Pochmann tem razão: “o pais precisa de instituições que pensem o longo prazo”. A longa convivência com a inflação criou no país uma cultura de curto prazo que, devido a absurda influência dos “ falsos mercadistas” no debate macroeconômico, ainda persiste e mostra-se resistente à discussões sobre o longo prazo. É verdade que o longo prazo, para a turma de Barão Geraldo e alhures, é um eufemismo para a velha intervenção direta do Estado na economia. Contudo, é possível discutir o longo prazo sem cair na armadilha desta turma.
Confesso, contudo que não entendi o que ele quer dizer quando afirma que “ a mudança sinaliza que agora, quando o Ipea projeta, é porque tem muita certeza”. Estaria ele e seu colega post-keynesiano, Sicsú, abandonando o barco furado da “economia pop”? Afinal o futuro deixou, “ de repente, não mais que de repente”, de ser incerto? A incerteza não probabilística,não é mais o fetiche, a palavra de ordem dos nossos aguerridos post-keynesianos?
Há, naturalmente, uma segunda explicação para esta mudança de política. A incapacidade desta turma em formular propostas próprias viáveis de política econômica. Quando forçados, pelas contingências, sempre recorrem a velha ortodoxia, e como não possuem o devido pedigree ou reputação, acabam sendo obrigados a serem mais realistas do que o rei. Dai não ser um exagero afirmar que nada pior que um economista pop no poder. Como não estão, felizmente, fazendo política econômica, mas em um instituto de pesquisa, a única saída, para encobrir a incompetência, é transferir o foco de atuação do curto para o longo prazo. Logo estaremos ouvindo a velha lenga, lenga: o futuro incerto, fatores políticos e institucionais, hegemonia do império, perda de autonomia do estados nacionais, etc, para explicar os mirabolantes planos desta turma, que não por acaso tem como mentor um reputado filosofo e líder de um importante movimento no direito, mas que de economia nada entende.