costruzione di un corpo sociale umano. Perché, se il diritto non ha più fondamenta morali condivise, decade anche in quanto diritto.
Da questo punto di vista la Chiesa ha una responsabilità universale. Responsabilità missionaria significa appunto, come dice il papa, tentare davvero una nuova evangelizzazione. Non possiamo accettare tranquillamente che il resto dell'umanità precipiti nel paganesimo di ritorno, dobbiamo trovare la strada per portare il Vangelo anche ai non credenti.
Esistono già dei modelli. Il neocatecumenato possiede un proprio modello, altre comunità intraprendono altri tentativi. La Chiesa deve ricorrere a tutta la sua creatività per far sì che non si spenga la forza viva del Vangelo. Per plasmare le masse, pervaderle del suo messaggio e agire in loro come il lievito. Proprio come disse Gesù allora a una comunità molto piccola, quella degli Apostoli: siate lievito e sale della terra. La definizione di «lievito» presuppone la dimensione molto piccola da un lato, ma anche l'universalità della responsabilità.

Fonte: J. Ratzinger, “Dio e il mondo”, ed. Paoline, 2001, Pag. 403-406
http://lnx.theseuslibri.it/product.asp?Id=277

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Socialismo dos ricos.

E, finalmente, o governo americano cedeu às pressões e criou sua forma, pouco original e envergonhada de socialismo dos ricos. A crise chilena dos anos 80 e a estatização do bancos pelo Ditador Pinochet , paladino do liberalismo dos Chicago boys, já havia demonstrado os limites do mercadismo selvagem. No Chile o resultado da intervenção foi positivo e o custo pago, goela abaixo, pelo contribuinte chileno. Será diferente em uma democracia? Dúvido, mas posso estar errado.

Esta é a solução para a crise? Não, mas sem ela a crise poderia ganhar uma dimensão ainda maior. A estatização envergonhada resolve, ou melhor atenua o problema de liquidez e seria a solução se este fosse o único problema. Mas sabemos não ser o caso: as outras intervenções, já demonstraram que elas simplesmente compram tempo, mas não conseguem debelar a crise. Para tanto é necessário resolver o problema de descasamento entre ativos e passivos, em linguagem mais simples, escolher quem vai pagar o pato. Como este descasamento inclui vários mercados interligados, é necessário ampliar a intervenção estatal, o que implica em aumentar a conta a ser paga pelos contribuintes, ou deixar que o mercado resolva o problema e assumir os custos econômicos, sociais e políticos.

Ninguém nunca afirmou que o capitalismo era um sistema indolor. De tempos em tempos, uma espécie de purgação faz se necessário: queima de capital, destruição criadora , etc. A função do Estado é minimizar esta purgação, mas não me parece, que ele tem o poder de eliminá-la. Ate os keynesianos hidráulicos reconhecem este triste fato da vida econômica. Já os marxistas - hoje uma curiosidade histórica, exceto em Perdizes - nunca estiveram preocupados em administrar o capitalismo e por isto mesmo devem estar felizes com o que eles, provavelmente, consideram mais uma demonstração da inferioridade de tão malefico sistema econômico. Resta perguntar: qual a alternativa?

domingo, 7 de setembro de 2008

Jewish Philosophy as a Guide to Life

Este é o nome do livro do Hilary Putnam(Indiana University Press, 2008, hb, US 15,96 na Amazon) , que estou lendo. Alías, uma leitura bastante agradável e instrutiva, como não poderia deixar de ser, em se tratando de alguem da sua estatura. Já havia lido alguns artigos dele e ,como não morro de amores pelo pragmatismo, normalmente não ficaria tentado,..., mas, neste caso, fui atraido pelo título do livro -pouco usual no ambiente acadêmico.

Como mencionado em outro post, Wittgenstein é uma das minhas paixões, uma outra, mais recente é o Levinas -que tomei contato através da Magazine Littéraire- e ambos, juntamente, com Buber e Rosenzweig contituem o objeto deste livro.

O ponto de partida é a seguinte questão: “What did I make philosophically of the religious activities that I had undertaken to be part of?" Ele reconhece que ainda não tem uma resposta definitiva “ because it is one I am still struggling with, and will very likely struggle with as long as I am alive”. Está, também, é a minha luta, com a diferença, que no meu caso, a economia ocupa o lugar da filosofia.

sábado, 6 de setembro de 2008

A Doutrina Social da Igreja e a Política

Desde 1891 com a publicação da Encíclica Rerum Novarum do Papa Leão XIII sobre a questão social até nossos dias, a Igreja Católica tem orientado seus fiéis a participar da construção de uma sociedade justa. Pão, fraternidade e fé são os fundamentos sólidos da existência humana, são o nosso rochedo sobre o qual peregrinamos de esperança em esperança até a Pátria definitiva, construindo a Pátria terrena: “Assim na terra como no céu”. O êxodo, os profetas, o reino anunciado por Jesus, são os grandes horizontes da relação entre fé e política como bem comum.

