quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Viva Mario Draghi

Como mencionado no post de ontem, na segunda rodada de emprestimos de 3 anos a juros de 1% do BCE, realizada nesta quarta feira, o montante foi pouco superior ao da primeira rodada, com significativo aumento no numero de participantes: 529.5 bilhões de euro contra 489 bilhões de euro emprestados em dezembro. Na primeira rodada 523 bancos assumiram o risco de respingos na reputação ao recorrer ao BCE, já na segunda o numero de participantes aumentou para 800. Como não ocorreu nenhum impacto negativo, sobre a reputação dos que solicitaram emprestimos em dezembro era esperado que o numero aumentasse. Com isto o problema de "funding" dos bancos no curto prazo deixa de existir e deverá, também, ajudar a reduzir o custo da divida soberana de paises como Italia e Espanha, já que os yields dos titulos de curto e de 10 anos devem continuar em queda. Somado ao bail out grego, configura uma mudança substancial , pra melhor, no cenario econômico da zona do euro em claro contraste com aquele existente antes da mudança na direção do BCE. Não é exagero afirmar que o Mario Draghi é o grande responsável pelo que de melhor ocorreu na zona do euro.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A espera da nova rodada de emprestimos

Dados do BCE, indicam forte participação dos bancos da Espanha e da Italia no mercado de divida soberana, sinalizando provável forte demanda na próxima rodada de oferta do empréstimo de três anos com juros de 1% a.a. O sucesso desta forma criativa de "quantitative easing" pela porta dos fundos na redução dos juros da divida soberana com prazo inferior a 3 anos , assim como sobre o mercado secundário dos titulos de 10 anos, também se verifica na nova emissão deste último, como podemos inferir do resultado do leilão desta terça feira dos titulos italianos com esta maturidade: 3.75 bilhões de titulos de 10 anos, com juros de 5.5%, contra 6.08% do leilão de janeiro e bid to cover de 1.4. É o melhor resultado desde setembro de 2011. Os titulos de 5 anos tambem obtiveram boa demanda, com bit to cover de 1.42.

A demanda pelos emprestimos do BCE na segunda oferta a ser realizada esta semana deve ser pelo igual a primeira, podendo ser inclusive superior. Esta possibilidade ganhou força com a disposição da empresas automobilisticas de usarem seu braço financeiro para participar da oferta de emprestimo. Dificil resistir a uma oferta com juros tão baixos que, ao que tudo indica, não implica em má fama a quem a ele tenha recorrido na primeira rodada.

Mudando de assunto. Recomendo o artigo bem interessante do Oreiro no Valor desta terça feira sobre Keynes e juros. É uma leitura bem fiel ao velho bigodudo de Cambridge e tradicionalmente associada aos Sraffianos/Neo-ricardianos, principalmente ao recem falecido Garegnani. Curioso encontra-la em um artigo de um respeitado post-keynesiano. Gostei, naturalmente, do artigo.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

"How to be a Conservative-Liberal-Socialist"

Kolakowsi, foi um grande filosofo e historiador. O texto abaixo é um classico e leitura obrigatória para o marxismo talebã..

By Leszek Kolakowski.

Motto: "Please step forward to the rear!" This is an approximate translation of a request I once heard on a tram-car in Warsaw. I propose it as a slogan for the mighty International that will never exist.

A Conservative Believes:

1. That in human life there never have been and never will be improvements that are not paid for with deteriorations and evils; thus, in considering each project of reform and amelioration, its price has to be assessed. Put another way, innumerable evils are compatible (i.e. we can suffer them comprehensively and simultaneously); but many goods limit or cancel each other, and therefore we will never enjoy them fully at the same time. A society in which there is no equality and no liberty of any kind is perfectly possible, yet a social order combining total equality and freedom is not. The same applies to the compatibility of planning and the principle of autonomy, to security and technical progress. Put yet another way, there is no happy ending in human history.

2. That we do not know the extent to which various traditional forms of social life--families, rituals, nations, religious communities--are indispensable if life in a society is to be tolerable or even possible. There are no grounds for believing that when we destroy these forms, or brand them as irrational, we increase the chance of happiness, peace, security, or freedom. We have no certain knowledge of what might occur if, for example, the monogamous family was abrogated, or if the time-honored custom of burying the dead were to give way to the rational recycling of corpses for industrial purposes. But we would do well to expect the worst.

3. That the idee fixe of the Enlightenment--that envy, vanity, greed, and aggression are all caused by the deficiencies of social institutions and that they will be swept away once these institutions are reformed-- is not only utterly incredible and contrary to all experience, but is highly dangerous. How on earth did all these institutions arise if they were so contrary to the true nature of man? To hope that we can institutionalize brotherhood, love, and altruism is already to have a reliable blueprint for despotism.

A Liberal Believes:

1. That the ancient idea that the purpose of the State is security still remains valid. It remains valid even if the notion of "security" is expanded to include not only the protection of persons and property by means of the law, but also various provisions of insurance: that people should not starve if they are jobless; that the poor should not be condemned to die through lack of medical help; that children should have free access to education--all these are also part of security. Yet security should never be confused with liberty. The State does not guarantee freedom by action and by regulating various areas of life, but by doing nothing. In fact security can be expanded only at the expense of liberty. In any event, to make people happy is not the function of the State.

2. That human communities are threatened not only by stagnation but also by degradation when they are so organized that there is no longer room for individual initiative and inventiveness. The collective suicide of mankind is conceivable, but a permanent human ant-heap is not, for the simple reason that we are not ants.

