quarta-feira, 6 de junho de 2012

Game of chicken...




O ECB manteve a taxa de juros inalterada e Draghi, na entrevista coletiva, prometeu apenas a manutenção dos empréstimos, de três meses, aos bancos e nenhuma menção a uma nova rodada de empréstimos de 3 anos. Vale destacar a menção a revisão/ampliação das garantias exigidas nos empréstimos de 90 dias e a possibilidade de corte nos juros na próxima reunião em junho. A questão espanhola, argumentou, não é um problema de política monetária, mas da alçada política.Na pratica passou a bola para os políticos. Ele, naturalmente, tem toda razão. Este pobre blogueiro não esperava o anuncio de uma nova rodada de emprestimos de 3 anos por considera-la prematura antes do resultado das eleições gregas. Reafirmar que o problema é político, não é, contudo, uma resposta ao problema e confesso que esperava mais do Draghi.

Enquanto isto continua o "game of chicken" entre a Comissão Europeia - leia-se Alemanha - e a Espanha. A última proposta da primeira é um bail out com um pequeno número de condicionalides e com moderada supervisão externa, mas que teria que passar, necessariamente, pelo governo da Espanha, ou seja,o socorro direto aos bancos está, por enquanto, fora da mesa de negociação. Digo por enquanto, por que a resposta da Espanha a proposta - caso venha a ser formulada oficialmente - deve ser esperar pelo resultado da avaliação que esta sendo realizada, pelo FMI e dois consultores, sobre a saúde dos bancos espanhois. A Espanha defende a tese que a recapitalização requer um volume de recursos bem abaixo do mencionado pelo mercado. O resultado do trabalho deverá ser conhecido em breve - com alguma sorte na próxima semana-, ate lá nada de relevante deverá acontecer, apenas a manutenção do atual jogo.

Independente do resultado da pesquisa, me parece muito difícil o bail direto dos bancos espanhois. Se o volume de recursos necessários para recapitalizar os bancos for pequeno é provável que o governo espanhol opte por assumir a tarefa. Somente aceitará ajuda externa se o volume for muito elevado. Especular neste campo é sempre arriscado, mas dado o tamanho do estrago causado pela bolha imobiliaria e os conhecidos problemas de gestão de alguns bancos regionais, acho pouco provavel que o volume de recursos necessários não seja considerável e, portanto, acima da capacidade espanhola de recapitalizar os bancos sem aporte externo. O custo fiscal da recapitalização com recursos do tesouro espanhol seria razoavel, com implicações negativas sobre a capacidade dele em implementar medidas visando a retomada do crescimento econômico. Melhor esperar e rezar...