Neste catecismo social da Igreja encontramos as mais nobres inspirações para educar-nos sobre nossa participação sócio-política, ou seja, nossa educação para a prática da justiça, da consciência social, da relação entre fé e política. A participação na política faz parte da missão dos cristãos, diz o Papa. A Doutrina Social da Igreja fundamenta-se em 12 princípios básicos. Estes princípios foram reafirmados no Compêndio da Doutrina Social da Igreja, publicado em 2004 pela Santa Sé. Vamos pois refletir sobre os princípios éticos da fé e política.

1. A dignidade da pessoa humana: é em nome da pessoa humana como imagem e semelhança de Deus que a Igreja participa da ação social, pois escrevia Pio XI: “Da fábrica moderna a matéria sai enobrecida e os homens e mulheres, envelhecidos”. Ou ainda, a miséria humana é uma “miséria imerecida”. Defendamos o principio de dignidade da pessoa que tem prioridade em relação ao capital, ao lucro e ao trabalho.

2. A fraternidade universal: A Igreja, “perita em humanidade”, respeita as culturas, as diferenças, as iniciativas e religiões de todos os povos e nações, luta pela solidariedade universal, pela paz mundial. Todos somos irmãos e o mundo deverá tornar-se uma grande família. O mundo é uma casa comum. Somos membros de uma família chamada humanidade.

3. O Bem Comum: que é o conjunto das condições de vida de uma sociedade que favorecem o bem-estar e o desenvolvimento humano de todos. Toda a política é um trabalho para o bem de todos. Exorcizemos a miséria, a discriminação,a intolerância, a exclusão.

4. O Direito Natural: ou seja, o consenso comum proveniente da reta razão, do bom senso, da co-responsabilidade de todos, da consciência ética inscrita pelo Criador na própria natureza humana. O direito natural é a base do entendimento entre as culturas e dos direitos humanos.

5. O princípio de subsidiariedade: que consiste em dar espaço e liberdade para as instituições menores. Pelo princípio de subsidiariedade o grande não deve ignorar ou desrespeitar o pequeno. As minorias devem ter seu espaço.

6. A liberdade: um dos direitos mais sagrados da pessoa humana, sem a qual não há democracia cidadania, nem respeito pelas diferenças.

7. O princípio de socialização: é o que chamamos de partilha, de distribuição da renda, de co-gestão nas fábricas, de comunhão e participação dos cidadãos na vida pública. Socialização é o oposto do capitalismo e do egoísmo.

8. A primazia de pessoa em relação ao Estado: o centro da vida social é a pessoa humana e os que governam devem usar o poder para servir a pessoa. Portanto, o Estado (governo) deve estar a serviço da pessoa humana.

9. A primazia do trabalho sobre o Capital: isso é, o trabalhador não é um escravo nem mercadoria dos patrões. A fome do lucro (capital) não pode oprimir, explorar e manipular o trabalhador.

10. A relatividade do direito de propriedade privada: o direito à propriedade privada não é absoluto, mas relativo, pois a destinação dos bens é universal. Eis a função comum do direito de propriedade, o qual não é absoluto.

11. O Direito Internacional: que é o entendimento entre os povos, sua organização jurídica em favor da convivência fraterna entre todas as nações.

12. O princípio da justiça social: que regula os direitos e deveres dos cidadãos, zela pela vida e qualidade de vida, luta pela solidariedade e fraternidade sob a luz da verdade, da liberdade e do amor

Dom Orlando Brandes
Arcebispo de Londrina

Fonte:www.cnbb.org.br

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Los costos ocultos del dinero

Raramente passo os olhos na revista da direita brasileira, mas como o tópico era educação, não havia outra alternativa. Besteiras pelos cotovelos. A fonte, os sub de sempre. Concordei com apenas uma avaliação: do Marx, somente sobrou o conceito de alienação. È verdade que tenho lá minhas dúvidas e tendo a concordar com as observações do Pannenberg, mas, achei interessante o comentário da jornalista, e curioso em conhecer a fonte, não mencionada na reportagem: minha aposta é no artigo abaixo, do Peter Singer.

“PRINCETON – Cuando la gente dice que “el dinero es la raíz de todos los males”, generalmente no se refiere al dinero en sí mismo. Al igual que San Pablo, de quien proviene la cita, hablan del amor al dinero. ¿Puede el dinero mismo, independientemente de nuestra avaricia, representar un problema?

Karl Marx así lo creía. En los Manuscritos económicos y filosóficos de 1844 , una obra de su juventud que permaneció sin publicar y desconocida en gran medida hasta mediados del siglo XX, Marx describe al dinero como “el agente universal de separación” porque transforma las características humanas. Marx escribe que un hombre puede ser feo, pero si tiene dinero puede comprarse “las mujeres más hermosas”. Presumiblemente, sin dinero se necesitarían cualidades humanas más positivas. Marx pensaba que el dinero nos enajena de nuestra naturaleza humana y de nuestros congéneres.

