sexta-feira, 30 de março de 2012

A semana na zona do euro

Mais uma uma semana de tomada de decisões importantes na zona do euro. A Alemanha aceitou uma solução de compromisso que permitiu elevar o valor do firewall. Isto foi possível com a combinação dos recursos do atual European Financial Stability Facility com o futuro European Stability Mechanism e exclusão dos 200bi comprometidos com a Grecia, Portugal e Irlanda, do valor deste último. É um valor expressivo, mas infelizmente abaixo do necessário no caso de um cenário de piora da situação econômica na Espanha e na Italia. É melhor resultado possível na estranha dinâmica política da zona do euro e pre-requisito para retomada da negociação com o FMI. Alias, os Brics continuam dispostos a conversar, mas exigem como contrapartida rediscutir a divisão de poder. Em bom portugues: querem mais poder. Sem isto não abrem a carteira.

O duro pacote de austeridade espanhol é uma aposta em um caminho com resultado mais do que incerto. Será dramático no curto prazo e, não, necessariamente, um paraiso no longo prazo. É o tipo de tratamento que poderá levar o doente bem próximo da morte, mas, que, no entanto, ajuda sem dúvida a salvar os demais pacientes e por isto mesmo tornou-se não somente necessário, mas inevitável. O receio de um orçamento em desacordo com as diretrizes de quem de fato manda na zona do euro, havia alterado o movimento de queda dos juros dos títulos de 10 anos da Espanha, colocando-o, inclusive, em patamar superior ao da Italia, alem de, também, colocar o deste último, no mesmo caminho ascendente. O risco de contágio havia retornado e poderia colocar em risco todo o avanço obtido nos últimos meses. Felizmente, um firewall mais robusto, ainda que não no valor por todos desejado e as medidas do governo espanhol, parecem ter sido o suficiente para acalmar o mercado e retomar o controle da situação.

Em resumo. A situação esta sobre controle, mas, como mencionado em outro post, apesar de ser a estrada correta, ela esta sujeita a vários solavancos...

quinta-feira, 29 de março de 2012

O que aconteceu com o Bresser Pereira?

Em editorial desta quinta-feira o Valor, reconhece, finalmente, que (a) "parece cada vez mais claro que a tendência de valorização do real vai durar um bom tempo", (b) "Um dos efeitos do protecionismo, e da desvalorização da moeda que se quer atingir com ele, é a queda dos salários internos e uma elevação, pelo menos inicial, do nível de preços. No passado, foi um desastre". Já não era sem tempo, reconhecer (a), mas (b) é ainda mais importante porque ate o presente momento ninguem, absolutamente ninguem, havia mencionado este resultado desagradável da proposta desenvolvimentista, praticada com maestria pelo esforçado economista da Ditadura, hoje incorporado ao panteão de herois do desenvolvimentismo e da esquerda festiva. ARROCHO SALARIAL, pode parecer um exagero, mas não é. Ao contrário, esta expressão exprime com o precisão
o objetivo da proposta de política economica dos desenvolvimentistas para salvar a industrial nacional. Inflação é outro resultado que, não por acaso, também, ajuda a obter a queda dos salários internos.

Bresser Pereira, no mesmo jornal, argumenta que ela seria "pequena e temporária". Já comentamos, em post antigo, que não é verdade e tão pouco aceitável. Quem sabe o seja para os endinheirados, seguramente não o é, para a maioria da população. Ele desdenha como ortodoxia neoliberal, o argumento que a desindustrialização teria outras causas: infra estrutura insuficiente, impostos altos demais, em outros. Ele esta redondamente errado. São fatos que ele mesmo, no passado, reconhecia que requeria solução urgente.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Dom Odilo no Roda Viva

Ótima participação do Dom Odilo no Roda Viva. Neste bloco ele responde questões sobre a teologia da libertação e apresenta uma argumentação bem consistente sobre o impacto da queda do muro do Berlim sobre a TL.

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Petroleo...

O preço "spot" do petroleo continua elevado, 125 dolares o barril e bem distante do preço para entrega em 2018, 95 dolares. É este gap que explica os rumores que Estados Unidos, França e Reino Unido, estariam estudando a possibilidade do uso coordenado do estoque estratégico para acalmar o mercado e reduzir os preços. Como mencionado em outro post, se mantido neste patamar elevado, o petroleo poderá ser, novamente, responsável, pela piora na situação da já combalida economia mundial, com impacto negativo sobre a reeleição do Obama. Aparentemente a intervenção coordenada teria sido sugerida pelos Estados Unidos, que faz todo sentido, seja na esfera política, quanto na econômica. No caso desta última, o mercado ainda esta digerindo o cenário apresentado pelo Bernanke, em particular a falta de sustentabilidade da recente perfomance do mercado de trabalho.

Um outro ponto a observar é o otimismo embutido no preço futuro do petroleo. Assume-se, que o desequilibrio entre oferta e demanda é um problema de curto prazo, que seria resolvido, no longo prazo, com aumento significativo da oferta. Não sei se realmente é um cenário realista. A demanda deverá aumentar com a nova classe media dos países emergentes e a prospecção de petroleo em, alguns casos, só é economicamente viável se o preço for mantido em patamar elevado. Isto não implica negar o papel da especulação na enorme diferença entre os dois preços. Ela, porém, espelha incertezas realmente existentes devido as medidas tomadas contra o Irã e o clima politico em importantes regiões produtoras de petroleo.

Ele é um problema criado, principalmente, pela esfera política e por isto mesmo a solução cabe aos políticos o que é mais um motivo pra preocupação.

terça-feira, 27 de março de 2012

Protecionismo é um erro.....