3. That it is highly improbable that a society in which all forms of competitiveness have been done away with would continue to have the necessary stimuli for creativity and progress. More equaliity is not an end in itself, but only a means. In other words, there is no point to the struggle for more equality if it results only in the leveling down off those who are better off, and not in the raising up of the underprivileged. Perfect equality is a self-defeating ideal.

A Socialist Believes:

1. That societies in which the pursuit of profit is the sole regulator of the productive system are threatened with as grievous--perhaps more grievous--catastrophes as are societies in which the profit motive has been entirely eliminated from the production-regulating forces. There are good reasons why freedom of economic activity should be limited for the sake of security, and why money should not automatically produce more money. But the limitation of freedom should be called precisely that, and should not be called a higher form of freedom.

2. That it is absurd and hypocritical to conclude that, simply because a perfect, conflictless society is impossible, every existing form of inequality is inevitable and all ways of profit-making justified. The kind of conservative anthropological pessimism which led to the astonishing belief that a progressive income tax was an inhuman abomination is just as suspect as the kind of historical optimism on which the Gulag Archipelago was based.

3. That the tendency to subject the economy to important social controls should be encouraged, even though the price to be paid is an increase in bureaucracy. Such controls, however, must be exercised within representative democracy. Thus it is essential to plan institutions that counteract the menace to freedom which is produced by the growth of these very controls.

So far as I can see, this set of regulative ideas is not self-contradictory. And therefore it is possible to be a conservative-liberal-socialist. This is equivalent to saying that those three particular designations are no longer mutually exclusive options.

As for the great and powerful International which I mentioned at the outset--it will never exist, because it cannot promise people that they will be happy.

Fonte: Leszek Kolakowski, Modernity on Endless Trial (University of Chicago, 1990).

domingo, 26 de fevereiro de 2012

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Grecia

Nenhuma surpresa na aprovação do segundo pacote de ajuda a Grecia. A alternativa era muito pior e por isto nunca esteve realmente na mesa, exceto na imaginação de alguns poucos analistas. O importante era e continua a ser os detalhes negociados, principalmente o nível de interferência na gestão econômica do país. As informações vazadas, indicam um grau de intervenção comparável apenas a sofrida por países em desenvolvimento, como foi o caso de alguns da america latina. Perda de soberania, argumenta alguns, que no passado ficaram em silêncio quanto a "vitima" não era um país da região que se considera detentora de direito incontestável para governar o mundo. Coloquei vitima entre aspas, porque ela não me parece a melhor palavra para descrever a situação grega. Os pobres, os de baixa renda são de fato vitimas e pagam um duro preço pelo irresponsabilidade dos partidos que dominavam( dominam) a cena política grega. Mas a sua elite sangue suga e aliados dificilmente pode ser descrita como vitima. Receberam recursos dos primos ricos do norte e aproveitaram o período de bonança, sem se perguntar por quanto tempo isto seria sustentável. Será que imaginavam que isto seria eterno? Que não era necessário implementar as reformas, modernizar a economia e torna-la competitiva? Em que pensavam enquanto outros(suecos, alemães, holandeses, por exs) procuravam caminhos e meios para reformas suas economias, sem abrir mão do modelo de economia social de mercado do pós guerra?`

A forte intervenção da troica(BCE, FMI, CE) é necessária por ser o único meio que resta para implementar as medidas prometidas tantas vezes pelos políticos gregos. Se nunca tiveram a coragem necessaria no passado, é dificil imaginar que teriam agora que a situação é politicamente bem mais explosiva. É justamente a situação política a variável mais problematica na tentativa de socorro à Grecia .No entanto, não enfrenta-la e deixar de implementar as medidas necessárias para colocar a casa grega em ordem não é uma opção, independente dela ficar ou sair da zona do euro. Sem uma boa base de exportação sair seria a pior opção. É por isto que acredito que ficar e submeter-se a troica ainda é a melhor opção, inclusive para a população mais pobre. A elite grega já demonstrou, várias vezes, não estar preocupada com este segmento da sua população, a única esperança é a solidariedade europeia, hoje em baixa, mas que, acredito, com o apoio das Igrejas voltará a desempenhar papel importante na tragedia grega.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

"A perfect storm" ou uma nuvem passageira?

Enquanto a Grecia derrete e países da periferia europeia olham assustados e preocupados com um possível efeito orloff, a Alemanha continua caminhando em sentido contrário, indicando uma resistência surpreendente aos efeitos da crise na vizinhança. O primeiro sinal positivo foi o cenário indicado em pesquisa com gerentes de compra, confirmado com o numero do indíce de confiança, IFO, que subiu pela quarta vez consecutiva alcançando o maior valor desde Julho do ano passado: 109.6 em fevereiro contra 108.3 de janeiro. O otimismo no varejo e na construção cívil demonstram a força da demanda doméstica na dinamica recente da economia alemã. No caso deste último, isto já era esperado, haja vista, o aumento de 5.5.% no preço dos imoveis em 2011. Estes dados parecem indicar que a recessão técnica, não deve-se materializar no próximo trimestre.

Os sinais positivos da Alemanha, podem ser facilmente revertidos, se persistirem a elevação do preço do petroleo em libras esterlinas e em euro. No caso deste último, o preço nesta semana, 93.83 euros, já é superior ao valor alcançado em 2008. Felizmente o preço em dolar, apesar de elevado: 124,48 dolares , ainda se encontra abaixo do pico alcançado em 2008, 147 dolares o barril. No caso do valor em euro, poderá tornar ainda mais complicada a situação de paises em situação anêmica, caso da Espanha e Italia, por ex, e tornar mais dificil uma recuperação da economia da zona do euro. Nos Estados Unidos, alem da questão econômica, poderá impactar fortemente na campanha presidencial, já que é bem conhecida a sensibilidade dos americanos a aumentos no preço da gasolina e do oleo diesel.

