Ainda não está muito claro o contorno final do plano, mas o objetivo é claro: criar um comprador – final? – para os chamados papeis tóxicos. Com isto espera-se resolver o problema de liquidez e garantir o funcionamento normal do mercado. Para aqueles que ainda acreditam que este é o único problema, o plano pode ser a solução. Para os demais, como esse missivista, apenas ganha tempo, sanciona o comportamento predatório de alguns agentes e da vida nova ao velho risco moral.
Não, o problema não é a intervenção estatal na economia. Nada contra, em princípio, à participação do Estado na economia. Apenas acho que devemos discutir , como argumenta Buiter, que se uma instituição X é grande demais, fundamental para a economia, etc, e por isto não pode ser submetida à solução de mercado, então ela, também, não deveria ser privada, mas estatal. O que não me parece correto é o modelo lucro privado e socialização do prejuízo. Ele, ao contrário do que afirma o Meltzer, não é a pior forma de social-democracia, mas um retorno ao capitalismo dos barões ladrões. Na social democracia e na economia social de mercado está prática jamais seria aceita e a regulamentação deste tipo de mercado seria muito melhor.
Não custa lembrar que a economia de mercado ainda é o melhor sistema para produzir riquezas, mas não para distribui-la. A crise atual, em nada altera esta avaliação.