Este blogueiro é um firme defensor da economia de mercado, mais precisamente do capitalismo renano ou economia social de mercado e por isto, naturalmente, não subscreve a tese que soluções de mercado, tipicas do modelo anglo-americano, são sempre melhores. No entanto, não acredita que o protecionismo seja a solucão para os problemas de alguns setores da economia brasileira e tão pouco concorda com as medidas anunciadas para a linha branca. São remendos, que dão sobrevida, mas dificilmente garante a sobrevivencia, no longo prazo, caso não sejam realizadas reformas que encarecem a produção nacional.

É sempre bom lembrar que escolher vencedores não é a função do Estado, mas do mercado. Ao primeiro cabe dar as condições necessárias para florescimento do empresario schumpeteriano, figura, fundamental, na construção de uma sociedade menos injusta. Quem cria riqueza é o setor privado o Estado deve, apenas, garantir que ela seja distribuida...não é pouca coisa...

segunda-feira, 26 de março de 2012

Bento XVI e o marxismo

Em entrevista ao jornalistas, durante o vôo, para o Mexico, o Papa Bento XVI afirmou que “hoje, é evidente que a ideologia marxista, na forma em que foi concebida, já não corresponde à realidade. Dessa forma, já não podemos construir uma sociedade. Novos modelos devem ser encontrados, com paciência e de forma construtiva.”(Oggi è evidente che l’ideologia marxista com’era concepita, non risponde più alla realtà: così non si può più rispondere e costruire un società; devono essere trovati nuovi modelli, con pazienza e in modo costruttivo). Para os seus detratores é mais uma prova do seu conservadorismo, já para aqueles que acompanham a vida intelectual europeia, não há nenhuma surpresa na observação do Papa, já que ele expressou uma visão praticamente consensual, inclusive no campo da esquerda eleitoralmente competitiva, sobre o marxismo que, apesar de se autodefinir como cientifico, nada mais é que uma ideologia, como tantas outras, do tragico seculo passado. O que havia de importante, do ponto de vista cientifico, já foi incorporado às diferentes áreas de conhecimento, restando, na arena política o discurso ideológico dos inumeros grupelhos de extrema esquerda sem nenhuma expressão eleitoral. Não deixa de ser curioso, o fato do marxismo, enquanto ideologia, ainda ser hegemônico, em algumas unidades, da Católica. Fato este sem precedente, em instituições com prestigio equivalente em outros países, inclusive a venerável Universidade de Notre Dame nos Estados Unidos. Mas, no grande bananão, parece que atar-se aos equivocos do passado, é parte do DNA.

domingo, 25 de março de 2012

sexta-feira, 23 de março de 2012

Meta de câmbio

Segundo reportagem no Valor desta sexta-feira, importantes economistas desenvolvimentistas, reunidos em evento no conhecido Country Club da Rua Itapeva, defenderam a adoção de meta para o cambio. Como mencionado em outro post, está não é uma tese nova e tão pouco uma jabuticaba exótica. Ela é interessante, mas de difícil administração e requer um volume de reservas bem maior que o brasileiro. Dai, não ser possível comparar a situação do grande bananão com a bem sucedida experiência suiça. É uma alternativa que ainda requer um estudo mais aprofundado.

Flassbeck da Unctad observa, com propriedade, que a "inflação e o custo unitário de trabalho tem subido mais do que nos parceiros comerciais do país" e a solucão seria um acordo entre o Bacen e sindicatos, meta de inflação na casa de 2% a 3% e convencer os trabalhadores a aceitarem aumentos de salários menores. Com isto seria possível baixa os juros e dar credibilidade a meta de câmbio. Concordo com a analise, porém, não vejo como garantir reajustes salariais menores com a taxa de desemprego abaixo da sua taxa natural. É o tipo de proposta somente viável no chamado capitalismo renano/economia social de mercado que parece ser pra onde se encaminha o bananão, mas ainda não chegamos lá. Uma outra possibilidade é uma piora na performance da industria aumentar o desemprego , que reduziria o poder de barganha dos sindicatos. Cenário pouco provável em razão da origem política da atual administração.

O cenário mais provável é a manutenção da rotina de novas medidas visando conter a apreciação da moeda e sua convergência para um valor em torno de 1,80 , criando incertezas e volatilidade no mercado cambial, alem de estragos, não intencionais, no setor exportador.

quinta-feira, 22 de março de 2012

O sonho brasileiro é real...

O IPCA-15 de março, 0,25%, ficou abaixo do valor esperado pelo mercado e confirma a tendência de queda da inflação que, no entanto, esta bem longe do centro da meta. A pequena oscilação da taxa de desemprego, 5,7%, contra 5,5% do mês anterior, a deixa, ainda, abaixo da chamada taxa natural de desemprego, 6,5%. Resultado que se por um lado confirma as expectativas da equipe econômica e de seus aulicos, por outro, de modo algum é contraditoria à visão de analistas, como este pobre blogueiro. A prova do pudim é a inflação de abril. Ao que consta nenhum analista, cético em relação a politica monetária do Bacen, esperava resultado diferente para os primeiros meses de 2012.

O resultado do mercado de trabalho é interessante, haja vista, a situação periclitante da indústria. O desemprego deveria se maior. O que está acontecendo? Uma explicação, possível, é a realocação da força de trabalho em outros segmentos da economia, em razão das oportunidades criadas pelas políticas sociais da atual administração. Se no passado, por ex., um operário do setor textil esperava no máximo repetir a trajetória familiar, hoje ele tem a possibilidade real de conseguir uma formação profissional que o qualifica a disputar uma vaga em outro segmento da economia e obter uma remuneração melhor. É a versão brasileira do sonho americano, que no Imperio esta em estado comatoso: a melhoria no padrão de vida da geração atual, em relação a anterior. É uma revolução que se manifesta na expansão da nova classe média, ignorada pela intelectualidade paulista, de esquerda, da área de sociologia e economia, ainda, prisioneira do marxismo.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Mercantilism in Latin America

Excelente editorial do FT, publicado terça-feira, 20 de março. Analise equilibrada com a qual, obviamente, concordo. Não, não sou um vendido ao imperialismo, apenas um pobre economista que acredita na superioridade da velha e boa teoria econômica( não confundi-la com o mambo jambo marxista) e na sua compatibilidade com a defesa da justiça social.