O fator preço do petroleo poderá ser somente uma nuvem passageira, porém é um dado novo que não deve ser descartado, em razão da complicada situação na Siria e da retórica beligerante, de mão dupla, no Irã,, para não mencionar o risco real de um ataque preventivo de Israel.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Um grande exemplo

Ao longo da minha vida acadêmica tive o privilégio de conhecer figuras notáveis com quem aprendi muito e que foram e continuam a ser modelos de honestidade intelectual, compromisso com a construção de uma sociedade menos injusta e respeito ao outro, aquele de quem discordamos no plano intelectual, mas respeitamos como pessoa humana. No grande bananão nenhum deles era católico, ou se fosse não era do meu conhecimento. O único que sabia, à epoca, ser religioso era protestante, alias ainda é. Somente no St Antony's College, Oxford, tive a oportunidade de conhecer, pela primeira vez, um intelectual católico, ou seja, assumidamente católico. Ela era minha orientadora, como mencionado ontem, grande economista cepalina e crítica dos programas de estabilização macroeconomica do FMI e das políticas do Banco Mundial para os países em desenvolvimento. Era (é), um exemplo de seriedade e dedicação ao ensino e a pesquisa e apesar da enorme carga de trabalho e de morar em outra cidade, relativamente distante de Oxford, ainda encontrava tempo pra participar de reuniões na Oxfam. Apesar de discordar, nas maioria das vezes, da sua visão de política econômica, reconhecia, no entanto, a seriedade e força do argumento que apresentava e pensava comigo mesmo que falta fazia, no grande bananão, alguem que combinasse com inteligência e rigor intelectual o compromisso social com a vida acadêmica, sem que para tanto fosse necessário abrir mão da identidade católica. Nas lutas travadas nos últimos anos, nos piores momentos dos ataques, das tentativas de assassinato de carater, ela era um exemplo que me ajudava a resistir e prosseguir na caminhada...

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Dialogo entre católicos e marxistas

Sempre achei estranho a imensa influência do marxismo na Católica. Em alguns casos ele chega a constituir-se em verdadeiro pensamento único e única verdade aceitável. Outros pensamentos, quando comparados com o marxismo, são tratados como exóticos produtos da decadência burguesa e sua expressão ideológica e por isto mesmo não são merecedores de qualquer respeito. Acostumado a este ambiente levei um tremendo choque cultural na minha temporada de estudos(2 anos de doutorado sanduiche) no St Antony's College da Universidade de Oxford. Lá Marx não fazia parte das conversas entre os alunos e tão pouco o marxismo era um tópico dos longos debates noite adentro entre meus colegas estudantes de economia, historia, relações internacionais, politica, etc. Um mundo totalmente novo povoado por pensadores que nunca havia lido ou ouvido qualquer menção se abria para este pobre enviado de outra planeta habitado por marxistas e simpatizantes. Havia é claro alguns professores marxistas -um fusca seria o suficiente pra transporta-los pela cidade- sofisticados que nem de longe lembrava os seguidores nacionais do velho barba. Era um dos poucos alunos, no College, com passagem pelo marxismo, o que me tornava ainda mais exótico e um colega que sabia que eu não era mais marxista, gostava de me provocar dizendo que ainda era. Minha orientadora, brilhante economista cepalina e católica amiga do famoso teologo da libertação peruano, nunca teve dúvidas a meu respeito: era um economista neoclássico que lutava para não ser, mas era...e me indicava autores heterodoxos que nunca apareceria nos meus papers onde predominava a fina flor do pensamento convencional.

A convivência com ela e outro professor, também católico, brilhante e com longa experiência na america latina, confirmou a minha impressão que a influência do marxismo na Católica estava relacionado com o dialogo de parte da intelectualidade católica da america latina e de outras partes do mundo em desenvolvimento com o marxismo. Desde então tenho lido bons trabalhos sobre este dialogo, ainda defendido por um dos meus filosofos prediletos, MacIntyre, e não sei ate que ponto ele realmente gerou bons frutos. Na Católica, o resultado , é bem conhecido e esta longe de ter sido produtivo do ponto de vista de produção intelectual, tanto para o marxismo, quanto para a tradição intelectual católica. Para o primeiro o ganho político foi e continua a ser imenso e sem equivalente em nenhuma instituição estatal(laica) de prestigio, para o segundo o inverso para ser verdadeiro.

Neste feriado, li um paper bem interessante sobre este dialogo, com o foco nos jesuitas, "os confessores de Marx: a companhia de Jesus e o marxismo (1937-1982" do Iraneidson Santos Costa, na Revista de Historia. Recomendo a leitura...

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

domingo, 19 de fevereiro de 2012

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Quando eramos revolucionários....

Para um jovem metido a intelectual na Católica dos anos 80, admitir que acreditava em Deus ou que era católico era difícil, muito difícil. Tudo conspirava contra seja nas salas de aula, onde o marxismo reinava inconteste, ou no movimento estudantil, dominado pelos partidos, ainda, clandestinos. Havia é claro quem resistia. Lembro de um colega da economia, da zona norte, outro, da administração, morador de moema, que nunca perderam a fé e participavam ativamente do grupo de jovens da paroquia onde moravam. Este último, acabou participando do movimento estudantil, mas não tinha nenhuma pretensão de ser um intelectual.

O fato é que não havia qualquer referência intelectual católica importante para competir com alternativa oferecida pelo marxismo. O que existia, intelectualmente, não se diferenciava do marxismo e não constituia, portanto, alternativa ou tinha qualquer relação, aparente, com a tradição intelectual católica. Não recordo de qualquer menção ao Maritain, por ex, ou a outro pensador católico. Pode ser que fosse diferente em outros cursos, mas o fato é que na economia a única referencia intelectual pra quem tinha alguma pretensão intelectual e defendia um mundo socialmente menos injusto era o marxismo. Não sei se mudou muito...

