quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Mais memorias

Conversava com amigos da epoca da faculdade, período em que eramos, em maior ou menor grau, revolucionários, ou pelo menos este era o nosso auto-engano. Alguns chegaram a pertencer a organizações de esquerda. Um deles, em momento de grande ardor revolucionário, para minha grande surpresa, me acusou de ser agente da social democracia internacional. Superado o susto do inusitado, sorri e fiz de conta que não havia ouvido ou entendido a acusação. Sabia, ou pelo menos imaginava o motivo: nutria grande simpatia pelo grupo, que editava uma revista de vida breve, cujo nome acho - não tenho certeza - era autonomia. Chaui, Sader, entre outros eram membros do coletivo. Este último era muito simpatico e veio a falecer ainda relativamente jovem. Fiz campanha para ele, mas estava muito ocupado fazendo mestrado na fgvsp e sem tempo ou saco para vida partidaria. À epoca já havia abandonado o marxismo, mas eles não. Intelectuamente eram sofisticados e isto, confesso, era o que me atraia, além, é claro, o charme irresistivel da Chaui cujo textos lia, alem de não perder suas palestras.


Mas falava do encontro com amigos. Conversa vai conversa vem, nos demos conta que não conseguiamos lembrar o nome de alguem do período que ainda era marxista. Digo, alguem formado em economia e com mestrado e doutorado em economia. Qual seria a explicação? Envelhecemos e superamos a ingenuidade de quandos eramos jovens? Para tristeza e desapontamento de quem havia construido um curriculum sem econometria ou IS-LM e com overdose de marx( ecopol 1, 2 e 3 alem das disciplinas da área de historia e optativas) no mestrado, caso de alguns, ou no doutorado, caso do meu amigo revolucionário, descobrimos a literatura que a maioria da profissão já conhecia.