Latin America has had a good decade. It came through the financial crisis relatively unscathed and its recent record of economic policy-making (with some obvious country exceptions that nonetheless confirm the regional rule) means it can wave a finger at the US and Europe with some moral authority.
So it is a disappointment that, in the face of external threats to their own industrial competitiveness, several countries are stoking life into old protectionist ghosts. Instead of collaborating in the face of a common risk, they run the danger of tearing each other down.
The threats are real enough. Most Latin American economies have been on the receiving end of a wave of money unleashed by aggressive monetary policy in the crisis-stricken northern hemisphere. Real exchange-rate appreciation erodes the competitiveness of traded goods producers, an erosion accelerated by China’s currency peg to the dollar. Latin American policy makers blame both Beijing and the west.
Some responses have been correct; they include modest capital controls and attempts to rein in domestic credit growth. But old habits die hard, and nervousness about deindustrialisation has triggered mercantilist instincts. Brazil is shielding its car industry from Mexican competition and its vintners want protection from Chilean imports. Argentina, a prodigious inventor of eccentric economic policies, is requiring importing businesses to sell something – anything – to foreigners worth as much as what they buy from them.
Such policies do nothing to fend off currency-driven price competition from China or the rich world. Worse, they undermine the sort of policies that would shore up Latin America’s industrial base.
The region’s linguistic and cultural affinities make it a natural single market. Its scale would compensate for the cost of overcoming its big natural barriers, which are in any case coming down thanks to continental infrastructure work. Anything that slows the integration of national economies, either directly or by souring their political relations, removes from sight the ultimate prize: a huge middle-income economy whose members enrich each other with higher-skill products and services instead of selling raw materials to China.
Brazil, the region’s largest economy, bears a special responsibility for keeping integration on track. Trying to gain by getting one over on neighbours undercuts its claim to being a regional leader – which would find benefit in the flourishing, not the stagnation, of others.

Fonte: FT

terça-feira, 20 de março de 2012

Ainda o petroleo...

O Ministro de Petroleo da Arabia Saudita afirmou que poderá aumentar a produção em até 25%. Isto é possível com retorno ao uso de postos cuja dificuldade de produção, como diria D.Ricardo, no passado os levou a aposentadoria, mas hoje, com o preço em torno de 100% os torna, novamente economicamente viáveis. Há também, outros dados nesta jogada, que atinge o interesse de de outros players, caso do Chaves que depende do preço alto do barril para manter-se no poder e evitar o colapso da economia cubana.

Resta saber se ele terá condições e entregar o prometido e se será de fato o suficiente para trazer o preço do barril para 100 dolares. Ainda é muito cedo para qualquer avaliação, porém, não podemos, esquecer da reação iraniana e do risco do ataque israelita. Neste caso, o socorro saudita dificilmente será suficiente para segurar os preços. Esta incerteza e a instabilidade nesta e outras regiões produtoras é que explicam o preço elevado do barril.

segunda-feira, 19 de março de 2012

É o Petroleo, estupido...

Depois de quatro semanas acima dos 120 dolares o barril, o petroleo é, como antecipado em post recente, a nova dor de cabeça da economia mundial, principalmente da economia americana, que tem demanda forte no verão e onde os preços não param de subir e tornou-se um cavalo de batalha da oposição republicana que acusa Obama de nada fazer para controlar o aumento do preço da gasolina.Por enquanto ainda não se verifica nenhum impacto econômico significativo, mas se mantido por um período mais longo e principalmente se subir um pouco mais o cenario será bem diferente. A Arabia Saudita prometeu aumentar a oferta e ajudar aestabilizar o preço em torno de 100 dolares o barril. O Irã deixou claro a sua oposição a esta política saudita, cujo objetivo é repor o o petroleo iraniano que, devido as sanções, deixará de ser exportados para vários paises. Sabemos ser retórica pura, já que um conflito entre os dois países está fora de questão. No entanto, o Irã tem condições, caso queira, de tornar a vida dos sauditas um pouco mais dificil, apoiando movimentos de oposição a dinastia reinante o que aumentaria o risco do reino de conhecer a sua própria primavera democrática.

Na opinião do economista do HSBC UK, o preço elevado do barril do petroleo, tem o potencial de ser a nova Grecia e matar no nascedouro a já fragil recuperação da economia americana. Argumento semelhante foi apresentado por Roubini, que lembrou a correlação entre as 3 últimas recessões com a elevação do preço do petroleo.É controverso, mas há serios indicios que se o aumento da oferta de petroleo saudito, não conseguir reduzir o preço do barril de petroleo poderemos, sim, caminhar para um cenário bem pior que o atual...

domingo, 18 de março de 2012

sexta-feira, 16 de março de 2012

Frankenstein heterodoxo

Demorou, mas finalmente o governo reconheceu o impacto negativo do IOF sobre as exportações. Como a medida( IOF sobre as posições vendidas em derivativos cambiais) é de julho de 2011, a repentina mudança de opinião é estranha. O argumento que era novidade e que já previsto, também, não cola. Recorrer a justiça nunca foi o suficiente para sensibilizar o governo. O temor de que está medida, antiga, somado a implementada esta semana, estaria dificultando a vida dos exportadores me parece a melhor explicação. Em outras palavras, a equipe econômica, como reza a cartilha heterodoxa, adora fazer novos experimentos, mas leva um tempo danado para controlar os Frankenstein que cria.