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Mais memorias

Conversava com amigos da epoca da faculdade, período em que eramos, em maior ou menor grau, revolucionários, ou pelo menos este era o nosso auto-engano. Alguns chegaram a pertencer a organizações de esquerda. Um deles, em momento de grande ardor revolucionário, para minha grande surpresa, me acusou de ser agente da social democracia internacional. Superado o susto do inusitado, sorri e fiz de conta que não havia ouvido ou entendido a acusação. Sabia, ou pelo menos imaginava o motivo: nutria grande simpatia pelo grupo, que editava uma revista de vida breve, cujo nome acho - não tenho certeza - era autonomia. Chaui, Sader, entre outros eram membros do coletivo. Este último era muito simpatico e veio a falecer ainda relativamente jovem. Fiz campanha para ele, mas estava muito ocupado fazendo mestrado na fgvsp e sem tempo ou saco para vida partidaria. À epoca já havia abandonado o marxismo, mas eles não. Intelectuamente eram sofisticados e isto, confesso, era o que me atraia, além, é claro, o charme irresistivel da Chaui cujo textos lia, alem de não perder suas palestras.


Mas falava do encontro com amigos. Conversa vai conversa vem, nos demos conta que não conseguiamos lembrar o nome de alguem do período que ainda era marxista. Digo, alguem formado em economia e com mestrado e doutorado em economia. Qual seria a explicação? Envelhecemos e superamos a ingenuidade de quandos eramos jovens? Para tristeza e desapontamento de quem havia construido um curriculum sem econometria ou IS-LM e com overdose de marx( ecopol 1, 2 e 3 alem das disciplinas da área de historia e optativas) no mestrado, caso de alguns, ou no doutorado, caso do meu amigo revolucionário, descobrimos a literatura que a maioria da profissão já conhecia.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Divagações

Quarta-feira e um raro dia de verão com ceu azul, sol de rachar mamona e suave brisa pelas bandas de perdizes. Bairro que nunca me agradou com suas ladeiras ingremes, no passado, verdadeiro tour de force em dias de chuva para carros com motor 1.0 Andar, somente para os atletas, que nunca foi o meu caso.

Aqui estive, o dia inteiro, para a missa, ao meio dia, de abertura do ano acadêmico. Poucos presentes, como de praxe, em que pese o fato dela ser nominalmente pontifícia e católica. Acho estranho a escassa presença dos dirigentes acadêmicos, mas um amigo observa que nem todos são católicos. Ele tem razão, mas segundo, a estatistica o numero de católicos ainda é significativo, e portanto, mesmo incluindo o numeros de ateus, a presençá de gestores acadêmicos deveria ser maior. Mas, observo, o mesmo argumeto não se aplica a aula magna: todos deveriam estar presentes e ela deveria ser o grande marco do ano acadêmico. Infelizmente não é o caso. Lembro do belo desfile dos alunos dos vários Colleges no dia da Matricula no teatro Sheldonian em Oxford. É claro que seria ridiculo algo parecido, afinal a Católica não tem a mesma idade e tão pouco surgiu na época medieval. No entanto, um pouco mais de formalidade de modo algum soaria falso ou seria ridiculo e seria bonito iniciar o semestre com o Tuca lotado para ouvir aula magna do reitor com a presença do corpo docente e discente. No passado,quando dirigente estudanil(Leão XIII) organizamos a semana do calouro e o velho e lendario teatro ficou lotado no matutino para ouvir o Singer e no noturno o Tragtemberg. Pode parecer papo de velho, saudosista, mas havia vida na Universidade naquele tempo. O marasmo atual é deprimente.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Chicago não é aqui...

Acho estranho quando alguem diz que gosta de economia, mas se recusa a ler os autores neoclássicos. So lê Marx e Keynes no original e se recusa a ler manual. Chicago, então, nem pensar. Não menos estranho, é a posição de quem afirma, não ter o menor interesse em ler Marx e disto se orgulhar. Posições polares, diametralmente opostas, sem dúvida, mas que compartilham um elemento comum: o desprezo pelo conhecimento e falta de paixão pela economia. Não sou marxista e tão pouco Chicago boy, mas ainda leio a produção marxista e foi e continua a ser muito praseiroso ler os trabalhos de Chicago. É verdade que acho a economia marxista pouco interessante e irrelevante para economia atual. Há tambem o fato que são raros os economistas marxistas do primeiro time e quando comparado com a produção de Chicago ela é intelectualmente pouco interessante. Curiosamente, os discipulos nacionais de Chicago ficam muito a desejar, sendo ,neste particular, parecidos com os marxistas. A criatividade e o frescor da matriz da lugar ao discurso ideológico, restando apenas a arrogância.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Greve da PM

Ótimo artigo do meu colega Ponde, no jornal da ditabranda, sobre a greve dos policiais e o tratamento que eles recebem da sociedade, principalmente dos bens pensantes. Já havia tocado no tema em comentário no facebook. Policiais, argumentei, são tratados como "capitães do mato" mal pagos e raramente alguem reconhece o valor do seu trabalho. Pior ainda, são obrigados a ouvir velhos discursos legitimos e corretos na ditadura militar, mas totalmente fora de proposito em um regime democrático. A democracia requer lei e ordem e isto não é possível sem uma força da ordem bem remunerada e respeitada pela comunidade. É verdade que há problemas na força policial, herança do período ditatorial, mas há, também - e me parece ser a maioria - bons policiais que fazem um esforço danado para garantir nossa segurança. Reformas, portanto, são necessários, mas também, se faz urgente mudança de comportamento por parte dos bens pensantes em relação a força da ordem. E isto deveria começar pelas Universidades, principalmente por colegas docentes, que insistem em demoniza-los em artigos e comentários em salas de aulas.

