segunda-feira, 2 de junho de 2008

Estratégias...

A paixão do Bresser Pereira pelo Brasil é admirável e explica a sua recente campanha contra a alta dos juros. Ele, naturalmente, tem razão o juro é alto, mas resta saber o que fazer para derrubá-lo?

No artigo da Folha, desta segunda-feira, ele foi muito feliz em defender a necessidade de uma estratégia para resolver este problema. Ela incluiria “aumento temporário do ajuste fiscal e diminuição permanente do nível da taxa de juros, e, de outro, depreciação cambial permanente por meio de juros menos atrativos aos capitais externos, da neutralização da doença holandesa e de controles também temporários de entradas de capital até a taxa de câmbio atingir o nível de equilíbrio”. É uma longa lista e, como ele mesmo, reconhece ainda não existe uma coalização com força suficiente para transformá-la em agenda nacional.

A lista é interessante, mas permita-me fazer algumas correções. O ajuste fiscal, se mantido, por um período razoável de tempo, poderá ter o necessário efeito sobre a formação de expectativas dos agentes econômicos o que levaria a queda da taxa de juros. Algo semelhante ocorreu na Irlanda, mas é bom frisar: requer tempo. Já a doença holandesa ainda não parece ser uma doença e assemelha-se cada vez mais ao resultado da própria experiência que lhe deu este nome. Controle de capitais na entrada não me parece ser necessário se for implementado o ajuste fiscal adequado.