Por falar neles. O BACEN, aparentemente, definiu 9% como o nirvana de sua política monetária. A razão, infelizmente, não é o reconhecimento que seu compromisso primordial é com o combate a inflação e sua convergência para o centro da meta. O motivo, oculto, mas conhecido pelo mercado é o velho problema da remuneração da poupança, que mesmo com o nível atual de juros, dependendo da taxa de administração do fundo de investimento, já é uma boa alternativa. É um grande vespeiro, já que qualquer alteração, ainda que bem fundamentada e necessária, poderá ser instrumentalizada pela Nova Direita como um novo Plano Collor. Bico de sinuca, sem solução fácil, politicamente falando.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Brincando com fogo...

Os bancos são rapidos no gatilho e encontram no bau da ditadura um meio para contornar o IOF. Trata-se da Cedula de Crédito à Exportação ou Nota de Crédito à Exportação(CCE/NDE), que, no entanto é uma alternativa mais cara. Como mencionado em outro post, o temor de tributação da ACC, levou a um aumento na sua procura e, consequentemente, em elevação do valor cobrado. É um fato que havia espertos nesta área, ganhando muito com o diferencial de juros, porém, para corrigir o problema o governo tornou a vida dos exportadores ainda mais complicada o que não deixa de ser ironico, posto que aumentar as exportações também deveria ser um dos objetivos da politica econômica.

Movido pela ansiedade e pressionado pelos conhecidos grupos de interesse a equipe econômica estuda a desoneração da folha de pagamento de sete setores. A contribuição a Previdencia Social daria lugar a uma aliquota sobre o faturamento. O valor ainda não esta definido, já que cada setor defende um valor diferente. É claramente um esparadrapo protecionista que não resolve o problema estrutural dos setores contemplados e é mais combustivel para a inflação, por enquanto em queda, que poderá voltar a ser um problema a partir do segundo semestre do corrente ano.

É por estas e outras esquisitices, que o velho desenvolvimentismo é objeto de criticas acidas. As vezes são exageradas e injustas, é verdade, mas em alguns casos corretas.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Para entender o cambio como meta...

Apreciação do cambio, metas inflacionárias, meta do câmbio é um tema que já comentei varias vezes e que insiste em não sair da agenda da política econômica no grande bananão. Ontem, Mantega, assumiu publicamente a existência de meta para o câmbio, que, como mencionado em outro post, acredito ser de 1,80 e teto de 1,90. A reação histerica ao cambio em 1,70 parece indicar ser este o valor minimo a ser defendido com unhas e dentes e força-lo a convergir para a meta de 1,80, ou em torno dela. É um tópico que ainda assusta os ortodoxos, mas que está longe de ser novidade, como atesta dois papers publicados antes da crise de 2008: Sebastian Edwards,wp12163 The Relationship Between Exchange Rates and Inflation Targeting Revisited, abril 2006 e Valpy Fitzgerald Monetary Models and Inflation Targeting in Emerging Market Economies, may 2004. Ainda não ouvi nenhum neo-desenvolvimentista menciona-los, porém acredito que provavelmente não são desconhecidos na Fazenda. Valpy é heterodoxo de carteirinha, mas é um otimo economista.

Não sou contra a idéia de cambio como meta, mas acho dificil concilia-lo com a meta de inflação e há o risco de coloca-lo em primeiro lugar e esquecer que em um país com o histórico do bananão isto é sempre uma aposta arriscada e que implica em custos maiores para a população de baixa renda. A medida implementada pela Fazenda é uma tentativa heroica, porem de sucesso improvável, pra a atingir a meta de 1,80. Deverá produzir, somente, mais incerteza na área cambial que não é exatamente uma boa idéia.

Achei bem interessante o artigo do Nakano, ontem no Valor. Também, neste caso, o tópico não é novo, pelo menos para quem frequentava a av. nove de julho, mas havia desaparecido no ambiente ortodoxo do country club da rua itapeva. Resgata-lo é uma sabia decisão...

terça-feira, 13 de março de 2012

1,80 é a meta...

Como era esperado, Maluquinho, em mais um ataque de ansiedade, estendeu para os emprestimos de até cinco anos, a cobrança de 6% do IOF. Com isto, praticamente todos serão atingidos, sem garantia, no entanto, que o objetivo delineado será alcançado, taxa de cambio de 1,80. Este parece ser o valor dos sonhos da equipe econômico e 1,90 o seu teto, limite dado pela impacto negativo que poderá causar a inflação. É uma aposta arriscada e procura ganhar tempo pra enfrentar o problema real, o investimento direto que não o é, para os mais velhos, a famosa Viuva Porcina, da novela da Globo. A equipe econômicca sabe que é necessário separar o joio do trigo, mas se isto não for possível, será difícil evitar alguma forma de tributação do investimento direto ou então, aceitar, a valorização do real.

A medida, ainda que esperada, cria incertezas no mercado e leva a encarecimento de linhas empréstimos ainda não tributadas, como é o caso dos adiantamentos de contrato de câmbio. Não acredito em tributação desta última, haja vista, a preocupação com as exportações, mas quando se tem uma idéia fica, tudo é possível.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Racista? Seguramente demonstra o medo da China, India e Brasil. Quem sabe agora cai a ficha e a Nova Direita do grande bananão finalmente vai reconhecer que o país é um international player de peso. Já esperar algo inteligente do marxismo talebã é pedir demais....


domingo, 11 de março de 2012

sexta-feira, 9 de março de 2012

Grecia e Império...