Sou favorável ao direito de greve ao policial, já que ele é um trabalhador, não exatamente igual aos demais por andar armado, mas mesmo assim um trabalhador. É errado, no entanto, participar armado das assembleias , ocupar ilegalmente predios públicos e não garantir o funcionamento minimo definido em lei para categorias consideradas essenciais. Isto vale para o policial, assim como para as demais categorias. Seria interessante retirar o adjetivo Militar e retomar o velho nome de Força Pública, mais condizente com o regime democrático.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Novela grega...

Mais um capitulo na longa novela grega. O pacote acordado entre os principais partidos gregos, não foi considerado suficiente pelos representantes da zona do euro e tem que ser revisto e aprovado pelo parlamento. Corte adicional de 325 milhões é demandado, assim como maior empenho no programa de privatização e melhorias no sistema de coleta de impostos. É um faz de conta que não resolve em definitivo o problema, porem evita o default desorganizado que seria um desastre, tão pouco melhora, no curto prazo, o estado moribundo da economia grega, com queda da produção industrial, 11,3% e desemprego em 20.9%. Deverá ficar muito pior, antes de melhorar, se é que vai melhorar. No entanto não há outra alternativa: dentro ou fora da zona do euro a Grecia tem que colocar a casa em ordem e implementar uma serie de reformas dolorosas para modernizar sua economia, sem o que não sairá do estado em que se encontra.

Digo faz de conta, porque sabidamente, este pacote, como outros no passado recente, será aprovado e as medidas não serão implementadas. A Grecia, ao contrário da Espanha, Portugal, Irlanda e ate mesmo a Italia, recusa-se a cumprir o que foi acordado, porque sabe que não há como punir sua incompetente elite política. Naturalmente, quem pago o pato é a população, principalmente os de baixa renda, já que os demais sempre dão um "jeitinho". A Grecia tem todos os males de um país do terceiro mundo, com a única e importante diferença que se encontra na Europa.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Memorias

Nunca fui comunista, ou seja membro ou simpatizante de qualquer um dos PCs da vida. Muito pelo contrário. Meus herois, neste campo, são figuras notáveis - melhor dizendo, exs. de fracassos notaveis - que ainda continuo a admirar, apesar de não mais acreditar naquilo pelo qual perderam a vida: Allende e Rosa Luxemburgo. Marxistas, é claro, porem realmente democratas. Exemplos de integridade moral e dedicação a luta dos trabalhadores por uma vida digna. Eles fazem companhia a um grande economista neoclassico que sempre esteve lado a lado com os trabalhadores, o sueco Wicksell.

No período do meu idílio marxista - o curto, mas memorável período em que fui aluno do curso de graduação em economia da puc. Alias ela era o melhor lugar para se estar, respirava-se um clima acadêmico que é dificil recuperar - nunca nutri qualquer simpatia ou ilusão em relação ao leste europeu ou a Cuba. Esta última sempre chamei de a grande fazenda de Fidel Castro.

Neste período, tão pouco era simpático ao chamado catolicismo marxista. Ele aumentou a minha solidão e agravou a crise normal, me parece, naquela idade e me afastou da religião. Faltava a este tipo de catolicismo os elementos que faziam parte da minha infância em uma familia e comunidade profundamente católicas. Por paradoxal que possa parecer, no período na minha juventude em que acreditava na fantasia marxista, nunca perdi minha atração pelo catolicismo popular das festas da minha infância com sua liturgia e mistérios que tanto me encantavam e ainda encanta. A idéia de usar o pulpito para pregações politico partidárias que agradava a tantos militantes de esquerda nunca foi do meu agrado. Não me parecia correto, mas um verdadeiro sacrilégio. É claro que era uma reação sem nenhum fundamento em leituras, apenas baseado em valores em que fui educado.

O retorno a Igreja, por uma feliz coincidência, aconteceu em Oxford, onde comecei a frequentar as missas em uma igreja, que se não estou errado, era a mesma do Oratorio do Cardeal Newman. A liturgia era em inglês, mas todo o ambiente me parecia totalmente familiar e me fazia sentir em casa, o que raramente era o caso nas missas no Brasil. Desnecessário mencionar que tão pouco via com bons olhos o sucesso de movimento católico de forte apelo midiatico. Em sintese, em se tratando de catolicismo o meu lado é bem claro: me sinto bem na companhia de Ratzinger, Lubac, Balthasar e Guardini. Sou feliz por ter retornado a Igreja e pela descoberta da tradição intelectual católica que deveria ter conhecido na graduação.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Ken Rogoff

Materia bem interessante sobre/com o Rogoff.


