sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Grecia

Nenhuma surpresa na aprovação do segundo pacote de ajuda a Grecia. A alternativa era muito pior e por isto nunca esteve realmente na mesa, exceto na imaginação de alguns poucos analistas. O importante era e continua a ser os detalhes negociados, principalmente o nível de interferência na gestão econômica do país. As informações vazadas, indicam um grau de intervenção comparável apenas a sofrida por países em desenvolvimento, como foi o caso de alguns da america latina. Perda de soberania, argumenta alguns, que no passado ficaram em silêncio quanto a "vitima" não era um país da região que se considera detentora de direito incontestável para governar o mundo. Coloquei vitima entre aspas, porque ela não me parece a melhor palavra para descrever a situação grega. Os pobres, os de baixa renda são de fato vitimas e pagam um duro preço pelo irresponsabilidade dos partidos que dominavam( dominam) a cena política grega. Mas a sua elite sangue suga e aliados dificilmente pode ser descrita como vitima. Receberam recursos dos primos ricos do norte e aproveitaram o período de bonança, sem se perguntar por quanto tempo isto seria sustentável. Será que imaginavam que isto seria eterno? Que não era necessário implementar as reformas, modernizar a economia e torna-la competitiva? Em que pensavam enquanto outros(suecos, alemães, holandeses, por exs) procuravam caminhos e meios para reformas suas economias, sem abrir mão do modelo de economia social de mercado do pós guerra?`

A forte intervenção da troica(BCE, FMI, CE) é necessária por ser o único meio que resta para implementar as medidas prometidas tantas vezes pelos políticos gregos. Se nunca tiveram a coragem necessaria no passado, é dificil imaginar que teriam agora que a situação é politicamente bem mais explosiva. É justamente a situação política a variável mais problematica na tentativa de socorro à Grecia .No entanto, não enfrenta-la e deixar de implementar as medidas necessárias para colocar a casa grega em ordem não é uma opção, independente dela ficar ou sair da zona do euro. Sem uma boa base de exportação sair seria a pior opção. É por isto que acredito que ficar e submeter-se a troica ainda é a melhor opção, inclusive para a população mais pobre. A elite grega já demonstrou, várias vezes, não estar preocupada com este segmento da sua população, a única esperança é a solidariedade europeia, hoje em baixa, mas que, acredito, com o apoio das Igrejas voltará a desempenhar papel importante na tragedia grega.