Esta é sem dúvida uma semana histórica: a maior reestruturação de divida soberana em muitos anos e ao contrário do que ocorria no passado recente, não foi de um país do terceiro mundo, mas de um membro do clube dos ricos, do grupo de países desenvolvidos da poderosa zona do euro. O fato da Grecia ser da periferia do clubão, não diminui de modo algum a importância histórica do evento ocorrido. Se isto não fosse suficiente,a adesão de 83,5%, -que deverá aumentar para 95,7% como resultado do uso da clausula de ação coletiva(CLA) - é bem acima do esperado e constitui sem dúvida um grande sucesso. Com a decisão da Grecia de usar a clausula, a Associação Internacional de Derivativos e Swaps(ISDA), julgou que ocorreu um "evento de crédito", que significa que quem tem CDS poderá exercer o direito de receber o pagamento sobres eles, no montante estimado de 3.2 bilhoes de dolares. O resultado já era esperado e não deverá ter nenhum impacto negativo significativo.

Ainda não é o capitulo final desta longa novela em que se transformou a Grecia devido fundamentalmente ao longo histórico de políticas econômicas irresponsáveis. A crise econômica mundial de 2008 é apenas a cereja do bolo, o evento que tornou impossível continuar com o auto engano que, é sempre bom lembrar, não era exclusivamente grego, e incluia os demais membros da zona do euro, FMI e bancos privados. Infelizmente , como tem se tornado uma lamentável prática, a parte maior da conta recai sobre a parcela mais pobre da população grega.

No Imperio bons sinais do mercado do trabalho com a criação de 227.000 novos empregos e a manutenção da taxa de desemprego em 8.3%, apesar do retorno, ao mercado de trabalho, daqueles que haviam desistido de procurar emprego. Ainda é um numero pequeno, o que explicaria a ausência de impacto sobre o desemprego. Resta saber qual será o resultado, se este movimento de retorno for mantido e ate mesmo acelerado. É em todo caso um bom sinal e de modo algum significa que a situação será necessariamente melhor no próximo mês. Ao contrário, oscilações seria o normal, haja vista os numeros anemicos do importante setor de construção civil.

quinta-feira, 8 de março de 2012

O apressado come cru...

Quando decisões de política monetaria deixam de ser ditadas pela boa teoria econômica, surpresas passam a ser a nova regra. É este o caso da decisão do Copom de corte de 0.75% na Selic. A justificativa encontra-se na esfera política ou, quem sabe e sendo generoso, no que se passa por teoria econômica no famigerado tumulo da economia. O Bacen acertou ao iniciar o ciclo de relaxamento monetário em 31 de julho do ano passado. Á epoca este blogueiro e vários analistas discordaram da decisão. Reconheço que estava errado, em que pese, ainda considerar exagerada a analise a respeito do cenário internacional. Foi uma aposta e poderia ter dado errado, por sorte deu certo. O mesmo poderá acontecer com a atual decisão. No entanto, se é verdade que os numeros da industria são muito ruins o cenário internacional está longe de ser a tragedia desenhada pelo Bacen e nada indica que será pior no futuro próximo. A decisão, portanto, deve ter sido uma resposta a performance da econômia domestica. No entanto, é bom lembrar que o impacto da política monetária é defasado e tudo indica que o consumo das famílias deverá ser melhor neste e nos próximos trimestres. Em outras palavras, o crescimento neste ano não será ruim e a probabilidade dele ficar entre 4% e 4.5% é alta. Não há, portanto, motivo para desespero e tão pouco pra medidas tomadas olhando o passado recente. Política monetária não se faz olhando para o passado e sim para o futuro e nele o risco é de inflação longe da meta em 2013, movimento este que poderá se manifestar no segundo semestre do corrente ano.

Reduzir os juros não é o santo graal da industria , ainda que possa ajudar, sem dúvida, na sua recuperação. É sempre bom lembrar que o o cambio não é ó único problema que ela enfrenta. Ele é importante, sem dúvida, mas outros também o são cuja correção demandam a implementação de medidas de médio e longo prazo. O risco é cair na tentação do receituário do tumulo da economia que promete o paraiso no curto prazo, mas não o entrega e é o caminho certo para o desastre.

Falar de inflação em 2013, pode parecer tolice, já que estamos apenas no começo do ano de 2012. No entanto, nossa história, nos ensina que em se tratanto de inflação todo cuidado é pouco, alem dela ser, obviamente, o único cabo eleitoral, potencial, da moribunda oposição.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Piadas sobre economistas

Economia é o único campo onde duas pessoas podem ganhar um Prêmio Nobel dizendo exatamente coisas opostas.

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Um matemático, um contador e um economista se candidataram para o mesmo emprego.
O entrevistador chamou o matemático e perguntou "Quanto é 2 + 2 ?". O matemático respondeu. "Quatro". "Mas quatro exatamente ?", indagou o entrevistador. O matemático olhou surpreso para o entrevistador e disse "Sim, quatro, exatamente."
Chamou o contador e perguntou a mesma questão: "Quanto é dois mais dois ?". O contador disse: "Na média 4, acrescente ou tire 10%, mas na média é quatro."
Por último chamou o economista. "Sr. Economista, quanto é dois mais dois ?". O economista levantou, trancou a porta, fechou a cortina, sentou próximo ao entrevistador e perguntou: "Diga-me uma coisa...o que você quer igualar?"

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Sete razões para estudar Economia:
1. Economistas são armados e perigosos: "Cuidado com nossas mãos invisíveis !"
2. Economistas podem ofertar quando são demandados.
3. Você pode falar de dinheiro sem sempre ter de fazer dinheiro em alguma coisa.
4. Mick Jagger e Arnold Schwarzenegger estudaram economia e veja no que se tornaram.
5. Quando você está na fila de desempregados, ao menos você sabe porque você está lá.
6.Embora a Ética ensine que a virtude tem sua própria recompensa, na Economia nós aprendemos que a recompensa tem sua própria virtude.
7. Quando você está bêbado você pode falar para todo mundo que você está apenas pesquisando a lei da utilidade marginal decrescente.


