Para um jovem metido a intelectual na Católica dos anos 80, admitir que acreditava em Deus ou que era católico era difícil, muito difícil. Tudo conspirava contra seja nas salas de aula, onde o marxismo reinava inconteste, ou no movimento estudantil, dominado pelos partidos, ainda, clandestinos. Havia é claro quem resistia. Lembro de um colega da economia, da zona norte, outro, da administração, morador de moema, que nunca perderam a fé e participavam ativamente do grupo de jovens da paroquia onde moravam. Este último, acabou participando do movimento estudantil, mas não tinha nenhuma pretensão de ser um intelectual.
O fato é que não havia qualquer referência intelectual católica importante para competir com alternativa oferecida pelo marxismo. O que existia, intelectualmente, não se diferenciava do marxismo e não constituia, portanto, alternativa ou tinha qualquer relação, aparente, com a tradição intelectual católica. Não recordo de qualquer menção ao Maritain, por ex, ou a outro pensador católico. Pode ser que fosse diferente em outros cursos, mas o fato é que na economia a única referencia intelectual pra quem tinha alguma pretensão intelectual e defendia um mundo socialmente menos injusto era o marxismo. Não sei se mudou muito...