Ken Rogoff has been coming to the World Economic Forum in Davos for a decade but he has never yet had a decent lunch. Sitting down at a small table in Gentiana, a bistro about 10 minutes’ walk from the Congress Centre, Rogoff says this is the first occasion he has ever had the time to venture out to a restaurant. His normal schedule is so hectic he just has to grab the sandwiches that occasionally appear in the centre.
These days Rogoff, a 58-year-old Harvard economics professor, is more in demand than ever. With his co-author, Carmen Reinhart, he has written the definitive history of financial crises over the centuries. This Time is Different would have been a major contribution to economics and history whenever it appeared, but its publication in 2009, in the immediate aftermath of the financial crisis caused by the collapse of Lehman Brothers, meant that it became an unlikely publishing sensation – rising to fourth on the Amazon bestseller list.
Rogoff’s advice is much sought-after by western leaders trying to navigate their way out of the crisis. Unlike some high-profile academics who relish flaunting their influence, Rogoff is reticent about his meetings with leading politicians. But he has been consulted by President Barack Obama and is known to have spent many hours with George Osborne, Britain’s chancellor. Rogoff’s advice – that heavily indebted governments had to get serious about cutting their deficits – strongly influenced the British government’s decision to make controlling spending its priority.
The financial crises in the US, the UK and the eurozone have caused the Swiss franc to soar in value – and we both do a double-take as we look at the prices on the menu. “It’s just incredible,” says Rogoff, shaking his head sorrowfully. Gentiana is a comfortable but modest one-room restaurant, with the tables packed tightly together. None the less, the Wiener schnitzel and chips I intend to order will cost the equivalent of £30. Rogoff, dressed in a blue blazer and red tie, has issues other than price on his mind. “I better get something I’m not going to spill down my front,” he says, mindful of the sessions he will appear at later in the day. His choice of spaghetti rucola, which has a tomato-based sauce, seems to me a bold call if spills are a concern.
At Davos, everybody is talking about Europe’s debt crisis. Many think the worst is over. Rogoff is more cautious: “There will be more drama ahead,” he predicts. The historical studies that he has done with Reinhart, his long-time collaborator, who is now a fellow at the Peterson Institute in Washington, DC, suggest that the debt levels of several European countries are simply unsustainable without some sort of “restructuring”. So the tortured negotiations that are being conducted in Greece will be repeated in other countries such as Portugal and Ireland. “Portugal only looks good in comparison with Greece,” he says drily. “We’re not in the endgame, we’re in the middle-game.”
Talk of endgames and middle-games is a reminder of Rogoff’s first love – chess. He achieved grandmaster status in his mid-twenties and was the highest ranked player of his age in the world before retiring to concentrate on economics. Improbably, for a future Harvard professor, he was also a high school dropout. “A lot of my last years of high school, I essentially missed,” he says. “I just played chess, I did nothing else.”
His search for chess excellence led him to leave the US. “I moved to Sarajevo because Yugoslavia was the number two chess-playing country after the USSR – and going to the Soviet Union just wasn’t possible in those days. I was living kind of a bohemian lifestyle. I would be playing chess in top tournaments in five-star hotels and then sometimes sleeping in railway stations, because I wasn’t making much money. Or maybe just because I was stupid.”
Yet it was encountering some of the world’s greatest players that persuaded Rogoff ultimately to give up chess – on the grounds that he was unlikely ever to be number one. When he was 16, Rogoff met and played Anatoly Karpov, who was 18 at the time and later became world champion. “He was meant to be an English major, so I went up to speak to him, and it was quite clear he didn’t speak any English.” So how did they communicate? “I had taught myself some Russian, so I could read chess books. “Karpov,” he recalls admiringly, “just understood chess, so well.” Rogoff concluded that although he could certainly beat Karpov in individual games, he was unlikely to best him consistently.
Rogoff’s real hero, however, was Bobby Fischer, the American chess champion of the 1970s. He remembers following the games from the famous Fischer-Spassky world chess championship in 1972, and being awed by Fischer’s play – “It was like seeing the hand of God at work; the originality, the simplicity.” He shakes his head in delight and amazement. Fischer even paid the teenaged Rogoff the compliment of analysing and praising one of his games in an article. But Rogoff did not let that go to his head. “I took that to mean that he knew I could never beat him. Because I knew he was hyper-competitive. I completely understood the message,” he chuckles.
All this talk of the late Bobby Fischer excites some interest at a neighbouring table. An American scientist gets up, walks over and joins in the conversation. He is, he says, working on the human genome, and is keen to get hold of some of Bobby Fischer’s DNA. Does Rogoff know how this might be done? Rogoff gives a polite but evasive reply. Our new friend then asks whether either of us intend to go to the Friday night dinner organised for Jews attending Davos? I say that I am going to a wine tasting instead. Rogoff is committed to an event with the celebrity sitar-player Ravi Shankar.
I have munched my way through my schnitzel in record time, but Rogoff is making slow progress with the spaghetti. He tells me that he had eaten something before meeting me. If he is going to a meal where he needs to talk, he confides, he often eats beforehand so that he can concentrate on the conversation. “I did that before going to the White House. I didn’t want to meet Obama and just be thinking about the salad.”
I ask whether it was hard to switch from chess to economics? Rogoff confirms that it was. He says chess people find it difficult to move on, because the game is so addictive. But at graduate school he became convinced that dividing his attention meant that both his chess and his economics were suffering. He had to make a decision. Once he had chosen economics, he had to deal with his chess compulsion. “Being very good at anything involves being somewhat addicted – so part of my strategy of moving on was to give it up completely. I don’t play chess casually ... Not unless it’s incredibly rude to decline playing.”
But chess is still part of his mental make-up. “I think about chess all the time. In boring meetings. Or at night. Sometimes I think about chess to calm myself down, almost like meditation.” Still, he has to be careful not to let the addiction return. “I can’t have chess on my computer. But I think I have it under control most of the time.”
The talents that had helped Rogoff to excel at chess also helped in economics. “I’m not a great mathematician,” he says modestly, “but game theory really clicked for me. I used it in my work on why you need an independent central bank.” Game theory is also helpful in understanding how governments are likely to behave during a debt crisis. The key, Rogoff argues, is to ignore everything that governments say and instead to concentrate on the incentives that drive their behaviour. “One of the reasons that Carmen Reinhart and I hit it off, is that we are both incredibly cynical about governments.”
Unlike many of the big-name economists, such as Paul Krugman and Joseph Stiglitz, who are dominating the debate about the financial crisis, Rogoff is not a man of the left, nor is he regarded as a Keynesian. In 2001-2003, when he was chief economist at the International Monetary Fund, Rogoff clashed publicly with Stiglitz – who had become a major critic of the fund – and in July 2002 wrote a devastating public letter in which he essentially accused Stiglitz of massive arrogance and disregard for the consequences of his actions. I ask Rogoff about this incident. Rather to my surprise, I am told that he and “Joe” get on just fine these days.
Rogoff, whose wife Natasha is a film-maker, began work on the project that became This Time is Different while he was at the IMF with Reinhart. Their research took seven years and involved a lot of sleuthing to pull together elusive sets of data. He recalls, with enormous pleasure, the day that a retiring researcher at the Bank for International Settlements, an intergovernmental organisation of central banks, sent him a hitherto secret collection of data on the history of house prices. Working for so long on a single project was difficult, he says: “There is an incredible social and professional pressure to publish something every year. That’s why people prefer to write articles, not books.”
The financial crisis has made many of Rogoff and Reinhart’s observations a central part of the debate about sovereign debt. Their finding that recoveries from debt-driven recessions are slower than recoveries from business cycle recessions is regularly cited. The two authors are also associated with the idea that when a state’s debts exceed 90 per cent of gross domestic product, they will reduce the economic potential of the country.
I suggest that the US is still comfortably short of this level – but am swiftly corrected. If you count federal and state debts and, crucially, add in unfunded debts in the social security system, then Rogoff thinks that America’s debt levels are well over 120 per cent of GDP.
So how long will it take for the US and Europe to “deleverage” and get their debt crises under control, I ask. “The US still has a few years to go – and the EU could have a decade,” he replies.
After this cheering observation, I feel in need of a jolt and something sweet – and suggest that we might have a dessert. Rather to my surprise, Rogoff agrees. The proprietor is summoned and brings over the menu. Rogoff’s eye scans the tempting list of tiramisus and strudels, and he laughs softly – “That’s like another $20. This is just unbelievable. Maybe I’ll pass. I’ll just have a double decaf.” After a series of late nights, I am feeling rather sleepy, so I order a double espresso. Saddened to see my own prospects of dessert disappearing, I urge my guest to indulge himself. “Go on,” I say, “the FT can afford it.”
Rogoff shakes his head. Still, at least he is consistent. Austerity and the control of unnecessary spending is not just something to be urged on governments. It is a policy that extends all the way to the lunch table.