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Economistas só fazem sexo com modelos.

terça-feira, 6 de março de 2012

Adivinhe que manda no Copom?

A defesa do Interesse Nacional é, naturalmente, a prioridade numero um do Chefe de Governo/de Estado e por isto é perfeitamente compreensivel a reação da atual administração à política de relaxamento monetário colocada em pratica por diversos países e, criativamente ou pela porta dos fundos, pelo BCE. Esta política é um instrumento importante de um conjunto de medidas, cujo objetivo é abrir o caminho para a recuperação econômica e não visa, obviamente, debilitar as economias emergentes. É uma medida correta e quem dela discorda deveria apresentar uma alternativa econômica e politicamente viável.

O "tsunami monetário " per si não explica o grande afluxo de capital ao país. A alta taxa de juros no grande bananão é também um fator importante, mas o mais relevante de todos é, como argumentamos em outro post, o bom estado da economia brasileira. O crescimento anemico de 2011, 2.7%, em nada altera este cenário, tão pouco a provável mudança de direção na inflação a partir do terceiro trimestre. É sempre bom lembrar que o Brasil não tem nenhum dos problemas e riscos políticos de outros emergentes com números melhores no front econômico. Ate mesmo a interferência política nas decisões do copom, não me parece ser suficiente para alterar a boa fotografia brasileira junto a quem realmente conta.

Ah! já posso ouvir o comentário: que interferência? O comentário do assessor especial da Presidencia para assuntos internacionais, desmentido pela Presidenta, não deixa nenhuma sombra de dúvida sobre esta questão. Os áulicos de sempre vão continuar negando. Melhor seria apresentar um argumento justificando a morte da independência do Bacen. A Presidenta, afinal,é, apesar da breve passagem pelo famigerado tumulo da economia , unicamp; graduada por importante escola de economia e, ao que consta, ótima economista. Economista, qualquer que seja a linha, na Presidência, continua sendo economista e dificilmente vai aceitar de bom grado abrir mão da palavra final em questões econômicas. É uma tentação difícil de ser resistir. Desnecessário mencionar que é recomendável resistir...

segunda-feira, 5 de março de 2012

How Keynes overwhelmed Hayek

Ótima resenha de uma livro apenas mediano sobre o longa debate entre Keynes e Hayek. A leitura é agradável, mas nada supera a leitura dos 3 volumes da biografia do Keynes e o único volume da biografia do Hayek. Sobre este vale, também, ler a sua autobiografia.



Nicholas Wapshott
KEYNES–HAYEK
The clash that defined modern economics
382pp. Norton. £18.99 (US $28.95).
978 0 393 07748 3



I n 1929 the director of the London School of Economics, William Beveridge, appointed the thirty-one-year-old Lionel Robbins to the chair of political economy and so made him “the youngest professor in the country”. Robbins had a definite agenda, in which the political side of “political economy” was just as prominent as the economic. He disliked the interventionist, semi-socialist drift of much economic theorizing at that time, particularly theorizing at Cambridge, where John Maynard Keynes had growing influence. He wanted LSE to represent a wide range of European economic thought, including the thought of the so-called Austrian School, which revered the entrepreneur and freemarket capitalism.

For some years, Keynes’s principal activity had been to bring together in one place his understanding of both the theory of money, and the practice of banking and monetary policy. These endeavours culminated in the publication of a two-volume Treatise on Money in 1930. Keynes’s blockbuster quickly came to be viewed as the last and best word on the subject. At the University of Chicago, a hard-working postgraduate student, Milton Friedman, took eighty-seven pages of notes on the Treatise. The first words of those notes read “Econ 330 Keynes” and the first sentence recorded the lecturer’s verdict that “General framework of Keynes likely to endure much longer than details”.

In London, Robbins had experienced Keynes’s less attractive side. They had both been appointed to the Macmillan Committee on Finance and Industry, which was intended to find answers to the severe economic downturn then under way. Keynes had been a free trader for most of his life, but in the crisis conditions of the early 1930s he persuaded the majority of the committee to support import tariffs. Robbins, who remained committed to free trade, insisted that he write a dissident minority opinion. According to a later account from Robbins, Keynes “then, as always, was capable of fits of almost impossible anger”. Indeed, he was “furious” with Robbins and treated him “most roughly”.

According to Nicholas Wapshott in Keynes–Hayek: The clash that defined modern economics, the Keynes–Robbins quarrel on the Macmillan Committee had far-reaching consequences. Robbins was so angry that he invited Friedrich Hayek, one of the most promising young men in the Austrian School, to give a lecture series at the LSE. The lectures were seen – by both Robbins and Hayek – as presenting a rival view to that in the Treatise on Money. The purpose of bringing Hayek from Vienna to London was that he should act, in Wapshott’s words, “like a western gunslinger” whose priority was “to target the troublesome Keynes”.

In the summer of 1931, Hayek reviewed the Treatise in Economica, the LSE’s specialist economics journal. The review was extremely critical, alleging that Keynes had been sloppy in his definition of terms, that his meaning was difficult and obscure, that his conclusions did not follow from his premisses, and that he had not read enough of the Continental literature. Implicitly, Keynes was at fault because he had not familiarized himself with the doctrines of the Austrian School, notably its recondite analysis of “roundabout” methods of production. This analysis stemmed from a branch of economics, known as “capital theory”, for which the Austrians were famous.

