A alta dos preços dos alimentos e de outras commodities é um fenômeno mundial que enriquece alguns e condena outros a fome. Quais seriam as causas deste terrível evento, em particular da alta dos preços dos alimentos? Para Bresser Pereira, na Folha de ontem, a onda neo-liberal seria a responsável: “ se a ideologia neoliberal dominante nestes últimos 30 anos não houvesse se encarregado de convencer os países pobres de que não precisavam de suas culturas de produtos alimentícios, de que era mais econômico especializar-se em alguma outra atividade( geralmente de valor adicionado per capita igualmente baixo) e importar seus alimentos básico, os povos desses países não estariam agora em justa revolta”(pag.B2). Tese interessante, que usa, novamente, o velho e gasto argumento cepalino contra a teoria ricardiana que, contudo, não me parece explicar o caso atual. Em alguns países, caso por exemplo das Filipinas, o aumento dos preços dos alimentos é a consequência, lógica, da redução das áreas agriculturáveis que, por sua vez é o resultado da ação do mercado ou, para usar a linguagem cepalina, do processo de industrialização( e urbanização) que abriria a porta do paraíso. Em outras palavras, o que estamos assistindo é, a redução das áreas agriculturáveis que somada às mudanças climáticas tem forte impacto sobre a oferta de alimentos. Como há aumento de demanda devido a entrada dos novos consumidores ,dos países emergentes, no mercado é natural esperar um aumento de preços.
Resta saber se é um fenônemo permanente, ou se novas técnicas agricolas e um uso mais racional do solo poderá reverter este processo no médio prazo. Há quem acredita que ele veio para ficar, prefiro acreditar na capacidade humana de resolver problemas que, as vezes, ela mesma cria.