Fonte: FT

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Privatizações...

Aparentemente foi um sucesso a primeira privatização do atual governo que , ironicamente, a demonizou na campanha eleitoral. Landau, a musa das privatizações do PSDB, argumenta que eles(PSDB) venceram. Tolices. Privatizações não é sinonimo de política de direita e foi colocada em pratica, bem antes da dama de ferro, pelo governo trabalhista nos anos 60. Era um meio, fácil, de obter receita, conhecido e aprovado pelo próprio Adam Smith. Aparentemente,Landau nunca o leu. No caso do governo FHC o objetivo também era levantar recursos para o estado e, segundo, alguns, para os amigos do rei. Escandalos são uma companhia constante dos programas de privatizações. Foi o caso do Reino Unido, Russia e, também, no Brasil. Espero não ser o caso da atual administração. O valor pago foi muito alto e a participação dos fundos de pensões das estatais, assim como o dinheiro fácil do BNDES faz dela uma forma muito peculiar de privatização a la brasileira. Este é um ponto comum com o FHC, ainda que, aparentemente, com outro fundamento teorico: o velho sonho unicampista de repetir no Brasil a mesma estratégia de política industrial italiana e coreana. Ambas parteiras de um sistema corrupto, que no caso da primeira, explica a situação atual da sua economia. Será diferente no grande bananão?

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Seven Qualities of a Catholic Intellect

1.Proper first principles.
Clear thinking begins with clear first principles.Clear Christian thinking begins with clear Christian first principles. Do we begin our thinking about the world with a sacramental or a scientistic and materialistic set of principles?Do we understand humans as immortal beings or as mortal bits of larger “immortal” entities like nations and civilizations? Do we understand Divine Revelation as the firm basis for our knowledge of God? Do we see reason as a sure if limited guide to truth? And so on.

2.Understanding the connection between the mind and the will.
The Catholic intellect knows that how one lives makes a difference for how one thinks. Moral probity and intellectual integrity are closely related. Many philosophies and opinions are derived from previously chosen moral stances, often unacknowledged. A true education forms not only the intellect, but the will, and notes their connectedness.

3.Understanding the relationship between reason and faith.
Christianity is the religion of the Logos; reason has a place of great importance. But reason without
faith destroys itself and ends in dehumanizing man. The Catholic mind gives proper attention to both reason and faith, and understands that they do not contradict or exclude each other.

4.Excellence in work.
No slovenliness; no bland propaganda; no thinking by slogan; rather, a readiness to do hard work in the cause of understanding, and an insistence on giving an opponent a fair and sympathetic hearing. The Catholic intellect understands that its own activity is a participation in the mind of God, and keeps the highest standards for truth, accuracy, beauty and balance.


5.Asceticism.
Studiositas, not curiositas. Simplicity of gaze is crucial for understanding. The Catholic mind turns away from the roaring Niagara of sensual and intellectual distraction, and masters the habit of contemplation.

6.Delight in the tradition.
C. S. Lewis once recommended the reading of at least one old book for each new one, not because
the old ones were necessarily wiser or better, but because they would be based on assumptions very different from ours. The wakened mind scorns being a slave, especially being a slave to the tyranny of current intellectual fashions and assumptions. It is in sympathy with the best of every age.