Hayek’s review appeared technical in character, but it was politically charged. In the Treatise, as in his subsequent and more celebrated General Theory of Employment, Interest and Money, Keynes advocated the active use of fiscal and monetary policy to regulate demand, output and employment. In fact, the key policy prescription of the Treatise was what Keynes termed “monetary policy à outrance” – and what we now call “quantitative easing” – to combat an emerging slump in the global economy. Hayek repudiated this monetary activism as inflationary. He believed that during the boom, banks had the bad habit of extending too much credit for particularly “roundabout” kinds of production. In these credit binges, some entrepreneurs made mistakes and sinned against the free market, and the State should do nothing to ease their pain.

But it was less the content of Hayek’s review that drew attention than its fiercely polemical tone. Hayek – whose work was undoubtedly overseen and approved by Robbins – stayed within the understood boundaries of courtesy in academic debate, but only just. Unfortunately for Hayek, Keynes could retaliate in much the same fashion. In his reply, he said that Hayek had been sloppy in his definition of terms, that his meaning was difficult and obscure, that his conclusions did not follow from his premisses, and that he had not done enough reading, including reading of Keynes’s own work. Even worse, Keynes felt that Hayek “has a passion which leads him to pick on me, but I am left wondering what that passion is”.

Wapshott does a good job setting the debate in context, and bringing the characters and ideas to life. The chapters that focus on “the clash” of the book’s title – the clash that arose from Hayek’s 1931 review of the Treatise – are readable and often fun. It is easy to turn the pages, despite the abstruse nature of the matters at issue. Entertaining anecdotes are interjected whenever the narrative threatens to flag, with Wapshott’s task made easier by the often colourful private lives of the main characters.

The “Circus” of Keynes’s Cambridge disciples no doubt enjoyed the thrill of being present at the conception of such key intellectual advances as the multiplier and the liquidity trap. But Richard Kahn and Joan Robinson, two of the Circus’s most prominent figures, added to the excitement by conducting a long-standing extramarital affair. To quote from the book, “The couple was once surprised by Keynes in flagrante, Keynes telling Lydia [his wife, in correspondence] that the pair were ‘lovingly entangled on the floor of Kahn’s study, though I expect the conversation was only on The Pure Theory of Monopoly’”.

But Wapshott’s book has misrepresented the relative importance of the numerous debates waged by economists, and not just by Keynes and Hayek, in the 1930s. Both the title of the book and the weight of the narrative in the early chapters give the impression that Hayek’s review of Keynes’s Treatise was “the” clash – almost the one and only clash – that defined modern economics. It was no such thing. Bluntly, in the late twentieth century, the dispute between Hayek and Keynes in the early 1930s was regarded by the overwhelming majority of economists as a sideshow to a range of other intellectual battles. Wapshott’s readability may dupe non-specialist readers into thinking that Hayek’s monetary theorizing as a young man was and remains the principal intellectual rival to Keynesianism. That is just not so.

The truth is that Keynes overwhelmed Hayek, simply by making more interesting and relevant statements. Of course, the roundaboutness of production under capitalism may sometimes lead to waste, but that does not justify government inactivity. Economists have squabbled about many things since the 1930s, including the relative effectiveness of fiscal and monetary policies in a world where governments “do something” about deep recessions. But the case for policy activism of some kind is fairly uncontroversial. The concepts and ideas that figured in the Keynes–Hayek debate of 1931 have hardly ever been mentioned in the subsequent debates.

By the 1950s, Hayek was a marginal figure in Anglo-American macroeconomics. Wapshott tries to substantiate the significance of the 1931 spat by seeing it as the source of a later multiplicity of disputes between the Keynesians and free market enthusiasts. But this is neither correct as an account of how the various disputes began and developed, nor as an appreciation of Hayek’s greatness. (And my interpretation – which may be wrong – is that Wapshott is keener on Hayek than on Keynes. As with a good detective novel, the suspense is maintained to the very last page.) Hayek surrendered to Keynes and the Keynesians on money and macroeconomics, and from the mid-1940s rebuilt his reputation by magnificent contributions to political philosophy and the philosophy of law. These contributions have only a tenuous relationship with Austrian capital theory and theorizing about roundabout production methods. Wapshott should not pretend that there was some sort of continuity between Hayek’s early work on money and his later work on the philosophy of the State, or that the 1931 debate had a special role in initiating later arguments.

In the 1970s, Keynesianism was in retreat because over-use of activist fiscal and monetary policy had led to rising inflation, as well as high employment. Hayek returned to fame, not least because Margaret Thatcher was enthusiastic about his work. As has often been related, early in her leadership she harangued the Conservative Party’s research department for being too wishy-washy and centrist. In Wapshott’s words, “she reached for her bag and slammed a copy of Hayek’s Constitution of Liberty on the table. ‘This is what we believe’, she cried”. Wapshott of course discusses this sudden and unexpected revival of Hayek’s reputation, and sees it as part of the Conservatives’ then commitment to monetarist anti-inflationary policies.

But in fact Hayek was never a monetarist in the usually understood sense. The monetarist strain in Thatcherism came, above all, from Milton Friedman who had taken such copious postgraduate notes on Keynes’s Treatise. Thatcher’s indebtedness was not to Hayek the monetary economist, but to Hayek the political and legal philosopher. Here, too, Wapshott misses a trick. In the first volume of her memoirs, The Path to Power, Thatcher says that she first read Hayek as a student at Oxford, at the end of the Second World War. Many people have found this unlikely, or even incredible, and Thatcher herself says that her real conversion to Hayek came in the 1970s. But, in fact, Thatcher’s account makes excellent sense. Indeed, the Conservatives of the 1940s quickly adopted The Road to Serfdom as one of their favourite texts.

