Apreciação do cambio, metas inflacionárias, meta do câmbio é um tema que já comentei varias vezes e que insiste em não sair da agenda da política econômica no grande bananão. Ontem, Mantega, assumiu publicamente a existência de meta para o câmbio, que, como mencionado em outro post, acredito ser de 1,80 e teto de 1,90. A reação histerica ao cambio em 1,70 parece indicar ser este o valor minimo a ser defendido com unhas e dentes e força-lo a convergir para a meta de 1,80, ou em torno dela. É um tópico que ainda assusta os ortodoxos, mas que está longe de ser novidade, como atesta dois papers publicados antes da crise de 2008: Sebastian Edwards,wp12163 The Relationship Between Exchange Rates and Inflation Targeting Revisited, abril 2006 e Valpy Fitzgerald Monetary Models and Inflation Targeting in Emerging Market Economies, may 2004. Ainda não ouvi nenhum neo-desenvolvimentista menciona-los, porém acredito que provavelmente não são desconhecidos na Fazenda. Valpy é heterodoxo de carteirinha, mas é um otimo economista.
Não sou contra a idéia de cambio como meta, mas acho dificil concilia-lo com a meta de inflação e há o risco de coloca-lo em primeiro lugar e esquecer que em um país com o histórico do bananão isto é sempre uma aposta arriscada e que implica em custos maiores para a população de baixa renda. A medida implementada pela Fazenda é uma tentativa heroica, porem de sucesso improvável, pra a atingir a meta de 1,80. Deverá produzir, somente, mais incerteza na área cambial que não é exatamente uma boa idéia.
Achei bem interessante o artigo do Nakano, ontem no Valor. Também, neste caso, o tópico não é novo, pelo menos para quem frequentava a av. nove de julho, mas havia desaparecido no ambiente ortodoxo do country club da rua itapeva. Resgata-lo é uma sabia decisão...