7.Ad majorem Dei gloriam; In omnibus glorificetur Deus.
After all, we are not the point. All comes from God, all leads to God. At the most profound level we use our intellects not to gain power or to accomplish tasks, but to delight our Maker. His delight spills back upon us, and catches us up into the bracing adventure of the intellectual life.

Do not be conformed to this world, but be transformed by the renewal of your mind (Rom 12:2).

Father Michael Keating

domingo, 5 de fevereiro de 2012

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Mercado de trabalho americano.

Bons números da economia americana: desemprego caiu de 8.5% para 8.3% e foram criados 243.000 novos postos de trabalhos. Em que pese este último numero ser bastante suspeior ao esperado, eles, contudo, não alteram, substancialmente a avaliação deste blogueiro sobre o estado anemico da economia americana. É interessante anotar mais uma queda, também, na "labour force participation rate" de 6.37% para 6.4%, que pode ser lida como aumento no percentual de desanimados que deixam de procurar emprego ou aumento no numero dos que optaram pela aposentadoria. A primeira explicação me parece mais provável, já que com a crise a queda na poupança dos aposentados, tem levado vários e volta ao mercado e trabalho. Em razão disto a queda no desemprego deixa de ser significativa e deixa ser vista como uma flutuação esperada em um torno de patamar bem alto do que poderiamos chamar de novo desemprego natural.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

The future of economics

Interessante artigo/resumo do debate sobre o futuro da economia. Falar com colegas de outros áreas de conhecimento é sempre uma boa idéia, mas antes o economista deveria conhecer melhor as diferentes escolas de pensamento econômico. A ignorancia sobre o passado leva vários a repetir os mesmos erros. Neste momento em que o mercado é objeto de critica feroz e nem sempre justa, o risco maior é, de fato, achar que o estado é a solução de todos os males do mundo.


Yesterday, I moderated a panel on “The Future of Economics”. The panel included two Nobel laureates in economics – Peter Diamond of the Massachusetts Institute of Technology and Joe Stiglitz of Columbia. (For pedants, this is the Sveriges Riksbank Prize in Economic Sciences in Memory of Alfred Nobel.) It also had Robert Shiller of Yale and Brian Arthur of the Santa Fe Institute. So it would be fair to say that the panel was packed.
Three of the participants are definitely of the so-called saltwater school of economics (sceptics of the efficiency of markets in all circumstances who live on the US coasts). Professor Arthur is even more heterodox than they: he is interested in the impact of technology and increasing returns. It would have been wonderful, however, also to have had a fully committed member of the “markets are always right unless governments mess them up” freshwater school, associated particularly with the University of Chicago.
It is impossible to summarise all of such a rich discussion. But here are some of the highlights. They do not reflect complete agreement, but indicate some directions of the discussion.
First, orthodox economics had, in the years leading up to the crisis, become more a cult than a science, particularly with the assumption that what exists in competitive markets has to be the best possible outcome, since, if it were not, it could not exist. So, if crises are not predicted, it is because they cannot be: they are the result of unexpected shocks, by assumption.
Second, let a thousand flowers of thought bloom. There cannot be just one general model of the economy or just one approach to economics. Among the blooms discussed were behavioural economics, neuroeconomics, computer based modelling of processes over time. Participants recommended talking to political scientists and even sociologists. They also recommended looking at the causes of inequality, the economics of happiness, the role of institutions, the importance of culture, and the effects of power. Fortunately, economists are creative people. A great deal of imaginative stuff is going on.
Third, the sociology of the profession – the need to define and defend a core discipline that can be taught to students and so determines what it means to be an economist – militates against such heterodoxy. There is a fundamental tension here. But cross-disciplinary co-operation is one way of out.
Fourth, human beings are not rational calculating machines. Their mood and approaches to decision making varies with the circumstances.
Fifth, time matters in economic processes, which are, in general, not reversible and not characterised by any sort of equilibrium. More broadly still, economics suffers from physics envy. It seeks to be an exact science, which is impossible.
Sixth, the world is not computable. It is far more sensible to think in terms of irreducible uncertainty than computable risk. This fundamental point made by John Maynard Keynes was lost in the subsequent so-called “neoclassical synthesis”.
Seventh, being a study of complex human behaviour, in which the world is created by human understand and motivations, economics is hard.
Eighth, in theory it is right and proper to abstract in order to focus on a specific phenomenon. In addressing policy, this is irresponsible. Policy must be informed by an understanding of everything that might bear on the problem in front of one. This makes economic policy really hard to do well.
Ninth, even though economists get much wrong, they still have much to offer to non-economists who tend to assume that economic problems are far more simple than they actually are.
Tenth, there is a great danger that in rejected the most simplistic pro-market mantras, economists and policymakers will embrace even more dangerous and naïve statism.

Fonte: Martin Wolf, FT

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Mais uma tolice...

Não entendo a surpresa com a informação do Bacen que a taxa de juros deverá cair para um digito. Ela é coerente com a aposta fundada em uma análise questionável do impacto da crise economica internacional sobre a economia brasileira. Havia também, como é esperado, forte pressão política a qual, mais uma vez, ele não resistiu. Pressão deste tipo faz parte do jogo político na democracia e por isto mesmo é fundamental ter a frente do Bacen alguem com forte aversão a inflação e liderança para contrapor-se as demandas da área política e defender a moeda. Infelizmente não parece ser o caso do atual ocupante do cargo . Sem isto é dificil garantir a real independencia do Bacen.

No lugar da meta inflacionária, entra a meta da taxa de juros. Tolice maior que esta impossível.