But which copy of The Road to Serfdom? There was the full-length book itself, of which only a few thousand copies were printed in the UK in 1944, and an American abridgement in the Reader’s Digest, which had a mass readership across the English-speaking world. Wapshott mentions the Reader’s Digest abridgement and Hayek’s subsequent lucrative lecture tour of the USA. But there was also a third version of the book, which Wapshott overlooks entirely and is of obvious relevance to the story.

Churchill seems to have been fascinated by The Road to Serfdom from the outset, and decided to use it as intellectual ammunition against the Left. At Conservative Party headquarters, Geoffrey Rippon, who had just come down from Oxford (and was later to become a Conservative MP and Cabinet minister), was asked to coordinate the printing and publication of a shortened version of Hayek’s book. (The actual abridgement – which appeared in 1946 – was the work of a Conservative MP, Wing-Commander Sir Archibald James.) The title page of The Road to Serfdom normally carries two quotes, from Hume and Tocqueville, but the edition organized by Rippon replaced these two quotes by one of Churchill’s.

Thatcher, who was President of the Oxford University Conservative Association in Michaelmas term 1946, would surely have been most aware of this edition, even if she had also read the summary in the Reader’s Digest or the whole book. Wapshott says that, when Thatcher defeated Edward Heath for the leadership of the Conservative Party in 1974, she was “an avowed Hayekian”. Contrary to the cynics who believe that any kind of intellectual activity is beyond the capacity of modern politicians, it is entirely plausible that Thatcher had read and thought about Hayek thirty years earlier. (The story is told in “Hayek, ‘The Road to Serfdom’ and the British Conservatives” by Jeremy Shearmur, in The Journal of the History of Economic Thought, 2006.)

Nicholas Wapshott’s Keynes–Hayek is an ambitious, well-written and enjoyable attempt to grapple with fundamental debates about economic and social organization. It is an entertaining account of the work of two powerful thinkers who made lasting contributions to those debates. There is a large pantheon of other great thinkers who would merit the Wapshott treatment. But the author needs to be more candid about the limitations of his organizing principle if his work is to command authority.



Tim Congdon’s books include Keynes, the Keynesians and Monetarism, 2007, and, most recently, Money in a Free Society, which was published last year. He was appointed CBE in 1997 for services to economic debate.

domingo, 4 de março de 2012

sexta-feira, 2 de março de 2012

Ainda não é ceu de brigadeiro...

O sucesso da nova rodada de emprestimos de 3 anos do BCE, com participação significativa de bancos de pequeno porte, vários deles alemães, sinaliza que a situação na zona do euro esta bem melhor que o cenário desenhado por analistas apressados e conhecidas cassandras da midia britanica. A participação dos bancos de pequeno porte é importante, já que desempenham papel de relevo na oferta de crédito e, portanto, na recuperação da economia da zona do euro. É no minimo estranho e inapropiado as criticas do alemão Weidmann, membro do "governing councirl" do BCE à LTRO. Ela de modo algum coloca em risco a reputação do banco e tão pouco a qualidade das garantias apresentadas pelos bancos de pequeno porte implica, necessariamente, em recolocar o mesmo problema no momento de quitação do emprestimo. Havia, antes, do LTRO um serio problema de funding de curto prazo e alto risco de um duro "credit crunch", para não mencionar a situação delicada da divida pública da Espanha e da Italia e risco da França juntar-se ao grupo. No pior cenário a LTRO ganhou um tempo precioso e, sabidamente, necessário
à implementação de duras reformas em alguns dos paises membros da zona do euro. Isto, convenhamos, não é pouca coisa.

A proposta de referendo irlandês não é seguramente uma boa idéia, mas não me parece alterar significativamente o bom momento na zona do euro. Já o caso da espanhol é um pouco mais complicado. Seria melhor manter a meta de 4.4%, aumenta-la para 5.8% pode colocar em dúvida a disposição do novo governo espanhol em implementar o duro, mas necessário, pacote de austeridade. Há claro risco de perda de credibilidade, como atesta o yield do titulo espanhol de 10 anos que depois varias meses ficou acima do equivalente italiano, fechando o dia com o mesmo valor do italiano, 4.9%. Resta saber qual a será a reação do mercado nas próximas semanas. O fato é que enquanto a Italia finalmente parece ter decidido colocar a casa em ordem e superado o populismo berlusconiano, a direita espanhola parece ter optado por criar a sua própria versão. Não é um bom sinal...

quinta-feira, 1 de março de 2012

A última do menino maluquinho

Em mais uma de suas traquinagens o menino maluquinho estendeu a aliquota de IOF de 6% para os emprestimos externos de ate 3 anos. É uma resposta, ao que consta, a sua conhecida idéia fixa: a guerra cambial. Que o cambio esta apreciado, ninguem disputa, tão pouco que , por ser um caso de sucesso e estabilidade em tempos bicudos, o grande bananão tem atraido forte volume de capital. Sabidamente, tem muito investimento direto que é tão legitimo quanto os produtos vendidos em conhecida praça de Milão. Separar o joio do trigo, apesar de necessário e urgente, não é nada fácil e a medida adotada não parece sequer tocar no problema. Se este for o objetivo é fracasso garantido. Ele nega de pé junto, mas tributar o investimento direto é o único meio de enfrentar o problema. Importante ele é, mas seguramente não é uma vaga sagrada e uma medida deste tipo seria mais coerente com os objetivos da política econômica da atual administração. Naturalmente há sempre o risco de espantar o bom investimento direto, mas no atual cenário internacional acho pouco provável isto ocorrer.

É bom lembrar que a inflação tambem impacta negativamente sobre a competividade do produto nacional. No entanto, maluquinho parece fazer de conta que é apenas um detalhe, sem nenhuma importância. No segundo semestre, quando provavelmente deverá mudar de direção, todos pagaremos o preço da criatividade da dupla dinamica. Menos eles, naturalmente.