terça-feira, 19 de junho de 2012

A quebra de braço continua...




Enquanto a novela sobre o empréstimo continua, os juros exigidos no leilão de titulos de curto prazo atingiram novos recordes. Foram colocados 2.4bilhões de euros de titulos de um ano, com juros(média) de 5.074%, contra 2.985% do último leilão e 639milhões de euros de titulos de 18 meses, pagando 5.107% contra 3.302% da semana passada. A demanda - bit do cover ratio - foi boa, 2.16 para o titulo de 12 meses e 4.42 para o de 18 meses, mas vale observar que para este último o juro alcançado chegou a 5.35%, maior valor desde 1997. Na quinta feira o Tesouro volta ao mercado, com a oferta de títulos de 2,3 e cinco anos, totalizando 2.000 bilhões de euros. No último leilão o juro sobre o penultino chegou a 4.483% e o do último 5.443%. A situação ainda não é desesperadora, dado que 58% da divida(liquida) do corrente ano já foi emitida, segundo o El Pais.

Pode parecer estranho continuar falando sobre o empréstimo, mas, como mencionado ontem, a Espanha ainda não fez a solicitação formal, já que somente no dia 21, quinta-feira, deverá receber o relatório dos consultores independentes sobre a saúde dos seus bancos. Conhecido o resultado, deverá ser formalizado o pedido de empréstimo - o governo espanhol espera um valor bem abaixo do valor do emprestimo prometido pela comissão europeia - e será, finalmente, conhecido os detalhes que tanto preocupam o mercado: origem dos recursos, ESM, como defende a Alemanha e aliados ou EFSF como o mercado deseja; diretamente aos bancos como sugerido pelo Barroso e defendido com unhas e dentes pelo governo espanhol, ou através do FROB- Fundo de Reestruturação Ordenada Bancária, que depois repassaria aos bancos. Neste caso o fiador seria o Reino de Espanha o que causaria aumento na sua relação divida/PIB.

A pressão favorável ao empréstimo diretamente aos bancos é forte e inclui membros importantes do G20. Apesar disto, a Alemanha continua contra o que torna pouco provável esta forma de emprestimo. A volatilidade deverá continua por um período razoável e um emprestimo no estilo recebido pela Irlanda, Portugal e Grecia não é necessário. O socorro aos bancos, por enquanto, é suficiente, mas o cenário poderá mudar, para pior, se a origem dos recursos implicar em senioridade para a comissão europeia em detrimento dos demais credores. Esta é uma questão crucial, pelo menos do ponto de vista do mercado.

O aumento da inadimplência na Espanha preocupa, mas não é nenhuma surpresa, haja vista, a situação de sua economia. O estranho seria um resultado em sentido contrário. Apenas exemplifica, se necessário ainda fosse, o perigo de uma política econômica focada exclusivamente na austeridade. É preciso combina-la com medidas pró-crescimento econômico que, ao contrário do apregoado por alguns analistas,é perfeitamente possível, ainda que longe de ser trivial.