domingo, 20 de abril de 2008

Banco Central

A decisão do Bacen de aumentar a taxa de juros colocou em lados opostos dois conhecidos militantes do PSDB: Mendonça de Barros favorável ao aumento, Nakano contra. A taxa de juros está alta? Em relação a que? Ao período em que a taxa real de juros era negativa e ajudava na acumulação de capital do setor privado? Qual a consequência de sua redução? Crescimento sustentável ou um apenas um surto seguido de reversão acompanhada com o retornos dos nossos velhos e conhecidos problemas? É difícil oferecer uma resposta definitiva para estas perguntas e por isto mesmo acho que a avaliação do Mendonça é, no momento, a correta, o que não implica descartar os problemas levantados pelo Nakano( meu ex-orientador no mestrado e um dos raros acadêmicos com um fantástico domínio da literatura econômica ortodoxa e heterodoxa), mas, tão somente, seu tom muito pessimista.


A taxa de juros tornou-se o vilão predileto, o bicho papão que assusta e atormenta os empresários e impede o Brasil de finalmente atingir o nirvana ou antecipar o famoso dia que virá. Contudo, ela esta longe de ser um tema trivial para o teórico da área monetária, como se pode perceber com a leitura dos trabalhos do Wicksell e Keynes. Taxa natural de juros(Wicksell) ou normal na linguagem do Keynes é para este último um fenômeno essencialmente convencional e determina o nível em torno do qual gravita a taxa de juros do curto prazo. A questão, portanto, é como influenciar e alterar as convenções que definem um nível normal para a taxa de juros.