La reputación de Marx se vino abajo cuando resultó evidente que se había equivocado al predecir que una revolución de los trabajadores traería una nueva era con mejores condiciones de vida para todos. Por ello, si sólo tuviéramos sus opiniones sobre los efectos enajenantes del dinero, podríamos ignorarlo como elemento de una ideología equivocada. Pero las investigaciones de Kathleen Vohs, Nicole Mead y Miranda Goode que se publicaron en 2006 en la revista Science indican que podría haber algo de cierto en las afirmaciones de Marx”

Para ler o artigo completo clique aqui. O acesso é livre.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

O Captain! My Captain!

O Captain! my Captain! our fearful trip is done, The ship has weather'd every rack,
the prize we sought is won, The port is near, the bells I hear, the people all exulting,
While follow eyes the steady keel, the vessel grim and daring; But O heart! heart! heart!
O the bleeding drops of red, Where on the deck my Captain lies, Fallen cold and dead.
O Captain! my Captain! rise up and hear the bells; Rise up- for you the flag is flung- for
you the bugle trills,

For you bouquets and ribbon'd wreaths- for you the shores
a-crowding,
For you they call, the swaying mass, their eager faces turning;
Here Captain! dear father!
This arm beneath your head!
It is some dream that on the deck,
You've fallen cold and dead.

My Captain does not answer, his lips are pale and still,
My father does not feel my arm, he has no pulse nor will,
The ship is anchor'd safe and sound, its voyage closed and done,
From fearful trip the victor ship comes in with object won;
Exult O shores, and ring O bells!
But I with mournful tread,
Walk the deck my Captain lies,
Fallen cold and dead.

Walt Whitman

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

AFTER WITTGENSTEIN, ST. THOMAS

Wittgenstein não é nada fácil, comecei a estuda-lo por acaso, em 1987, quando estava escrevendo a dissertação de mestrado sobre Sraffa. Achei curioso o agradecimento no prefácio do "investigações filosoficas": quem sabe poderia ajudar a comprender o trabalho do próprio Sraffa. A paixão manteve-se viva ao longo dos anos, mas a compreensão não melhorou muito, seja em relação ao Sraffa ou ao Wittgenstein. O trecho abaixo é de uma resenha , escrita pelo Fergus Kerr,OP, do livro AFTER WITTGENSTEIN, ST. THOMAS by Roger Pouivet - translated and introduced by Michael S. Sherwin OP , St. Augustine's Press 2008 , pp xiv + 138 , $24.00 hbk - e é uma indicação da atualidade do pensamento destes dois grandes filósofos. Vale lembrar que Wittgenstein era leitor de Sto Agostinho.

"In 1957, after a few weeks, Cornelius Ernst concluded that the only way to make Thomas Aquinas's writings on the soul intelligible to his first-year class of Dominican friars was to re-read them in the light of the later Wittgenstein's recently published Philosophical Investigations (1953). He had himself heard Wittgenstein lecture at Cambridge ten years previously.

Since the early 'fifties the Dominicans had hosted an annual conference at Spode House, bringing together teachers of neoscholastic philosophy in seminaries and other Catholic institutions with the young Catholics (often converts) with posts in British universities, trained in what would eventually become known as analytical philosophy, much influenced at that date by Wittgenstein's Investigations. The encounter, on the neoscholastic side, bore little lasting fruit apart from reviews and articles by the future Cardinal Cahal B. Daly. The most substantial interaction with neoscholastic epistemology from a late-Wittgensteinian standpoint is to be found in Mental Acts, brought out in 1957 by Peter T. Geach. Having studied in Rome at the Gregorian University and then at Oxford with G.E.M. Anscombe, Anthony Kenny brought both Aquinas and Wittgenstein together in a series of studies, beginning in 1963 with Action, Emotion and Will."

Para ler o texto completo é preciso acessar a última edição da "New Blackfriars"

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Às falas

No verdadeiro FEBEAPA que tomou conta da mídia com a denúncia do grampo, é difícil discordar da opinião do Vinícius Torres Freire da Folha de S.Paulo:
”Mesmo descontada a indignação, Mendes passou dos limites ao atropelar até seu declarado apreço pela presunção de inocência. Se disse que o presidente tem de ser chamado "às falas", é porque atribui culpa a alguma repartição do Executivo e, por tabela, a Lula. Mendes tende a passar dos limites políticos e constitucionais porque tem inclinação para fazê-lo, pendor notado desde que se comportava de maneira autoritária e atrabiliária na Advocacia Geral da União, sob FHC.”

Ele tem razão. Chamar o presidente da República “as falas” é inaceitável. A figura menor que ocupa posição de destaque na mais importante corte do país tem uma atração irresistível pelos holofotes que não é compatível com o cargo que ocupa. A corte é importante demais para o ordenamento democrático para manter-se em silêncio, ou mostrar-se solidária aos desatinos deste senhor.


Naturalmente, não se pode, de modo algum, tolerar o grampo, que deve ser investigado e o culpado sujeito aos rigores da lei. Contudo, se provado que os agentes do Estado são inocentes e vitimas de difamação, os responsáveis também devem responder por seus atos.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008